quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Daqui e dali... Carlos Fiúza

Perdão… mas sou reacionário!

Quando a gente leva uma pisadela, na província a pessoa que nos pisa diz-nos - desculpe, foi sem querer; na capital, o pisador exclama-nos - perdão!

Filosofia linguística do caso:
O povo provinciano mantém nas expressões: peço desculpa, desculpe, faz favor de desculpar e equivalentes o grau de delicadeza suficiente para traduzir que lamenta o sucedido com o pedido de ser considerada a falta de culpa (des, prefixo negativo + culpa).

Na capital, e já também em cidades e vilas do País, vai predominando o pedido exagerado, automático, mecânico e por vezes falso (e até… hipócrita) do perdão.

Uma professora acha que um “aluno só merece 10 valores se adquiriu as competências mínimas nas vertentes teóricas e práticas da disciplina que leciona”?
Ao ser apanhada pela sua Faculdade em falta tão grave, indiciadora de um reacionarismo a toda a prova,
a referida professora muito possivelmente disse “desculpe”… quando deveria ter dito - perdão!

- “Ah! Perdão, mas foi sem querer que dei um 8! O chumbo de mais de 50% dos meus alunos foi um lamentável erro da minha parte”.

E a pergunta que se impõe é:
Se o pedido de “perdão tivesse surgido não teria seguido o seu “caminho”?

E a resposta provável seria:
- “Não faz mal. Vá com Deus! Mas, para o ano, não aumente o insucesso escolar. Lembre-se dos direitos dos alunos ao sucesso!”

E assim teria mantido o emprego…
… e não teria seguido direitinha para o “campo de reeducação em Ciências da Educação”!…

Omnia pro Patria!

Carlos Fiúza

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