A indústria, como actividade económica diferente da agricultura, teve o seu início no século XVIII, com a descoberta da máquina a vapor. A actividade que anteriormente lhe correspondia era o artesanato, onde a mão do homem tinha um papel preponderante, enquanto na actividade propriamente industrial passou a ter papel de grande relevo a máquina.
A máquina veio potenciar a força do trabalho humano e dar-lhe, consequentemente, uma produtividade maior. O local onde a indústria se desenvolve toma o nome de fábrica, que, de início, não tinha grandes condições de trabalho e, porque os maquinismos eram ainda incipientes, a qualidade dos produtos deixava muito a desejar. Por isso, muita gente afirmava que não havia nada como aquilo que era feito pela mão do homem. A produção industrial era em série e, por isso, grotesca, cheia de imperfeições.Este modo de produção levou à concentração de grande número de operários nos locais de trabalho, surgindo, assim, uma nova categoria de trabalhadores, que tomou a designação de operariado. Os operários foram, paulatinamente, substituindo os antigos artesãos. Como, de início, a mecanização e a automação eram ainda fracas, as fábricas alastraram imenso, de forma extensiva e através do recurso a muita mão de obra.
Porém, pouco a pouco, o aperfeiçoamento dos métodos de trabalho, através de linhas de montagem e de máquinas mais e mais evoluídas e mais e mais automáticas, fizeram com que fosse dispensada muita mão de obra e o sector, de grande empregador de gentes, tivesse passado a prescindir delas num crescendo que parece não ter fim.Estamos agora nessa fase, em que o investimento na indústria já não é, como foi durante mais de um século, criador de emprego mas dispensador de trabalho humano. E isto nada traria de negativo se a distribuição de rendimentos se passasse a fazer de outro modo que não como retribuidor da actividade desenvolvida.
Quer dizer que, nalguma medida, o aperfeiçoamento tecnológico não beneficia o homem porque lhe retira o único modo de ele receber rendimentos, que é a retribuição do trabalho desenvolvido. Se o homem não trabalha não recebe.O sector industrial é pequeno no interior, mas se ele se desenvolverem consequência das novas vias de comunicação, nem por isso será criador de grande número de empregos, que dê vida nova às diversas localidades, até porque as indústrias tendem a concentrar-se em“clusters” para se tornarem mais eficientes.
Em todo o Trás os Montes virá a haver uma dezena (se houver) de verdadeiros centros industriais, permanecendo a grande maioria das actuais freguesias sem indústria alguma.João Lopes de Matos
5 comentários:
É um facto que a máquina a vapor veio revolucionar todo o tecido humano.
Como bem disse JLM, a partir da máquina toda uma janela técnica se abriu… o artesanato foi relegado para segundo plano… uma nova classe de trabalhadores apareceu: o Operariado.
Mas a máquina, que no seu início foi um núcleo potenciador de trabalho, mais não é, hoje, do que um fator dispensador desse mesmo trabalho.
Sinais dos tempos?!
Assim sendo (se é que o é), há que procurar novas formas de trabalho… há que “descobrir” novas distribuições de riqueza produzida.
O “longe”, hoje, está mais perto… assim o queira o Homem.
Carlos Fiúza
Sempre o pessimismo de JLM a terminar as suas opiniões. Aprenda um pouco com Carlos Fiúza que termina a sua opinião de modo bem mais posirivista, com um sinal de esperança.
Também CF vive em Abrantes e não conhece o deserto de Carrazeda. É uma diferença fundamental. O Velho do Restelo em que se tornou JLM, infelizmente, tem razão. E tudo o que ele fez foi ficar aquém de uma ideia do grande pensador Manuel Barreiras Pinto, para quem temos de acabar de «dar o peito» (o grande pensador usa o verbo «desmame») aos governos civis, a muitos concelhos e a todas as freguesias. Claro que há que perdoar-lhe o radicalismo, sendo JLM munto, mas munto mais brandinho.
C. Preguiça
CF concorda comigo e termina acreditando que sempre irão surgir novas actividades que empregarão as pessoas desempregadas ou então virão a ser distribuídos de outra forma os rendimentos proporcionados pela evolução tecnológica. Mas,e até lá,não vai haver muito sofrimento de muita gente?
Quanto ao desenvolvimento do interior,o ilustre anónimo não pensa que ele irá ser feito de outra maneira que não através das actuais freguesias?
Quanto aos hipotéticos centros industriais em Trás os Montes,julga,por acaso,que eles virão a ser em maior número?
O problema não reside no pessimismo ou no optimismo mas numa evolução diferente,que não se coadunará com a nossa visão até agora paroquial.
JLM
Gostava era de ouvir a opinião do grande patriota Dom Manoel Barreiras Pinto. Certamente que teríamos muito a aprender com ele.
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