quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O que se disse... Tiago Mesquita

«Não dá para trocar os mineiros chilenos pelo Governo português?»

Tiago Mesquita, Expresso

Carrazeda quer relançar termas

Autarquia vai investir na recuperação de antiga área termal de S. Lourenço, para captar mais turistas
A Câmara de Carrazeda de Ansiães promoveu a realização de um estudo médico-hidrológico para aferir as qualidades terapêuticas das águas das termas de são Lourenço, na freguesia de Pombal de Ansiães.
A autarquia quer fazer um investimento avultado para recuperar as antigas termas, que contempla a instalação de um novo balneário. “Até meados de Outubro deve estar tudo pronto”, garantiu o presidente da Câmara, José Luís Correia.
São muitos os que continuam a procurar as antigas caldas de São Lourenço. Apesar das recomendações da Direcção Geral da Saúde serem bem claras e advertirem que não existem condições de higiene no local, o certo é que as termas, actualmente exploradas pela Junta de Freguesia de Pombal de Ansiães, nunca deixaram de funcionar. O autarca admite que estão abertas, e que muitas pessoas continuam a utilizar o antigo balneário para os banhos. “Não deviam estar a utilizá-lo, porque a Direcção Geral de Saúde informou que devem estar encerradas. Mas estão a funcionar no antigo balneário, que não passa de um tanque onde as pessoas vão tomar os banhos, mas sem condições de higiene. Não deviam ir”, recomendou o edil. Os habitantes de Carrazeda de Ansiães e de vários outros concelhos, acreditam que a água é de boa qualidade e tem propriedades medicinais. “Têm razões para acreditar porque de facto é boa”, frisou José Luís Correia.
Edilidade vai tratar do balneário termal, que tem de ser adaptado à realidade
O autarca está convicto que após os melhoramentos, as antigas caldas de São Lourenço podem ter um novo impulso. “Nós estamos a investir lá com o objectivo de desenvolver a instância termal”, destacou. A Câmara também está a proceder à requalificação de toda a área envolvente, mas José Luís Correia não quis adiantar, para já, qual é o valor total do investimento no local. “O processo ainda está a arrancar. Já foram feitos dois planos de pormenor para o São Lourenço que não se adaptam ao que nós defendemos. Vai ser feito um outro, pelo mesmo arquitecto, que depois vamos tentar adaptar ao que queremos para a zona”, explicou José Luís Correia.
Até que o modelo de exploração esteja totalmente definido, a edilidade vai tratar do balneário termal, que tem de ser adaptado à realidade. “Não podemos andar com ilusões”, acrescenta o autarca. Nordeste

Daqui e dali... Paulo Morais

Embustes

Contrariamente ao que por aí se diz, um chumbo ao Orçamento do Estado (OE) para 2011 não trará qualquer mal ao país. Se Sócrates não vir o seu orçamento aprovado, mais não tem do que apresentar um novo documento, revisto e melhorado. Mas se mesmo essa segunda versão fosse rejeitada, as consequências seriam nulas ou até talvez positivas. Nestas circunstâncias, e sujeito a um sistema de gastos em duodécimos por referência ao OE de 2010, o Governo não poderia gastar mais, o que seria bom. Além de que não poderia aumentar a receita e lançar mais impostos… o que seria óptimo.
A dramatização à volta do tema do orçamento, com ameaças de instabilidade e alegando a necessidade da sua aprovação para a baixa do défice, é pois uma gigantesca manobra de intoxicação da opinião pública. Até porque se o Governo pretende reduzir o défice, poderá fazê-lo com qualquer orçamento. Basta que gaste menos. Desde que queira e saiba. Passos Coelho fez bem em demarcar-se deste embuste, assumindo uma posição discordante.
Além do mais, as leis do orçamento dos últimos anos têm sido uma fraude. O OE deveria ser um instrumento através do qual o Parlamento autorizaria a despesa do Estado, a partir da receita estimada. Pois tem sido exactamente o contrário. Na elaboração do orçamento, o Governo decide, a priori, a despesa. Em primeiro lugar, adivinhando como fazer face às despesas crónicas duma Administração Pública decadente. De seguida, cativa recursos para distribuir benesses partidárias, através de empregos e assessorias principescamente pagas aos caciques eleitorais e seus apaniguados. Por último, há que garantir os contratos milionários para as empresas amigas do regime. Uma vez decidida a despesa, os nossos governantes lançam impostos para assegurar a receita. Ao autorizar receita em função da despesa e não o oposto, o OE é tecnicamente uma falácia.
E assim, com esta prática reiterada, Sócrates transformou o orçamento numa lei tributária, numa tenaz fiscal que esmaga os contribuintes. O OE converteu-se num instrumento de tortura colectiva. Paulo Morais, JN

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A ameaça

Henrique Monteiro

Carta aberta ao Governo em defesa da Linha do Tua

Várias entidades irão hoje entregar uma carta aberta ao secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, com o objectivo de defender o "potencial turístico" da Linha do Tua, que hoje, segunda-feira, comemora mais um aniversário.
A iniciativa irá decorrer hoje em Santa Apolónia, (em Lisboa), precisamente na altura em que o secretário de Estado do Turismo irá partir de comboio, numa viagem com destino a Castelo Branco.
A iniciativa, a que se juntam outras como a distribuição de documentos aos utentes e a realização de um comboio humano, ocorre no dia em que se assinala o Dia Mundial do Turismo, este ano dedicado à biodiversidade.
Envolvidas nesta iniciativa estão várias entidades, como o Partido Ecologista "Os Verdes", a Associação dos Amigos do Vale do Rio Tua, o Movimento Cívico pela Linha do Tua, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, entre outras. JN

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

VIII Maratona VIMONT 2010

www.vimont.blogspot.com

Escapada a Carrazeda de Ansiães

São tantos os encantos do Douro Vinhateiro que qualquer altura do ano é boa para visitar a região. Ainda assim, poucos serão os locais do Mundo que ganham tanta vida como este na época de vindimas. Para os lados de Carrazeda de Ansiães ainda há muito por descobrir.
Se ficar instalado no Casal de Tralhariz, Pedro Coelho, um dos responsáveis por este turismo de habitação, é a pessoa mais indicada para dizer o que visitar nas redondezas. Não se esqueça que, para participar nas actividades, é necessária inscrição prévia.
Um dos passeios sugeridos implica levar o carro. A primeira paragem é nas Termas de S. Lourenço, que há muito aguardam uma requalificação para o real usufruto das águas termais, com indicações terapêuticas.
Para depois, está marcada a visita ao Santuário de Nossa Senhora da Graça, com fantásticas vistas panorâmicas.
Os vinhedos vão ser a companhia desta viagem que segue até à Senhora da Ribeira, junto ao rio Douro. E já que está por ali, a sugestão para almoço é o restaurante Senhora da Ribeira.
O regresso para descansar pode ser feito pela aldeia da Lousa. Não se esqueça também de passar no Castelo de Carrazeda de Ansiães. O carro fica à entrada do monumento e com os pés a caminho descubra este lugar histórico. Se subir às muralhas, as vistas são imperdíveis.
Passeios de barco e de comboio
No segundo dia pode experimentar as sugestões que unem passeios de comboio e barco. Os programas partem do Tua, de barco, até ao Pinhão, e aqui faz-se de comboio até à Régua.
Num dos programas, a viagem contempla uma visita à cidade da Régua e ao Museu do Douro e ainda a viagem entre Régua e Tua de comboio. Outro dos passeios inclui, além do passeio de barco e de comboio, a visita à Quinta do Panascal.
Se preferir, pode visitar a Enoteca Quinta da Avessada. Este espaço é um museu interactivo, com sistema multimédia, que fala da história e cultura da vinha e do vinho na Região do Alto Douro.
Este programa de visita à Enoteca pode ainda ser conjugado com provas de vinhos, enchidos e queijos regionais. Pode também optar por passeios pedestres. Os grupos podem marcar com empresas especializadas e organizar uma caminhada ou um passeio de BTT.
JN

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Douro quer apostar em rede de postos turísticos

A Turismo do Douro e municípios da região apresentaram ao Programa Operacional Regional do Norte (FEDER), candidaturas para a abertura e organização de 13 Centros de Informação Turística, num investimento máximo de 3,5 milhões de euros. Esta candidatura, que conta com o apoio das autarquias parceiras em 30 por cento do investimento, tem em vista o estabelecimento de uma rede infra-estrutural de acolhimento e comunicação, com os vários postos ligados entre si através de uma plataforma comum de intranet, que permite informar o visitante sobre o que se passa em toda a região, ou sobre, por exemplo, a disponibilidade hoteleira em qualquer localidade. No total haverão cinco centros âncoras, em Vila Real, Lamego, Alijó, Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa; e oito complementares, em Freixo de Espada à Cinta, Carrazeda de Ansiães, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Penedono e São João da Pesqueira, todos eles centrais e devidamente sinalizados para serem fáceis de encontrar.
Numa primeira fase, estarão também ligados ao Norte e, posteriormente, a todo o país. Qualquer turista que visite um dos Centros de Informação Turística poderá aí assistir a um filme e consultar, autonomamente, informação sobre a região, paisagística, histórica e cultural, bem como sugestões de roteiro e agenda, através de equipamentos multimédia, contando ainda com o apoio dos colaboradores destes espaços. No exterior, haverá ecrãs tácteis informativos, disponíveis, 24 horas por dia. Opção Turismo

terça-feira, 21 de setembro de 2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Daqui e dali... Carlos Fiúza

Liberdade versus Determinismo
(Esqueletos que pensava enterrados)

Hoje vou polemizar convosco; vou, pela primeira vez, vestir o hábito de "Cardeal Diabo" e "espremer" cada ideia, cada conceito dos vossos comentários.

“... um homem quando nasce é constituído por um hardware e por um software próprios, que irão ter de lidar com a vida que se lhe deparar ..." (JLM);
"... O Criador é isento de culpas" (Anónimo);
"... o subir o monte" (VAV).

Hipóteses:
1 - Será que o Cérebro humano se pode equivaler ao "hardware" de um computador (CPU), evoluindo ao sabor da ciência/tecnologia?
2 - Será que toda a nossa vida Cognitiva não passa de um "software", mais ou menos sofisticado, "parceiro" do conhecimento/tecnologia?
3 - Será que o Criador tem alguma "culpa"?

Se as premissas acima são válidas, onde se "encaixa", então, a vida Afetiva?
- E os SENTIMENTOS? Qual o seu "papel" e valor?

Temas interessantes, estes!... Curiosos, até!

Sendo eu um "fanático" da informática, procurando, sempre, o último grito da "tecnologia" no que diz respeito à "máquina" (hardware), com especial relevo para a "feitura" dos meus próprios programas (software)... aqui vai o que penso, relacionando o meu pensamento com a Filosofia (outra grande paixão da minha vida):

Tese:
O animal, pelo instinto, tende para o fim sem o conhecer.
Neste sentido, instinto é uma força ou tendência inata e específica que leva o animal à prática de certos atos úteis a si próprio e à espécie, sem que lhes "conheça" o fim ou a conveniência.

O HOMEM, pelo contrário, possui um poder superior - a INTELIGÊNCIA, mediante a qual conhece não só o fim para que tende, como também os meios adequados para o conseguir; à inteligência corresponde a vontade que procura o bem, não já o bem sensível, conhecido pelos sentidos, mas o bem moral, apreendido pela mesma inteligência.
É a inteligência que concebe e pondera os seus prós e contras, mas é a Afetividade que estimula a vontade a praticá-los, ou não.

O HOMEM, graças à sua inteligência, é capaz de sair de si mesmo e abarcar toda a realidade, trazendo-a para dentro de si, mediante as ideias.

E assim,
com o conhecimento das coisas, a pessoa vai adquirindo a consciência de si mesma.

Em face do universo, afirma-se como que um "EU", e isto porque
... CONHECE QUE EXISTE, PORQUE EXISTE E PARA QUE EXISTE!

A este "autoconhecimento" vem juntar-se o "autodomínio" ou a "independência" no atuar.
A pessoa não está sujeita às forças mecânicas do mundo físico, como as coisas, nem aos impulsos espontâneos e cegos dos instintos que dirigem os animais.
A pessoa conhece os fins do próprio ato e os meios que a eles conduzem; tem o poder de iniciativa e o domínio dos seus atos.

Esta riqueza indefinida como que apresenta à consciência o nosso mundo interior - é a multiplicidade da vida psíquica.
Todos os estados de consciência se referem a um "EU" uno e indivisível que, sustentando fenómenos diferentes, se reconhece como permanecendo idêntico a si mesmo debaixo da multiplicidade - é a unidade da vida psíquica.

A esta unidade, constituída por todos os factos psíquicos e atestada pela introspeção, dá-se em Psicologia, o nome de PERSONALIDADE.
Assim, a personalidade pode definir-se como a característica de um indivíduo que toma consciência de si mesmo e que é senhor dos seus atos - é como que a síntese unificadora da vida interior.

Daqui se conclui que para haver personalidade não basta a individualidade e a unidade; é, além disso, necessário o conhecimento dessa unidade.

Se examinarmos uma pessoa, ela aparece-nos como um indivíduo mas, assim, não atingimos ainda o que a pessoa tem de próprio e característico, pois indivíduos são também as plantas e os animais e ninguém lhes atribui personalidade.
A razão desta diferença está em que lhes falta a "consciência reflexiva" ou a razão, pela qual possam tomar conhecimento de si mesmos e conhecerem-se como um todo uno e individual.
Logo, o que nos coloca acima dos indivíduos e nos confere a dignidade de pessoas, é a RAZÃO.

É de facto pela dignidade de seres racionais que ultrapassamos o reino dos indivíduos e das coisas para nos elevarmos a uma existência singular no Universo.
Os animais e as plantas encontram-se fechados em si mesmos.
Os animais, em que já aparecem as primeiras manifestações de psiquismo, estão ligados aos destinos da espécie por instintos fatais.
O homem, pelo contrário, graças à inteligência, consegue ter ideias, saindo, assim, de si mesmo.

Neste sentido,
a personalidade é uma síntese de fenómenos psíquicos com o "eu", formando uma espécie de sistema.

É necessário que o HOMEM - "esse desconhecido", como lhe chamou Alexis Carrel - se "conheça cada vez melhor"; conheça as suas possibilidades, as suas energias internas, os seus sentimentos e paixões, a luz da sua inteligência, o calor da sua afetividade, a força da sua vontade - numa palavra, toda a sua atividade espiritual, para marcar bem o seu lugar na escala dos seres da Criação, saber quais são as suas possibilidades, o que de facto é e, assim, poder aperfeiçoar-se com vista a tornar-se o que deve ser.

Assim,
1. Será que o Homem é um ser livre, porque autodeterminado, ou pelo contrário,
2. Será que o Homem é um ser não livre, porque prédeterminado?

Todas as doutrinas que negam à vontade a propriedade de ser livre, e ensinam que o homem é, em todos os seus atos, determinado invencivelmente por influências exteriores ou interiores, têm o nome de DETERMINISMO.

Há, assim, os que entendem que todas as ações humanas são "evoluções espontâneas e necessárias de Deus".
É o chamado "Determinismo Panteísta", defendido por Espinosa, quando afirma que "a liberdade só convém a Deus" e que "os nossos atos não são nossos, mas do Ente Absoluto".
Outros há, como Santo Agostinho, que defendem que a vontade humana é determinada por Deus.
"Sendo Deus omnisciente, conhece e prevê todos os atos do homem. Ora o que Deus prevê acontece necessariamente; pois de contrário, enganar-se-ia".
Assim, para esta corrente (Determinismo Teológico) os atos humanos acontecem necessariamente e o homem não é livre.
A par destas duas correntes filosóficas, há, ainda, uma terceira - o "Determinismo Fatalista" - o qual reveste duas formas: o "Fatalismo Metafísico e Religioso" e o "Fatalismo Vulgar".
O primeiro explica as nossas ações e todos os conhecimentos do universo por uma "causa única e sobrenatural"; o segundo sustenta que, "como todos os acontecimentos do universo, a vontade é determinada nas suas ações pelo "destino" ou "fatum".
("Se está determinado pelo destino que hei de ser um filósofo, não necessito estudar filosofia porque o serei sem isso; se, ao contrário, está destinado que o não serei, é inútil o estudo, porque nunca o conseguirei" - quem não conhece este silogismo?!).

A par destes determinismos, há, ainda, os chamados "Determinismos da Razão".
Uma das teorias defende o "Determinismo Mecânico ou Fisiológico", segundo o qual a nossa vontade é dirigida por leis mecânicas e as suas operações são atos meramente reflexos.
A sua base de apoio é o materialismo.
Os autores desta teoria fundam-se em estatísticas que nos dão a conhecer, por exemplo, que o número de suicídios cometidos durante um ano é mais ou menos o mesmo para todos os anos, ou que o número de cartas dirigidas sem direção é também mais ou menos constante, omitindo que as estatísticas determinam médias e não casos particulares.
De acordo com esta teoria seria este ou aquele indivíduo obrigado a suicidar-se ou a enviar uma carta não endereçada para perfazer o número previsto? Certamente que não.

Uma outra doutrina, o "Determinismo Psicológico", afirma que a nossa atividade voluntária é determinada pelos motivos mais fortes; é como uma balança que se inclina sempre para o lado do peso maior.
Este determinismo pode apresentar dois aspetos: o "Determinismo Psicológico Vulgar" que suprime totalmente a liberdade, e o "Determinismo Psicológico de Leibniz" que salvaguarda a liberdade, pois que ela é o poder de atuar segundo a razão.
"Como podemos conciliar o valor dos nossos motivos com a liberdade?" pergunta Leibniz, e responde: "esta questão é difícil, pois que, se a liberdade consistisse em nos decidirmos sem motivos, o ato livre não seria racional e desceríamos à condição de animais; se, ao contrário, nos determinarmos por um motivo mais forte, parece que não somos livres".

Com base nestes pressupostos, o que é ser livre?

- Para alguns, ser livre "não é operar sem motivos ou contra os motivos propostos, avaliados e aprovados pela própria razão".
- Para a maioria (nos quais me incluo),
" a grande função da liberdade, será, enfim, a de elevar o homem da ordem sensível ao bem moral; é levá-lo a viver conforme a razão".
É na posse de um princípio ativo superior - a vontade livre - que a pessoa contrói o seu destino, através de caminhos originais, não contidos no determinismo da natureza dos instintos, e é o seu conhecimento que lhe dá o sentimento da responsabilidade, pela convicção de que somos nós próprios os autores dos nosso atos e os seus verdadeiros senhores.

LAHR afirmava serem três as prerrogativas da pessoa:

- CONHECER-SE

- POSSUIR-SE
- GOVERNAR-SE

Os indivíduos infra-humanos têm como fim servirem de meio; ao contrário, a pessoa possui um destino que é exclusivamente seu e sente capacidade para o prosseguir, exigindo o que para tal é indispensável, isto é, é um sujeito de DIREITOS... é um sujeito LIVRE!

- É a liberdade que permite ao homem, como homem que é, não estar sujeito às forças mecânicas das leis físicas e ao impulso fatal dos instintos;
- É a liberdade que dá ao homem a iniciativa e domínio dos seus atos;
- É a liberdade a grande prerrogativa da pessoa, a base da sua dignidade e o fundamento do seu valor.

Etimologicamente, a palavra liberdade significa isenção de um vínculo ou negação da determinação pura para uma só coisa, definindo-se em geral como o poder fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

Neste sentido, ser livre é PODER FAZER, e por isso, sob este ponto de vista, há tantas espécies de liberdade quantas são as formas de atividade.

Assim, teremos:
- a liberdade física que significa estar isento de toda a coação ou obstáculo que nos possa impedir o exercício da nossa atividade física - o preso não tem liberdade física;
- a liberdade civil que consiste no reconhecimento pelas leis da nossa possibilidade de ação, dentro dos limites estabelecidos e exigidos pela ordem social - o escravo não tem liberdade civil;
- a liberdade política, de religião, de imprensa, etc.. Todas estas liberdades afetam a execução da vontade e significam poder fazer ou não fazer; são exteriores, podendo ser dadas ou suspensas por agentes externos.

A liberdade moral ou liberdade psicológica afeta a decisão e significa querer ou não querer; é uma auto determinação, é intrínseca e constitui uma propriedade da vontade, deliberando, decidindo por sua própria iniciativa.
A sua existência é independente de qualquer força exterior e interior.
A liberdade moral ou psicológica pode, assim, definir-se como sendo o poder que tem a vontade de se determinar por si mesma a uma coisa ou a outra, a querer fazer ou não uma coisa, ou a querer fazer antes uma do que a outra, independentemente de qualquer força extrínseca ou intrínseca.
Esta liberdade não é o mesmo que poder fazer mal; tal poder provem de abuso da liberdade.

O Ser é tanto mais livre, quanto mais se liberta das suas más inclinações e fielmente cumpre o seu dever.

A existência da liberdade no homem verifica-se pela análise introspetiva do ato voluntário, nas suas diferentes fases.
Esta análise constitui o "argumento direto da consciência".

Enquanto DELIBERAMOS, temos plena consciência de que aqueles atos dos quais refletimos, não nos arrastam, necessariamente, para serem eleitos.
Temos consciência de poder dominar os motivos e os móbeis que nos solicitam, abreviar ou prolongar o exame, fomentar ou não a decisão.

Quando pomos fim à deliberação e nos DECIDIMOS a eleger uma parte da alternativa, temos plena consciência de o fazermos unicamente porque queremos e não porque a isso fomos arrastados irresistivelmente pelo objeto.
Estamos plenamente conscientes de escolher, entre os dois atos um, mas de maneira que pudéssemos eleger também o outro, se quiséssemos.

Durante a EXECUÇÃO, a consciência atesta-nos que podíamos voltar atrás, anular a decisão e recomeçar a deliberação.

Se o homem não fosse livre, não seria fácil explicar alguns factos observados pela consciência, como, por exemplo ,

- refletirmos acerca de atos que nos são propostos para eleger;
- atribuirmos a nós próprios ações dignas de mérito ou castigo;
- sentirmo-nos capazes de ser regidos por leis.

A LIBERDADE é, assim, também, o fundamento necessário da ordem moral e, por via disso, indispensável para o homem poder levar uma vida digna de si e da sociedade humana.
Com efeito, negada a liberdade, deixam de existir ações moralmente boas ou más, deixa de existir a obrigação e o direito, a responsabilidade e a sanção e, por conseguinte, o motivo para evitar as ações más e o estímulo das boas, isto é, deixa de existir toda a vida moral.
De facto, a moral exprime o dever de ser do homem em relação ao seu fim último.
Ora a imposição de um dever supõe a possibilidade de se poder ser diferente daquilo que se deve ser, isto é, supõe LIBERDADE.

Mas é pela INTELIGÊNCIA que a pessoa se conhece como algo de superior a todos os restantes seres do universos; que tem uma função nobre a cumprir...

A LIBERDADE não é um meio para a realização de um fim diferente de si mesma, mas ela própria é o seu seu fim... que realiza por si mesma.

Carlos Fiúza

P.S. Estou ciente do "Erro de Descartes" (António Damásio)... como ciente estou da evolução da neurociência ("Como Decidimos"-Jonah Lehrer).
Aceito as bases científicas do determinismo biológico (ADN, por exemplo)... mas tão só).
Não aceito que o poder "sonhar" seja uma "determinação" exterior a mim!

“Pare, Escute, Olhe”, de Jorge Pelicano

“Pare, Escute, Olhe”, de Jorge Pelicano integra a selecção oficial do DOCSDF - Festival Internacional de Cine Documental de la Ciudad de México, que decorre na Cidade do México de 21 a 31 de Outubro; e do 13th Istanbul International 1001 Documentary Film Festival, que decorre na Turquia, de 29 de Outubro a 4 de Novembro.
No DOCSDF, Pare, Escute, Olhe integra a secção Latino-Americana para melhor documentário, é o único filme português em competição. É a segunda vez que o DOCSDF selecciona uma obra de Jorge Pelicano que com o seu primeiro trabalho arrecadou uma Menção Especial neste Festival, em 2008.
DOCSDF é o maior festival de cinema de nossa cidade. É uma reunião entre directores, produtores, académicos, estudiosos e documentário amador. O Projecto DOCSDF permite uma verdadeira aproximação e intercâmbio entre os convidados, alunos e visitantes, promovendo uma melhor compreensão, análise e dinâmica para o género que, durante o Festival, torna-se verdadeiro protagonista dentro e fora do ecrã.DOCSDF permite que os moradores desta grande cidade têm acesso a várias janelas para ter um olhar para o mundo e suas diferentes realidades através de documentário, promovendo não só o gosto pelo género, mas a abertura e a geração de uma consciência crítica da realidade que nós passamos, que vivemos e aquilo que pode nos aguardam no futuro”.
Mais informações: http://www.docsdf.com/

sábado, 18 de setembro de 2010

O regresso a casa na aldeia do Tua

Na Foz do Tua, faltam 20 minutos para as 19.00 e o sol já desapareceu atrás dos montes que entalam o Douro. O dia escolar de Tânia está prestes a chegar ao fim. À saída do autocarro, junto à emblemática estação ferroviária, a mãe, uma vizinha e três jovens que já chegaram da escola aguardam numa cadeira da esplanada do café Calça Curta para saber como foi o primeiro dia do 4.º ano. "A comida foi carne com esparguete", diz Tânia sem dar grande importância, abanando-se ao som da música que vem a cantarolar.

A menina vive a 15 quilómetros do novo centro escolar de Carrazeda de Ansiães, para onde foi transferida este ano depois de a escola de Castanheiro ter fechado, bem como outras cinco que obrigaram à concentração de alunos na sede de concelho. A escola da sua aldeia já encerrou há quatro anos, quando o irmão Rafael andava na primária, por isso, serpentear a serra de autocarro e recolher alunos nas aldeias já não é novidade. Só mudaram os horários. Vai mais cedo e vem mais tarde. "Vai ser assim todos os dias? No Inverno vai ser bonito", diz Estrela Fernandes, a mãe, ao motorista que já deixou três meninos numa quinta e segue caminho.

Se pudesse escolher, era na escola nova que preferia estar, diz Tânia, que caminha junto à varanda que separa as casas do leito do rio. São dez minutos a pé, hoje acompanhados pela mãe porque é dia especial, até chegar a casa, onde ainda há tempo de ver televisão antes de jantar. Mas a opinião não é unânime. Ana, já no 8.º, andou na escola do Tua, na do Castanheiro e já mudou para a vila. "Gostava de ter ficado aqui até ao fim. Comia em casa, não havia tanta confusão."

É do caos instalado que se queixam os pais que esperam junto ao centro escolar às 17.30. Alguns jovens dizem não ter almoçado, porque os alunos da primária, que sobem até ao refeitório da escola dos grandes, tiveram de comer primeiro. Os pais, encostados à grade, aguardam que lhes passem os filhos para o lado de cá, enquanto os que seguem para as aldeias tentam encontrar lugar na carrinha de regresso. Para transportar quase metade dos 250 alunos para as aldeias, estão oito autocarros à porta do centro, com as auxiliares a procurar os meninos, numa confusão de pó, gritaria e fumo de escape. Um pai de etnia cigana aguarda pela filha numa carroça puxada a burro.

As críticas ao funcionamento do novo centro não se ficam pela voz de pais e alunos. José Luís Correia, presidente da autarquia, herdou o projecto e não lhe poupa reparos: a escassa e sombria área de recreio, a falta de refeitório e o acesso exterior, e de balneários. E lamenta que seja esse o destino das aldeias, já altamente marcadas pelo despovoamento. "Não quero ser pessimista, mas este é um mal que não queremos ver. Começou nas aldeias, vai passar para as vilas e depois para as cidades. Resta o litoral do País." DN

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Governo perto de ultrapassar dívida prevista para 2010

De Janeiro a Agosto, o aumento líquido da dívida pública portuguesa foi de 14,2 mil milhões de euros, muito próximo do limite de endividamento global autorizado no OE para a totalidade do ano, que é de 17,4 mil milhões de euros. Olhando para o volume de emissões de dívida realizadas este ano, verifica-se que a necessidade de pedir dinheiro emprestado ao mercado tem sido cada vez maior.
Numa conta simples, feita pelo economista João Duque, Portugal está a agravar o seu endividamento a um ritmo de 2,5 milhões de euros por hora. No ano passado, exactamente de Janeiro a Agosto, o endividamento do país aumentou em 11,1 mil milhões de euros. Ou seja, o ritmo de endividamento era de 1,9 milhões de euros por hora, menos 27 por cento do que o ritmo actual. (...) Público

Douro: Vinho e turismo são estratégicos para a região duriense

O vinho e o turismo são domínios estratégicos para a Região Demarcada do Douro, defendeu, o chefe de Estrutura de Missão Douro (EMD), Ricardo Magalhães em conferência de imprensa realizada em Carrazeda de Ansiães.
A região do Douro está a rebentar pelas costuras, o que significa que temos de aumentar a oferta turística em quantidade e sobretudo em qualidade” sublinhou o responsável.
Ricardo Magalhães, relembrou ainda que “este ano há uma oferta maior no que diz respeito à dinamização turística na região duriense”.
“Os programas articulados entre as quintas do Douro, operadores turísticos e de transportes, em estreita colaboração com as agências de viagens, fazem do vale do Douro uma região única a nível nacional”, frisou o chefe da EMD.
O arranque da Festas das Vindimas foi assinalado com o lançamento em pleno Vale do Douro de dois cachos de uvas gigantes construídos com balões, o que simboliza o arranque das épocas das vindimas ”, disse à RBA, o presidente da Rota do Vinho do Porto, António José Teixeira.
As iniciativas tomadas são um apelo directo para a vinda dos turistas à região do Douro vinhateiro.”Temos diversos programas que vão desde a participação dos turistas em vindimas, lagaradas, provas de vinhos e degustações gastronómicas”, salientou o responsável.Durante a cerimónia foi ainda apresentado o site www.vamosasvindimas.com. RBA

Vindimas no Douro tornam-se atracção turística

A Rota do Vinho do Porto quer aliar o turismo ao trabalho árduo da colheita das uvas das quintas e da produção de vinho.
O programa da Festa das Vindimas 2010 foi apresentado ontem, na Quinta da Senhora da Ribeira, em Carrazeda de Ansiães, e tem como cereja em cima do bolo uma festa em tons de cor-de-rosa.
Há uma oferta muito diversificada e cada vez mais completa, mas deixamos a sugestão para experimentar algo de inovador. No próximo sábado vai decorrer no Solar do Vinho do Porto, na Régua, a primeira Pink Rose Party que é uma surpresa” anuncia o presidente da Rota do Vinho do Porto.
António José Teixeira, salienta ainda que esta festa tem duas DJ e modelos e actrizes convidadas.
Vai durar toda a madrugada e obriga os participantes a levar uma peça de vestuário ou adereço cor-de-rosa.
O objectivo é criar um ambiente de promoção dos vinhos rosé.
Para além desta festa, foi programado um conjunto de actividades que decorrem entre 15 de Setembro e 30 de Outubro, como provas diárias de vinhos, participação em vindimas e lagaradas, seminários, concertos de Jazz e diversas exposições.
São iniciativas complementares que possibilitam ao turista estar em constante movimento.
Este programa tem programas que funcionam por se complementarem uns aos outros” afirma. “Hoje é possível ficar a dormir numa casa de turismo, jantar num bom restaurante, ir beber um copo, fazer uma pizza, ir a um bom espectáculo num cinema ou num teatro” acrescenta, salientando que “
hoje já se consegue ter o tempo quase todo ocupado pois as opções vão ser muitas”.
O único problema do Douro é que a capacidade hoteleira ainda é limitada, o que está a obrigar a enviar turistas para dormir em Viseu e Chaves.
CIR/Brigantia

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Daqui e dali... Carlos Fiúza

“Georges! anda ver o meu país de Marinheiros..."

Olha!...
"...
Lá sai a derradeira!
Ainda agarra as que vão na dianteira, ...
Como ela corre! com que força o Vento a impele..."


Diante de mim está o mar, e ele (com António Nobre) pega-me no espírito e leva-o até a poesia das páginas bíblicas…

- “Fez Deu o firmamento, e dividiu as águas, que estavam por baixo do firmamento, das que estavam por cima do firmamento. E assim se fez”.
- Disse também Deus: "As águas que estão debaixo do céu, ajuntem-se num mesmo lugar, e o elemento árido apareça. E assim se fez”.
- “E chamou Deus ao elemento árido Terra, e ao agregado das águas Mares. E viu Deus que isto era bem”.
- E Deus, após criar o homem e a mulher, os abençoou e disse: “Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra, e sujeitai-a, sobre os peixes do mar, e sobre as aves do céu, e sobre todos os animais que se movem na Terra”.
(Génesis).

É estupendamente admirável como a simpleza da linguagem bíblica se adapta a todas as verdades!
O homem lançou ao mar a madeira, e lá veio o domínio sobre os peixes, domínio simbólico e real.
E hoje o homem já domina as aves do céu!
Pois que são os aviões senão “aves grandes” com que o homem venceu as demais?

Atraído o cogitar para este "feiticeiro" azul que é o oceano, aqui defronte, estava fugindo ao tema obrigatório - a língua portuguesa.
Fugindo não, porque o mar, se é poliglota, uma das línguas que ele fala melhor é a nossa.
Não ouviu ele os Portugueses praguejando contra as violências da sua fúria?

Cousas do mar, que os homens não entendem,
Súbitas trovoadas temerosas,
Relâmpados, que o ar em fogo acendem,
Negros chuveiros, noites tenebrosas,
Bramidos de trovões, que o mundo fendem.
(Lusíadas, V, 16).

Tudo isto ficou para sempre cantado, sublimemente, por Camões na língua de Portugal.
A própria bonança, em pós da tempestade, espalhou-se em versos como estes, de belo contraste marítimo:

Despois de procelosa tempestade,
Nocturna sombra e sibilante vento,
Traz a manhã serena claridade,
Esperança de porto e salvamento…

(Lusíadas, IV, 1).

A língua de Portugal está molhadinha até aos ossos pelas águas marítimas…
Se há verbo fluido, esse é Português - "Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”.
Ora Portugal andou com o oceano… a língua portuguesa não podia ter a aridez de uma língua interior.
E assim. a nossa língua está cheiinha de locuções marítimas, em que as fainas por sobre o elemento líquido deixaram sua marca:

- “Mar de lágrimas, mar de gente, mar de infortúnios..."
- “Se queres aprender a orar, entra no mar..."

Comparações, imagens, figuras de vária sorte rompem forçosas as contemplações das águas.
"Fundo como o mar"... até a grandeza abissal vai ao mar buscar comparança.

Ó mar alto, ó mar alto,
Ó mar alto sem ter fundo.
Mais vale andar no mar alto
Do que nas bocas do mundo.

Note-se que não é só no campo das figurações prosaicas ou poéticas, por vezes coincidentes com as de outras línguas oceânicas, que a nossa expressão de maritima.
Temos numerosos vocábulos portuguesíssimos com feição marítima - v.g. marulho, maré, marear, mareiro, marejado, maresia, maroto, marotear, mariola, etc., etc.

Esgueiro-me da ideia aliciante de seriar frases, provérbios e versalhada onde as águas marítimas marcam sua presença.
Quero dar à minha meditação a indisciplina das ondas que estão brincando umas com as outras...
Correm, avolumam-se, e vão, esfalfadas da carreira, extinguir-se no deslize final sobre a areia, levemente espumada.
Sucedem-se, e mal se lhes lobriga razão unitiva!

Pois agora me veio salpicar a mente esta onda irritantemente filológica:
"O mar é macho em português!"
E fêmea em espanhol, em francês, em inglês (frequentemente na poesia), em alemão (quando se emprega Die See).
À parte o italiano, vê-se, pois, que as línguas cultas feminizaram o mar.
Mas, no português, o mar é "macho"!...

A força desse gigante, a sua tamanhez em relação ao elemento sólido, a Terra; a sua agilidade e violência bravíssima, que se espuma de raiva, o rugido nas crises procelosas, e até a calma capciosa, em contraste com o nervosismo feminino; tudo nos figura o ajustamento da palavra “mar” à masculinização.
Ainda a nossa língua estava indecisa, e já a palavra “mar” surgia predominantemente masculina, embora “praia-mar” e “baixa-mar” sejam provas de que esteve para ser "menina" o mar português.
O nosso Poeta máximo, deixou talvez explicada a razão de mar ser apropriadamente masculino:

Não é, disse Veloso, cousa justa
Tratar branduras em tanta aspereza,
Que o trabalho do mar, que tanto custa,
Não sofre amores, nem delicadeza.
(Lusíadas, VI, 41)

Como se vê, os jeitos masculinos do gigante líquido (jeitos que os Portugueses em suas andanças por sobre as águas tão bem conhecem) são incompatíveis com a feminilidade.
Os poetas são homens que não apenas sofrem beleza, mas a conseguem traduzir.
E eles encontram com que e como dizer o que a magnitude líquida inspira.
A gente portuguesa, quebrantando vedados términos, ousou

“…....... ver os segredos escondidos
Da natureza e do húmido elemento


como lhes chamou Camões (Lusíadas, V, 42).

Séculos depois, um outro Poeta de Portugal, Fernando Pessoa, haveria de recordar, exclamando ao mar português:

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó Mar!...

Mas onde quero chegar é a isto:
- se o próprio mar se entregou ao homem, dando-lhe peixinhos e peixões das suas entranhas, para que diabo tomaram os homens dos peixes o exemplo de comezaina recíproca?
Sim, porque é que nos havemos de comer uns aos outros, em vez de nos amarmos?
.......
Estoutra onda que me ia molhando, trouxe-me mais umas tantas salpicadelas...
Parece que a onda quis dizer-me - Mas isso é língua portuguesa?
Peço desculpa.
Reconheço que estas minhas palavras, escritas à beira-mar, foram um pouco rolantes e sobrerrolantes...
Talvez influência das ondas que estive olhando…
É que o meditar à beira do oceano concede irrequietude imaginosa!...
".....
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes,
"Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!"
(Fernando Pessoa)

... Vê, Georges, como é lindo

“... O meu país das Naus, de esquadras e de frotas!"


Carlos Fiúza

O que se disse... Luís Figo

«A única coisa que posso dizer é que quando quiser mais problemas regresso a Portugal.»

Antigo internacional e capitão da selecção nacional de futebol, Luís Figo

Faltam verbas para IPSS’s

Há falta de verbas na Segurança Social para apoiar as Instituições Particulares de Solidariedade Social do distrito de Bragança.
A directora regional da Segurança Social, admite que o orçamento anual tem ficado aquém das necessidades do distrito.
Não temos tido o valor ideal e ajustado àquilo que são as nossas necessidades porque frequentemente está a ocorrer ampliação de instalações nas respostas sociais de lares de idosos” refere Teresa Barreira. “De qualquer forma temos estado a ajustar em comparação com anos anteriores”.
A Brigantia sabe que em 2010 estiveram disponíveis cerca de 300 mil euros.
Mas Teresa Barreira recusa, para já, adiantar se haverá um aumento das verbas para o próximo ano.
O programação para o próximo ano faz-se agora, mas isto não passa de um plano de intenções pois as prioridades ainda não estão definidas” afirma, acrescentando que para o distrito de Bragança “ainda não fizemos o levantamento das necessidades para o anos de 2011”.
No entanto, apesar de ainda não haver um levantamento oficial, Teresa Barreira admite que seria preciso pelo menos mais cem mil euros para o distrito de Bragança. Brigantia

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Defensores da linha do Tua vão promover vigília em Lisboa

O Movimento de Cidadãos em Defesa da Linha do Tua, o Movimento de Defesa da Linha do Tua, a Associação dos Amigos do Vale do Rio Tua e o Partido Ecologista “Os Verdes” promovem no próximo dia 18 de Setembro uma vigília em Lisboa em prol da Linha Ferroviária do Tua.
Esta iniciativa vai ser enquadrada na Semana Europeia da Mobilidade e “pretende reafirmar perante o poder central o direito das populações transmontanas à mobilidade e o importante contributo que esta linha férrea, cujo valor patrimonial de excepção é inegável, deu desde a sua inauguração há 123 anos atrás, para essa mesma mobilidade e para o desenvolvimento do Vale do Tua”, anunciam os promotores em nota de imprensa.
A acção visa ainda sensibilizar a opinião pública para a importância patrimonial da ferrovia e da sua inserção numa paisagem que poderia funcionar como uma importante mais-valia de desenvolvimento local.
O movimento de cidadãos que defende a preservação da ferrovia afirma, na mesma nota de imprensa, a necessidade de se fazer ouvir a voz dos cidadão que se opõem à destruição da Linha do Tua. “Numa altura em que pesa sobre a Linha do Tua a ameaça de submersão, é, mais que nunca, fundamental fazer ouvir a voz das populações do Vale do Tua, dos transmontanos, de todos os que têm defendido esta Linha, de todos os que defendem o direito à mobilidade como uma componente essencial do desenvolvimento e da modernidade, de todos os que consideram o caminho-de-ferro como um transporte amigo do ambiente e ainda de todos os que defendem que os valores patrimoniais deste país devem ser preservados e contribuir para o seu desenvolvimento”, referem.
A Vigília terá lugar no próximo Sábado dia 18 de Setembro, entre as 18 e as 24 horas, no Largo Luís de Camões, em Lisboa. Durante a Vigília haverá diversas animações de carácter cultural. NN

“Festa das Vindimas” apresentada amanhã em Carrazeda de Ansiães

Terá lugar amanhã, 15 de Setembro, pelas 11 horas, a apresentação oficial do programa da “Festa das Vindimas” do Douro 2010, sob o mote “Vamos ao Douro às Vindimas?”. A sessão terá lugar na Quinta da Senhora da Ribeira, em Carrazeda de Ansiães, e servirá ainda para apresentar o website oficial do programa das vindimas e a campanha promocional que será realizada. O arranque oficial da “Festa da Vindima” será assinalado simbolicamente com o lançamento, em pleno Vale do Douro, de um cacho de uvas gigante construído com balões, momento visualmente impactante. Após a sessão, serão realizados uma vindima tradicional e um almoço típico. Os promotores da iniciativa - Rota do Vinho do Porto, Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, Turismo do Douro e Estrutura de Missão do Douro - prometem a maior oferta de actividades de animação de sempre: participação em vindimas, experiências de pisa, visitas guiadas e eventos especiais. Entre as iniciativas que serão apresentadas estará a festa oficial da Rota do Vinho do Porto, sob a marca “Pink Rose Party”, quer terá lugar no próximo dia 18, a partir das 23h00, no Solar do Vinho do Porto, no Peso da Régua, com bebidas exclusivamente rosé e da região. Notícias de Vila Real

Ano lectivo arranca sem apoio aos carenciados

O ano lectivo começou sem apoio de acção social escolar e com uma chuva de protestos de pais que desconhecem que ajuda vão receber os filhos e não tiveram dinheiro para adiantar na compra dos livros. A culpa é do atraso na publicação do despacho do Governo.
Livros, material, refeições, tudo está por definir. Os estabelecimentos de ensino estão a recusar adiantar os apoios sem que o despacho do Governo seja publicado. Muitos pais “bateram com o nariz na porta” na tentativa de levantar os vales necessários para a compra dos manuais nas livrarias
. (...) JN

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Pare, SCUT e olhe

Henrique Monteiro

Douro Jazz leva música às escolas

É a novidade da sétima edição do festival Douro Jazz, que se realiza entre 17 de Setembro e 16 de Outubro, em Vila Real, Bragança, Lamego, Chaves e São João da Pesqueira.
Este ano, Peso da Régua ficou de fora porque questões orçamentais.
O director do Teatro Ribeiro da Conceição de Lamego, explica o que o que se pretende com a iniciativa dirigida às escolas é que “o Douro Jazz entre nas escolas e que ofereça às crianças que estão no recreio um concerto de jazz naturalmente mais curto do que o normal”. Rui Fernandes acrescenta que depois os músicos devem disponibilizar-se “para falar com as crianças sobre perguntas que elas queiram fazer, sobre o festival, os instrumentos os músicos, o tipo de música”.
O director do Teatro de Vila Real, destaca os principais dos 65 espectáculos previstos, com 80 músicos de cinco países envolvidos.
O concerto do Al Di Meola está previsto para o encerramento. É um concerto único em Portugal e é uma aposta forte do ponto de vista artístico” destaca Vitor Nogueira. “Mas há outros nomes muito interessantes como é o caso de Peter Bernstein que é um promissor guitarrista norte-americano e o The Quentin Collins Trio que é uma proposta de Inglaterra muito interessante também” acrescenta.
A directora do Teatro de Bragança valoriza o trabalho que tem vindo a ser conseguido e diz que o Douro Jazz atingiu, este ano, a maioridade.
Entendo isso porque ao fim de sete anos temos o festival bem instalado e tem onze mil espectadores o que é muito significativo comparado com os números de outros festivais mais centralizados” salienta Helena Genésio.
A programação complementar do festival Douro Jazz integra exposições, arruadas dixieland, acções de promoção ligadas aos vinhos e aos produtos culturais da Região Demarcada do Douro.
CIR/Brigantia

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Público

Classificação da Linha do Tua avança e pode impedir construção de barragem

Já foi publicado em Diário da República, a abertura do processo de classificação da Linha Ferroviária do Tua, que poderá suspender as obras da barragem de Foz Tua.
De recordar que a petição, assinada por cerca de cinco mil pessoas, para a classificação da Linha do Tua como Património de Interesse Nacional, foi entregue a 26 de Março e teve parecer favorável do IGESPAR, no passado dia 18 de Junho.
Esta demora entre as datas do parecer e da publicação em Diário da Republica, já tinha feito com que os subscritores tivessem ameaçado levar o caso a tribunal.
É obrigatório que um despacho seja publicado em Diário da República e que os interessados sejam notificados” explica Manuela Cunha, dirigente do Partido Ecologista “Os Verdes”, e subscritora da petição.
Para que isso acontecesse foi preciso pedir uma certidão ao IGESPAR e nesse pedido avisávamos que íamos recorrer para a justiça para obrigar à notificação” acrescenta. “Este acto é importante porque pois só a partir daqui é que começa a contar a abertura do processo de classificação e agora podemos afirmar que a Linha do Tua está em vias de classificação”.
Os Verdes” lembram que, a partir de agora, a Linha está em vias de classificação, e que isso implica a suspensão de qualquer obra que ali possa vir a ser feita, nomeadamente as obras de construção da Barragem do Tua, cujos trabalhos a EDP prevê começar até Dezembro.
A primeira implicação é a suspensão de todas as obras e licenças, mas o próprio aviso considera que não suspende, por isso nós temos de confirmar isso do ponto de vista jurídico” refere Manuela Cunha, avisando que “nós recorreremos para tribunal se for necessário e continuar a ver todas as hipóteses legais para impedir que a barragem de Foz-Tua seja licenciada” de forma que “o valor patrimonial da Linha do Tua seja reconhecido de uma vez por todas e que isso sirva para repor a linha ao serviço do transporte das populações permitindo que seja um dos pilares do desenvolvimento turístico do vale do Tua”.
No entanto, a ministra da Cultura já tinha afirmado que o processo de classificação da linha ferroviária do Tua como monumento nacional "não vai interferir" com a construção da barragem de Foz Tua.
Manuela Cunha, dirigente do partido “Os Verdes”, desvaloriza estas declarações e garante que tudo fará para que a Linha do Tua se mantenha.
CIR/Brigantia

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

O auto da pimenta de Carlos Queirós

Vejo (já vistas) muitas discussões sobre qual a questão de fundo no(s) processo(s) a Carlos Queirós: se a obstrução ao processo de doping (pelo desviante Rui Santos), se a menor gravidade por relação com o tapa de Scolari, em defesa de seu minimo (pelo influente José Manuel Meirim).
Para mim, o caso está muito simples, como o fora já com Scolari. Trata-se do Exemplo que se dá,
do exemplo a não seguir, ou: - O que é que se está a dizer às crianças que estão nas escolas... de futebol?
Que se pode usar o calão ou certas expressões insultuosas à vontade do freguês, sem pimenta na língua, seja para colegas, árbitros, treinadores... E público, em geral. Que,
metaforicamente, concordo com o cartão vermelho a ser-lhe mostrado por Jorge Coroado, como com a demissão conjunta (pack ou parque) de todo o jurássico existente na Federação, segundo as sábias palavras de David Borges.
VAV

Post Scriptum: Carlos Queirós, que eu considerava muito (até para um lugar em novos corpos federativos), perdeu toda a credibilidade, quando, na linha de Scolari, se envolveu fisicamente com um jornalista desportivo, no aeroporto. Ademais se, mostrou na intimidade, num daqueles programas teelvisivos e aí o perscrutei, jogando bilhar com Agostinho Oliveira, ostentando aquele contra-arrazoado que os jogadores só se falam entre si, num jogo íntimo. Público, restou o desejo de comunicar em/o baixo nível.

Autarca e encarregados de educação apontam falhas ao novo Centro Escolar de Carrazeda de Ansiães

Daqui e dali... Carlos Fiúza

Perdão… mas sou reacionário!

Quando a gente leva uma pisadela, na província a pessoa que nos pisa diz-nos - desculpe, foi sem querer; na capital, o pisador exclama-nos - perdão!

Filosofia linguística do caso:
O povo provinciano mantém nas expressões: peço desculpa, desculpe, faz favor de desculpar e equivalentes o grau de delicadeza suficiente para traduzir que lamenta o sucedido com o pedido de ser considerada a falta de culpa (des, prefixo negativo + culpa).

Na capital, e já também em cidades e vilas do País, vai predominando o pedido exagerado, automático, mecânico e por vezes falso (e até… hipócrita) do perdão.

Uma professora acha que um “aluno só merece 10 valores se adquiriu as competências mínimas nas vertentes teóricas e práticas da disciplina que leciona”?
Ao ser apanhada pela sua Faculdade em falta tão grave, indiciadora de um reacionarismo a toda a prova,
a referida professora muito possivelmente disse “desculpe”… quando deveria ter dito - perdão!

- “Ah! Perdão, mas foi sem querer que dei um 8! O chumbo de mais de 50% dos meus alunos foi um lamentável erro da minha parte”.

E a pergunta que se impõe é:
Se o pedido de “perdão tivesse surgido não teria seguido o seu “caminho”?

E a resposta provável seria:
- “Não faz mal. Vá com Deus! Mas, para o ano, não aumente o insucesso escolar. Lembre-se dos direitos dos alunos ao sucesso!”

E assim teria mantido o emprego…
… e não teria seguido direitinha para o “campo de reeducação em Ciências da Educação”!…

Omnia pro Patria!

Carlos Fiúza

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

XV FEIRA DA MAÇÃ, DO VINHO E DO AZEITE

Feira da Maçã no centro da vila revelou-se aposta ganha

Para o representante da Associação dos Fruticultores, Viticultores e Olivicultores do Planalto de Ansiães as mudanças no modelo de organização da Feira revelaram um sucesso. “Esta mudança do antigo recinto para este novo espaço, mais aberto e mais perto das pessoas, trouxe um aumento das vendas na ordem dos trezentos por cento em relação a campanha anterior”, garantiu o representante da Associação e produtor de Maçã José Joe. Embora satisfeito com o aumento das vendas José Joe salientou que o mais importante na Feira “é a oportunidade de poder mostrar às pessoas a nossa maçã”, disse.
Da mesma opinião mostrou-se o produtor de Vinhos, Manuel Meireles. “Penso que, este ano, a organização foi feliz com este novo formato para a Feira e isto tem-se traduzido em benefício para o certame”, referiu o produtor, tendo acrescentado que “as pessoas andam mais à vontade e não existe aquela enchente que era habitual e que, por vezes, até afastava algumas pessoas”.
Manuel Meireles justificou ainda a sua presença na Feira da Maçã, Vinho e Azeite como uma forma de “mostrar a quem vem de fora as forças vivas do concelho”, acrescentado que ”todos devemos fazer algumas coisa pela nossa terra”, refere.
As mudanças na XV Feira da Maçã, Vinho e Azeite de Carrazeda de Ansiães, também foram do agrado da produtora de azeite Otília Preto. “Acho bem, porque assim as pessoas movimentam-se mais, enquanto que o ano passado passávamos ali o tempo “encurralados”, confessa. Otília Preto diz que marcou presença na XV Feira da Maçã, Vinho e Azeite de Carrazeda de Ansiães como uma forma de promover os seus produtos. “Este ano o negócio está fraquinho. A nossa presença na Feira é, essencialmente, para promover o produto em si”, disse.Embora satisfeita com a mudança da Feira para o centro da vila, a produtora de azeite sugeriu que para a próxima edição “talvez colocar os pavilhões um bocadinho maiores, com saída pelos dois lados, seria ainda melhor”, sugeriu Otília Preto.
Noélia Ribeiro, de Vila Nova de Gaia, que já não visitava o certame há alguns anos, disse preferir o novo modelo de organização do certame. “Acho que beneficia mais os comerciantes, do que estar num só local. Esta mais diversificada, as pessoas passeiam mais um bocadinho”. Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, José Correia, referiu ter recebido uma reacção positiva por parte dos comerciantes. O autarca mostrou-se assim satisfeito com a adesão das pessoas à XV Feira da Maçã, Vinho e Azeite. “Este ano temos muito mais gente, é incomparável, penso que se deve a divulgação que fizemos a nível nacional, a este novo modelo de organização e também ao facto de não existir entrada no recinto da Feira”, justificou.Em relação a possíveis mudanças para a próxima edição do certame, o presidente a Câmara disse que “o próximo passo será fazer a avaliação, mas em princípio pelo que nos tem chegado de muita gente é no sentido de continuar com este modelo de organização”, adiantou o presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães. Terra Quente

quarta-feira, 1 de setembro de 2010