quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

E se o Governo começar a mandar fechar também os cemitérios?

Urgências: Protocolos assinados com autarquias

O Governo já assinou 14 protocolos com câmaras municipais para o encerramento de Serviços de Atendimento Permanente (SAP) e 17 para a reorganização das urgências hospitalares.
Com a nova rede de urgências, o Executivo pretende que 90,1 por cento da população tenha acesso a uma urgência em menos de 30 minutos e que 99,4 por cento em menos de uma hora.
Para o encerramento dos SAP, foram já assinados protocolos com as autarquias de Valença, Melgaço, Arcos de Valdevez, Caminha, Paredes de Coura, Alfândega da Fé, Torre de Moncorvo, Vinhais, Carrazeda de Ansiães, Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada-à-Cinta, Vila Flor e Vimioso. Correio da Manhã

A INEMficácia das emergências médicas

Estrutura de Missão dá parecer negativo a traçado do IP2

O traçado do Itinerário Principal (IP2) entre a Ponte do Sabor e o Pocinho, em Torre de Moncorvo, continua a coleccionar pareceres desfavoráveis. Depois da Câmara Municipal e do Projecto Arqueológico daquela região, é agora a vez da Estrutura de Missão do Douro (EMD) reprovar as soluções previstas. Rádio Ansiães

Daqui e dali... João Lopes de Matos

Os políticos e o interior

Uma das tónicas que eu noto nos discursos das pessoas do interior é a de considerar que os do interior são vítimas da maldade dos políticos, muitos deles, precisamente, seus conterrâneos. Não será preciso citá-los por serem de todos conhecidos, tantos eles foram e são, a começar em Salazar, continuando em Trigo de Negreiros, Camilo de Mendonça, e a terminar em Duarte Lima e Cavaco, Armando Vara e José Sócrates.
Os políticos do interior são, na realidade, uns ingratos.
E será que nós nos habituámos a ver, no interior, apenas o coitado do povo, e esses senhores, os políticos?
O povo não contou, não conta, não contará. E talvez resida aí o mal. O povo tem sido o conjunto dos coitados.
Costuma até dizer-se: -Como é que aquele, coitadinho, já reparaste, é atendido pelo médico? Como ele vai a Mirandela, coitado, se acaba a linha? Quem lhe dá um caldinho?
Os outros, para além dos coitadinhos, fogem, desertam, não defendem nada, porque não sentem que haja nada para defender. E, só com coitadinhos, o interior não vai a parte nenhuma.
É preciso, portanto, que passemos a contar com gente de corpo inteiro, com gente que não passe a vida aninhada nas lareiras das suas aldeias e sempre e apenas disposta a pedinchar favores aos senhores da terra e do céu.
O progresso tem que fazer-se com todos e todos são mesmo todos: - o povo no sentido nobre do termo, que é aquele que engloba toda a gente porque não há já clero, nobreza e povo, mas apenas povo, que somos todos nós.
A resposta aos problemas há-de resultar do esforço e participação de todos.
Até o aproveitamento dos fundos comunitários só poderá fazer-se se eles deixarem de ser entendidos como subsídios, esmolas ou pensões, para passarem a ser vistos como uma ajuda à construção de uma sociedade que, depois, possa viver por si.
A solução dos problemas que se põem no interior há-de resultar, portanto, da participação activa daqueles (todos) que nele habitam mais que da boa vontade sempre bem - vinda dos políticos.
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João Lopes de Matos

"SAP não fecham em Abril", garante Berta Nunes

A coordenadora da Sub-região de Saúde de Bragança, Berta Nunes, garante que os Serviços de Atendimento Permanente (SAP), vulgo Urgências, não vão fechar em Abril.
Depois de o PCP ter lançado o alerta de que os SAP do distrito poderiam encerrar no dia 25 de Abril, as autoridades regionais de saúde vêm a público desdramatizar a situação.
Segundo o Partido Comunista, o acordo assinando no ano passado entre as autarquias e o Ministério da Saúde, para a manutenção dos SAP durante a noite com médico à chamada, é válido durante um ano.
Por isso, o encerramento estaria marcado para daqui a três meses sem, no entanto, estarem garantidos os recursos médicos prometidos.
A coordenadora da Sub-região de Saúde de Bragança considera desnecessário o alarme criado pelo PCP aconselhando o partido a ler o protocolo até ao fim, até porque os SAP não deverão encerrar até 25 de Abril porque ainda falta instalar o helicóptero e as ambulâncias SIV.
CIR/Eduardo Pinto

Autarcas da região esperam alterações de medidas de Correia de Campos

O presidente da Câmara de Alijó, o socialista Artur Cascarejo, espera que a substituição do ministro Correia de Campos signifique uma "alteração" da política de saúde de proximidade nos municípios do Interior.
"Se há remodelação é porque eventualmente as coisas não correram bem, pelo menos em determinadas situações como foi o caso de Alijó", afirmou o autarca. (...)
Autarca da Régua diz que saída de Correia de Campos "peca por tardia"
O presidente da Câmara da Régua, o social-democrata Nuno Gonçalves, considerou que a exoneração do ministro Correia de Campos "peca por tardia", já que ocorre um mês depois do encerramento da urgência do Hospital D. Luíz I.
"Esta remodelação vem dar razão à autarquia do Peso da Régua que, desde o início, não esteve de acordo com o ministro, que acabou por implementar unilateralmente uma política no hospital que deu tão maus resultados", afirmou Nuno Gonçalves. (...)
O presidente da Câmara de Lamego e o movimento que contestou o encerramento do bloco de partos naquela cidade congratularam-se com a exoneração do ministro da Saúde, Correia de Campos. Para o presidente da Câmara Municipal de Lamego, que se opôs ao encerramento do bloco de partos do hospital da cidade, Correia de Campos "tomou medidas muito penalizadoras para as populações sobretudo do interior". (...)
O presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar (PSD), Domingos Dias, considerou que a substituição de Correia de Campos poderá "sarar as feridas" do diálogo entre o Governo e os municípios afectados pelo encerramento de serviços.
O ministro da Saúde, Correia de Campos, encerrou a 27 de Dezembro o atendimento nocturno do SAP de Vila Pouca de Aguiar, uma decisão que desencadeou vários protestos e manifestação da população local. (...)
Rádio Ansiães

Viagem no Tua contra barragem

Uma comitiva do partido ecologista "Os Verdes" vai fazer, depois de amanhã, uma viagem na linha do Tua. Pretende alertar para as suas potencialidades turísticas e sublinhar os malefícios que a construção de uma barragem vai causar ao vale. A intenção foi declarada, ontem, pela dirigente Manuela Cunha, após uma reunião com a Administração da Refer. (...)
O partido ecologista reclamou ainda da Refer a reabertura da linha do Douro a Espanha, através da recuperação do troço Pocinho-Barca de Alva. Manuela Cunha considera que essa ligação "daria um contributo importante para a dinamização das linhas estreitas do Tua, Corgo e Tâmega".(...) JN
DN

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Carrazeda de Ansiães tem má qualidade de vida!

Os concelhos de Lisboa e Albufeira são os que têm melhor qualidade de vida no país, de acordo com um índice elaborado pela Universidade da Beira Interior, a que a agência Lusa teve hoje acesso.
O Índice Concelhio de Qualidade de Vida, elaborado pelo Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social daquela universidade, coloca nas últimas posições os concelhos de Vinhais e Sabugal, no Norte e Centro do país.
O índice baseia-se no anuário estatístico de 2004 do Instituto Nacional de Estatística sobre o qual foi aplicada «uma metodologia original e inovadora», segundo Pires Manso, professor catedrático da UBI e responsável pelo ODES, autor do trabalho juntamente com Nuno Simões, técnico do Observatório.
«O índice tem em conta centenas de variáveis quantitativas, como o Produto Interno Bruto (PIB) ou o consumo, e variáveis qualitativas como a disponibilidade de bens culturais e outros de difícil medição», explica.
Através de «técnicas estatísticas mais simples e outras mais elaboradas, como as multivariadas, caso da análise factorial», o índice avalia cada concelho em três factores: educação e mercado de emprego; infra-estruturas; ambiente económico e habitacional.
Lisboa lidera a tabela com um Indicador de Qualidade de Vida (IQV) de 205,07 pontos enquanto Sabugal (Guarda) ocupa a última posição (278ª) com um IQV de 5,29.
(...)
Os primeiros 20 classificados por IQV: Lisboa 205,07; Albufeira 181,04; São João da Madeira 168,57; Porto 161,05; Sintra 158,73; Lagos 158,51; Cascais 148,57; Lagoa 143,95; Vila Franca de Xira 142,82; Aveiro 142,81; Loulé 141,43; Portimão 140,04; Oeiras 135,78; Faro 134,13; Coimbra 133,45; Marinha Grande 131,56; Vila Real de Santo António 130,86; Amadora 130,32; Palmela 128,77; Sines 128,65.
Os últimos 20 classificados por IQV: Murça 32,55; Figueira de Castelo Rodrigo 31,71; Penedono 30,35; Idanha-a-Nova 30,16; Mondim de Basto 28,97; Cinfães 28,42; Vila Flor 27,98; Carrazeda de Ansiães 27,46; Valpaços 26,56; Vila Nova de Foz Côa 25,09; Alcoutim 23,56; Penamacor 21,89; Boticas 19,34; Terras de Bouro 18,33; Aguiar da Beira 14,97; Penalva do Castelo 14,43; Pampilhosa da Serra 13,69; Resende 12,72; Vinhais 5,32; Sabugal 5,29.
Diário Digital / Lusa

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

A BIBLIOTECA ITINERANTE DE
MÁRIO DE JESUS (ALMEIDA)


Há tanto tempo que não me ocupo do Jardim.
Adolfo Luxúria Canibal, in Primavera de Destroços.


Antes ainda das Bibliotecas itinerantes da Gulbenkian, havia um Homem, no Pombal (aldeia cujo nome provém do culto do Espírito Santo, marginalizado pela própria Igreja), que possuía ao meu tempo de criança e adolescente uma outra Biblioteca… De livros alternativos. O principal acervo era constituído pelos livros da colecção cowboy, proveniente do seu amor pelos westerns do Bem e do Mal a preto e branco,

além dos filmes de espadachins e boxeurs. Sobretudo nas férias, seus livros viajavam entre os jovens e alguns ficavam até perdidos para sempre nessa circulação —como direi? — sanguínea. Mas a esse Homem o que mais lhe interessava era a alimentação espiritual. A dádiva de sangue… (E a tantos convidava a partilhar ‹‹o sangue de Cristo›› que guardava religiosamente engarrafonado!). Tão grande cuidado com aquilo que mais literalmente o padre Bernardo, nas suas exéquias, referiu sobre o des_
cuido com as Almas, nos arranjos dos cemitérios, por contraposição ao Alentejo, desde há muito, um verdadeiro Jardim… Por acaso,

esse Homem era o meu tio materno Mário. Quando baixou ao subsolo,
após a celebração da missa, o padre Bernardo confidenciou-me que vinha ao Pombal em criança assistir a dramas e comédias. Ora,
o principal comediante desses tempos era, sem dúvida pelos relatos orais que colhi de tantos, o meu próprio tio. Aliás, a sua Vida foi mesmo rare_
feita de comédia, com episódios tão interessantes em sua antiga casa-torre de Castelo, como lançar um rádio pela fresta onde se escapava um gato preto só porque o FCP perdera, como ficar a ver o fim-do-mundo num garnisé que bicava as gentes que o visitavam, como andar, bicos de pés, entre os figos secos do alpendre, para não cair ao quinteiro, falhando o passo sobre as tábuas soltas do sobrado… Com ele,

passei das melhores férias da minha vida. Com ele, ainda criança, chorei — nas suas palavras —, ‹‹as lágrimas corriam-me como bagas, cara abaixo››… Quando me contava das brigas intestinas de uma enxada contra um ancinho (sobre quais estremas), que de crimes passionais terminados com viola e guitarra enterradas ambas, como coroas, nas cabeças dos músicos. Ao fim,

sempre reencontrava o riso perto do coração. Dois exemplos. Certo dia, fiquei a saber que a população do Pombal era toda constituída por ‹‹poetas românticos››. Todos se reviam nas quadrinhas de poetisas pé-quebrado que punham cada qual aos ‹‹cornos da Lua››. Outro dia, fomos cantar as Janeiras e ele teve uma discussão enorme com o senhor João Ribeiro (o qual fazia papéis de galã com o meu primo Luís Carlos, nos teatros da época), que insistia em dedicar o último dístico ‹‹na pontinha do fieito, a um rapaz de respeito››, mas o meu tio contrapunha e ao fim do debate fazia mesmo vingar a sua tese,
à porta de quem disse que ‹‹Viva um cristal do céu››. Anos mais tarde,
saiu num jornal que o tal ‹‹rapaz de respeito››, digo, ‹‹cristal celeste››, agora transformado numa espécie de Presidente da Junta do ' Herman Enciclopédia', havia sido a ‹‹estrela da noite›› — pelos seus discursos politicamente correctos e não o teatro que se representava em sua Junta metafórica. Na sua costela brasileira, o meu tio ribombava, como um actor mass-mediático avant la lettre, com a sua premonição tão acertada: ‹‹Sensacional››, enquanto eu pensava nas ironias do Destino…

Hoje, em nome dos utentes da sua Biblioteca, sobretudo dos tantos que lhe não devolveram alguns livros, direi que a sua Última Ceia nos será sempre em andando, referência, um excerto da canção do último álbum de Sérgio Godinho Ligação Directa, 'O velho samurai': ‹‹Há-de ser de nós todos/o seu hara-kiri/seu riso na memória/ainda nos ri››.

Vitorino Almeida Ventura

Linha do Tua reaberta para captar mais turistas

Na Terra Quente, frio. Zero graus às dez da manhã de ontem. A hora da partida do Metro de Mirandela para a primeira viagem até à estação do Tua, depois do acidente de 12 de Fevereiro de 2007 em que morreram três pessoas.
Muito nevoeiro no vale, poucos passageiros na carruagem verde. Contavam-se pelos dedos de uma mão e todos para saírem até à Brunheda. Com destino ao Tua apenas um, Armindo Augusto, que já entrou a meio do percurso, no apeadeiro de S. Lourenço.
Ora, Armindo era passageiro habitual antes do acidente e volta a sê-lo desde ontem. Para ir tomar banhos às termas. A companhia, por agora, tende a ser reduzida, mas “lá para o verão é mato” diz António Manuel, que ontem viajou entre Mirandela e Brunheda. “Em Junho já se nota a diferença. É ingleses, alemães e por aí fora. Nem se cabe no comboio”, afiança.
Que é que se passa aqui hoje?” questionava António, ao ver tanta gente. Eram jornalistas. Muitos. A encher a carruagem e a ouvir o presidente do Metro de Mirandela, José Silvano, dizer que a reabertura da linha “pode ser o princípio para não se fazer a barragem”. Um aproveitamento hidroeléctrico que o governo quer construir junto à foz do rio Tua e que deverá submergir parte da via-férrea.
A luta de Silvano, ajudado por movimentos ambientalistas, será a de “demonstrar ao governo e às entidades da região que a linha é viável do ponto de vista turístico e não para transporte de passageiros”. O também autarca de Mirandela acredita que este seria o “único projecto turístico estruturante” para o distrito de Bragança. Para tal, teriam de ser garantidas as ligações entre a estação de Foz-Tua e Bragança e, depois, até Puebla de Sanabria, em Espanha. “Dentro de 10 a 15 anos poderia ser a grande alavanca para o desenvolvimento da região”, acredita.
Segundo José Silvano, o próximo objectivo é “aumentar para 30 mil o número de turistas que viajam pela linha do Tua até Mirandela” (em 2005 foram 12 mil). Vão ser feitas “campanhas de promoção” com a ajuda da Coordenadora dos Afectados por Grandes Barragens e Transvases (COAGRET), que vai ter uma sede em Mirandela. O protocolo agora assinado entre o Metro e a CP permite que para além das quatro viagens diárias, duas em cada sentido, “possam ser reservadas viagens para grupos turísticos”, disse Bruno Martins, representante da CP na viagem.
No entanto, este acréscimo de oferta só deverá ocorrer “quando os comboios possam circular à velocidade anteriormente praticada”, alegou Bruno Martins, sem precisar uma data. Até lá, sobretudo no troço mais perigoso, as carruagens terão de circular em “marcha à vista” (até 30 Km/hora), o que permite parar a qualquer momento perante um obstáculo, mas aumenta a duração da viagem de uma hora e meia para duas horas.
A COAGRET fez-se representar na viagem pelo responsável em Portugal, Pedro Couteiro, para quem “o futuro de Trás-os-Montes recomeçou”, realçando o “grande valor patrimonial da linha e do vale do Tua” e a sua potencialidade para “atrair turistas a partir do Porto e mais tarde de Salamanca”.

A linha do Tua oferece quatro viagens por dia. Entre Mirandela e Foz-Tua às 10.00 e 16.14 horas; e no sentido inverso às 12.05 e 18.22 horas.
Eduardo Pinto/JN
lpveloso - intertoon

Douro é uma das regiões menos desenvolvidas de Portugal

A Região Demarcada do Douro (RDD) abrange 21 municípios, espalhados por uma superfície de 4.481 quilómetros quadrados e habitada por 256 mil habitantes. Hoje, esta região, que já foi a mais moderna zona agrícola do país, está envelhecida e é uma das regiões menos desenvolvidas de Portugal. Isto apesar de, segundo dados do professor universitário Luís Ramos, o Douro ter sido contemplado com 1.500 milhões de euros de investimento da Administração Central nos últimos 25 anos. Actualmente um terço da população activa do Douro trabalha na agricultura e apresenta um dos índices de poder de compra mais baixos do país, designadamente 65 por cento da média nacional. Nos últimos 40 anos, estes 21 municípios perderam entre 30 e 50 por cento da sua população, uma das mais envelhecidas do país. Desde a classificação pela UNESCO, aumentou o número de turistas que visitam este território, sendo os seus principais produtos, como os vinhos do Porto e do Douro, cada vez mais conhecidos e premiados internacionalmente. PJ

Só nasceram 400 bebés em 2007

A direcção regional de Bragança do PCP acredita que a maternidade de Bragança está em risco de encerrar, face ao reduzido número de partos que ali são realizados. Segundo dados fornecidos por José Brinquete, daquele partido, em 2007 nasceram cerca de 400 bebés, um número que está muito aquém do rácio dos 1500 partos anuais que estão definidos para que uma sala de partos seja considerada viável. "O que não corresponde sequer ao somatório dos partos realizados anteriormente pelas duas maternidades do distrito, Bragança e Mirandela, cerca de 900" afirmou.
Em 2005 nasceram perto de 900 crianças no distrito de Bragança (maternidades de Mirandela e Bragança). Um valor que caiu para pouco mais de 600 em 2006, ano que em cerca de 120 mulheres preferiram dar à luz em Vila Real. No ano anterior tinham sido cerca de 50 a deslocarem-se para o distrito vizinho. A maternidade de Mirandela encerrou a 11 de Setembro de 2006, apesar dos múltiplos protestos da população.
José Brinquete disse ainda que o distrito tem condições que justifiquem a existência de duas maternidades, o que se prova pela instalação do sector privado que quer abrir maternidades não só em Mirandela, mas também em Chaves e Lamego. "Eles não são suicidas fazem estudos de mercado, sabem que é possível" frisou o dirigente comunista. JN

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O que se disse...

"Salazar era ditador e não enganava, mas agora temos uma democracia formal, que é uma ditadura que oprime os cidadãos."
Mendes Bota, "Correio da Manhã"

Daqui e dali... Sabre07

Alguém no Boticário
sugeriu que se fizesse chegar este excelente texto, às mãos de Correia de Campos.
Com os agradecimentos ao Besugo pela autoria e ao MSP pela descoberta, não resisto a replicá-lo aqui, para, desta modesta forma, contribuir para um melhor esclarecimento dos nossos zelosos governantes.

«Vive gente em Ourense. Ourense tem um Hospital com uma Unidade de Cuidados Intensivos e mais merdas.Chaves não tem, Bragança e Mirandela não têm, Macedo de Cavaleiros e Moncorvo não têm, Régua e Lamego não possuem. Tem isso, apenas, essas merdas, Vila Real.
E vamos agora acelerar, que a minha vida não é esta e tenho de me levantar cedo. São precisos dados? Muito bem. A Província de Trás-os-Montes e Alto Douro tem 2 distritos, Vila Real e Bragança. Trás-os-Montes e Alto Douro tem, portanto, cerca de 400.000 habitantes, mais ou menos. A Província de Ourense tem à volta de 345.000 habitantes. Pode comparar-se assim? Penso que assim se pode. A província de Trás-os-Montes e Alto Douro tem uma área de 11.000 Km2, enquanto a de Ourense tem, por alto, 7.300 Km2. Pode comparar-se: as pobrezas comparam-se em todas as dimensões. Em Trás-os-Montes e Alto Douro é como se sabe. Posso fazer um desenho um dia destes, mas por hoje passo. Vamos à Província de Ourense, à Galiza interior. Vamos?

Bom. A Província de Ourense tem 92 concelhos. Vão de Avion a A Peroxa, Monterrá a Maside, Verin a O Barco de Valdeoros, de Ourense a Castrelo de Miño. São 92 concelhos. O curioso é que tirando Ourense (110.000 habitantes), o resto são pequenos povos. Tirando Verín (13.500), Barco de Valdeorras (13.300), O Carballiño (12.800) e, vá lá, Xinzo de Limia (10.000), o resto tem entre 600 e 4000 almas viventes. A Teixeira tem, mesmo, só 569 pessoas, sendo de referir que os concelhos de O Bolo e de A Bola, juntos, perfazem 2900 seres humanos. É assim, não vale a pena inventar.
Ora bem. Então e nestes 92 concelhos quantos Centros de Saúde há? Há 110. Porquê? Porque sim. Porque há 14 concelhos que têm mais que um. Ourense tem 5. E Castrelo de Miño, por exemplo, tem 3. Palavra de honra: tem 3, e tem 2095 habitantes. Deve ser, talvez, terra de pouca gente e muito ancha, não?
Desses Centros de Saúde, 15 têm Serviços de Urgências permanentes. Falo de Ourense, de Verín, mas também de Viana de Bolo, Xinzo de Limia, O Carballiño, O Barco de Valdeorras, Bande, Ribadavia, são 15. Ribadavia tem 5500 habitantes, por exemplo.

Os Centros de Saúde que não têm urgência "drenam" (detesto esta palavra, mas, como disse, não me pagam para escrever - quanto mais para escrever bem), num critério que não é outro senão o da proximidade, para o Centro de Saúde - com urgência - mais próximo.

Os Centros de Saúde com Urgência permanente têm, em mais de 60% dos casos, além de clínicos gerais (habilitados a fazer suporte básico de vida, que é fundamental pelos motivos que se prendem com aquela parte de o coração bater e de a gente respirar), pediatras, e enfermeiras de Obstretrícia. Em 25% deles há dentistas - cá, nem nos hospitais. Há Fisioterapia, em cerca de 10% dos Centros.

Nesses 110 Centros de Saúde trabalham, ao todo, salvo óbitos recentes ou intervenções externas de Correia de Campos, 275 médicos generalistas, 45 pediatras, 15 dentistas, um porradão de enfermeiras e enfermeiros, variadíssimos técnicos, assistentes sociais. Muitos desses Centros têm possibilidade de fazer análises clínicas e radiografias.
Ora bom, encurtando distâncias que ainda tenho de ir mandar um e-mail ao Paulo Bento: além destes Centros de Saúde, a Província de Ourense tem que mais?
Bom. Tem o Centro Hospitalar de Ourense, com tudo, mas tudo mesmo (mesmo as merdas que não há em Vila Real, sim, a Cirurgia Vascular, a Neurocirurgia, a Radioterapia, os Cuidados Intensivos Pediátricos, a Unidade de Transplantes, a Endocrinologia, a Reumatologia, a Geriatria, a Oncologia Médica e Cirúrgica, a Angiografia, a RMN, a TC helicoidal, o c....... Tem mesmo tudo, galegos dum raio). E tem 505 médicos e 811 camas.
E que mais? Bom, há o Hospital Comarcal de Valdeorras, com Medicina Interna, Cirurgia, Nefrologia com hemodiálise, Fisioterapia, Anestesiologia e Reanimação - pudera, têm todos, eu sei - Unidade de Dor e a p... que os pariu; pois é. E são 100 camas de internamento, e são 52 médicos.
E agora uma pausa educativa. Escutei assim uma pergunta, há bocadinho: "isso de Verín, com 13.000 habitantes, é preciso ver até que ponto vai o quase...".Vai até aqui: 80 camas, 42 médicos, Medicina Interna, Cirurgia, Anestesiologia, Reanimação, Dermatologia, Unidade de Dor, Fisioterapia, Otorrino, Oftalmologia, Urologia, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Psiquiatria... por aí fora. A Régua, a cidade, tem 11.000 habitantes. E não tem quase nada.
Os cuidados de saúde são como o resto. Devem relacionar-se entre si da mesma maneira que se relacionam as pessoas: ou há relações - e têm de ser próximas, daí a importância dos lugares, porque os lugares são as pessoas em espaços pequenos, médios, do tamanho que tiverem - ou não as há e, nesse caso, que se f... a Bwin Liga.
Se é assim na Galiza Pobre, pensem como será na Galiza Rica. Na Catalunha, na Comunitat Valenciana, no País Basco, na Andaluzia, no c......!
Eu é que misturei tudo? Muito bem, então desmisturem, a ver o cheiro das tintas!

Repito: pode haver coisas boas nos lugares e haver, na mesma, estradas que nos transportem entre lugares.

Nota de rodapé: já agora, entre o Tronco (Chaves) e Vila Real, são 99 Km. Ou seja, 1h13m, segundo o Via Michelin. Mulheres que estais de "interessâncias", apertai bem a vulva no caminho. »

Muito mau!...

Carrazeda de Ansiães - 13 de Janeiro de 2008
Bairro do Iraque - sec. XXI - Comunidade Cigana

Tua: Linha reabre após acidente e autoridades apostam na viabilidade turística

Tua, Bragança 28 Jan (Lusa) - Armindo Augusto, passageiro habitual da linha do Tua, hoje viajou de graça por ter sido o primeiro e único a fazer a viagem na sua reabertura, depois do acidente de 12 de Fevereiro.

"Hoje pode ir de graça", transmitiu-lhe o revisor, mas este idoso viajaria de qualquer forma.
"Eu, medo?", devolve a pergunta sobre os receios da primeira viagem depois do acidente que matou três ferroviários e que fechou a linha entre a Brunheda e o Tua durante quase um ano.
Na noite anterior ao acidente, Armindo tinha feito o mesmo percurso para S. Lourenço, apenas para "beber um copo".
Não fosse o facto de a carruagem ir cheia de jornalistas, o acidente era algo de que ninguém queria falar.
A linha foi toda reabilitada nesta extensão e a própria intervenção identifica o local do acidente com barreiras de sustentação.
Taludes e redes seguram a ravina de onde desabaram as pedras que fizeram descarrilar ao inicio da noite de 12 de Fevereiro uma carruagem do metro de Mirandela com cinco pessoas a bordo.
A poucos metros do local, as esculturas naturais em rocha, que conferem a particularidade da paisagem da linha considerada das vias estreitas mais belas do mundo, poderiam ter evitado a queda por uma ravina de 60 metros em direcção ao rio.
O administrador delegado do metro que faz o serviço para a CP, Milheiro de Oliveira, explicou hoje o acidente.
Segundo disse, a carruagem ficou 13 metros à frente do buraco feito pela primeira pedra que desabou sobre a linha.
Uma segunda pedra terá sido a causadora da tragédia ao empurrar o veículo.
Os inquéritos ao acidente estão concluídos e a linha reaberta, mas falta o Ministério Público de Mirandela pronunciar-se sobre eventuais responsabilidades criminais no âmbito de um inquérito ainda em curso.
Mesmo para quem viaja frequentemente neste local, cada passagem é sempre diferente e hoje a expectativa maior.
"É aqui", ouvia-se de várias vozes quando a automotora do metro de Mirandela chegou ao local do acidente depois de Castanheiro do Norte.
Aqui a paisagem parece justificar a expressão que a identifica como "o belo horrível".
O rio revoltado ao fundo de uma ravina de fragas e a escarpa de onde desabaram as pedras ganha uma maior imponência.
Fernando Pires, que não é maquinista mas agente de condução, não tem receio, diz que "há mais acidentes nas estradas do que nas vias férreas".
A ele e a outros colegas cabe agora a responsabilidade de terem que circular em marcha à vista, uma velocidade que lhes permite parar antes de qualquer obstáculo.
A diferença não é grande, agora a velocidade máxima é de 30 quilómetros, antes do acidente era de 45.
A carruagem saiu da estação de Mirandela as 10:00 e chegou ao Tua minutos antes das 12:00.
O condutor Pires não acha "que a via seja mais perigosa que outras" e 12 anos depois de viajar por estes carris continuam a operar com a tranquilidade de quem acha que "tudo é o que tem que ser".
Na noite de 12 de Fevereiro, um colega fazia o percurso contrário do Tua para Mirandela e circulou menos de um quarto de hora até ao local da tragédia.
Pensou-se que seria o fim da linha do Tua até porque entretanto surgiu a autorização para a construção de uma barragem que vai submergir parte da linha, independentemente da cota.
O representante da CP nesta viagem inaugural Bruno Martins disse nada saber sobre o assunto, nem tão pouco das obras feitas na Linha, competência da Refer, que não teve nenhum representante nesta viagem.
Garantiu ainda que as restrições da marcha à vista manter-se-ão "apenas até haver condições para retomar a circulação normal".
André Pires, do Movimento Cívico de Defesa da Linha do Tua propõe a recuperação de algum material para viagens turísticas nomeadamente das antigas automotoras conhecidas como Napolitanas.
A viagem entre Mirandela e o Tua demora agora duas horas, mais meia hora do que anteriormente, mas os utentes habituais não se importam.
Dos cinco passageiros que fizeram hoje a viagem das 10:00 quase todos saíram nas estações anteriores ao troço reaberto.
Maria Adelaide ia para Frechas depois de uma consulta médica em Mirandela.
Se não fosse o comboio tinha que passar toda a manhã na cidade a espera do autocarro.
Por estrada, o percurso e feito em cerca de uma hora mas para Luis Aniceto, a viagem de comboio e mais barata 4,90 euros entre Mirandela e o Tua.
Mesmo nestas condições, Pedro Couceiro, do Movimento de Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases considera que a barragem projectada para a foz do Tua é "completamente incompatível com a linha".
Defende a manutenção da via férrea, como o casal Maria Adelaide e Justiliano Alberto, utentes que aguardavam na estação de Mirandela, embora para fazerem um percurso diferente.
"Agora deviam chegar era a Bragança", defendem, 20 anos depois de a linha ter sido desactivada entre Bragança e Mirandela.
O mesmo projecto tem o autarca de Mirandela e presidente do metro José Silvano para quem esta linha pode ser o único corredor ferroviário no país capaz de promover desenvolvimento turístico.
Silvano defende mesmo a ligação a Espanha e exorta os restantes autarcas a unirem-se neste projecto.
Os cerca de 20.000 turistas que anualmente viajam na linha do Tua para apreciar a paisagem são a grande aposta para o futuro e a CP reforçou os charters turísticos.
Para este fim, o comboio pode circular mesmo aos fins-de-semana e feriados, dias em que não há ligações comerciais.
"A linha já estava morta antes do acidente", afirmou o proprietário do café "Calça Curta", na estação do Tua, "se não melhorarem o serviço em termos de horários e coordenação com a Linha do Douro a sua reabertura não adianta muito".
RTP
Colaboração: Mário Carvalho

Vale do Douro lança campanha para 'Maravilha da Natureza'

A região do vale do rio Douro apresentará na terça-feira sua campanha a "Maravilha da Natureza".
Em dezembro, a Associação de Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes (Aetur) oficializou a candidatura do vale à "Maravilha da Natureza" - iniciativa que conta com o apoio institucional dos governos dos distritos que fazem parte da região classificada como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, em 2001. Rádio Ansiães

Carrazeda - População exige mais paragens de autocarro

Cada vez mais se nota a falta que faz uma central de camionagem em Carrazeda de Ansiães. Actualmente os autocarros estacionam onde dá mais jeito, com destaque para a rua do parque da feira. Por outro lado, depois das obras de remodelação no centro da vila deixou de existir uma das duas paragens do transporte público.

População e comerciantes exigem alternativas à Câmara Municipal.
Os utentes entendem que duas paragens de autocarro seria o ideal, até porque as duas principais ruas comerciais são muito longas, mas estreitas, o que não deixa margem para os transportes públicos pararem a meio para recolher passageiros.
João Cruz, morador na aldeia de Paradela, explica que na paragem que deixou de existir "as viaturas estavam mais à vontade, porque tinham mais largueza". Tal contrasta com a que sobrou, que mantém o autocarro a interromper o trânsito enquanto os passageiros sobem.
"De facto, a outra era mais prática", corrobora Antero da Fonte, que vive no Seixo de Ansiães, a que se junta a opinião de Cândido Costa, de Tralhariz "o mais acessível era ter uma central própria para esperar a carreira".
Para além dos utentes dos transportes públicos, a maior parte deles idosos, também os comerciantes, sobretudo os que mais longe estão a paragem do autocarro, já se queixaram à associação que os representa. O presidente, Nuno Carvalho, nota a falta que faz uma central de camionagem na vila. "Há um deslocamento das pessoas para pontos que não estão muito próximos dos comércios", explica, esperançado que a câmara possa "encontrar uma solução a breve prazo". "Ninguém spode queixar-se mais do que eu", atira, na resposta, o presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães, Eugénio de Castro. Esclarece que já existe projecto elaborado para o equipamento, que deverá ficar, precisamente, próximo do recinto da feira quinzenal. "Mas falta financiamento", justifica, garantindo que "no dia em que for conseguido a obra avançará". O novo Quadro de Referência Estratégica Nacional poderá ser a fonte desse apoio financeiro. Eduardo Pinto, JN

BARRAGENS - Ambientalistas contra barragem no Tua

Ambientalistas e defensores da manutenção da Linha do Tua estão contra a construção da barragem do Foz Tua, a maior de um grupo de dez que o Governo pretende construir. A Quercus defende que a barragem não trará qualquer desenvolvimento para a região.

Os ambientalistas estão contra a construção da barragem do Foz Tua, que deverá ser construída até ao final do 2008 e que é a maior das dez barragens que o Governo incluiu num programa aprovado em Dezembro.
Em declarações à TSF, João Branco, da Quercus, explicou que nenhuma barragem traz desenvolvimento rural e que isso se pode ver pelas diversas albufeiras que foram construídas na região de Trás-os-Montes.
«Temos imensas albufeiras em Trás-os-Montes e não há qualquer tipo de desenvolvimento rural. Esta albufeira vai ser um lago de água choca», explicou.
Célia Quintas, do movimento que defende a manutenção da Linha do Tua, lembra que há 20 mil turistas por ano a visitar a linha ferroviária que circunda este afluente do Douro e que por isso não faz sentido submergir a linha com a construção da barragem.
«A Linha do Tua não é um produto turístico e já é muito visitada. Se se fizesse algum trabalho nesse sentido podia ser algo interessante para toda a região», acrescentou.
O presidente da câmara de Mirandela também está contra a construção desta barragem, pois muito embora entenda que esta é um «bem nacional em produção de energia», considera que esta pode ser construída noutra local.
«Podia ser feita noutro rio qualquer. Se calhar noutro rio que não tivesse um vale único como é o vale do Tua», frisou José Silvano, que é o único autarca contra a edificação desta barragem.
Opinião contrária tem o autarca de Murça, que entende que a envolvência municipal que surgirá da construção desta infra-estrutura já é algo de muito positivo para a região.«Julgo que podemos ter novas infra-estruturas, nomeadamente rodoviárias, com melhores acessibilidades à Zona da Terra Quente. Sem dúvida que perspectivamos que o município possa ganhar até financeiros no futuro», explicou João Teixeira. TSF

domingo, 27 de janeiro de 2008

"A CCDR não foi ouvida acerca da barragem do rio Tua"

Carlos Lage coloca algumas reservas à construção da barragem do Tua.
O presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte - C­CDR-N diz que não se opõe à barragem no Tua, mas garante que só dará a sua anuência depois de conhecer a cota da albufeira, a integração na paisagem e ecologia do vale e o futuro para a ferrovia.
PÚBLICO - Concorda com a construção prevista para o Tua, mesmo sabendo que vai acabar com a linha do comboio?
Carlos Lage - Não sou nem um céptico, nem um entusiasta da construção da barragem da Foz do Tua. Ela tem, objectivamente, vantagens e desvantagens, configurando mesmo um conflito de valores difícil de ultrapassar.
Em princípio digo "sim" à barragem, seguido de um "mas". Sim, porque se trata de obter energia eléctrica a partir de uma fonte renovável, limpa, ao contrário do que sucede ainda com significativa parte das nossas fontes. Em boa lógica, Portugal deverá aproveitar o potencial tecnicamente explorável de energias de origem hídrica, quer através de centrais de maior vulto, quer por meio de "mini-hídricas". O projecto da Foz do Tua deve ser visto neste enquadramento. Permite a construção de uma central que é a de maior potencial entre as dez novas barragens cuja construção está prevista (seis das quais na Região Norte).
Agora os "mas" que coloco ao projecto e que poderei enunciar sob a forma de perguntas, ou seja: a barragem da Foz do Tua deve ser excepcionada por encerrar valores naturais e paisagísticos de valor incalculável? E ainda, situação verdadeiramente única, por vir a inundar uma velha e admirável linha ferroviária, testemunho do heroísmo do trabalho humano?A estas questões e interrogações só saberei responder, em termos definitivos, após a apresentação do projecto final da construção da barragem e, sobretudo, após as conclusões da Avaliação de Impacto Ambiental em que a CCDR terá uma grande responsabilidade e que assumirá com grande rigor. Só nessa altura, na posse desses dados, poderei dizer se o meu "sim", agora condicionado, se mantém. Entre as exigências e condições que importa conhecer estão a cota da barragem, a sua integração na paisagem e ecologia do vale e o destino (ou destinos) do todo ou partes da linha ferroviária.
A CCDR foi ouvida pelo Governo em relação à futura barragem?
Não, a CCDR não foi ouvida.
Como explica que se esteja a trabalhar para a barragem e a Refer continue a gastar dinheiro na recuperação da Linha?
O plano nacional que enquadra o projecto da barragem é publicamente conhecido, tendo sido sobejamente noticiado, não sendo possível alegar desconhecimentos por parte de quem quer que seja. Em todo o caso, a construção da barragem, embora prevista em plano, não está em curso, nem estão definidos os seus termos e capacidade. Nesse sentido, posso compreender que, neste contexto, os actores interessados pretendam manter as suas posições em jogo e em aberto, embora fosse recomendável maior capacidade de articulação institucional. Este é um dos muitos casos em que a existência de um governo regional, no exercício dos seus poderes, poderia intervir virtuosamente.
O Governo elegeu o Douro como aposta turística e o primeiro empreendimento que vai ser feito é a construção da barragem do Tua, que vai destruir um vale e inutilizar um troço ferroviário com grande potencial turístico?
A última parte da pergunta traz consigo uma afirmação radicalista e absolutamente discutível. O Governo elegeu e bem o Douro como um dos pólos prioritários de desenvolvimento turístico e não me parece que o grande potencial turístico do Douro possa ser tocado negativamente pela eventual construção da barragem. Tudo depende das exigências em matéria ambiental e construtiva que, como atrás referi, venham a ser colocadas ao projecto. Pode até sustentar-se que, numa zona com a sua beleza muito própria, mas seca e árida e com temperaturas abrasadoras no Verão, uma extensa superfície líquida poderá proporcionar outros atractivos e criar outras condições para o desenvolvimento do turismo.
A destruição do vale não pode beliscar a imagem do Douro como Património Mundial?
O leito primitivo do Douro era sem dúvida soberbo. Porém, hoje, já é difícil imaginar a paisagem vinhateira do Douro sem a presença permanente daquele imenso elemento líquido e sem - refira-se - a navegabilidade do rio, tão importante hoje para a afirmação do vale como destino turístico e como acessibilidade comercial. O espelho de água criado com as barragens faz hoje parte intrínseca do cenário e do imaginário do Douro, de que ninguém hoje aceitaria prescindir. Mutatis mutandis, poderemos vir a conhecer aspectos análogos no caso do vale do Tua.
É este investimento que a região precisa?
No caso do vale do Douro não foi assim e a navegabilidade do rio continua a promover o desenvolvimento da região, a vários níveis. É verdade que o impacto directo e imediato da construção de uma barragem se faz sentir mais intensamente na fase da sua construção. Mas não se pode avaliar a importância de um empreendimento desta natureza segundo critérios meramente locais e pontuais. Se olharmos para o atlas do potencial de energias de origem hídrica do país, veremos que ele se concentra no Norte. A exploração desse potencial, além de se inserir na gama das energias mais limpas, poderá também representar um impulso à capacidade de criar riqueza da região. Público
Colaboração: Mário Carvalho

III Festival de Sabores do Azeite Novo - Mirandela

Programa (clique aqui)
A III Edição do Festival de Sabores do Azeite Novo realiza-se de 29 de JANEIRO a 01 de FEVEREIRO de 2008 e durante vários dias vai celebrar a campanha da apanha da azeitona e a vinda do azeite novo, através de jornadas técnicas, exibições de cozinha, provas de azeite, visitas a lagares, trabalhos com as crianças e escolas do concelho - alusivos à oliveira, ao azeite e à azeitona. Insere-se num programa mais vasto, o «Festival Gastronómico», de 14 de Janeiro a 14 de Fevereiro, ao qual aderiram 27 restaurantes, casas de turismo rural e pastelarias.
Organização: Câmara Municipal de Mirandela

sábado, 26 de janeiro de 2008

Imagens com história...

Dr. Joaquim Morais Fernandes, Padre Virgílio em sessão na Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Viagem por...

Nova viagem por Carrazeda de Ansiães.
Do mercado à Fonte das Sereias.
Clique no video à direita.
Video: Carlos Abel C. Pereira

As previsões económicas do Professor Karambócrates

Expresso

Linha do Tua reabre segunda-feira. Primeiro comboio às 10 horas da manhã

A ligação ferroviária em toda a extensão da linha do Tua será restabelecida segunda-feira, com a partida do primeiro comboio marcada para as 10:00, anunciou hoje o presidente do metro de Mirandela.
O comboio partirá da estação de Mirandela e chegará duas horas depois ao Tua, segundo disse à Lusa José Silvano, autarca local e responsável pelo metropolitano de superfície de Mirandela, que continuará a assegurar a ligação ao serviço da CP.
Este será o primeiro comboio a fazer todo o percurso, com cerca de 60 quilómetros, desde o acidente de 12 Fevereiro, há quase um ano, em que morreram três ferroviários.
A primeira viagem destina-se apenas à comunicação social, estando posteriormente disponíveis duas ligações diárias de manhã e no final do dia para a população em geral. (...)
A circulação é retomada em toda a linha com mais viagens e além da oferta regular, a CP continuará a promover o serviço "charter" para grupos entre Tua e Mirandela, assegurando resposta à procura turística que representa dois terços dos passageiros, segundo José Silvano.
Cerca de 20 mil pessoas viajam por ano no que resta da linha do Tua apenas para desfrutar da paisagem do vale do rio, que colocou esta ferrovia entre as linhas estreitas mais belas do mundo.
O comboio já demorava uma hora e meia a percorrer os cerca de 60 quilómetros entre o Tua e Mirandela, e a viagem será agora mais demorada com as novas limitações de velocidade.
Esta realidade não preocupa o autarca local para quem os turistas "não se importam com a velocidade a que o comboio anda, querem é desfrutar da paisagem".
Segundo disse à Lusa, diariamente menos de uma dezena de pessoas viaja neste comboio para a Linha do Douro e o Litoral.
Entre 30 a 40 habitantes da zona enchem também por dia uma carruagem nas deslocações a Mirandela para tratar de assuntos pessoais.
A CP garante que a oferta disponível a partir da próxima semana "responde às necessidades de mobilidade local e favorece-se a promoção turística da região".
A reabertura do serviço surge depois de se terem gerado receios de que este troço não reabriria mais e o restante estava também condenado ao encerramento.
A barragem projectada para a foz do rio Tua veio alimentar o fantasma do encerramento, já que, segundo os estudos prévios, independentemente da cota que vier a ser adoptada, os últimos quilómetros da linha ficarão submersos, cortando a ligação ao Douro e ao Litoral.
Para já, os responsáveis entendem que "a barragem é uma questão para tratar a montante".
Lusa/Rádio Ansiães

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A visitar! Novo blog: Foz Tua

TVI roda novela em Trás-os-Montes

Os cinco concelhos da Terra Quente vão servir de cenário à nova novela da TVI, que deverá ir para o ar em Março deste ano.
Em Vila Flor, por exemplo, há alguns dias que não se fala de outra coisa, até porque as filmagens arrancam hoje ou, no máximo, amanhã.
O caso não é para menos, dado que a novela, da autoria de Tozé Martinho, conta com figuras bem conhecidas do grande ecrã, como Margarida Vila-Nova ou Andreia Dinis.
Ao todo serão 220 episódios divididos pela Terra Quente, Moçambique, África do Sul e Cascais, entre outras paragens. No que toca a Trás-os-Montes, o Jornal NORDESTE sabe que, além de Vila Flor, haverá cenas rodadas em Vale Pradinhos e Azibo (Macedo de Cavaleiros), na zona do Douro pertencente a Carrazeda de Ansiães, na Estalagem de Bornes (Alfândega da Fé), bem como no concelho de Mirandela.
Atendendo à projecção que será dada às paisagens da região, a novela, cujo nome provisório é “A Outra”, conta com o apoio financeiro dos cinco municípios da Terra Quente. O objectivo é conseguir um nível de notoriedade idêntico ao que a novela “A Ilha dos Amores” trouxe aos Açores, após meses e meses no horário nobre da TVI.
Durante nove meses, as paisagens transmontanas estarão no grande ecrã.
No caso de “A Outra”, sabe-se que deverá ser transmitida durante 9 meses e que, pelo menos numa semana por mês, os actores e equipas de filmagem estarão em Trás-os-Montes para rodar novas cenas. Por isso, a par da promoção turística no exterior, a novela de Tozé Martinho poderá dar um impulso à economia local, nomeadamente aos cafés, restaurantes e unidades de alojamento da região.
João Perry, Isaac Alfaiate, Rita Pereira, Diogo Amaral, Sónia Brazão, Maria João Luís, Pedro Lima e Filomena Cautela são outros dos nomes que figuram no elenco, a par da participação de Tozé Martinho, enquanto actor.
Ao que foi possível apurar, inúmeros vila-florenses já foram contratados para engrossar o leque de figurantes, ao passo que a EDP teve de reforçar a potência nos locais onde decorrerão as filmagens.
Ao que tudo indica, “A Outra” deverá substituir “Deixa-me Amar”, que a TVI põe no ar diariamente. Jornal Nordeste

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

PIDE - Proibida Inalação De Esfumeação

Antero

Alerta amarelo por causa do nevoeiro

Os distritos de Vila Real e Bragança estão hoje sob aviso Amarelo devido à previsão de nevoeiro, de acordo com o Instituto de Meteorologia.

Populações têm palavra a dizer sobre a cota da barragem do Tua

As populações vão ter uma palavra a dizer sobre a cota da barragem do Tua. As palavras são do Ministro do Ambiente, Nunes Correia.
Foram proferidas ontem, em Lisboa, à saída de uma audição na Comissão Parlamentar de Poder Local, Ambiente e Ordenamento do Território onde foi questionado sobre o Plano Nacional de Barragens.
O ministro do Ambiente afirmou ainda que a opção final ainda não está tomada e que há "várias alternativas" para a cota de água da nova barragem.
Segundo Nunes Correia terá de haver “participação pública, que se adivinha ampla e bem vinda" e assegura que se vão "ponderar vários valores e tomar a opção final".
A opção pode passar também por escolher entre a barragem e alguns trechos da linha ferroviária do Tua. O ministro disse que o governo "mantém em aberto" a possibilidade de partes da linha terem que ficar debaixo de água.
Lusa/Rádio Ansiães

Pioneiros abandonam jogo

Carrazeda 9 - Pioneiros 2 /Futsal Distrital
Os Pioneiros entraram bem no jogo e fizeram logo o 1º golo nos primeiros minutos. O Carrazeda não tarda a responder e, pouco depois, faz o 1-1. O jogo estava animado, via-se grandes lances de Futsal de parte a parte e a equipa de arbitragem estava atenta.
Pouco depois, o Carrazeda faz o 2-1. Minutos mais tarde, num lance infeliz, o árbitro assinala um golo que apenas embateu no poste esquerdo da baliza dos Pioneiros.
A partir deste momento, os dirigentes dos Pioneiros, que perdiam por 3-1, exaltaram-se e a equipa de arbitragem teve que expulsar alguns elementos do banco.
Sem grandes argumentos para responder à equipa do Carrazeda, os Pioneiros protagonizam lances de alguma violência, o que levou à expulsão de um jogador violeta por carregar um atleta do Carrazeda que corria, isolado, para a baliza.
É, então, que os locais, após o livre da falta, fazem o 4-1. Os visitantes ainda conseguem reduzir para 4-2, mas o Carrazeda responde com 5-2 e finaliza a 1º parte.
Começa o 2º tempo e o Carrazeda volta à carga, aumentando para 6-2. Inesperadamente, alguns jogadores violetas abandonam o campo, ficando apenas 4 e o guarda-redes.
A equipa de arbitragem acabou por ter de finalizar o jogo, faltavam ainda 13 minutos para o final da 2ª parte com o Carrazeda a ganhar por 9-2.
Resultado: o futsal está um pouco mais pobre com o que aconteceu na vila duriense.
O treinador da equipa violeta, Zé Gomes, queixa-se de “muita arrogância” para com a sua equipa e do golo do Carrazeda que não entrou na baliza. O presidente dos Pioneiros afirma, até, que, nos últimos jogos, “os árbitros têm perseguido” a sua equipa.
Já para a direcção do Carrazeda, “tudo não passou de um acto anti -desportivo dos Pioneiros ao abandonarem o campo”. Jornal Nordeste

Movimento Cívico pela Linha do Tua - Comunicado

O Movimento Cívico pela Linha do Tua congratula-se com a reabertura da Linha do Tua, interrompida desde o fatídico acidente ocorrido em 12 de Fevereiro de 2007.

Decorridos 11 meses após o acidente e 3 meses após a conclusão das obras de reparação da via, o MCLT felicita todos os envolvidos na defesa da preservação da Linha do Tua, em particular o Presidente da Câmara Municipal de Mirandela e Os Verdes, pela capacidade de luta e coerência politica exemplares, valores muito ignorados por outros responsáveis governamentais.

O MCLT vê com preocupação a falta de estratégia e cooperação politica entre os autarcas da região e a falta de visão no que toca à defesa e preservação do património natural e ferroviário existente na região, com características únicas no país e no Mundo, para além do que é ou não desenvolvimento sustentável a nível social e ambiental. Lembramos que a Linha do Tua é considerada uma das mais belas linhas-férreas da Europa, com especial reconhecimento em vários países comunitários. Esperamos pois que este seja um momento de reflexão para todos os que tendo a capacidade de decidir, se devem preocupar com o futuro da região e de quem lá vive.

Com a reabertura da Linha do Tua e com a possibilidade da abertura ao turismo, o MCLT gostaria de ver utilizado em futuras viagens material histórico da CP, nomeadamente as carruagens Napolitanas e o Histórico de Via Estreita, evitando assim a degradação e esquecimento a que está votado em algumas estações ferroviárias.

Na sequência dos imensos contactos e mensagens de apoio que temos vindo a receber, informamos que o MCLT continuará a defender a preservação e dinamização da Linha do Tua e de toda a região envolvente, para um desenvolvimento local e sustentável mais justo, desde o Tua até Bragança. www.linhadotua.net

Linha do Tua reabre na próxima semana

A linha do Tua reabre na próxima semana ao tráfego ferroviário, entre Brunheda e Foz-Tua, quase um ano depois do acidente que matou três pessoas no dia 12 de Fevereiro de 2007.
A decisão foi tomada durante uma reunião em Lisboa, que reuniu o presidente do Metro de Mirandela, José Silvano, e a administração da CP.
O próprio José Silvano anunciou a decisão, sublinhando que “vão ser respeitadas as condições impostas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)” e que obrigam a que, em certos troços, os mais perigosos, a circulação seja efectuada em “marcha à vista, ou seja com uma velocidade muito reduzida, de modo a permitir parar a carruagem a qualquer momento em caso de perigo.
A nós também nos interessa que as viagens sejam feitas em segurança”, notou o presidente mirandelense, que sublinha a importância turística da via.
O autarca de Mirandela mostrou-se satisfeito com o recomeço das ligações ferroviárias entre Mirandela e Foz Tua, mas promete “contestar no lugar próprio” a decisão do LNEC sobre a circulação em marcha à vista, pois aumenta em mais de meia hora a duração da viagem. “A própria CP vai rever o processo”, disse.
No retomar das ligações haverá duas viagens da parte da manhã, no sentido Mirandela-Tua, para que os passageiros possam apanhar o comboio na linha do Douro e outras duas ao fim do dia, no sentido inverso.
Em termos turísticos, “todos os operadores que queiram utilizar a linha do Tua vão ter preferência e fazer a viagem a qualquer hora desde que requisitada com tempo”, disse José Silvano.
O autarca desafia ainda os seus homólogos de Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Murça e Alijó a, independentemente da posição em relação à construção da barragem do Tua, “a unir-se todos à Câmara de Mirandela para se fazer um grande projecto de promoção do turismo no vale do Tua bem como da própria linha”.

Rádio Ansiães/Eduardo Pinto

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Daqui e dali... João Lopes de Matos

Ida a Lisboa

Um sexagenário transmontano (quase septuagenário) foi há dias a Lisboa. Mas não foi desprevenido e confiante. Levava consigo, no bolso das calças, uma arma para o que desse e viesse.
E olhava, cauteloso, para um lado e outro, não fosse ser surpreendido por algum assaltante, sobretudo um daqueles que julgam que os transmontanos são uns pacóvios. De tal maneira os seus modos eram explícitos que uma jovem atraente se aproximou e estabeleceu o seguinte diálogo:
- Senhor, que tem cara de boa pessoa, o que traz aí?
- Uma arma, menina, para me defender dos lisboetas malvados.
- Ah! Uma arma! Bem me parecia que não poderia ser outra coisa. O senhor já é entradote, na realidade. Mas olhe que talvez esteja enganado. Aqui não é preciso andar armado.
- Não é preciso o quê! Mesmo a menina sei lá com que intenções vem! Quem vê caras, não vê corações. Realmente, a menina é tão linda! Não será o diabo a tentar-me? Até já me sinto atraído por si! Abrenúncio, Satanás.
- Pode seguir em paz. Só lhe vou dar um beijinho e siga o seu caminho. Vai ver que nada de mal lhe acontece.
E despediram-se. E o transmontano seguiu o seu caminho, mas sempre desconfiado.
E que viu ele? - Coisas belas como o oceanário, a FNAC do Chiado, com políticos, os transportes públicos, com gente fina e educada, a pastelaria de Belém, onde havia muita gente, que não se acotovelava e com aspecto sossegado, monumentos como a Torre de Belém, os Jerónimos, a Estação do Rossio, limpos, belos, luminosos. E a pairar sobre a cidade uma luz limpa, clara, e a seus pés o Tejo calmo e majestoso.
A arma começou a pesar-lhe e achou-a um estorvo. Deitou-a fora e respirou, fundo, confiante, o prazer da liberdade.

João Lopes de Matos

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Festival Sabores Mirandeses

No fim-de-semana que antecede o Carnaval de 2008 realiza-se, mais uma vez, em Miranda do Douro, o Festival de Sabores Mirandeses.

Os objectivos principais deste evento centram-se na divulgação e promoção dos diversos produtos do município transmontano. Além de Mostras das Raças Mirandesas Bovina e Ovina Churra Galega, podem encontrar-se ainda todos os produtos mirandeses derivados do porco, doçaria tradicional e artesanato

A iniciativa é uma organização da Câmara Municipal de Miranda do Douro e conta com a colaboração das Associações de Criadores da Raça Bovina Mirandesa e da Raça Ovina Churra Galega Mirandesa.

domingo, 20 de janeiro de 2008

O colapso da Justiça em Portugal


Expresso

Tua - No Amieiro, já não há comboios e a barragem ainda nem sequer existe

Este sol tímido parece mentira - e há-de ser mentira daqui a nada, que as nuvens dos últimos dias vão voltar a ganhar terreno. Mas o que a imagem realmente mostra é que, quando nasce, o sol não é para todos, como nos querem fazer acreditar. Estão a ver aquele amontoado de casas lá ao fundo? Bem-vindos ao Amieiro, uma freguesia de 90 almas do concelho de Alijó. A estação de Santa Luzia da Linha do Tua, que antes ligava Amieiro ao resto do mundo, fica a escassos metros, mas não passa de uma miragem. A fúria de um Inverno que já ninguém sabe muito bem dizer qual foi levou a ponte e, com isso, quase riscou a aldeia do mapa. Agora, ir a Mirandela, por exemplo, só mesmo de táxi. O sol, quando nasce, não é mesmo para todos.
Mas há mais: já não deve faltar muito para que haja finalmente fumo branco e se saiba se a Linha do Tua tem mesmo os dias contados. Independentemente da cota a que venha a ser construída, a projectada barragem de Foz Tua vai afogar alguns quilómetros da linha, os comboios e paisagens de cortar a respiração inseridas no Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial. S.S.C. Público
Colaboração: Mário Carvalho

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Antero

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

O Livro do Apocalipse,

segundo João (Lopes de Matos)


Enquanto o Livro de S. João é delirante, este de João Lopes de Matos exprime uma profecia de caos e destruição, baseado em dados concretos. Dizia-me _ meu primo Luis Carlos Almeida que Vimioso, combinando as actuais taxas de mortalidade e natalidade, em 2025 ou 2050, não tenho bem presente o ano de referência, ficaria com dois habitantes. Ora, com as necessárias adaptações, para Carrazeda, temos… para quando a morte anunciada do concelho? interpelou o profeta João Lopes de Matos. E, sem dúvida, que as suas interpelações marcam a agenda no Desert(ficand)o.

Outra das suas dúvidas existenciais prende-se com a linha do Tua — e em extensão, as termas de São Lourenço —, submersas pela cota mais alta da barragem em Foz-Tua… Já em nome do turismo, só lhe faltou vender a ideia de depois se ir em escafandro, como em Vilarinho das Furnas, a banhos, nas termas. Se pensava assim descansar _ _ entidades (suas amigas) que para ali fizeram promessas e promessas de projectos, é porque se não deslocou à aldeia de Pombal. Aí se coloca já sobre a mesa (n)uma-qual imaginação fabulosa de captar as águas, em canalização directa à aldeia… Eu,

no entanto, sem fé, mantenho esperança de que o São Lourenço faça um milagre e salve as Caldas. É no seu actual estado de caos e destruição que me sinto, numa identidade matricial de lá ir com os meus avós e agora com o meu filho. Não interessa que o profeta João Lopes de Matos me chame ‹‹ambientalista››. — Que hei-de fazer se aí se encontram, _ _ minhas folhas com as raízes?

Vitorino Almeida Ventura

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Tua: Governo deita fora um milhão de euros

A obra de recuperação da linha do Tua, realizada após o acidente de 12 de Fevereiro do ano passado, custou cerca de um milhão de euros e não vai servir para nada.

A barragem da Foz do Tua, cuja construção está decidida, vai afogar pelo menos 15 dos 60 quilómetros da via férrea que liga a linha do Douro a Mirandela, precisamente o troço onde ocorreu o desastre que vitimou três funcionários do Metro de Mirandela.
As obras estão concluídas desde Outubro mas o comboio continua a não circular entre as estações do Tua e Brunheda, estando o Metro de Mirandela a utilizar táxis no transporte dos passageiros, com naturais custos acrescidos para a empresa.
O presidente da Câmara de Mirandela e também presidente do Metro, José Silvano, disse ao CM que está à espera de “perceber o que se passa”, numa reunião com o presidente da CP marcada para a próxima terça-feira.
E o que o autarca transmontano quer perceber é se as composições do Metro voltarão ou não a circular entre a Brunheda e o Tua, e que cota terá a barragem, cujo paredão será edificado na localidade de Fiolhal, a um quilómetro da foz do rio Tua.
Não tenho dúvidas de que a barragem vai ser construída”, disse José Silvano ao CM, esclarecendo que “só falta saber se terá uma cota de 160 ou de 200 metros”.
Mas, tanto num caso como no outro, acaba a ligação por comboio de Trás-os-Montes ao litoral e é ditado o encerramento de uma das linhas de caminho-de-ferro de via estreita mais belas do Mundo, que levava 20 mil turistas por ano à região. Correio da Manhã
Colaboração: Mário Carvalho

Secretária de Estado admite fim da Linha do Tua

A secretária de Estado dos Transportes admitiu ontem publicamente que a construção da barragem do Tua vai por fim à linha ferroviária. Ana Paula Vitorino aconselha mesmo mesmo a REFER e a CP a encontrarem um sistema de transportes alternativos. RBA

Levaram mil litros de gasóleo de uma pedreira

Um encarregado de uma pedreira em Luzelos, Carrazeda de Ansiães, apresentou queixa no posto da GNR local contra desconhecidos, depois de constatar que lhe tinham furtado mil litros de gasóleo.
O combustível utilizado em compressores terá sido retirado no passado fim-de-semana. “Fiquei um pouco chocado quando segunda-feira cheguei ao local de trabalho e dei por falta de tanto gasóleo”, contou o encarregado, Fernando dos Santos, residente em Valtorno (Vila Flor).

Antes de dar parte do sucedido às autoridades, Fernando tratou de esquadrinhar montes e vales, na perseguição do rasto deixado por uma viatura, que supostamente teria sido utilizada para transportar o combustível.
Anteontem à tarde, acabou por encontrar os cinco bidões furtados, num monte próximo da aldeia de Paradela e chamou lá a GNR para lhe dar conta do sucedido. A seguir dirigiu-se ao posto para formalizar a queixa.
Fernando Santos diz que “só não levaram mais porque as máquinas não tinha gasóleo”. É que, temendo esta situação, procura deixá-las sempre com os depósitos escoados. Só que no Sábado foram descarregados na pedreira cinco bidões de 200 litros cada, os tais que acabaram por ser levados.
O furto não terá sido fácil, pois a pedreira está cheia de lama por causa do movimento das máquinas”, explica o responsável. No entanto, “mesmo rebolando-os uns 200 metros pela lama conseguiram carregá-los numa carrinha”, completa.
O encarregado garante que os gatunos foram pelo menos dois, pois “uma pessoa sozinha não consegue carregar um bidão cheio para cima de um carro”. Por outro lado, notou “dois rastos” no local.
Há cerca de dois anos, no mesmo local, Fernando Santos conseguiu frustrar o furto de gasóleo da pedreira, depois de armadilhar o caminho por onde os larápios acederam ao local. Ao passar por uma barra de pregos, a viatura em que seguiam ficou com os quatro pneus furados e, por isso, tiveram que fugir a pé, deixando para trás o produto do furto.
Conta que notou que alguém andava a roubar combustível das máquinas que operam na pedreira. De cada vez levavam cerca de 250 litros. Ao todo, teria já furtado mais de 1500 litros, pois foram contabilizadas, pelo menos, uma sete vezes.
Foi então que pensou em armadilhar o lugar. Deu resultado. Um dia reparou que tinham passado por cima de uma barra de pregos. Seguiu um rasto e foi dar com uma viatura no meio do monte com os quatro pneus furados e no seu interior 14 bilhas de 20 litros cada.
Rádio Ansiães/Eduardo Pinto

Mensagem de ano novo!

Antero

O que se disse...

"As afrontosas injustiças sociais conduzem as pessoas a um cada vez maior afastamento do acto cívico e ao desprezo repugnante pelos políticos."
Baptista-Bastos, Diário de Notícias

Daqui e dali... João Lopes de Matos

Ambientalistas

Parece que definir os ambientalistas é simples: - serão aquelas pessoas que defendem a natureza e lutam pela sua preservação.
Só que não há uma única maneira de defender a natureza. E não é assim tão simples fazê-lo.
E isto porque há duas visões de ambientalismos: - uma conservadora, estática, consabida e até legalista e burocrática, e outra dinâmica, evolutiva, imaginativa, a tentar procurar novos equilíbrios que dêem respostas às mudanças dos tempos.
A primeira pensa que o equilíbrio é sempre o mesmo ao longo dos tempos; a segunda sabe que o equilíbrio está sempre a fazer-se, desfazer-se e refazer-se.
A primeira quer que, de uma vez por todas, fiquem consagrados na lei os modos de defesa de, por exemplo, os sobreiros e os parques naturais, e não admite que pela mão do homem a natureza se possa tornar mais bela e compatibilizar-se com os interesses do desenvolvimento humano.
Por exemplo, os ambientalistas que defendem a primeira visão entendem que os sobreiros são de defender em todas as circunstâncias, mesmo que as condições adversas(abandono, doenças, falta de interesse económico) não sejam favoráveis à sua continuação. Pensam que a sua defesa não é compatível com o desenvolvimento.
Os ambientalistas com a visão dinâmica procuram sempre ver até que ponto as coisas se podem compatibilizar e se não acontecerá que, permitindo a interferência humana, não poderão ser criadas condições para uma melhor defesa não de todos mas de uma grande parte dos sobreiros.
No que respeita aos parques naturais, parece claro que eles tiveram um determinado equilíbrio antes do povoamento e que esse equilíbrio foi desfeito por este. O povoamento humano originou um outro tipo de equilíbrio que agora está a desfazer-se com a saída das pessoas. Impõe-se agora a necessidade de gerar um novo equilíbrio que não poderá ser conseguido do mesmo modo que o anterior. E isso exige medidas novas, muita imaginação e um novo entendimento de equilíbrio.
Acontece que, por vezes, o homem, com a sua intervenção, cria verdadeiros paraísos: - jardins botânicos, por exemplo.
Estou até a lembrar-me o quanto beneficiam a paisagem, por exemplo, os campos de golfe e, em particular, estou a pensar no campo de golfe que fica por cima da Lagoa das Furnas, em S. Miguel, Açores, que é formado por um verde esplendoroso e tufos de árvores (criptomérias, ao que julgo) que formam um todo paisagístico admirável.
Sou, como é fácil concluir, partidário da segunda visão, a dinâmica.
À semelhança do que acontece com outras realidades, as forças em presença jogam aqui um jogo dialéctico, de tese, antítese e síntese, que não se coaduna com visões fundamentalistas e irredutíveis.

João Lopes de Matos

CP debate futuro da Linha do Tua

José Silvano, presidente da câmara de Mirandela e administrador do Metro, vai reunir com a Administração da CP, na terça-feira, para decidir se vale a pena reabrir o troço acidentado face às restrições impostas pelo LNEC e também pelas consequências da construção da barragem na foz do rio Tua.
Recorde-se que o troço, que liga Mirandela ao Tua e à Linha do Douro, está encerrado desde Fevereiro do ano passado, altura em que se deu o acidente com uma automotora, que resultou na morte de três pessoas.
Foram feitas intervenções ao nível da segurança da via, que custaram cerca de 100 mil euros, mas, apesar dos trabalhos de consolidação do troço já estarem prontos há mais de três meses, ainda não foi reaberto, porque o LNEC impôs algumas restrições. Tudo indica que a CP vai confrontar o autarca com o facto de, por motivos de segurança, num troço de 60 quilómetros as composições só vão poder circular a velocidade reduzida, de forma a poder parar a qualquer altura.
Perante este cenário, a viagem entre Mirandela e o Tua, que, em circunstâncias normais demora cerca de hora e meia, passaria a ser feita em mais de duas horas. José Silvano diz que prefere aceitar que a circulação "seja retomada de imediato", aproveitando os anos que demora a construção da barragem, "para que o percurso seja utilizado pelos cerca de 20 mil turistas que anualmente viajam na linha e que não se importam da velocidade do comboio".
Entretanto, o autarca diz que a secretária de Estado dos Transportes "acordou tarde de mais para a realidade do encerramento da Linha do Tua". José Silvano reage assim às declarações de Ana Paula Vitorino que admitiu, anteontem, que a construção da barragem poderá levar ao encerramento da linha ferroviária que serve a região e que, a ser assim, o Governo, Refer e CP terão de pensar num sistema de transportes alternativos para servir a região. JN