quarta-feira, 26 de março de 2008

Daqui e dali... João Lopes de Matos

A desertificação do interior (conclusão)

Depois da primeira grande leva de emigração dos anos 60, o fenómeno abrandou um tanto nos anos seguintes.
Após o 25 de Abril, houve uma tentativa de impedir a desertificação através da reforma agrária mas, passado o período revolucionário, tal solução caiu totalmente por terra.
Houve a vinda dos retornados, mas também rapidamente se chegou à conclusão de que eles não estavam dispostos a entregar-se às actividades agrícolas, próprias do interior.
E o fenómeno da emigração, ainda para o estrangeiro mas também para o litoral, continuou imparável.
E chegámos à situação actual de só restarem pouco mais que os velhos e os funcionários.
Como os funcionários irão diminuir em virtude do menor número de utentes e os velhos irão morrendo, se nada for feito, dentro de dez anos, o interior estará com muitíssimo pouca gente, à excepção de certas cidades de média dimensão.
Os poderes central e local fizeram bastante para tornar a vida mais agradável: - abriram estradas, alargaram a educação, aumentaram os cuidados de saúde, fizeram o saneamento e o abastecimento de água e electricidade. Só que, diminuindo como diminuiu a vida económica, tais melhoramentos não foram aproveitados pelas populações, que continuaram a debandar.
A recuperação da população do início dos anos 60 é impossível porque não voltaremos à agricultura de subsistência que existia.
É possível, talvez, desenvolver o turismo, aproveitando, por exemplo, as albufeiras do rio Douro. Mas a recuperação populacional que houver nunca será de molde a compensar a população que existia.
Há quem atribua muitas das culpas às câmaras, que não souberam dinamizar os respectivos concelhos.
Acho que não têm razão.
O fenómeno deu-se por todo o interior, com bons e maus autarcas, com câmaras de todas as cores políticas.
Quem pensar que voltaremos a ter muita população, como nos bons velhos tempos, com mudança de cabecilhas políticos, está redondamente enganado.
Alguma coisa poderá ser feita. Mas não tanto como as pessoas pensam e acho que através de uma reorganização (redução) do número de câmaras e de freguesias, que ninguém quer mas que é inevitável.
João Lopes de Matos

11 comentários:

vitorino almeida ventura disse...

E qual o mapa que defende para essa reorganização? Que concelhos e que freguesias?

Vitorino Almeida Ventura

Unknown disse...

Estamos a falar em todo o interior,de Bragança a Vila Real de Santo António. Penso que em cada distrito poderão ficar 4 concelhos, no máximo,podendo alguns concelhos que vierem a desaparecer virem a constituir uma freguesia apenas.As freguesias ficarão com pelo menos uma loja do cidadão,serviços de saúde e serviços policiais, além dos serviços administrativos necessários.
JLM

Anónimo disse...

Freguesias para o concelho de Carrazeda:
Carrazeda - Vilarinho - Linhares e Pinhal do Norte - ponto parágrafo.
Carrazeda como centro óbvio do concelho continuaria a concentrar bons serviços de saúde e administrativos do Estado.

vitorino almeida ventura disse...

E então quais seriam os quatro concelhos brigantinos? Deixem-me pensar... Carrazeda e...

Unknown disse...

Carrazeda,Vinhais,Vimioso e Alfândega da Fé.
Mas isto não é evidente,VAV?
JLM

Anónimo disse...

Estava a gostar da conversa, há que continuar.
Tenho algumas duvidas não muitas quanto a escolha dos concelhos, mas que não andará muito longe.
Sou de opinião que em vez de estarmos á espera que nos imponham uma qualquer resolução deferia-mos nós unir-nos a nível distrital e determinar o que seria melhor.

Anónimo disse...

Respeitável VAV:
Óbviamente que os 4 concelhos seriam desde logo Carrazeda + 3.
Será um abuso da minha parte ?

Anónimo disse...

Esqueci-me de dizer - O Senhor JLM gosta de brincar não é verdade?
E então eu não posso brincar também ?-.
Porque razão havemos de equiparar Carrazeda a Alfândega, Vimioso ou a Vinhais?
Era o que faltava!

Unknown disse...

Claro que pode brincar.
Quanto aos concelhos a restarem,respondi assim porque o amigo VAV é provocador e pretende pôr-me à rasca.
Vou responder agora outra vez,não respondendo novamente: na altura própria se verá.
JLM

vitorino almeida ventura disse...

Oh, por quem sois! Serei eu provocador por humildemente vos formular duas humílimas questões?

Serão as minhas questões simples retórica? Terão elas já sua resposta? Olhe que não, JLM!

Ab.,

V.A.V.

Anónimo disse...
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