sábado, 30 de abril de 2011

Daqui e dali... João Lopes de Matos

Desenvolvimento e emprego (conclusão)

Falemos, por último, do sector terciário, o sector dos serviços.
Este sector ganhou independência, em relação à agricultura e à indústria, já um tanto tarde, no século XX. Ele abarca ramos da economia tão diversificados como o comércio(por grosso e a retalho), a banca, o turismo, a informática, as artes, a restauração…
Talvez possamos defini-lo por exclusão: tudo o que não pode encaixar-se na agricultura e na indústria pertence aos serviços.
Este sector tem tido um percurso inverso aos outros dois: enquanto estes têm dispensado mão de obra em consequência do avanço tecnológico, os serviços têm criado mais e mais emprego, tanto que o aumento tem mais que compensado as perdas verificadas naqueles.
Hoje, é mesmo o sector mais empregador de mão de obra. Pelo menos, tem-no sido até há pouco. E isto porque de há uns tempos a esta parte, têm ocorrido tais alterações no seu seio que não sei se não irá ter o mesmo caminho dos outros. E então pôr-se-á um problema novo na sociedade: muita gente ficará sem emprego e sem a correspondente remuneração necessária à sua subsistência.
É que , por exemplo, o comércio a retalho está a concentrar-se mais e mais, a banca reduz os efectivos de contacto directo com o público, os restaurantes recorrem cada vez mais ao self-service e mesmo é um facto que as pessoas compram já as suas refeições nos supermercados.
Também no interior esta evolução se tem vindo a verificar, o que leva a pensar que o chamado comércio tradicional vá perdendo importância, substituído pelas grandes redes de distribuição.
Julgo que a tendência será no sentido de uma concentração em razoáveis agregados populacionais, quase que desaparecendo, em compensação , os núcleos pequenos com a vida que até agora têm tido.
João Lopes de Matos

2.º Evento de Animação Turística - BTT

quinta-feira, 28 de abril de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Daqui e dali... Henrique Raposo

Igreja Universal do Reino de Sócrates

Caros amigos socialistas, estou eternamente grato à vossa igreja. Sinto-me um homem novo desde que fui ungido pela água benta que jorrava do vosso congresso. Aliás, posso dizer que sou um born again socialist. Sinto-me capaz de dobrar colheres com o meu novo olhar progressista. Sinto-me capaz de enfeitiçar serpentes com a minha flauta, qual marajá socialista. Por favor, enviem-me uma ficha de inscrição, porque eu quero ser um dos acólitos do nosso querido líder. Eu quero ser um mártir da guerra santa que temos pela frente contra a blasfémia inútil (BE e PCP) e contra a maldade em estado puro (a direita).

Meus caros irmãos na fé, como eu gostei de estar junto de vós! Gostei tanto de ver a forma como V. Exas. se curvam perante o nosso glorioso líder. Que humildade teológica! Que flexibilidade moral! Gostei tanto de ver como os meus amigos repetem ipsis verbis as declarações do grandioso líder. Que demonstração de fé! Gostei tanto de ver a forma como choram ao som das músicas mais pindéricas do mundo. Caramba, eu também quero chorar assim! Gostei tanto de ver o nosso glorioso líder a dar encontrões em jornalistas que só fazem perguntas para incomodar. Esta gente tem de aprender o significado da expressão "
liberdade respeitosa", a grande contribuição do nosso secretário-geral para a história da democracia. Gostei tanto de ver a formação do cordão higiénico anti-fotógrafos. Afinal de contas, esses tipos não passam de paparazzi. Como se atrevem a tentar apanhar os ângulos maus do nosso glorioso líder? Como se atrevem a desrespeitar o Luís? Gostei tanto de ver os seguranças do nosso glorioso líder a empurrar violentamente os repórteres de imagem. Que demonstração de lealdade! Foi como ver a falange de Leónidas ante uns persas de câmara ao ombro. E, caramba, como foi bom ver que os jornalistas já encaram tudo isto com normalidade. Já nem ligam. Estão cansados. É assim mesmo camaradas: vamos vencê-los pelo cansaço.

Caros patrícios socialistas, como foi bom estar ali na corte do nosso czar cor-de-rosa! Como eu gostei de sentir aquelas longas salvas de palmas. Como foi bom ver que ninguém queria ser o primeiro a deixar de bater palmas. Como foi bom ver que essas palmas afugentavam as calúnias nojentas que circulavam (e que circulam) fora do partido. Sim, sim: lá fora, pessoas más atrevem-se a dizer que o nosso líder levou o país à bancarrota. Meus deus, como podem existir pessoas tão mesquinhas? Será que não entendem que, sem o nosso querido líder, o país cairá num abismo? Será que esta gentinha não entende que nós somos os únicos capazes de defender Portugal? E sabem o que é pior, meus irmãos? Esta gentinha atreve-se a dizer que o PS governou Portugal nos últimos 16 anos, tentando assim responsabilizar-nos pelo estado do país. Que ultraje. Que infâmia. Ora, e mesmo que o PS tivesse governado o país nos últimos 16 anos, o que seria isso ao pé da Fonte Luminosa? O que seria isso ao pé do Mário Soares de 1976? O que seria 1995-2011 perante este passado glorioso? O que seria 2005-2011 ao pé da derrota da PIDE em 1974 e da derrota do comunismo em 1976? Meus amigos, há que manter esta elevação de espírito, e proclamar o seguinte: é irrelevante estudar os efeitos concretos do socialismo aqui no presente, porque o PS só precisa de invocar a bondade intrínseca do socialismo do passado.

Camaradas (já me permitem esta intimidade?), como foi bom aprender a suspender o raciocínio. Como foi bom aprender que "
a crise de 1929 não foi tão grave como esta que estamos a viver" (Almeida Santos). Ó camaradas, obrigado por me ensinarem a dizer estas coisas sem corar. Obrigado por me ensinarem a sentir-me virtuoso mesmo quando me limito a cuspir intolerância. Sim, porque a Direita não é outra forma possível de ver as coisas. Nada dessas frescuras! A Direita é perversa e "quer fazer maldades". Sinto-me envergonhado por não ter percebido isso mais cedo. Muito, muito obrigado por esta pedagogia política. E, agora, se não se importam, enviem-me para o jornal uma ficha de inscrição desta nossa Igreja Universal do Reino de Sócrates. Este born again socialist agradece, desde já, esse gesto simpático. Expresso

terça-feira, 26 de abril de 2011

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

Da Via Sacra...

Por via da comunhão do meu filho, participei espiritualmente (em XIII das XIV estações) da via sacra. No maior silêncio. E

fui desfolhando, mental curiosamente, o livro "Esquecer Fausto" de Pedro Eiras; lá

fui, estabelecendo laços entre o Fausto goethiano de superação da humanidade (e do próprio Mefistófeles, em seu próprio jogo)

e Cristo... Vi Fausto, como um herói cristão.

... a Herodes

Se a confissão é uma reconciliação com Deus, eu me confesso: que de Herodes desconhecia totalmente o bom. Sabia o mau apenas: até o mau suposto; que

era duvidoso, pela narrativa histórica de Flávio Josefo, que tivesse ocorrido o bíblico massacre dos inocentes; e o mau histórico: que mandara matar a mulher; e os

próprios filhos. Que fora posto no poder pelos romanos... Só não sabia (e o National Geographic iluminou) que era um grande arquitecto, senão o maior do seu tempo.

Vi algumas obras: Herodium, Masada... E percebi, finalmente, o projecto de John Zorn, com este nome. A construção de uma música nova,

para as escalas judaicas (embora aqui com a ajuda de Ornette Coleman). É que

eu sou mais deste lado: da fragmentação do sujeito.

sábado, 16 de abril de 2011

Exposição - Guerra do Ultramar 50 anos depois...

“PARE, ESCUTE, OLHE” ESTREIA NA SIC TELEVISÃO A 16 DE ABRIL

O documentário “Pare, Escute, Olhe”, já tem estreia marcada na SIC Televisão (co-produtora do filme). Adaptado a uma versão de 55 minutos, o documentário será exibido no dia 16 de Abril, às 23h30 - depois da novela Laços de Sangue.

:: SINOPSE :: Dezembro de 91. Uma decisão política encerra metade da centenária linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela. Quinze anos depois, o apito do comboio apenas ecoa na memória dos transmontanos. A sentença amputou o rumo de desenvolvimento e acentuou as assimetrias entre o litoral e o interior de Portugal, tornando-o no país mais centralista da Europa Ocidental.

Os velhos resistem nas aldeias quase desertificadas, sem crianças. A falta de emprego e vida na terra leva os jovens que restam a procurar oportunidades noutras fronteiras. Agora, o comboio que ainda serpenteia por entre fragas do idílico vale do Tua é ameaçado por uma barragem que inundará aquela que é considerada uma das três mais belas linhas ferroviárias da Europa.

PARE, ESCUTE, OLHE é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra. Esses partiram com o comboio, impunes. O povo ficou, isolado, no único distrito do país sem um único quilómetro de auto-estrada.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Academia Municipal de Música

Daqui e dali... Carlos Fiúza

AS “tremuras” da Senhora Dona Terra

A Terra, ou seja, prosaicamente, este poleiro onde Deus nos colocou nos espaços siderais, foi, na imaginação mitológica, figurada por uma mulher, em cujas disposições físicas predominavam os seios, o que, diga-se de passagem, não estava mal pensado, porque as elevações semelham essas saliências femininas.

Ora, não consta da biografia terrena que ela fosse uma senhora nervosa, dada a tremuras, como resultado do desequilíbrio do seu metabolismo.

E não disseram os antigos que Dona Terra era nervosa, porque tal informação se tornaria ociosa, visto que toda a gente sabe que a Terra de tempos a tempos sofre tremuras. De vez em quando anda em crise, tremendo nervinamente, espasmando-se, convulsionando-se.

Tanto a Terra anda nervosa, cheia de tremuras, logo os jornais, as rádios e as televisões não deixam de nos fazer “tremer” os ouvidos com o disparate do “abalo sísmico”.

Não se desesperem os leitores nem os ouvintes. Aqui lhes aconselho o lado “humorístico” do caso. Sorriam, ponham-se mesmo a rir, porque o riso “lava a alma”.

Filosofemos sobre o assunto, a ver se se arregimentam adeptos sensatos que repilam a “abaladura sísmica”.

Como se sabe, uma das consequências da ação das forças interiores da terra é aquilo a que o nosso povo chama com admirável propriedade - tremor (e às vezes trumor) de terra.


Mas a linguagem apresenta gradações. E assim o que o povo diz na sua espontaneidade não serve muita vez ao uso experimental de certos setores da falação.

O nosso povo é um ás ou, se quiserem, um alho para aperfeiçoar o latim à sua loquela.

Se adrega de ouvir terremoto, emenda logo para terramoto, pois se é a terra que se mexe, terramoto eis o que lhe parece que deve ser.

Tem a linguagem portuguesa, sempre rica de valores, cinco maneiras de nomear os tiques nervosos da Senhora Dona Terra - tremor de terra, abalo de terra, abalo telúrico, terremoto e sismo.

Mas cinco formas não bastaram e em alguns “iluminados” surgiu uma estupenda calinada, obstinadamente repetida em letras e sons, em penas e bocas, em prelos e microfones - desânimo “abalador”!

E a calinada aí continua… (como certas pilhas: e dura… e dura… e dura).

Sendo a nossa língua realidade terrena, logo que a terra anda em crise de nervos, imediatamente a expressão noticiadora e registadora sofre em reflexo a “tremura abaladora” do desânimo.

Estimo as melhoras à Terra.

Aos jornais digo para tomarem “neurobióticos”… aos políticos (todos) que não dupliquem a sua dose diária de “Burrocitina”.

…Mas deixem o povo em paz! Deixem-no governar a sua vidinha… (se é que alguma coisa sobrou do “governanço”).

Carlos Fiúza

II Feira do Folar - Carrazeda de Ansiães

Economista diz que contas da execução orçamental são "uma mentira"

O economista João Duque considerou, sexta-feira, que as contas da execução orçamental do primeiro trimestre, que apontam para um excedente de 432 milhões de euros, são "uma mentira" e servem apenas para fazer campanha eleitoral.

"Essas despesas estão todas camufladas, são uma mentira", afirmou João Duque em declarações à agência Lusa reagindo aos dados da execução orçamental até Março, altura que o Governo garante ter-se registado uma melhoria de cerca de 1.750 milhões de euros nas contas da administração central e segurança social. (...) JN

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A reunião

Henrique Monteiro

O que se disse... Pedro Santos Guerreiro

«Em vez de uma marcha fúnebre, temos um cortejo de carnaval. José Sócrates conseguiu, dois dias depois de o País se ajoelhar, produzir o seu mais irreal discurso de sempre.


O Congresso do PS encenou um triunfalismo que é ofensivo para um País intervencionado. Foi um delírio colectivo triste, um comício com o fanatismo de Vasco Gonçalves, uma propaganda alucinógena. Leni Riefenstahl, a cineasta de Hitler, ter-se-ia comovido. »

Pedro Santos Guerreiro, Negócios online

terça-feira, 12 de abril de 2011

O negociador

Henrique Monteiro

Movimento Cívico centra luta no que resta da linha do Tua

O Movimento Cívico pela Linha do Tua perdeu uma batalha mas diz que ainda não perdeu a guerra. Não conseguiu parar a barragem do Tua e a consequente destruição dos últimos 16 quilómetros da via-férrea, mas o porta-voz do Movimento realça que há mais linha no Nordeste Transmontano, o que justifica que a organização mantenha a sua actividade. “Não vai ser extinto porque a linha do Tua não são só os 54 quilómetros entre o Tua e Mirandela. Dão 134 até Bragança” salienta Daniel Conde. Além disso “há também a oportunidade de prolongar a linha até Puebla de Sanabria que vai ter uma estação de alta velocidade em breve”. Uma situação que, assegura, contrasta com o que se passa noutros países. “Portugal foi o único país da Europa Ocidental que nos últimos 20 anos perdeu passageiros no caminho-de-ferro” refere, acrescentando que “no mesmo período de tempo, Espanha ganhou 150% de passageiros. A política do caminho-de-ferro em Portugal é que é desastrosa”. Contra este desastre português, o Movimento Cívico pela Linha do Tua promete continuar a bater-se pela melhoria dos transportes ferroviários na região. CIR/Brigantia

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Público

A POSE DO PRIMEIRO-MINISTRO

Henrique Monteiro

O que se disse... ABC Diário Digital - Espanha

«O que aconteceu em Portugal deve servir de exemplo de que quando um Governo é incapaz, o pior é obstinar-se no poder, o que aconteceu com Sócrates até que chocou com a realidade».


«lo ocurrido allí (Portugal) debería servir de ejemplo de que cuando un Gobierno es incapaz lo peor es empecinarse en el poder, que es lo que le ocurrió a Sócrates hasta que se dio de bruces con la dura realidad.»
ABC, Espanha

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Agenda cultural - Abril

O que se disse... João Lemos Esteves

«E você, até quando acreditará em José Sócrates?

Se não fosse tão triste, seria uma cena digna de um filme cómico. José Sócrates - que na segunda-feira verberava contra a ajuda externa, que persistiu no mote defender Portugal, título da moção que leva ao congresso socialista - em dois dias mudou radicalmente de posição.
É este o problema de José Sócrates: a sua obstinação não lhe permite ser um chefe de Governo responsável e com visão.
Foi mesquinho e incompetente. Quem perde? Os mesmos de sempre: Portugal e os portugueses.(...)»
João Lemos Esteves, Expresso

Daqui e dali... João Lopes de Matos

Desenvolvimento e emprego (continuação)

A indústria, como actividade económica diferente da agricultura, teve o seu início no século XVIII, com a descoberta da máquina a vapor. A actividade que anteriormente lhe correspondia era o artesanato, onde a mão do homem tinha um papel preponderante, enquanto na actividade propriamente industrial passou a ter papel de grande relevo a máquina.
A máquina veio potenciar a força do trabalho humano e dar-lhe, consequentemente, uma produtividade maior. O local onde a indústria se desenvolve toma o nome de fábrica, que, de início, não tinha grandes condições de trabalho e, porque os maquinismos eram ainda incipientes, a qualidade dos produtos deixava muito a desejar. Por isso, muita gente afirmava que não havia nada como aquilo que era feito pela mão do homem. A produção industrial era em série e, por isso, grotesca, cheia de imperfeições.
Este modo de produção levou à concentração de grande número de operários nos locais de trabalho, surgindo, assim, uma nova categoria de trabalhadores, que tomou a designação de operariado. Os operários foram, paulatinamente, substituindo os antigos artesãos. Como, de início, a mecanização e a automação eram ainda fracas, as fábricas alastraram imenso, de forma extensiva e através do recurso a muita mão de obra.
Porém, pouco a pouco, o aperfeiçoamento dos métodos de trabalho, através de linhas de montagem e de máquinas mais e mais evoluídas e mais e mais automáticas, fizeram com que fosse dispensada muita mão de obra e o sector, de grande empregador de gentes, tivesse passado a prescindir delas num crescendo que parece não ter fim.
Estamos agora nessa fase, em que o investimento na indústria já não é, como foi durante mais de um século, criador de emprego mas dispensador de trabalho humano. E isto nada traria de negativo se a distribuição de rendimentos se passasse a fazer de outro modo que não como retribuidor da actividade desenvolvida.
Quer dizer que, nalguma medida, o aperfeiçoamento tecnológico não beneficia o homem porque lhe retira o único modo de ele receber rendimentos, que é a retribuição do trabalho desenvolvido. Se o homem não trabalha não recebe.
O sector industrial é pequeno no interior, mas se ele se desenvolverem consequência das novas vias de comunicação, nem por isso será criador de grande número de empregos, que dê vida nova às diversas localidades, até porque as indústrias tendem a concentrar-se em“clusters” para se tornarem mais eficientes.
Em todo o Trás os Montes virá a haver uma dezena (se houver) de verdadeiros centros industriais, permanecendo a grande maioria das actuais freguesias sem indústria alguma.
João Lopes de Matos
Público

O resgate

Henrique Monteiro

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O que se disse... Pedro Santos Guerreiro

«Adiar o pedido de empréstimo é mergulhar o País na falta de dinheiro, salários em atraso, no medo das poupanças, na bancarrota, no incumprimento. Isso só acontecerá se formos governados por eunucos da política, habitantes da negação patológica. Até há dez dias, Sócrates era um resistente; agora é um desistente. Se não vê a realidade, será preciso interná-lo e fazer o que fizeram a Salazar, fingir que governa.»

Pedro Santos Guerreiro, Negócios online

As aparências iludem

Henrique Monteiro

Daqui e dali... Henrique Raposo

Sócrates, o homem que não acreditava em nada

Vários amigos, de várias latitudes, têm comentado com espanto: "mas o tipo continua a andar e não cai". O "tipo" é, obviamente, José Sócrates. Estes meus ingénuos amigos não encontram a força motriz de um homem que enterrou o país, de um homem que mentiu várias vezes ao dito país. Afinal de contas, Sócrates devia estar em casa, humilhado e com vergonha, tal como Guterres. "Mas o homem não se enxerga?", perguntam. Não, o homem não se enxerga. E o motivo para essa falta de dignidade é muito simples: nós não conseguimos humilhar uma pessoa que não acredita em nada. Se x não acredita em nada, x não tem pontos fracos do ponto de vista tático. Sócrates vai continuar a andar para a frente, porque aquilo que dizia na terça já não conta na quarta. É como jogar futebol sem ter uma baliza para defender, é só atacar a baliza dos outros.


Adentrando, podemos dizer que qualquer primeiro-ministro com um mínimo de crenças sólidas tinha apresentado a demissão após o discurso de Teixeira dos Santos. Porquê? Porque esse discurso consistiu numa sova ideológica e técnica na governação do socratismo. Se a incompetência, as mentiras e as omissões não fossem suficientes, este discurso exigia a demissão do primeiro-ministro . Mas Sócrates nem ligou, nem vai ligar, porque este indivíduo não acredita em nada. Nada. Está agarrado ao poder, porque é a única coisa que conhece. Pior: tem medo de sair do poder. Ele tem medo de ser um mero civil.


E, agora (se ainda existissem dúvidas), está provado que Sócrates nem sequer acredita em Portugal. Este homem não tem um pingo de patriotismo. Neste momento, o primeiro-ministro é o único português a recusar a ideia de pedido de ajuda. Em consequência, o governo está a endividar ainda mais o país. Sócrates criou mais uma mentira ("não, não precisamos de ajuda; vamos parar o FMI em Badajoz"), que está a acumular dívidas a cada dia que passa. Mas, desta vez, há uma novidade: ele está sozinho nessa mentira. E, meus amigos, começa a ser penoso ver o país nas mãos de uma pessoa que se comporta como um inimputável, que julga que todos os outros 9.999.999 portugueses são idiotas. Expresso

terça-feira, 5 de abril de 2011

O que se disse... Paulo Portas

«Com o país sem dinheiro, com a banca sem financiamento, com a economia sem crédito, com uma dívida que destrói e com uma mão estendida para ver se nos emprestam dinheiro, o primeiro-ministro ainda acha que o que é bom é fazer o TGV endividando-nos ainda mais.»

Paulo Portas, DN

Igual a si próprio

Henrique Monteiro

Daqui e dali... Carlos Fiúza

X.P.T.O

Ao folhear uma revista sobre automóveis, onde se gabava a excelência das linhas de determinada marca, deparei com a seguinte frase: “DESIGN X.P.T.O.”
X.P.T.O. - há quanto tempo não lia (nem ouvia) tal expressão!
Seria que estas novas gerações conheciam o termo?
Para me tirar de dúvidas, na primeira oportunidade abordei um grupo de jovens com idades entre os 13 e os 15 anos.
Dos cinco, dois já tinham ouvido falar em X.P.T.O…. Um deles sabia, até, que X.P.T.O. era “uma coisa assim como que bué de boa”. Bué de boa…
E não é que o rapaz (nada “rasca”, mas que pode vir a estar “à rasca”) estava certo?!
Se abrirmos o Tesouro de Frei Domingos Vieira, encontramos isto na letra X: “- Termo de gíria - XPTO; diz-se para designar excelência de cousa - Cousas de XPTO - Isto é XPTO. Diz-se também XPTO London. Qual a origem desta frase assaz espalhada e hoje pela primeira vez recolhida? XPTO era uma abreviatura de Cristo nos antigos manuscritos, mas a forma XPTO London parece indicar antes que a frase se originou numa marca comercial ou expedição.”
Se consultarmos o Dicionário Contemporâneo de Aulete e Valente, leremos:
XPTO - palavra burlesca empregada para significar excelência ou primor de alguma coisa. Um vestido x.p.t.o. Erro de leitura da abreviatura grega da palavra Cristo.”

Passemos, agora, ao Dicionário de Cândido de Figueiredo:
X.P.T.O. - expressão burlesca para designar qualidade excelente, magnífica. Diz-se de uma abreviatura medieval de Cristo.”
Como ainda é de interesse, transcrevo o que diz Antenor Nascentes no Dicionário Etimológico:
XPTO - abreviatura medieval de Cristo em que o ró se confunde com o P maiúsculo latino. Segundo outros, era o letreiro dos caixotes de uma marca inglesa de cobertores, do preço de X libras: XP (ondera) T(ectoria) O(ptima) - ótimos cobertores a dez libras.”
A esta última informação de Nascentes convém acrescentar que o brasileiro Castro Lopes, no trabalho intitulado Origens de Anexins, foi espalhador muito convicto dessa origem imaginosa da fábrica inglesa de cobertores metidos em caixotes com a abreviatura X pondera tectoria otima (ótimos cobertores a dez libras).
Porque é que XPTO era abreviatura do nome grego de Christos?
Acrescento a seguinte explicação, destinada aos que não saibam latim nem grego.
A forma do alfabeto grego com o desenho de um X (xis maiúsculo) era o chamado qui. Portanto, a primeira letra do nome de Cristo, em grego. Ao qui seguia-se a forma ou letra chamada , correspondente ao r latino. Essa letra, quando maiúscula, é semelhante a um P. Finalmente o T era em grego o tau, e o O era o ómicron.
Ora, como o P maiúsculo latino era semelhante ao grego, é realmente de aceitar que X.P.T.O. mais não seja que a má interpretação da abreviatura do nome de Cristo em grego.

Mas deixemos os “dicionaristas” e passemos à prática:
Sugiro a quem de Direito a utilização do termo X.P.T.O. nas placas de sinalização, isto é, seja o mesmo afixado em tabuletas a colocar à entrada das inúmeras pontes não “operacionais: FORA DE SERVIÇO – X.P.T.O”.
Em tradução livre:

- NÃO PODES PASSAR – DEZ.PE.TE. NADA

Não seria “bué de fixe”?

Carlos Fiúza

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Daqui e dali... Henrique Raposo

O país de Salazar é o país que franze o nariz a eleições ("ai, sei lá, aparecem em péssima altura, aparecem, aliás, de forma irresponsável"). O país de Salazar é o país que fica incomodado quando a democracia fura o debate feito na linguagem dos, vá, técnicos de contas e dos ministros das finanças. Para quê democracia, quando bastava um grupo de especialistas? Para quê eleições, quando bastava um grupo de professores de finanças? Para quê democracia, quando se podia formar já o bloco central versão Biggest Loser (CDS, PS, PSD)?

O país é de Salazar é o país que não reage ao desprezo que o primeiro-ministro revela pelo parlamento. Apenas uns gatos pingados na imprensa mostram algum desconforto pela atitude de tiranete de José Sócrates. Os comentadeiros do costume não só não falam do assunto, como dizem que "ele vai ser duro de roer". Porreiro, pá. Ou seja, o país de Salazar gosta da brutalidade mal-educada de Sócrates. E, já agora, pergunta-se: mas por que razão ele vai ser duro de roer? Ah, porque sim, porque é duro. Mas ele tem argumentos de governação? Não, pá, mas é um osso duro de roer. Portanto, eis o que meio mundo do comentário tem para dizer sobre um homem que desrespeitou a democracia: ah, ele é duro de roer, pá. O meu país no ano da graça de 2011 (o senhor de Santa Comba deve estar contentinho). Expresso

sábado, 2 de abril de 2011

Tiro ao Alvo - Pombal de Ansiães - ARCPA

Domingo - 3 de Abril - Tiro ao Alvo - Pombal de Ansiães ARCPA

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Público

Un antipático contra todos - José Sócrates, primer ministro de Portugal

El primer ministro portugués se parece a un conductor que avanza a toda velocidad por la autopista en dirección contraria, convencido que son todos los demás automovilistas los que se equivocan. Los gobiernos europeos y las instituciones comunitarias dan por hecho que Portugal no puede salir de la crisis sin asistencia financiera, pero José Sócrates les contradice a todos diciendo que que el país puede superar sus problemas con sus propias fuerzas. Después de ser derrotado en el Parlamento ha presentado su dimisión y ha lanzado a su partido, el socialista, de frente y a toda velocidad contra la oposición liberal-conservadora, esperando que en el último momento un volantazo de buena suerte le permita dar la vuelta a las encuestas y regresar victorioso.

En la última cumbre europea de Bruselas, el pasado viernes 25, sorprendió a muchos cuando se dedicó a saludar estrechando la mano a todos los periodistas antes de sentarse a explicar su versión de lo que había sucedido en el Consejo. Dada su proverbial fama de antipático, el gesto podía interpretarse como una especie de despedida, teniendo en cuenta que para la próxima cumbre es posible que las elecciones le hayan devuelto a la oposición. «Puede tener usted la seguridad de que no me estoy despidiendo» aclararía después, «aunque estoy seguro de que en su periódico es lo que están deseando». Sócrates no solo conoce perfectamente todo lo que se dice sobre él en los diarios de Lisboa (y por lo que se ve también de algunos de Madrid) sino que está convencido de que gran parte de sus problemas vienen del hecho de que no siempre cuentan las cosas del modo que más le gustaría. En la misma comparecencia atacó sin mucho disimulo las preguntas incómodas, a pesar de que coincidían con la opinión que estaban expresando los demás jefes de Gobierno en salas contiguas: «lo que causa la especulación son preguntas como las que me están haciendo. Portugal no necesita ninguna ayuda y si lo que se quiere es parar los movimientos especulativos, es infantil creer que eso sucederá si pedimos ayuda».

Portugal deberá hacer frente al vencimiento de una serie de paquetes de deuda por valor de 9.000 millones de euros en los próximos tres meses, en plena campaña electoral, forzada precisamente porque Sócrates no logró que el Parlamento aprobase el plan de recortes de gastos que había pactado con las instituciones comunitarias. Desde que el líder socialista es primer ministro, la deuda del país ha ido aumentando de forma vertiginosa. Solo en 2010 tuvo que pedir 51.000 millones de euros, un treinta por ciento más que el año anterior, y un 50 por ciento más que el precedente. Los intereses que tiene que pagar por los nuevos préstamos son cada vez más altos y las últimas subastas han estado rozando —por arriba—l 8 por ciento de interés. Sin embargo, Sócrates asegura que tiene dinero para pagar estas obligaciones, cuya amortización rebajaría sustancialmente la presión financiera sobre el país.

Para creer a Sócrates hay que hacer abstracción de las partes más importantes de su biografía. No solo que empezase su carrera política como fundador de las juventudes del Partido Social Demócrata (conservador), sino porque, ya militante socialista, su escasa carrera privada en el sector de la construcción en los años 80 fue una de las más desastrosas de la época. Tuvo que retirarse porque el ayuntamiento de la ciudad de Guarda, para el que trabajaba, lo destituyó por unanimidad antes de que le lloviesen las demandas por la escasa calidad de sus proyectos. Su escandalosa manera de hacerse con una licenciatura como ingeniero teniendo en cuenta que cuatro de las cinco asignaturas las impartía un profesor al que luego otorgó un cargo importante en el Gobierno y la quinta el propio rector de una universidad privada de Lisboa que acabó siendo cerrada precisamente por el cúmulo de irregularidades que aparecieron al investigar el escándalo, o que algunos de los pocos exámenes que constan en su expediente los enviaase por fax desde el despacho de primer ministro o que el título lleve fecha de expedición en un domingo, no le impidió aparecer en televisión defendiendo su honorabilidad y acusando a sus adversarios de inventarse un plan para perjudicarlo.

Sin embargo, de lo que ahora se trata es de dinero. De mucho dinero y de la posible quiebra de todo un país. El presidente del Eurogrupo, el luxemburgués, Jean Claude Juncker, ya le tiene hechas las cuentas a Sócrates y asegura que necesita un plan de rescate de más de 70.000 millones de euros para garantizar el pago de una deuda que, por cierto, está sobre todo en manos de bancos españoles. Es imposible que no hayan hablado de esto en la reunión que Sócrates mantuvo el jueves con la canciller Ángela Merkel, que es finalmente la que tiene las llaves de la caja del mecanismo de ayuda financiera, pero Sócrates no quiso desvelar el contenido de la conversación: «me va a permitir que dejemos el contenido de esa entrevista en el ámbito privado entre la canciller Merkel y yo mismo». Al menos esta vez a Merkel no le ha pasado como al líder de la oposición de Portugal, el conservador Pedro Passos Coelho, que después de unas experiencias espinosas con el aún primer ministro ha acabado por advertir que no se volverá a reunir con Sócrates «si no es en presencia de testigos». ABC

Notícia em português: Diário Económico

Chegou e disse...

Henrique Monteiro