quinta-feira, 28 de julho de 2011

Os homens da locomotiva a vapor que percorre o douro

Enfrentam temperaturas infernais para pôr em movimento a locomotiva a vapor. Mas ainda fazem corridas com os barcos, brincam com as pessoas e não trocam estes sábados por nada.
Sábado. Após uma semana de trabalho como inspector de tracção na estação de Contumil, Porto, Rui Rebelo Magalhães, 47 anos, deixou a família, mulher e dois filhos, em Aguas Santas na Maia e foi ao encontro de outro grande amor: a centenária Henschel. Ela tem 86 anos, é alemã, roliça e, apesar da idade, está bem conservada. A Henschel e Sohn SS71W Casel é uma poderosa locomotiva a funcionar a carvão e água, construída na Alemanha em 1925. Rui vai percorrer a Linha do Douro, entre a Régua e o Tua, todos os sábado até Outubro, aos comandos da fumegante locomotiva, com a ajuda de António Santos Ribeiro, 39 anos e Rui Teles Queirós, de 40. "Fomos nós que nos oferecemos para conduzir a máquina, fazemo-lo em regime de voluntariado pois amamos a nossa profissão e conduzir esta raridade é um desafio muito grande", afirmam os tripulantes da 0186.
Todos residem na área do Grande Porto e, por isso, "há que levantar bem cedo, tomar o comboio em S. Bento e rumar à Régua". Antes da partida, às 14.30, a vetusta locomotiva exige horas de preparação. Mimos que se repetem em cada paragem do percurso. "Apesar da satisfação que sentimos aos comandos da máquina a vapor, não se pense que é uma tarefa fácil, pois, antes de colocar o comboio em andamento, são necessárias cinco horas de cuidados intensivos à locomotiva: limpar, olear e polir", afirma o chefe de equipa.
Rui Magalhães sempre teve o fascínio pelos comboios: nasceu em Parambos, Carrazeda de Ansiães, a meia dúzia de quilómetros da Estação do Tua. Depois de concluído o curso secundário e de uma breve passagem pela Santa Casa da Misericórdia de Mirandela, candidatou-se ao lugar de maquinista na CP. "Os comboios foram sempre o meu sonho." Concluído o curso, foi colocado na Linha do Minho e posteriormente na so Douro, onde durante anos conduziu máquinas a diesel. "Foram quase vinte anos a conduzir as automotoras a diesel, mas a grande paixão era o vapor." Há quatro anos, e depois de ter sido promovido a inspector, Rui tirou um curso para poder dirigir as máquinas a vapor. "O curso foi ministrado por um dos últimos maquinistas do vapor , já retirado."
É quando se inicia a marcha do comboio que mais se trabalha. "Suportamos temperaturas de 30 a 70 graus, e o trabalho físico é constante, desde o abastecimento de água - mais de dez mil litros em cada viagem -até aos dois mil quilos de carvão de pedra que é preciso colocar à pá na fornalha", relata o maquinista. Ainda assim, é um trabalho compensador. "É gratificante responder através do silvo da locomotiva aos acenos constantes de centenas de pessoas ao longo do percurso e em certos locais medir forças com os barcos que sulcam o Douro e chegar à conclusão de que somos mais rápidos", conta. No percurso, e apesar da azáfama em torno da 0816 (como é tratada a locomotiva), ainda têm tempo para apreciar a paisagem.
"Era bom era que o percurso do comboio histórico se estendesse até à estação do Pocinho, ate onde ainda se circula na Linha do Douro. A 0186 não teria qualquer problema em fazer o percurso. Então é que os turistas poderiam apreciar o Douro em toda a sua plenitude", alvitra Rui Magalhães.

Antes de regressar a casa, os três homens têm de tomar banho, pois "a fuligem é às carradas, até parecemos africanos... Queimaduras também temos algumas, mas não doem e depressa se curam. O que não tem cura é a paixão pelas máquinas a vapor e por isso durante mais alguns sábados a família vai ficar sem a nossa companhia". Após o trabalho a bordo da 0186 , os três ferroviários despem os fatos-macaco e viajam até ao Porto, onde na segunda-feira envergarão de novo fato e gravata. DN

segunda-feira, 25 de julho de 2011

domingo, 24 de julho de 2011

Daqui e dali... João Lopes de Matos

O PROF. ARMANDO MOREIRA
Faleceu há pouco uma pessoa marcante na história de Carrazeda e na vida de muitos cidadãos em particular, incluindo eu próprio:- o prof. Armando Moreira.

Vai já longe o ano em que, vindo do Castedo, ele se radicou no nosso concelho:1950.
Deu aulas no Seixo e encontrou-me na 3ª classe. Foi sempre um mestre muito exigente, muito dedicado e muito prestável, entregando – se de alma e coração não apenas aos seus alunos mas também a todas as pessoas que carecessem dos seus préstimos.

Vivíamos num tempo em que o professor era o elemento mais importante na vida social, pela cultura que tinha e difundia e pelo exemplo que dava. Era um tempo também em que o professor vivia na aldeia onde ensinava e, por isso, era um farol a indicar o caminho a todas as pessoas.
Estava a par dos acontecimentos nacionais e era possuidor da tecnologia que ia aparecendo ,sendo o introdutor dela no meio rural.
– Lembro-me, perfeitamente, como se fosse hoje, de quase toda a gente do Seixo ter seguido, através do seu rádio, no largo fronteiro à varanda da sua casa, o relato das exéquias do funeral do Presidente da República, General Carmona.
Muita gente na aldeia recorria ao seu avisado conselho e aos seus préstimos para tratar de variados assuntos na sede do concelho.
Casou no Seixo com a prof. Clotilde Inês Nunes e nasceram os filhos que todos lhes conhecemos. Também a nível familiar foi exemplo para todos nós.
Na sede concelhia, participou na vida administrativa e nela sempre foi trabalhador esforçado, de trato afável e simples, de uma honestidade irrepreensível e com um apurado sentido de justiça, além de uma humanidade sem limites.
Mas a luta que verdadeiramente o marcou estaria ainda para vir: foi o trabalho incansável, juntamente com sua esposa, da criação dum lar e dum jardim de infância, contribuindo assim para que as crianças e os idosos pudessem ter uma vida mais feliz e digna.
A sua vida foi, pois, excelentemente preenchida e, se é certo que ninguém é insubstituível e os que nos seguem continuarão, com certeza, a obra feita, também é verdade que há pessoas que fazem a diferença e nos ficam a fazer muita falta.
Há pessoas, como o Prof. Moreira, que nos deixam, ao morrerem, uma enorme, desconfortável, triste sensação de vazio.
Termino dirigindo-lhe um grande obrigado por ter estado entre nós.
João Lopes de Matos

sábado, 23 de julho de 2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Daqui e dali... Carlos Fiúza

Tradição e linguagem (a vida das palavras)

É um oceano imenso o estudo da linguagem. Mil vidas que um homem tivesse não lhe chegavam para considerar os milhentos aspetos da vida das palavras.
Agora mesmo peguei na pena, ou seja neste objeto ao qual também chamo caneta, e, fixando a atenção nestas duas palavras - pena e caneta, resolvi aceitar a inspiração para um tema, a que poderia dar o título de nomes de coisas velhas em coisas novas.
Exemplos? Há-os à farta. Podemos continuar com a pena.
Os nossos antepassados utilizavam as penas das aves para escrever, especialmente as grossas penas de gansos, cisnes e corvos. Depois de convenientemente aparada, a pena de pato servia otimamente para escrever.
Hoje recorremos às canetas de tinta permanente (ou às esferográficas), que bem diferentes são das velhas penas, e até as próprias canetas de aparo, que representavam progresso em relação àquelas, foram substituídas pelo moderno objeto.
No entanto, o nome de pena resiste, e muitos de nós o empregamos, esquecidos do sentido etimológico. O esquecimento deste não é recente, pois já nas escolas há muito se diz, por exemplo - a pena. Pena que não é de pena, mas se chama pena.
O termo “pena” ganhou há muito o sentido figurado de estilo e até de escritor - “fulano é uma boa pena”, isto é, escreve bem.
E caneta?
Caneta vem de cana, da qual é um diminutivo. Hoje não escrevemos com as “caninhas” ou “tubozinhos” em que se encaixava o lápis ou a própria “pena de escrever”.
Perdida a ideia inicial, muito se aplicou a caneta (ou seja a “caninha”) com referência aos tubos metálicos, por vezes com cabos de madeira, osso, marfim, etc.
Também no latim calamus era cana e passou a nomear o objeto com que se escrevia, quando feito de cana, e até quando já o não era.
Com as canetas escrevemos numa folha de papel.
Folha - cá está outra palavra designadora do que foi e já não é.
A folha da árvore foi utilizada para nela se escrever. Em nossos dias já não se pensa na folha da árvore, porque se escreve no papel. Mas a palavra antiga resiste, e revela sua origem a quem nela atentar. O mesmo acontecera, antes, no latim, onde “folium” era não só a folha da árvore, mas também a folha (por exemplo, a da palmeira) em que se escrevia.
Ergui agora os olhos do papel e pousei-os no candeeiro.
Calcule-se: no candeeiro elétrico!
Que era um candeeiro, em tempos idos? Era um utensílio de candeia (pois candeia + eiro deram candeeiro), e candeia, simples vaso de bico por onde saía torcida, parte da qual se embebia, por exemplo, em azeite.
O candeeiro já era, em relação à candeia, um progresso que a própria derivação aliás traduzia.
Rodaram os tempos, aperfeiçoaram-se os processos, e as mechas ou as torcidas, o azeite, o petróleo, os bicos das candeias e dos candeeiros não deixaram vestígios nestes aparelhos elétricos que são os candeeiros de hoje. No entanto, apesar de a candeia de tempos idos não nos vir à ideia ao olharmos para um candeeiro de nossos dias, lá está na palavra a marca de sua família.
Quero agora chamar a atenção para dois factos. O primeiro é que os velhos nomes podem, por metáfora ou por alguma relação comparativa, continuar a utilizar-se em novas modalidades de objetos do mesmo uso, embora de forma e processos diferentíssimos.
Assim, por exemplo, a palavra lâmpada, que nomeava vaso com óleo onde se acendia torcida, utiliza-se hoje no chamadoiro das lâmpadas elétricas. Mas (e este é o segundo facto que desejo apontar), note-se que o novo processo criou nova expressão ao idioma, por meio de mero “alargamento” semântico.
Nós dizíamos acender a luz com referência às lâmpadas antigas, aos candeeiros, etc. Hoje ainda dizemos isso. Porém, como surgiram os interruptores, também com eles veio novo dito - abrir a luz.
Quer dizer, nos tempos de hoje abrimos e fechamos a luz, abrimos e fechamos o gás, ou, então, acendemos e apagamos a luz, etc. De antes, apenas dizíamos acender ou apagar, porque não havia este “abrimento” de correntes elétricas… ou gasosas ou aquosas, como em abrir a água.
Aqui em cima da mesa, além da folha de papel, além da caneta e do candeeiro elétrico, está outra coisa que também me serve para prosseguir nestes pensamentos a respeito das extensões e translações de nomes velhos em coisas novas de nossos tempos.
Em cima da mesa tenho também os óculos de uso casual, irmãos dos que estão nos olhos para ler e escrever.
Óculos - eis uma palavra que serve para mostrar que o progresso científico precisa muita vez do regresso linguístico.
Ora, em latim, olhos era “oculi”.
O progresso criou, portanto, estas cangalhas dos olhos; mas a língua portuguesa regressou ao velho latim, e lá foi buscar aos oculi a chamação para elas. E esta mesma palavra “oculus” (no singular latino) regressa ainda mais ao primitivo sentido, quando, emprestada à ciência, refere o globo dos olhos, ao qual se chama globo ocular.

Em muitos outros aspetos da vida moderna poderemos ir descortinar aspetos da vida de outros tempos… os exemplos são infindos.
É só atentarmos…

Carlos Fiúza

Escuteiros reúnem-se em Carrazeda

Até domingo o Centro de Formação de Escuteiros de Carrazeda de Ansiães recebe o Acampamento Regional de Escuteiros do distrito de Bragança. Para além do agrupamento anfitrião, estão representados os de Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Cachão e Grijó. São mais de uma centena de jovens, nas contas do chefe Zeferino Bastos, do Agrupamento de Escuteiros de Carrazeda. “Devem estar cerca de 130 escuteiros lobitos, exploradores e pioneiros entre os 6 e os 18 anos” refere. Zeferino Bastos explica também as actividades em que os jovens vão andar envolvidos. “Desde provas na água, os mais velhos vão percorrer diversos pontos do concelho” afirma, salientando que são actividades que “fazem parte da sua formação porque põem em prática aquilo que aprendem durante o ano escutista”.
Até domingo, 130 jovens do distrito de Bragança participam em Carrazeda em mais um acampamento regional de escuteiros.
CIR/Brigantia

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Daqui e dali... Fernando Sobral

A política do S. Pedro

Os britânicos doaram ao mundo a conversa de treta. Quando não querem falar de nada, falam do estado do tempo. Mas, no mundo da crise económica e financeira, é impossível construir um discurso político baseado nas previsões de chuva ou de sol. Os eleitores não querem falar do tempo.

Querem saber se terão, amanhã, dinheiro nos bolsos. É por isso que a classe política fala do passado para desculpar o presente e mostrar que tudo pode ser diferente no futuro. Quando Pedro Passos Coelho prometeu, na campanha eleitoral, que no Governo não iria falar dos dislates que herdaria de José Sócrates, estava a tentar tapar o sol com uma peneira. Em política é impossível não falar do passado. Essa era uma promessa que Passos Coelho nunca poderia cumprir. O "desvio colossal" não nasceu por obra da chuva enviada por São Pedro durante o Verão. Política é comparar, separar e mudar. De outra forma em vez de elegermos um primeiro-ministro nomeávamos o melhor manda-chuva para o cargo. Lula da Silva dizia que "falar mal só tem sentido se a gente falar pelas costas". Pela frente pode-se falar bem e mal. Dos outros, do passado e do presente. A única coisa que não faz sentido é quando um elefante se compara com uma galinha e diz que não o podem comparar com ela. Quem diz isso é uma galinha que está em pânico. Barack Obama está a candidatar-se a galinha desmiolada do ano, mas escusa de comparar o que é radicalmente diferente: os EUA, Portugal e a Grécia. Passos Coelho tem de se comparar com o passado para mostrar que é diferente. De outra forma estará apenas a falar da temperatura do ar. Negócios

Comboio histórico regressa no dia 23 à Linha do Douro

O comboio a vapor volta a percorrer a Linha do Douro no dia 23, numa viagem que visa fazer "regressar" os passageiros ao final do século XIX e que se vai repetir todos os sábados até outubro.
A velha locomotiva a vapor vai percorrer os 46 quilómetros que separam o Peso da Régua do Tua (concelho de Carrazeda de Ansiães), numa viagem que tem como paisagem predominante o rio Douro e as vinhas património mundial da UNESCO.
Este serviço, disponibilizado pela CP para a linha do Douro, vai permitir reviver a nostalgia do passado, entre finais do século XIX e princípios do século XX, num comboio puxado por uma locomotiva a vapor e em cinco carruagens de madeira. RTP

terça-feira, 19 de julho de 2011

Diocese Bragança-Miranda já tem novo bispo

Já está nomeado o novo bispo da diocese Bragança-Miranda. O Padre José Manuel Cordeiro, de 44 anos, vai suceder a Dom António Montes Moreira. O Papa Bento XVI nomeou como novo responsável máximo da igreja transmontana um padre que pertence ao clero desta diocese e é actualmente reitor do Pontifício Colégio Português em Roma. O anúncio foi feito hoje pela Santa Sé coincidindo com a renúncia ao governo pastoral da diocese transmontana do bispo D. António Montes Moreira, que a 30 de Abril de 2010 completou 75 anos, o limite de idade estabelecido pelo Direito Canónico para apresentação da resignação.O padre José Manuel Cordeiro é o mais jovem elemento do episcopado católico português. (...)Brigantia

quinta-feira, 14 de julho de 2011

TOMADA DE POSIÇÃO (tardia?)

Já há muito tempo que não escrevo nada na primeira página deste blogue. Devo-vos, por isso, uma explicação.
Como todos puderam verificar, a partir de determinada altura, esteblogue foi-se transformando num lugar predominantemente político e até com um cariz de acentuada militância e luta partidária, sobretudo, de luta anti – Sócrates . Em virtude disso, resolvi emudecer, até porque não tenho (nem nunca tive)tendência para a militância qualquer que ela seja(política, religiosa , ateia, futebolística): -acho que as pessoas devem pensar pela sua própria cabeça e eu tenho todo o prazer em dialogar seja com quem for para me elucidar e para que os outros se elucidem. Na minha vida, não consigo encontrar nenhum momento em que me veja a forçar alguém a adoptar a minha posição.
Acontece que eu fui um tanto a favor de Sócrates e da sua política: tomada de reformas na administração, na justiça ,na saúde, na educação, de molde a tornar o Estado mais eficiente e menos burocrático, desenvolvimento das redes de comunicação(eu sou a favor do TGV ,da abertura de estradas que acabem com a distinção entre litoral e interior e que nos unam mais e mais ao interior de Espanha).
Gostava ainda do estilo combativo do ex-primeiro ministro, embora se tenham avolumado pouco a pouco as dúvidas sobre a sua integridade moral.
Compreendo (ao contrário de outras pessoas) que os políticos nem sempre podem ter a verdade na ponta da língua, mas considero que as manobras políticas não devem ultrapassar certos limites. Reconheço que a acção de Sócrates estava profundamente ferida de falta de credibilidade e que foi bom, com as eleições, termos posto fim a uma situação insustentável.
O administrador do blogue tem todo o direito de imprimir a orientação que entender aos conteúdos deste meio de comunicação, porque o blogue lhe pertence. Eu, por meu lado, tenho o direito de ficar calado, quando me apetece. Entendia também que o problema não se resumia a afastar Sócrates do seu lugar.
Mas tudo está ultrapassado, a situação agora está definida, a grande maioria do país confia nas soluções que estão a ser seguidas e oxalá tudo corra bem a este governo e a todos nós.
Considero, portanto, que estão novamente reunidas as condições para continuar a escrever aqui, assim o entenda também o proprietário. Devia-vos esta explicação.
João Lopes de Matos

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A herança maldita

Henrique Monteiro

1º Por Terras de Ansiães

Seja bem vindo àquele que promete ser um passeio pelo “reino maravilhoso” de Miguel Torga, um passeio que dará a conhecer as mais belas paisagens do Douro Vinhateiro, património da Humanidade, e que o levará pelas aldeias do concelho de Carrazeda, dando-lhe a provar o que de melhor se produz nesta região.
Contamos consigo,
A Associação Recreativa e Cultural de Pombal de Ansiães

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

Manuel António Pina,
um tutankamoniano para o prémio Camões (# 3)

Como toda a gente, Manuel António Pina tem as suas folhas... mortas. Como Eduardo Lourenço, em Poesia e Metafísica, viu nos Lusíadas a Camões, para quem «o ismaelita é bárbaro, torpe, e os negros de África não usufruem do uso pleno da razão.»

Umas dessas folhas são mesmo em "Dito em voz alta", entrevistas registadas pelo professor de Filosofia Sousa Dias, da Esc. Soares dos Reis, um amigo do meu muito Ângelo César. E eu já o assinalara aqui, neste blogue, a sua desconsideração de uma rede social, entre os poetas e os textos poéticos da alta, quanto mais entre esta e a baixa cultura:

«(...) Também gosto de ler muito a Manuel António Pina, salvo quando também ele, por vezes, goste de exibir um lápis azul, ao dizer que no século XX, por ex., só há 4 poetas em Portugal: Sophia e Eugénio, e mais dois... Que, pensando em Pessoa, Sá-Carneiro, Cesariny, Herberto Hélder, Ruy Belo, Luiza Neto Jorge, Fiama, Ramos Rosa, Luis Miguel Nava, só assim de repente, significa que na sua própria História Literária do século XX o próprio Manuel António Pina não cabe, para muita pena minha, pois gosto de o ler poetica_

mente, mas também significa de certa forma querer silenciar e apagar a tantos outros, atitude semelhante à dos políticos tripeiros em questão, que chumbaram o nome de José Saramago para uma rua da Cidade. (Pior, pois que diabo, estes são políticos!).»
[Cfr. minha resposta a Hélder Rodrigues, em comentário de 18 de Julho de 2010 17:22].

Também das suas crónicas tão sarcastica_
mente lúcidas, por vezes, se solta um radicalismo - posso dizer? - sectário, a preto e branco, e, como na crítica ao bastonário da Ordem dos Advogados, e no após da contracrítica, se reservam ambos um papel triste, de mulheres, digo, de homens de soalheiro. Senão, vejamos:

Em 18 de Abril de 2011, no Jornal de Notícias, Manuel António Pina escrevia:


Dois casos de estudo


Tempos de calamidade como os presentes suscitam sempre o aparecimento de demagogos e oportunistas e de projectos salvíficos de todo o género.
Ainda o país digeria, estupefacto (ou, se calhar, não), o modo como, apenas com a expectativa de um penacho prometedor, foi fácil encher o vazio das ideias de "cidadania" e "participação" em torno de que Fernando Nobre fez a campanha à Presidência da República, já estava a pular para o palco o omnipresente bastonário dos advogados atirando-se, também ele, a políticos e partidos e propondo uma "greve" abstencionista às próximas eleições para os "envergonhar publicamente perante a Europa e o Mundo".
Marinho e Pinto merece a nossa compreensão, mesmo que esgote a nossa paciência. É um "junky" de protagonismo, quando está muito tempo longe dos holofotes entra em carência, afligem-no dores musculares insuportáveis no sistema vocal e as palavras acumulam-se-lhe, ansiosas, na garganta, sufocando-o e forçando-o a correr em desespero para as redacções em busca de um "dealer" de manchetes ou, ao menos, de títulos a duas colunas ou rodapés de noticiários televisivos para "meter para a veia".
É um caso diferente do de Fernando Nobre. O de Marinho e Pinto resolve-se, tudo o indica, com adequada terapia de substituição. O de Fernando Nobre é obviamente incurável, é um cancro terminal dos valores morais; mesmo o cargo de presidente da AR será só um paliativo.


A 24 de Abril, A. Marinho e Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados respondia:

Um cretino é um cretino

Comecemos por onde estas coisas devem começar: o escriba que diariamente bolça sentenças nesta página e que dá pelo nome de Manuel António Pina é um refinado cretino. Posto isto, assim, que é a forma honesta de pôr este tipo de coisas, nada mais haveria a dizer. Citando um treinador de futebol dado a elucubrações epistemológicas, «um vintém é um vintém e um cretino é um cretino». E... Pronto! Estaria tudo dito. Além disso, só se MAP não fosse tão cretino é que valeria a pena mostrar-lhe por que é que ele é tão cretino.
Não costumo responder a cretinos. Mas, correndo o risco de este, como todos os outros, se tornar ainda mais agressivo, vou abrir uma excepção e descer ao seu terreno para lhe responder com as mesmas armas que ele tem usado contra mim, até porque este é um cretino especial, do tipo intelectual de esquerda.
MAP anda, desde 2005, a desferir-me ataques pessoais. O homem tem uma fixação doentia em mim. Incomodam-no muito as minhas posições públicas e sobretudo as denúncias que tenho feito sobre o nosso sistema judicial. Ele nunca se referiu com seriedade ao que eu digo. Prefere atacar-me como pessoa, imputando-me sempre os motivos mais mesquinhos ou os propósitos mais infames.
MAP tem a postura de um medíocre bem pensante, para quem é sempre mais cómodo atacar pessoas em vez de criticar ideias. As pessoas arrumam-se de uma penada, atingindo-as, à falsa fé, com dois ou três adjectivos. Isso dá a essa espécie de cretinos uma ilusória sensação de importância. Os medíocres só se sentem fortes quando humilham os que julgam mais fracos. Discutir ideias ou comentá-las com seriedade é sempre mais difícil porque exige qualidades que não abundam em MAP. Este é um megalómano em permanente ajuste de contas com a sua própria mediocridade intelectual.
Mas, ele é também intelectualmente desonesto, pois interpreta os factos sobre que escreve de modo que as pessoas concluam algo diferente do que eles realmente significam. A título de exemplo: ele já tentou convencer os leitores do JN de que a culpa pelas horas que as pessoas perdem inutilmente nos tribunais portugueses é dos advogados e não dos juízes.
Aliás, MAP nunca teve uma palavra sobre a actuação dos magistrados, a não ser para os elogiar ou então para execrar quem os critica. Ele deve ter algum sentimento compulsivo de gratidão para com eles ou alguma amizade reverencial (este tipo de pessoas age muito por amiguismos), pois adopta sempre uma postura canina em relação à justiça. A agressividade de mastim com que ataca os que criticam o funcionamento dos tribunais é apenas o corolário da sua obsequiosidade de caniche em relação às magistraturas.
MAP julga-se um ser superior. Com a displicência dos tudólogos diplomados ele fala de tudo e de todos, do que sabe e do que não sabe. As suas crónicas no JN, sempre naquele estilo alambicado típico dos ociosos, são a expressão aparolada de um imenso complexo de superioridade. Ele tem de julgar e condenar sumariamente alguém, pois senão sente-se diminuído perante si próprio e, sobretudo, perante o círculo de aduladores que lhe entumecem o ego.
Mas, se repararmos bem, lá nos secretos mais profundos do seu ser esconde-se um homem cruelmente dilacerado por indizíveis frustrações. É possível que na adolescência o tenham convencido de que seria um grande escritor, destino para o qual logo desenvolveu os tiques e poses apropriados. Mas, afinal, nunca passou de uma figura menor típica do universo queirosiano - um personagem que mistura o diletantismo de um João da Ega com os dotes literários de um Alencar d'Alenquer e o rancor mesquinho de um Dâmaso Salcede. Tudo isso, transposto para o jornalismo, resultou numa espécie de Palma Cavalão dos tempos actuais. Enfim, um homem que chegou a velho sem ter sido adulto e a quem os mais próximos, por rotina, caridade ou estupidez, provavelmente ainda tratam como uma grande esperança.
Esse género de frustrações conduz, no limite, ao desespero existencial. Em alguns casos, estes frustrados cometem actos tenebrosos. Porém, em MAP, as suas frustrações e complexos transformaram-no, num sniper que, emboscado nos telhados da sua senilidade rancorosa, dispara cobardemente contra tudo o que mexe, de preferência contra o carácter das vítimas que escolhe ao acaso.
Senhor Manuel António Pina, não se atormente mais. O seu mal cura-se com uma dose apropriada de iodo. Trate-se! Vá para uma boa praia e... Ioda-se!


NOTA: Na próxima crónica apresentarei as razões por que não irei votar em 5 de Junho. Isto se mais nenhum cretino se atravessar no meu caminho.

Após o que, Manuel António Pina, lhe treplica, assim:

Um camião sem travões


O bastonário Pinto saltou ontem as barreiras (todas, incluindo as do JN, onde, que me lembre, foi a primeira vez que, nos 40 anos que levo de casa, se deu guarida à castiça arte do insulto) e, de cabeça baixa, desembestou desenfreadamente contra o que aqui foi dito sobre a sua patética ânsia de protagonismo com argumentos como "cretino", "refinado cretino", "medíocre", "cretino" outra vez, outra , mais outra, ainda outra, "megalómano", de novo "cretino" (o vocabulário desta espécie de Capitão Haddock, ou Ad Hoc, é escasso), "desonesto", "ocioso", "parolo", "mesquinho", e depois, na secção zoológica, "canino", "mastim" e "caniche" e, na secção psicanalítica, "desesperado existencial" (o que quer que isso signifique), "frustrado" e "cruelmente dilacerado". A fina e bastonária argumentação termina a mandar que o cronista se "ioda". Escapou a honra da mãe do cronista, o que, vindo a coisa de quem vem, já foi assinalável proeza...
Tenho um princípio de sobrevivência na estrada que consiste em dar sempre prioridade a um camião destravado (ainda por cima, este vê-se bem que faltou a alguma inspecção). Meto, pois, travões e ele que passe.
É certo que, na sua fúria em contramão, o camionista atropelou repetidamente, provocando-lhe traumatismos vários, a pobre gramática da língua portuguesa. Mas gramática e ele que se entendam. Eu não me queixo. Podia ser pior, sei lá se o homem tem tomado a medicação.

Daqui e dali... Henrique Raposo

Os tiques do PS


Desde a sua fundação, o PS tem dois grandes tiques, dois ademanes de superioridade em relação aos restantes partidos, meros mortais, meros inquilinos do regime cujo senhorio mora no Largo do Rato. A saber: o PS julga que é a única força realmente legítima (entre a revolução e a reação) e julga que é o único partido genuinamente europeísta (entre Moscovo e Santa Comba). Mas, azar dos Távoras, o momento histórico que estamos a viver está a destruir esses ademanes socialistas. Para começar, o europeísmo do PS está pelas ruas da amargura. É evidente o mal-estar dos socialistas em relação à outrora sacrossanta UE . Neste momento, PSD e CDS são os partidos mais europeístas do pedaço. Em simultâneo com esta queda do europeísmo do PS, está a ocorrer uma mudança de fundo na esquerda portuguesa, que coloca em causa o papel charneira que o PS tem representado no nosso sistema partidário. Vejamos.

O PS julga que é especial, porque pensa que está cercado por forças ilegítimas da direita e da esquerda. No Congresso de Matosinhos, isso foi evidente. Os socialistas têm uma narrativa muito simples, mas muito eficaz na hora de arregimentar as forças internas: o PS, diz esta narrativa, está cercado pela extrema-esquerda revolucionária e pela direita fascizóide e/ou neoliberal . Este ambiente de cerco gera uma presunção de superioridade moral em relação aos outros partidos (e gera também o autismo do bunker de comando, mas isso já é outra conversa). Ora, como se sabe, esta situação resulta da fase inicial da nossa democracia. Entre 1974 e 1979, o PS foi mesmo o partido-charneira entre dois países que se odiavam (PCP versus direita). A partir dessa posição, o PS liderou o pacto que consumou a nossa democracia: do lado de fora ficou o autoritarismo anti-democrático do PCP e do lado de dentro ficou o chamado "arco governativo" liderado pelo PS (CDS, PSD e PS). Esta exclusão da esquerda do "arco governativo" - que dura até hoje - deu ao PS o lugar-charneira do regime e prendeu a direita ao PS. Porquê? Como o PS não podia governar através de uma coligação à esquerda, a direita lá tinha de fazer o frete de apoiar o PS sempre que era necessário (ex.: 2009-2011). Como é óbvio, isto contribuiu para a descaracterização da nossa direita e para a constante supremacia ideológica do PS. O medo da "rua" do PCP serviu sempre para o PS dizer que a direita não podia ser mesmo de direita; a direita só podia ser uma cópia a preto e branco do cintilante PS.

Ora, não é muito rebuscado pensar que as eleições de 5 de Junho e as consequentes movimentações no Bloco de Esquerda indicam o fim deste bloqueio à esquerda . E, sendo assim, uma coligação PS/BE num futuro próximo retirará a posição charneira ao PS, e normalizará a nossa democracia através da consumação de dois blocos claros e antagónicos (PS/BE, PSD/CDS). O tique vital do PS está a caminho do seu fim. Expresso

sexta-feira, 8 de julho de 2011

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Novas termas em Carrazeda de Ansiães




Há um novo balneário termal no país. Abriu esta semana, em Carrazeda de Ansiães, e tem capacidade para 80 utentes.

Obras da barragem obrigam a desviar leito do Tua

Até ao final do ano, o rio Tua deve ver o seu curso desviado. A EDP já arrancou com a obra da barragem de Foz Tua e espera ter essa parte concretizada nos próximos meses. Segundo o presidente da EDP Produção as obras arrancaram no início de Abril. “Assinámos o contrato em Fevereiro e em Abril a obra foi iniciada, está a decorrer e contamos fazer o desvio do rio até ao final deste ano” refere António Ferreira da Costa.

No terreno já estão cerca de 200 trabalhadores mas a EDP prevê ultrapassar os valores de mão-de-obra inicialmente previstos para as obras em curso na região “A nossa previsão é atingir os 1200” tendo em conta que “no Sabor já temos 1200 e a nossa previsão era atingir os 1700. Eu acho que vamos ultrapassar na medida em que este Verão vão iniciar-se as obras no domínio dos equipamentos electromecânicos”. Também nas barragens do Picote e Bemposta, que estão a sofrer um reforço de potência, foi ultrapassado o número de trabalhadores inicialmente previsto, que rondava os 450 operários cada.
No Baixo Sabor, António Ferreira da Costa espera atingir o pico da obra em 2014, podendo chegar aos dois mil trabalhadores
. Brigantia

terça-feira, 5 de julho de 2011

Caldas de São Lourenço começam a funcionar

Começou ontem a funcionar o novo balneário das Caldas de São Lourenço, no concelho de Carrazeda de Ansiães.
Um equipamento instalado pela câmara municipal que permite uma série de tratamentos com base nas águas sulfurosas e medicinais que ali brotam. Estas caldas, que há muito são vistas como um dos pólos de desenvolvimento turístico do concelho de Carrazeda, mas cujas potencialidades nunca foram totalmente aproveitadas, abrem durante esta época balnear para a realização do estudo médico-hidrológico que levará ao reconhecimento das qualidades terapêuticas das águas no tratamento das doenças reumáticas, músculo-esqueléticas e do aparelho respiratório, entre outras. Chegado a este ponto, o presidente da câmara reconhece que pôr a funcionar as Caldas de São Lourenço não é um processo fácil. A burocracia é muita e talvez por isso o primeiro estudo médico-hidrológico não ter tido o sucesso que deveria ter” refere José Luís Correia. “São precisas muitas diligências com a Direcção-geral de Saúde e a Direcção-geral de Geologia” acrescenta, salientando que “nós pedimos que fossem vistoriadas as instalações existentes e que serviram para o primeiro estudo e essa vistoria disse que as instalações não estavam em conformidade”. Por isso foi, foi preciso encontrar uma alternativa. Tivemos de proceder à construção de um novo balneário que custa cerca de 286 mil euros” afirma. “A câmara já tinha investido mais de 300 mil euros, por isso, as caldas já estão um pouco pesadas para os cofres deste município mas é nossa convicção que vai ser um sucesso” acrescenta. Nesta fase de realização do estudo médico-hidrológico, usufruir das Caldas de São Lourenço obriga a uma inscrição no gabinete de apoio ao munícipe da câmara de Carrazeda. “As pessoas interessadas em frequentar estas caldas devem ter uma prescrição médica para depois poderem proceder à inscrição” alerta o autarca.

Também nesta fase, a câmara vai disponibilizar transporte para as Caldas de São Lourenço, a partir dos Paços do Concelho.

CIR/Brigantia
Público

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Carrazeda perde população nos Censos

Carrazeda da Ansiães está entre os cinco municípios que mais população perderam nos últimos dez anos. Segundo dados preliminares dos Censos 2011 conhecidos esta quinta-feira, nos municípios com maiores decréscimos populacionais destacam-se, com perdas superiores a 20%, os municípios de Alcoutim e Armamar. Integram também este grupo os municípios de Idanha-a-Nova, Mourão e Carrazeda de Ansiães (com menos 17,3%). Segundo este relatório, somos já 10 milhões 555 mil 853 de residentes em Portugal. O número de famílias registou um crescimento de 11,6%, entre 2001 e 2011. No entanto, o número médio de pessoas por família desceu de 2,8 para 2,6 e decresceu em todas as regiões. Os resultados preliminares dos Censos 2011 mostram que Portugal continua a ser um país com mais mulheres que homens.
Isto significa que existem actualmente 92 homens por cada 100 mulheres.
Brigantia