sábado, 31 de julho de 2010

FARPA 2010 - Pombal de Ansiães

http://www.arcpa.pt/site/

A aldeia que vive para o teatro

Há um grupo de homens que joga cartas à sombra de um cedro, enquanto outros homens, e mulheres, trazem o cérebro feito em água na preparação de um festival de artes.

Para animar os das cartas e os muitos outros que esperam atrair, de hoje até 9 de Agosto. É o Festival de Artes de Pombal de Ansiães (FARPA), na aldeia do concelho de Carrazeda em cujas veias corre teatro, desde 1927, e em cuja alma renasce, ano após ano, e já lá vão 13, a proa de ter um evento de semelhante e reconhecido alcance.

Estavam os homens e as mulheres a batalhar na sede da associação, entram porta adentro Flora Teixeira e Maria do Céu. Embora já vista dezenas de vezes, detiveram-se, mais uma, na velha fotografia pregada à parede que mostra um dos grandes grupos que deu nome ao teatro do Pombal. “Aqui tinha eu 21 anos, hoje tenho 80”, suspirava Flora. Mas ela não estava ali. “São tudo raparigas da minha época, mas eu não pude ir”. Maria do Céu Lima sinalizava o pai, a um canto do retrato. “O grande encenador dos dramas que aqui se representavam”.

As peças teatrais que, em tempos idos, eram apresentadas num quinteiro, haveriam de passar depois para a sede da associação, criada em 1975. Casimiro Calvário tem 71 anos e ainda se lembra da camaradagem que existia entre novos e velhos. Eram como uma família. O dinheiro que se amealhava de subsídios com algumas deslocações a outras povoações era poupado ao máximo. Íamos aos restaurantes mais baratos para nos sobrar mais. Dava para mais uns blocos para construir a sede, recorda.
Os mais novos continuam a tradição, mas Maria do Céu lamenta que o apego dos jovens de outros tempos à representação esteja a perder-se. Também por causa do despovoamento, os miúdos que sobram já não dão para criar grupos como os da foto dos anos 60. Susana Brás, 14 anos, é das que se deixou convencer. “Primeiro ainda fiquei indecisa, mas acabei por me adaptar”. Só não sabe até quando quer continuar. Com a mesma idade, Flávia Matos, tem mais certezas. “Se tivesse essa oportunidade gostava de ser actriz”.

A presidente da associação, Fernanda Cardoso, é das que, por estes dias, anda estourada. Continuar o FARPA está cada vez mais difícil. A crise não ajuda nada. Mas promete que os esforços vão continuar para não deixar morrer o festival.
Ver programa de animação em http://www.arcpa.pt/

Eduardo Pinto, JN

sexta-feira, 30 de julho de 2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Daqui e dali... Manuel António Pina

A crer no Ministério da Educação, é para garantir "igualdade de oportunidades" a todos os alunos que, "em estreita colaboração com associações de pais (...) e autarquias", irão ser encerradas a partir de Setembro mais 701 escolas do 1º Ciclo, a juntar às 5 172 encerradas desde 2000.
Apesar de o anúncio ter sido feito com meio país a banhos, sucedem-se, de Norte a Sul, os protestos das associações de pais e autarquias "em estreita colaboração" com as quais o ME teria preparado a coisa.
A seguir a centros de saúde, maternidades, urgências e estações de CTT, 701 pequenas comunidades rurais do desertificado interior ficarão agora sem escola e 10 mil crianças dos 6 aos 10 anos serão forçadas a percorrer todos os dias dezenas de quilómetros até chegarem, exaustas e sonolentas, às indiferenciadas linhas de produção educativa que são as "mega-escolas" dos centros urbanos.
O presidente da Câmara de Bragança fala de casos, no concelho, em que as crianças terão que fazer diariamente duas viagens de mais de hora e meia para ir à escola. Só por humor negro alguém pode chamar a isso "igualdade de oportunidades".
Manuel António Pina, JN

Barragem de Foz Tua pode ter de parar

Ainda não começaram mas já estão sob a ameaça de paragem as obras de construção da barragem de Foz Tua.
O Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) aceitou a petição assinada por cerca de cinco mil pessoas para a classificação da Linha do Tua (Mirandela) como Património de Interesse Nacional. Alguns dos signatários são figuras do meio cultural, artístico, académico, científico, ambientalista, político e sindical, como o cantor Sérgio Godinho ou o político e jurista Francisco Madeira Lopes.
A petição foi entregue a 26 de Março e mereceu parecer favorável do IGESPAR, que abriu um processo de classificação, o que implica a suspensão de obras na linha.
Para José Silvano, presidente da câmara de Mirandela e um dos signatários da petição, esta é uma boa notícia.
Uma boa notícia, entre aspas, depende da perspectiva. Mas uma boa notícia para quem defende a não construção da barragem e a continuidade do Vale do Tua e do comboio. Por isso só tenho de me sentir satisfeito. Mas ainda preciso de saber se a EDP pode ou não recorrer da decisão”, explicou.
Para já, ainda não decorrem trabalhos, mas recorde-se que a EDP abriu na semana passada um concurso para a construção da barragem de Foz Tua, cujos trabalhos prevê começar até Dezembro. Quando concluída, a barragem vai inundar parte da linha do Tua.
Uma situação que deixa incrédulo José Silvano.
Pior ainda, o que notei e me foi informado é que a EDP lança o concurso de construção da barragem, para estar pronto em Outubro e começar as obras em Dezembro, quando ainda decorre o processo de consulta pública do RECAPE até 9 de Setembro. É praticamente dizer que não conta com a opinião de ninguém.”
Para o autarca de Mirandela, esta é uma forma de a EDP pressionar o Governo.
A publicação do aviso de abertura do processo de classificação, por parte do IGESPAR, deverá ser publicado em Diário da República nos próximos dias.
O processo de classificação da linha do Tua será agora apreciado por um conselho consultivo do IGESPAR, cabendo uma decisão à ministra da Cultura, que tem o prazo máximo de um ano para se pronunciar.
Contactada pela Brigantia, a EDP ainda não fez comentários.
Para amanhã está marcada uma conferência de imprensa dos subscritores da petição, que prometem divulgar o teor do despacho de abertura do processo de classificação da linha do Tua.
Nesta altura procuramos uma reacção do Igespar e do ministério da Cultura.
Esperamos voltar a este assunto, com mais desenvolvimentos, em próximos espaços informativos. Brigantia

terça-feira, 27 de julho de 2010

Do Boletim Municipal de Carrazeda de Ansiães

Informações
Rigor e Transparência

Como é do conhecimento geral há, no Concelho, algumas obras da responsabilidade da Câmara Municipal que se arrastam numa situação de impasse, durante alguns anos, desconhecendo a maioria dos cidadãos o processo inerente a cada um deles. É no simples intuito de informação que se passa a descrever um breve historial sequencial acerca das mesmas.

Concepção / Museu Rural em Vilarinho da Castanheira - 1ª Empreitada
Adjudicatário: Fernando Pessoa - Construções, Ldª
09/07/2003
- O Sr. Presidente da Câmara Municipal através de despacho aprovou o projecto relativo ao concurso público, sendo ratificado em reunião de Câmara de 15 de Julho de 2003.
27/01/2004 - Adjudicação através de despacho do Sr. Presidente da Câmara Municipal em 27/01/2004, ratificado em reunião de Câmara de 09/02/2004, pelo valor de 344.470,16 €.
19/04/2004 - O Tribunal de Contas homologou o contrato.
08/04/2004 - Consignação dos trabalhos, prazo de execução de 240 dias.
21/06/2005 - Prorrogação graciosa do prazo de execução da obra através de deliberação da Câmara Municipal (novo prazo até 05/12/2005).
17/07/2005 - A Câmara Municipal aprova trabalhos a mais no valor de 27.692,15 €, sendo homologados pelo Tribunal de Contas em 22/09/2005.
02/12/2005 - O edifício secundário ruiu.

03/01/2006 - Contrato adicional da empreitada no valor de 39.136,25 €, ratificada em reunião de Câmara de 10/01/2006, homologada pelo Tribunal de Contas em 03/04/2006.
19/04/2006 - Suspensos os trabalhos pela Inspecção Geral do trabalho.
04/07/2006 - LNEC promove peritagem à obra decorrente da ruína.
06/03/2007 - Em reunião de Câmara são aprovadas as condições especiais de construção para serem remetidas ao Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho.
28/10/2008 - A Câmara Municipal toma conhecimento do parecer jurídico do Advogado José Reis Gameiro, deliberando em função do parecer recorrer ao processo necessário para identificar os titulares de responsabilidade pelo acidente.
Estima-se que estejam realizados 60% dos trabalhos normais, sendo que 30% não estão pagos, trabalhos normais medidos não estão pagos.

Concepção / Museu Rural em Vilarinho da Castanheira - 2ª Empreitada
Adjudicatário: Fernando Pessoa - Construções, Ldª
Por despacho do Sr. Presidente foi aprovado o processo de concurso para a realização dos trabalhos do Museu Rural na sequência da ruína ocorrida.
15/02/2007 - Por despacho do Sr. Vereador é adjudicado pelo valor de 124.635,81 €, à firma Fernando Pessoa - Construções, Ldª, a execução dos trabalhos.
28/03/2007 - Consignação dos trabalhos e prazo de execução de 60 dias, terminando em 27/05/2007.
Da empreitada constam dois autos no valor de 29.147,83 € e 31.134,40 €, sendo que estão pagos
29.147,83 €.
26/03/2010 - A Câmara Municipal deliberou entregar o processo a um Gabinete de Advogados para apuramento de responsabilidades do desmoronamento da obra.

Do Boletim Municipal de Carrazeda de Ansiães

Informações
Rigor e Transparência
Como é do conhecimento geral há, no Concelho, algumas obras da responsabilidade da Câmara Municipal que se arrastam numa situação de impasse, durante alguns anos, desconhecendo a maioria dos cidadãos o processo inerente a cada um deles. É no simples intuito de informação que se passa a descrever um breve historial sequencial acerca das mesmas.

Concepção / Construção do Cemitério de Carrazeda de Ansiães
Adjudicatário: Reis Rocha e Malheiro, Ldª
10/02/2000 - Pedido de desanexação da área de 6000m2 à Comissão Regional da Reserva Agrícola, para construção do cemitério, o qual se encontrava integrado na RAN (Reserva Agrícola
Nacional).
06/11/2000 - Anúncio do concurso no Diário da República nº 256 de 6 de Novembro.
28/05/2001 - Adjudicação da obra por despacho do Sr. Presidente da Câmara Municipal, e ratificado por deliberação da Câmara de 09/07/2001, pelo valor de 1.077.569,26 €.
01/08/2001 - Visto do Tribunal de Contas.
02/08/2001 - Consignação dos trabalhos, sendo o prazo de execução de 7 (sete) meses.
03/09/2001 - Por despacho do Sr. Presidente da Câmara Municipal foi aprovado o projecto de execução definitivo, sendo ratificado por deliberação da Câmara Municipal de 11/09/2001.
23/10/2001 - A fiscalização da obra fica a encargo do GATTQT (Gabinete de Apoio Técnico da Terra Quente Transmontana).
Em Abril de 2002 a execução física da obra é apenas de 64,01%, quando já deveria estar concluída.
Em Setembro de 2002, em reunião entre a fiscalização, empreiteiro e na presença do Sr. Presidente da Câmara é acordada uma conclusão dos trabalhos para o final do ano de 2002.
11/09/2002 - A Câmara Municipal aprova uma informação na qual o empreiteiro deverá ser avisado para a intransigência na aplicação das penalizações previstas no caso de incumprimento dos novos prazos.
18/01/2006 - A fiscalização da obra comunica que a empreitada se encontra fora de prazo desde final de 2002.
26/02/2009 - Os serviços técnicos do Município comunicam ao empreiteiro através de fax a situação da obra, juntando fotografias e solicitando medidas convenientes.
14/09/2009 - A firma Reis Rocha & Malheiro, Ldª, encontra-se em processo de insolvência nº 1191/08.08TYLSB - Tribunal de Lisboa - 4º Juízo.
Encontra-se a decorrer o processo para posse administrativa.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

EDP já lançou concurso para construção da barragem de Foz Tua

A EDP anunciou já o lançamento do concurso para a construção da barragem do Tua, entre Carrazeda de Ansiães e Alijó.
O projecto representa um investimento de 300 milhões de euros e deverá criar de quatro mil empregos directos e indirectos.
Até ao próximo mês de Outubro, a EDP vai receber as propostas dos interessados na construção do aproveitamento hidroeléctrico.

A adjudicação deverá ocorrer até ao final deste ano, mas nunca antes de o Governo aprovar o Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução, o chamado RECAPE. Neste documento é explicado o conjunto de medidas de compensação que a eléctrica está obrigada a assegurar pela Declaração de Impacte Ambiental, emitida no passado mês de Maio, nomeadamente uma alternativa à linha ferroviária do Tua, que ainda está a ser estudada, e a criação de uma agência de desenvolvimento regional.
Apesar disso a EDP prevê que as obras de construção da barragem do Tua possam arrancar ainda no final do ano em curso, devendo a empreitada ficar concluída no início de 2015.
O novo empreendimento será constituído por uma barragem em betão, do tipo abóbada, por uma central subterrânea em poço e terá uma potência total de 263 Megawatt, prevendo-se uma produção bruta anual de 619 Gigawatt por hora.
A Brigantia procurou já ouvir José Silvano, presidente da câmara de Mirandela e uma das vozes mais ferozes contra a construção desta barragem.
Mas o autarca da cidade do Tua declarou que ainda está a analisar o RECAPE, prometendo uma reacção durante os próximos dias. No entanto, diz não entender “como se lança um concurso sem o resultado do parecer”. Mesmo assim, sublinha que tem “de estudar melhor o dossier” antes de se pronunciar. CIR/Brigantia

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Até Os Verdes estão contra ideia de grande Parque Natural no Nordeste Transmontano

Uma hipocrisia e sem relevância ambiental. É assim que o partido ecologista Os Verdes reage à ideia avançada pela EDP de criar um grande Parque Natural que engloba as áreas de Foz Tua e Baixo Sabor.
Manuela Cunha, dirigente do partido, diz que esta proposta é apenas propaganda da empresa.
Sobretudo achamos que é uma grande hipocrisia e uma tentativa de lavar a cara dos grandes impactos que as barragens vão criar, seja sobre a biodiversidade ou sobre a paisagem e o património. A EDP primeiro destrói e depois quer classificar algo que não merece classificação, porque a paisagem das barragens é uniforme, sem biodiversidade, em tudo igual a muitas outras que encontramos no país.”
Manuela Cunha diz que esta proposta só acontece devido à forte oposição da região.
E acusa a EDP de ter um objectivo escondido.
Julgamos que, de facto, as populações da região transmontanas não têm recebido bem as barragens. É tudo uma farsa, ainda por cima porque a EDP iria obter dividendos, porque o novo estatuto das áreas protegidas permite a criação de áreas privadas e aqui era o que se pretendia, porque a EDP teria o controlo da intervenção nessa área, directa ou indirectamente.”
Por isso Os Verdes entendem que a proposta não é inocente nem vem ao encontro dos valores a preservar com a classificação de área protegida.
Até porque, depois de construídas as barragens, pouco haverá para conservar.
No pós-barragens, grande parte dos valores naturais foram destruídos. Vamos conservar o quê? A conservar é agora. O Sabor já era zona da Rede Natura 2000. Uma mais valia ambiental? Não, não achamos que esse parque o fosse. Iríamos classificar o quê, um espelho de água igual a tantos outros?”
Os Verdes, pouco convencidos da mais valia ecológica de classificar como área protegida a zona do Baixo Sabor e Foz Tua, até porque, de acordo com Manuela Cunha, seriam mais os prejuízos para as populações com as restrições que viriam com o parque natural do que propriamente benefícios. Brigantia

quarta-feira, 21 de julho de 2010

EDP quer deixar dinheiro que paga de impostos nas regiões onde tem barragens

A EDP está a estudar a possibilidade de reverter parte dos seus impostos para as regiões afectadas pelas suas barragens.
Em causa está a derrama, um imposto de 1,5 por cento dos rendimentos pago no município onde está instalada a sede da empresa, neste caso Lisboa, mas que a EDP pretende ver distribuído por todos os concelhos onde construiu barragens.
António Ferreira da Costa, administrador da empresa, garante que já foi mesmo feito um estudo sobre essa possibilidade.
É um estudo que entregámos por solicitação daquilo que vários municípios têm falado connosco, de terem lá barragens existentes mas não serem os usufrutuários desses mesmos rendimentos”, explicou o administrador da empresa. Nesta altura aguarda-se ainda uma posição das Finanças sobre esta possibilidade.
Uma medida que seria bem vista pelos autarcas dos concelhos afectados mas que poderá vir a ter a oposição das grandes metrópoles na Associação Nacional de Municípios, pois seriam aquelas que mais perderiam se a medida fosse implementada.
Brigantia

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Daqui e dali... Carlos Fiúza

Política e ... matemática!

Sem sombra de dúvida, em língua portuguesa duas negativas anulam-se uma à outra, ficando uma positiva – menos por menos dá mais.
Leia-se: a ausência da ausência, dá efectiva presença (Vitorino dixit).“In illo tempore” (mais no meu do que no dele) assim nos foi ensinado.
E hoje?!
Que responderá qualquer pai a seu filho se questionado pela afirmativa?!
- Pai, diz aqui que os impostos serão mantidos e que as regras do PEC serão para cumprir nos moldes actuais … o que é que isto quer dizer?
- Filho, quer dizer que nem sempre o que parece é (única resposta correcta).
Com este raciocínio, serão as luzes de manter abertas ou fechadas, chiando, ou não, as molas dos colchões (tomando como exemplo o que bem escreveu Manuel António Pina neste oportuno e excelente artigo)?
Não mais Pitágoras, Euclides ou Thalles … está tudo errado, como afirma António Damásio referindo-se ao “Erro de Descartes”.
Mais por mais … já não dá mais, isto é, duas afirmativas (os impostos serão mantidos + o Pec está bem como está) não dão, forçosamente, uma afirmativa. Pelo contrário: neste caso mais por mais dá menos (negativa)!
Mas está certo que assim seja: "certinhos" para quê, "bons alunos" com que fito, quando os demais não nos “seguem”?
Vejamos:
Quando a gente se põe a falar sobre a vida das palavras, muita vez encontra nelas um reflexo das inconstâncias, das versatilidades deste Mundo.
Lábios e beiços (por exemplo) – aquelas membranas carnosas e sem osso que formam a parte exterior da boca, e cobrem os dentes quando se fecham, tanto no homem como nos brutos.
A parte mais macia e delicada dos beiços, que são as bordas em que muitas vezes brilha a cor de rubim, e quando abrem o sorriso deixam ver os dentes, são os lábios – A primeira é palavra vulgar, a segunda é científica e poética – Ajudam os beiços a fala e a mastigação; só aos lábios é dado imprimir meigos ósculos.
Se assim é,- A união dos lábios (afirmativa, referente ao homem) com os beiços (afirmativa, referente ao bruto) dá beijo, ósculo ou … o que?
Cuidado, pois, amigo Vitorino … o correcto em matemática, já era!...200 Euros por bebé, nos tempos que correm, já não é nada (100 € por apagar a luz + 100 € pelas molas), quero dizer: 100 + 100 já não dá “baby-boom”, o que até é bom … a próxima geração será mais céptica, mais "avisada".
Será que eu poderia viver“desaprendendo” a matemática? – “Poderia, mas não seria a mesma coisa”!

Carlos Fiúza

Daqui e dali... Manuel António Pina

Uma noite há nove meses

Quando, há um ano, Sócrates, já em campanha, prometeu que o seu Governo abriria uma conta de 200 euros para cada bebé, um estremecimento erótico (toda a gente sabe que o dinheiro é o melhor e mais lubrificante amigo dos amantes) percorreu o país do Minho ao Algarve (ou "Allgarve" ou lá como aquilo se chama agora). E, na noite eleitoral, mal se confirmou a vitória do PS, desligaram-se os aparelhos de televisão e apagaram-se as luzes da sala de jantar em milhares de lares, começando a chiar por todo o lado as molas dos colchões. Os portugueses metiam-se afanosamente ao trabalho, entusiasmados com a ideia de terem um filho rico.
Afinal foi trabalho em vão e mais lhes valia ter ficado a ver a telenovela. O Governo, pela voz do ministro da Presidência e das más notícias, acaba de anunciar que a medida será "recalendarizada", o que, em português comum, significa que a palavra-chave da tal "Conta Poupança Futuro" era "futuro" e não "conta" ou "poupança". Uma coisa é certa: a geração do "baby-boom" resultante daquela noite histórica será mais céptica em relação a promessas eleitorais que a dos pais.
Manuel António Pina, JN

Exposição de Fotografia - José Miguel Ferreira

A Fundação Casa-Museu Maurício Penha tem a honra de convidar Vª. Exª. para a inauguração da exposição de fotografia de José Miguel Ferreira numa iniciativa conjunta com a Associação dos Amigos do Vale do Rio Tua, a levar a cabo no dia 24 de Julho de 2010 pelas 18h00: http://www.jmf-photo.net/expo-tua-penha-jmf-en.htm
A exposição estará patente até 30 de Setembro de 2010 e pode ser visitada dentro do horário da Casa-Museu.

Mais informações: Fundação Casa-Museu Maurício Penha
Rua Fonte de Baixo, 5
5070-367 Sanfins do Douro (Alijó) Portugal
cmuseumpenha@mail.telepac.pt cmuseumpenha@gmail.com
Tel /fax:: 259686133

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Nenhuma criança que frequenta ATL ficará sem almoço, diz Segurança Social

O Instituto de Segurança Social garantiu hoje que todas as 76 800 crianças que frequentam Ateliers de Tempos Livres recebem e continuarão a receber almoços pagos pela Segurança Social, escolas ou autarquias. Público

Estado corta apoios a refeições nos ATL

Alguns centros distritais da Segurança Social estão a avisar as Instituições Particulares de Solidariedade Social que, a partir de 1 de Setembro, deixarão de comparticipar o almoço dos Ateliês de Tempos Livres, o que pode pôr em causa a alimentação de muitas crianças. (...) JN

O Estado de coma da Nação

Ministro das Obras Públicas confirma portagens nas estradas transmontanas

O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça, disse hoje que as novas estradas transmontanas vão ter portagens e que os utilizadores também terão de contribuir para um investimento prometido para fazer justiça a uma região isolada.
O ministro surpreendeu hoje a plateia de um colóquio, em Vila Flor, acerca do potencial das novas estradas, ao responder a uma pergunta do público sobre se as vias em construção vão ter portagens.
Eu há pouco falei que aqui na região são mais de dois mil milhões de euros em termos dos três projetos: túnel do Marão, Douro Interior e autoestrada transmontana. Nós vamos ter de pagar”, respondeu o ministro.
As três obras estão a ser construídas em regime de concessão e apenas o Túnel do Marão foi anunciado pelo Governo como tendo portagens por ser uma alternativa ao sinuoso IP4.
O primeiro ministro, José Sócrates, apresentou há mais de um ano a autoestrada Transmontana como a “autoestrada da justiça” sem portagens no troço que atravessa o Distrito de Bragança por ser uma região sem vias de comunicação estruturantes e ainda sem um quilómetro de autoestrada.

A concessão do Douro Interior inclui o IP2 e o IC5, dois itinerários sem perfil de autoestrada, reclamados há décadas para desencravar a região.
António Mendonça explicou que os consórcios destas empreitadas têm agora a seu cargo o financiamento da construção, mas vão receber ao longo de trinta anos uma renda por aquilo que estão a fazer agora”.
Como é que se financia isso, é com a actividade económica, com impostos, direta ou indiretamente. Tem de haver aqui outras dimensões para o contributo das pessoas e, portanto que os agentes económicos, as pessoas que beneficiam das infraestruturas mais diretamente também tenham uma contribuição para que isto possa ser levado para afrente”, declarou.
O ministro garantiu que “não é possível fazer este nível de investimento de outra maneira”.
Ninguém gosta de pagar”, afirmou, mas considerou que do “que se trata aqui relativamente à questão das portagens é um contributo das pessoas que utilizam para que de facto este esforço de modernização e de construção de novas infraestruturas possa ser levado a cabo”.
A posição do ministro surpreendeu sobretudo aqueles que vão ser servidos pelo IP2 e IC5, nomeadamente autarcas como o presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães, o social democrata José Luís Correia, que disse ter ficado “preocupado”.
Claro que me deixa preocupado e muito porque enquanto que há regiões que estão a beneficiar há muitos anos de itinerários como os que estão a ser construídos aqui sem pagarem, provavelmente querem que nós comecemos a pagar dentro de pouco tempo”, disse.
O que é muito injusto. Já estamos há mais de vinte anos à espera destas estradas”, acrescentou.
Para o presidente da Câmara de Vila Flor, o socialista Artur Pimentel, “seria bom que não houvesse portagens, mas alguém tem de pagar”.
A mim o que me interessa neste momento é a solidariedade de todo o país, é a coesão territorial que efetivamente existe na construção dessas estradas”. i

Tribunal de Contas dá visto prévio à Auto-estrada Transmontana

Está resolvido o imbróglio. O Tribunal de Contas anunciou ontem que atribuiu o visto prévio ao contrato da Auto-Estrada Transmontana, adjudicada ao consórcio liderado pela Soares da Costa.
Recorde-se que Tribunal de Contas tinha recusado, em Novembro do ano passado, a atribuição de visto prévio ao contrato desta concessão rodoviária, tendo agora visado o contrato, depois de reformulado.
A "degradação das condições oferecidas" à Estradas de Portugal entre a primeira fase e a fase final do concurso foi uma das violações à lei apontadas pelo tribunal para recusar a atribuição do visto prévio àquele contrato de concessão.
O investimento total na concessão Auto-Estrada Transmontana, que ligará Vila Real a Bragança, ronda os 800 milhões de euros.
CIR/Brigantia

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

Saramago e a ausência da ausência
Não tenho por hábito subir ao alto da montanha e ficar a ouvir o meu eco... Gosto bastante de quem tenha opiniões e leituras diferentes, como João Lopes de Matos, Carlos Fiúza, Hélder Rodrigues e agora Fernando Gouveia, para quem «o conjunto da obra é uma pertinente interrogação dirigida à sociedade do nosso tempo: as outras leituras da História e a necessária reflexão sobre o arremedo de democracia que vamos tendo», como se nos falasse (deixem-me ser abusivo na minha interpretação) mais do que com o voto em branco do Ensaio sobre a lucidez, do voto nulo no capitalismo selvagem que mata a Caverna, onde estão os oleiros deste e outros concelhos.
Quanto à questão que me coloca, não vou fazer como Francisco Louçã, que transformou a ausência do Presidente da República, numa ausência da ausência, efectiva presença, muito para lá da sua representação oficial.
O inglês Harold Pinter, Nobel da literatura de 2005, não teve nenhum membro do Governo, nem qualquer representante da Coroa, no seu funeral em 2008.

O galego Camilo José Cela, Nobel em 1989, não teve nem o primeiro-ministro nem o rei, em igual circunstância, ao ano de 2002.
Albert Camus, Nobel em 1957, não teve o presidente francês, em 1960...
Claro que não aprecio muito a versão Sousa Lara do nosso Presidente. Mas também o nº2 do regime, o socialista Jaime Gama, faltou... E, como afirmou José Manuel Fernandes, no Público, não me interessa ser polícia das consciências alheias. Pois vejamos o filme ao contrário: se fosse o político Saramago, na sua qualidade de candidato ao Parlamento Europeu, fosse mesmo eleito, por ex., a ter de ir ao funeral de Cavaco Silva será que ia? (Mesmo se «representante de todos os portugueses»?) Ou haveria muitos a dizer que seria coerente... Com o seu «azedume político»!
Gosto muito do escritor José Saramago e interessa-me muito a sua obra. Nunca quis conhecê-lo pessoalmente, até porque às vezes quando o fazemos, des_
fazemos a aura mítica com que vemos quem admiramos. E gosto de manter uma certa idealização.

Vitorino

Post Scriptum: João Lopes da Matos referiu a diferença do homem e da obra.
Recordo Céline, no mesmo sentido. Alguém tão anti-semita, mas que produziu aquela Viagem ao fim da Noite. - Como apagar tal obra com os seus de_
feitos humanos?

Extrema-unção

Henrique Monteiro

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Douro lança campanha promocional mais ampla de sempre

Já está no terreno a campanha mais ampla de sempre de promoção do Douro, a envolver todos os municípios da região, com um investimento de 465 mil euros.
Maravilhe-se com ele”, campanha da candidatura do Vale do Douro a Maravilha Natural de Portugal, é lançada pela Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes (AETUR), em conjunto com a Turismo do Douro e outras entidades, e arranca, nesta primeira fase, na imprensa generalista e Metro do Porto.
António Martinho, presidente da Turismo do Douro, destaca que esta iniciativa resulta da coordenação de mais de vinte concelhos do Douro, “de braço dado e em sintonia. E é esta coesão que pode garantir um futuro sustentável e dar a conhecer a todos a oferta extraordinária da região, sem dúvida uma das mais belas do nosso país”.
A campanha decorre até 7 de Setembro e surge no âmbito da candidatura às Sete Maravilhas. Em próximas fases estará presente também em outdoors, televisão, rádio e internet e redes sociais, bem como em acções em cidades europeias.
O mote – “Maravilhe-se com ele” – desenvolve-se em várias peças, através de um rio que fala por si e revela, através dos seus reflexos e do seu próprio discurso, toda a riqueza, história, arte, gente, saberes e sabores da região. É o Douro apresentado ao mundo na primeira pessoa: selvagem, humano, intemporal, generoso, romântico, laborioso e fervilhante.
A candidatura do Vale do Douro a Maravilha Natural de Portugal é apadrinhada por Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto. Para votar basta aceder ao site www.7maravilhas.pt, ligar para 760302718 ou enviar SMS para 68933718.
O Vale do Rio Douro é considerado uma das 77 Maravilhas Naturais do Mundo, a par de outras como o chileno Deserto de Atacama e o Monte Olimpo, da Grécia, de um grupo inicial de mais de 440 candidatos ao concurso que decorreu no ano passado a nível global. Foi, aliás, a única candidatura portuguesa a qualificar-se para a segunda fase da eleição das 7 Maravilhas Naturais do Mundo.
Entre outras, o Douro ainda reúne as insígnias de mais antiga Região Demarcada e Regulamentada do Mundo (1756) e Património da Humanidade da UNESCO (2001). Detém, desde 2008, o qualificativo de Destino Turístico de Excelência, pela Organização Mundial do Turismo e, no ano passado, foi também considerado pela National Geographic Society como o 16º melhor destino mundial para turismo sustentável e o 7º melhor da Europa, de entre 133 candidatos.
Apesar da crise internacional que também afecta o sector do Turismo, a procura no Douro registou mesmo um crescimento de taxas de ocupação em 2009 e está bem consolidada e com resultados positivos em 2010. Para 2012, segundo o presidente da Turismo do Douro, o objectivo é atingir o meio milhão de dormidas/ano na região. Espigueiro

José Silvano acusa ministro de só dizer “patacoadas”

A Linha do Tua é mais rentável para a região, em termos turísticos, do que a Auto-estrada Transmontana.
A ideia é defendida pelo autarca de Mirandela, no seguimento das palavras do Ministro das Obras Públicas que, na Assembleia da República, disse que a manutenção da linha tem um custo de 150 milhões por ano e, por isso, valia mais comprar um carro a cada utilizador da linha.
Silvano diz que o Ministro anda confuso com os números, e não acerta naquilo que diz.
Desde que entrou para ministro ainda não acertou uma. Disse que a segurança da linha custaria 150 milhões de euros, isto é, fazer uma praticamente nova, e não o funcionamento da linha como ele disse, que estava a enganar os deputados. O funcionamento da linha custa à CP 250 mil euros por ano. O que custaria 150 milhões era a consolidação e manutenção da linha para que tivesse segurança no futuro. Mas o investimento de 150 milhões seria mais rentável para a região do que os trezentos e tal da auto-estrada. É que a auto-estrada traz gente mas leva gente da região e a linha apenas traz. Por isso é que digo que é mais uma patacoada do senhor ministro.”
Seguindo o raciocínio do Ministro António Mendonça, o presidente da câmara de Mirandela ironiza e sugere que nas áreas metropolitanas do Porto e Lisboa, onde o prejuízo é muito maior, a classe dos veículos a oferecer seja diferente.
É de rir porque eu então pergunto pelos mil e seiscentos milhões de euros de saldo negativo da Metro do Porto? Será para comprar um camião a cada portuense? E os dois mil milhões do metro de Lisboa, que já davam para um camião TIR a cada lisboeta? Se a questão é posta assim, tem de ser vista em todos os lados em todo o lado e não só em Trás-os-Montes.”
A reacção do autarca de Mirandela às recentes declarações do Ministro das Obras Públicas em relação à Linha do Tua.
CIR/Brigantia

terça-feira, 13 de julho de 2010

Challenge Nightly BTT - 24 de Julho Carrazeda de Ansiães

Daqui e dali... Fernando Sobral

O PS é hoje um Shrek envergonhado da sua figura e apaixonado por uma princesa socialista que nunca desposará. A ideologia do PS é o poder. As paixões ideológicas, deixa-as para momentos em que luta para se manter no poder, como acontece na cruzada anticapitalista destes dias.
O PS é liberal nos dias pares e social-democrata nos ímpares. Aos domingos pede uma terceira via para lhe salvarem a alma. O PS perdeu a bússola e já não sabe nem onde está, nem para onde se dirige. E o que se passou na PT mostrou qual era o socialismo que Sócrates defendia para Portugal: um centralismo democrático gerido por si.
Hipnotizado pelo grande Belzebu do poder, o PS deixou de ser o partido das causas morais e do Estado social. Enleado no polvo do poder, quer que ele anuncie a sua vitória total. Para o PS, tudo era bonito quando o crescimento económico e a folga orçamental permitiam apregoar o Sol que brilharia amanhã e no dia seguinte. A crise destruiu o arranjo floral socialista. O desemprego é a sua água insalubre. Os cortes sociais são o seu óleo de fígado de bacalhau.

O PS já não sabe o que é. Por isso é que João Proença acha que o aumento do IVA é a via verde para o socialismo.

E o Governo faz do aumento consecutivo de impostos a sua "Internacional". Quando olha para os princípios que já defendeu, o PS é como o Shrek: acha que é o príncipe perfeito.

Fernando Sobral, JN

Sim ou Não às barragens do Tua e Sabor? - Museu do Douro, 17JUL2010

Ministro diz que fica mais barato dar um carro a cada pessoa do que manter a Linha do Tua

Fica mais barato dar um carro a cada passageiro por ano, incluindo combustível, do que manter a Linha do Tua nas condições em que estava a ser explorada.
São declarações do Ministro das Obras Publicas, António Mendonça, na Assembleia da República, onde revelou que ainda não há soluções tomadas sobre a Linha do Tua, mas os estudos apontam que a melhor alternativa seria criar vias rodoviárias.
Custa 29 mil euros. Quase que mais vale dar um carro a cada um por ano, incluindo combustível”, disse. “Terá de ser uma solução unimodal. As pessoas não podem andar a mudar de transporte uma ou duas vezes por percurso.”
O Partido Ecologista “Os Verdes”, que solicitou a presença do ministro para esclarecer a posição do governo face a esta matéria, considerou que António Mendonça desconhece a realidade do Vale do Tua e que manifestou um claro desrespeito pela população servida pela linha.
Manuela Cunha, dirigente dos Verdes, desafia a população a escrever uma carta ao ministro a solicitar o carro oferecido.
É uma grande falta de respeito pelas populações. Apelo às populações do Vale do Tua para lhe enviarem uma carta a pedir o carro. Seria interessante ver a sua reacção. Mostrou um grande desconhecimento e foi desonesto com os números”, acusa.
O Governo garante que nos comboios do Tua passavam quase cem passageiros diariamente e que isso custava ao Estado 150 milhões de euros por ano.
Manuela Cunha contraria estes números.
Para chegar à conclusão que a Linha do Tua não tinha passageiros, usou os números de 2008, em que a linha esteve encerrada grande parte do ano devido a um acidente. Nós apresentámos números de 2006, dados pela Secretária de Estado, e que mostram que tinha muita utilização, sobretudo no Verão, e que ficava mesmo aquém das necessidades.”
O Ministro das obras públicas prometeu apresentar mais soluções para a Linha do Tua, quando esta matéria passar pela comissão parlamentar.
CIR/Brigantia

segunda-feira, 12 de julho de 2010

VII Terra Flor - I Challenger Paintball - 17 de Julho

Adão Silva pede explicações à Ministra da Saúde pela inoperacionalidade dos meios do INEM

O helicóptero do INEM em Macedo de Cavaleiros não consegue assegurar o socorro 24 horas por dia por falta de médicos.
Uma situação que está a preocupar o deputado do PSD, eleito pelo círculo de Bragança, que já questionou o Ministério da Saúde sobre esta situação.
De recordar que o helicóptero está a funcionar há três meses e meio e foi uma contrapartida do Governo pelo encerramento nocturno dos Serviços de Atendimento Permanente.
Adão Silva mostra-se decepcionado com esta inoperacionalidade e quer que Ana Jorge explique a situação porque, segundo ele, é contrária à que anunciou no mês de Abril, na inauguração deste meio aéreo de socorro.
Não foi isto que foi anunciado pela senhora ministra em Macedo de Cavaleiros. Disse que o helicóptero teria equipa médica de apoio e se não interviesse é porque havia climatéricas adversas. Não estávamos à espera é que houvesse esta deficiência na equipa médica e, por isso, ficámos muito decepcionados.”
Adão Silva diz que os custos com o meio aéreo são muitos, e que, por isso, não admite o cenário de inoperacionalidade por falta de médicos. Pior ainda quando em simultâneo estão inoperacionais o helicóptero e a VMER de Bragança.
O helicóptero custa quatro a cinco milhões de euros por ano. Qualquer dia que esteja parado é um enorme desperdício e uma falta de compromisso para com a população, depois de o Governo ter encerrado serviços de saúde.” O deputado do PSD pede uma resolução urgente do problema.“Precisamos de ter credibilidade e confiança nos instrumentos que são postos pelo Governo à disposição dos cidadãos. E sabe-se que vai haver uma larga lista de dias em que o meio aéreo não vai estar disponível.”
A ministra da Saúde tem agora 30 dias para responder.
Mas o INEM já fez saber que em breve vai dar formação a mais médicos para integrar na equipa de Macedo de Cavaleiros
. CIR/Brigantia

sexta-feira, 9 de julho de 2010

II Festival Internacional de Canoagem de Águas Bravas da Terra Quente - 9, 10 e 11 de Julho

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

As formas de contiguidade de Hélder de Carvalho

Engraçado. Ia, dia 1 de Julho, a caminho da Biblioteca Municipal, quando deparei com a Exposição de Hélder de Carvalho, no Auditório Municipal de Gondomar, até 25 do corrente.
Alegria imensa. Re_
vi todas as suas esculturas próximas da arte abstracta, como defende Albano Martins, no folheto de apresentação. Mas, o que mais toca a este leigo/diletante, continua sendo as suas pinturas: Divagações e Figurações I, II e III. É aí que mais lhe vejo
«A Mão, a mais espantosa das invenções da Natureza».
V.A.V.

Medidas de austeridade são contributo para agravamento de situações de pobreza

A democracia na Europa pode estar em causa por causa da injustiça social que está a agravar situações de pobreza.
A opinião é do presidente da REAPN-Portugal, a Rede Europeia Anti-Pobreza.
O padre Jardim Moreira esteve ontem à noite numa conferência organizada pelo Centro Social e Paroquial do Santo Condestável, em Bragança, e manifestou-se preocupado com as políticas europeias de luta contra este problema social, pois segundo ele, em vez de a resolveram geram ainda mais pobreza.
No estado actual, a Europa produz um milhão de pobres por ano e se assim é quer dizer que o sistema é perverso” refere, acrescentando que “não é verdade que os políticos queiram lutar contra a pobreza porque eles geram pobreza mais que ninguém e para os manter calados e controlados dão-lhe umas migalhas”. “Isto não é solução porque não é justa e não tem em conta a igual dignidade das pessoas” salienta. “A democracia pode assim estar em causa porque fala-se de direitos iguais para todos, mas na prática não são” considera.
(...) Brigantia

quinta-feira, 8 de julho de 2010

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

Amor à camisola

«Depois de ter sido conhecida a diária de 800 euros que os jogadores arrecadaram desde o início do estágio de preparação na Covilhã, a 14 de Maio, passaram 48 dias até 30 de Junho, o dia que marcou a viagem de regresso da Selecção Nacional a Portugal.
A participação no Mundial 2010 deve, então, custar à Federação Portuguesa de Futebol 813 600 euros.
Excluindo o futebolista Zé Castro, do Deportivo da Corunha, dos 23 que mereceram o cognome de Navegadores, chega-se a uma média de cerca de 35 mil euros por cada jogador.
Aos valores auferidos poderão, no entanto, acrescentar-se eventuais prémios monetários da FIFA e proveitos de cariz publicitário ou televisivo.» in O Jogo.

Fiquei muito contente pelo facto de a contra-proposta dos capitães da selecção haver sido logo aceite pela Federação, evitando-se manifestações in_
dignas de sindicalistas. E ainda se ouvem os detractores (do meu bairro) dizerem que os futebolistas se cansaram a jogar a sueca no hotel.

Fiquei muito triste pelo facto de falharem o prémio de 50 mil euros, a título individual, previsto para o caso de Portugal ficar no primeiro lugar do Grupo G, onde estavam incluídos Brasil, Costa do Marfim e Coreia do Norte. É que o segundo lugar não deu direito a qualquer compensação.

E ainda se ouvem os detractores (deste Governo, pois a Federação depende do Secretário de Estado do Desporto e este do Ministro da Presidência) dizerem que os jogadores não revelaram qualquer amor à camisola! Com a Crise, que trabalhador manual ou pedonal, se daria ao luxo de não correr/lutar por tal prémio federativo? Assim,

tenho muita pena por cada jogador português presente no Mundial da África do Sul não receber 340 mil euros, prémio pensado para Portugal erguer a Taça. Se as quinas ficassem no segundo lugar, cada convocado de Carlos Queiroz receberia no total 290 mil euros.

E ainda se ouvem os detractores (do meu país, todos os que não se importavam de ser espanhóis, pois os jogadores desta selecção podem dar-se ao luxo de oferecer parte do Prémio) dizerem que os jogadores não comeram a relva, quando ganhariam em dois meses o que muitos desempregados só com 100 anos de trabalho.
A passagem aos quartos-de-final do Mundial renderia a cada atleta mais 50 mil euros, o mesmo que se atribuiria pelo sucesso nas meias-finais. Pela Nação,

num lar de Bragança, os velhinhos obrigaram as velhinhas a levantar-se e a cantar o hino, antes dos jogos.

- Que bela lição de patriotismo!

V.A.V.

Post Scriptum: Adoro a estratégia das 1001 noites de Gilberto Madail. Diz que sai, que sai, mas vai saindo… Os Governos passam, e ele sobre_

vive. Não é de acaso. A teia nunca se des_

montou. A Federação Portuguesa de Futebol ainda é um órgão corporativo. Aí se festeja a 24 de Abril: pelos corpos dos árbitros, dos treinadores, dos jogadores, das associações… Lembro que Artur Jorge nem votos conseguiu dessas corporações para ser… candidato!

Também, o que mais nos interessa, não é?, são os exemplos dos seleccionadores para as crianças e jovens: adorei, adorei, adorei, como diria João César Monteiro, nas Recordações da Casa Amarela.
Seu Scolari agrediu um jogador sérvio, sublinho, em defesa legítima das minorias: do minino cigano Quaresma. Tal gesto patriótico de intervenção na Guerra dos Balcãs, como num raid da NATO, motivou a sua defesa federativa no castigo aplicado pela UEFA.

Carlos Queirós, esse professor, terá passado a luva branca na dupla face de um jornalista televisivo, no aeroporto, mas isso foi há que tempos!, ainda que agora tenha ameaçado, após a eliminação do Mundial, contra in_

certos, medida politicamente correcta, face ao sensacionalismo dos media…

Feiras - Vila Flor - Mirandela

Autarca de Vila Flor critica calendário da Reginorde

A Terra Flor, a feira dos produtos e sabores que se realiza em Vila Flor de 15 a 18 de Julho vai coincidir com a Reginorde de Mirandela, cuja realização passou, este ano, de Maio para Julho, decorrendo entre os dias 10 e 17.
O presidente da Câmara de Vila Flor, Artur Pimentel, que ontem apresentou o certame do seu concelho, diz que não há concorrência entre as duas feiras, mas não escondeu a ironia.
(...) Brigantia

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

Saramago e o Nobel da Literatura

Em termos gerais (muito gerais), pode dizer-se que houve dois Saramagos. Que até bem perto
do Nobel, Saramago como que encarnou a sua personagem de (…) o cerco de Lisboa (1989), Raimundo Benvindo Silva, o qual, pela incumbência em rever um livro sobre a História de Portugal (baseado na de Alexandre Herculano), resolve cometer propositadamente um erro, acrescentando um Não... Sempre havendo alguém que resiste,
alguém que diz

«os cruzados Não auxiliarão os portugueses a conquistar Lisboa».

Embora a editora avançasse depois com uma ERRATA, tal erro provocaria a necessidade de se reescrever aquele episódio da História de Portugal. E Raimundo Silva, digo, Saramago, sente-se então motivado a tomar aquela frase como motivo para reescrever a História. Que tal reescrita acontecera também em Memorial do Convento (1982), onde Saramago misturou a factos reais com personagens inventadas, Blimunda e Baltazar, operário este à medida da luta de classes, no sentido marxista. Que concluía pela «nova» versão de que não foi o rei a construir o convento de Mafra, mas o povo que nele trabalhou. (E lá está a Igreja, ao serviço da Opressão…). Mas tal reescrita já sucedera também em O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984) - sobre as voltas do heterónimo epicurista triste de Fernando Pessoa por Lisboa, em A Jangada de Pedra (1986) - no que se questiona o papel de Portugal… e Espanha, pela então CEE, através da metáfora da nossa Península, soltando-se da Europa e encontrando a seu lugar, entre a velha Europa e a nova América; e aconteceria depois com O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991)… De igual modo,

o nobelizado que se lhe seguiu, Gunter Grass, também operou uma outra visão da História, pelo lado dos vencidos, sobre
tudo e todos seus livros, em O tambor (1956) e A Ratazana (1986)… Questionando a dois milagres económicos: o nazi e o da Queda do Muro… Mas,

voltando a Saramago, a 2ª fase é a dos temas universais: do mundo capitalista sem rosto e razão humanos, da nossa mais do que cristã?, tão existencialista?, histórico-materialista «condenação» à Morte… Entre 1995 e 2005, em torno do Nobel de 1998, Saramago publicou mais seis romances, em que as intrigas se desenrolam já libertas de personagens de anais históricos, e de locais ou épocas bem definidos: assim o Ensaio Sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2001); O Homem Duplicado (2002); Ensaio Sobre a Lucidez (2004); e As Intermitências da Morte (2005). Assim,

se dá depois um retorno à re_
escrita, digo, à imaginação prodigiosa de cobrir os espaços em branco da História, com a obra-prima A Viagem do Elefante (2008), a partir do facto bem histórico de o rei D. João III ter oferecido a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V, um elefante indiano, Salomão, que há dois anos se encontrava em Belém, vindo da Índia.

- Façam a Viagem!
Vitorino

Daqui e dali... Carlos Fiúza

Saramago – a Obra

E Deus PODERIA ter dito:
- Teu nome será Populus e de ti e em ti assentará a minha descendência. Lavrarás a terra em meu Nome e dela e do teu suor alimentarás teus irmãos … e terás rebanhos e canseiras, tudo em minha Honra.

- Tu te chamarás Petrus e sobre ti erguerei a minha Igreja. Terás honrarias, mas guardarás e zelarás os rebanhos de teu irmão … os alimentarás, os tosquiarás e de seu leite e de sua lã farás ostentação, tudo em minha Glória.

- E eu? E eu?

Deus olhou aquele ser enfezado, doentio, quase insignificante, e sem mais benesses para distribuir disse:

- Tu, o mais refilão, o mais irrequieto, servirás de reflexão a teus irmãos. A tua missão será a de questionar os seus e os Meus desígnios. Não tenho nome para ti, mas ficarás conhecido como o “novo Caim", por amor a Mim.

E PODER-SE-IA ter feito o que Deus PODERIA ter dito …E assim, por milénios, a Lua se transfiguraria em quatro … por milénios o Sol voltearia no espaço … por milénios as Estrelas guardariam tão estranhas determinações.

Entretanto Populus cresceria em labor e canseiras … esgatanhando a terra!...
Petrus engordaria, prosperaria como Igreja … e da lã dos rebanhos do irmão teceria os mais finos paramentos!...O outro, amadureceria anónimo … carregando o anátema de ”Caim do Senhor”!...

Ab abrupto, a OBRA nasce …E com ela nova oceanicidade nos é oferecida … ao sabor dos ventos de um Nobel, prémio maior de toda a Literatura ...E a Língua portuguesa, a nossa “Ditosa Língua nossa Amada”, com Saramago retorna aos quatro cantos do Mundo, levando mais um pouco de nossa Arte e Engenho a todas as civilizações …

Severo mas intensamente poético, José Saramago foi, sem dúvida, no dizer de um seu crítico, "Um dos últimos titãs de um género literário que se está a desvanecer”.

A intenção da sua Obra é apresentar, à luz do “sentimento”, um contraste entre a “aristocracia” ociosa e o “povo”, pilar e feitor da História. São as tão conhecidas “lutas de classes,” a sua tão querida metáfora marxista.

A sua crítica a uma Igreja “opressiva” e ao serviço dos “opressores” perpassa em quase toda a sua Obra e foi, não por acaso, o início de uma tentadora iniciação à “destruição do religioso", como fenómeno “castrador de massas".

É, também, a defesa do seu arreigado iberismo, mormente o papel “desagregador” de uma Europa que se pretendia unida.A sua “Jangada de Pedra” é isso mesmo … metaforicamente vê a Península Ibérica (qual jangada) a “soltar-se” dessa mesma Europa e à procura da “velha” Europa, qual nova América.

Bem como a sua visão de um Cristo que já não se revê em Deus, seu Pai …

É, igualmente, a sua pergunta constante: o que é o Cristianismo, porque terá o Homem de morrer em sofrimento? Em nome de quê, ou de quem?

E se, por vezes, as suas figurações são suaves, qual reminiscência da “frauta pastoril”, outras tantas são violentas, qual eco de "caserna militar" romana.

Quantas vezes a interpretação, o protesto, a tese, ficam sumidos, esquecidos … a culpa é do “domínio” da beleza formal e da Arte com que o Autor dá conceção aos seus poemas em prosa.

Mas Saramago vai mais longe:

- A “História do Cerco de Lisboa” assenta na figura de num obscuro “revisor de textos” que, com o acrescentar de um simples NÃO mudaria todo o sentido histórico.- Ou, ainda, em “Evangelho Segundo Jesus Cristo”, em que questiona o “papel” de Deus, pondo Cristo a insurgir-se contra Ele, ou seja, contra o seu próprio destino.

Páginas admiráveis de sagacidade em que se entremeiam na narrativa profundos pensamentos do Autor, plenamente irmanados em toda a evocação intuitiva do romance.

A expressão de tais pensamentos (todos os pensamentos de todas as suas obras) é feita em fino estilo, de grande “majestade”, pleno de imagens grandiosas … dir-se-ia em estilo “bíblico”.

Ao ler Saramago, o leitor encontrará “suavidade” aqui, “impetuosidade” acolá ...Descrições encantadoramente originais, harmonia, ritmo, melodia, estilística, povoam as suas páginas.

Urbi et Orbe, a História anotará:

“Aos dezoito dias do mês de junho, do ano da Graça do Senhor de dois mil e dez, morreu, suavemente, na sua casa de Lanzarote, um ESCRITOR, um PENSADOR, um PORTUGUÊS”.

E Deus, em toda a sua magnanimidade, PODERIA ter dito:

- ECCE HOMO!

Como o não disse, e em seu lugar, digamos (com Camões):

“... Ditosa Pátria que tais filhos tem!”

Carlos Fiúza