sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Novo cemitério de Carrazeda vai começar a ser utilizado

Contra a vontade do executivo social-democrata da Câmara de Carrazeda de Ansiães, o novo cemitério vai mesmo passar a ser utilizado.
Para resolver o problema da falta de espaço no velho cemitério, o presidente da Câmara defendia a sua ampliação, mas a oposição socialista e do movimento independente, que está em maioria, votou contra, obrigando o executivo a optar pela conclusão do novo cemitério e a abri-lo à comunidade.
O vereador socialista, Augusto Faustino, explica o seu voto contra a proposta do executivo do PSD. “Parece-me um paradoxo e uma aberração querer acabar o novo e ampliar o velho em simultâneo” afirma, acrescentando que “isto até me deixa com os cabelos em pé. Temos mais assuntos para tratar do que andar aqui á volta de dois cemitérios”.
A vereadora independente, Olímpia Candeias – que juntamente com o colega de oposição, Marco Azevedo, também votaram contra a ampliação do velho cemitério da vila de Carrazeda – salienta que não fazia sentido gastar mais dinheiro na antiga estrutura, quando há uma nova para aproveitar. “Temos que ver que temos uma infra-estrutura que está praticamente pronta a ser utilizada e há que lidar com os assuntos de forma séria e não fazer política só porque se quer fazer política” afirma.

O presidente da Câmara de Carrazeda vai abrir o cemitério novo, mas deixa claro que preferia a ampliação do velho.
A nossa vontade era ampliar o velho. Pretendia fazê-lo este ano por administração directa e com baixo custo, cerca de 75 mil euros” explica o social-democrata José Luís Correia. “Atendendo à situação do cemitério velho que está praticamente num estado de ruptura, não temos outro caminho se não pôr o cemitério novo a funcionar contra a nossa vontade e de muita gente de Carrazeda” acrescenta.
Está então decidido, o velho cemitério de Carrazeda já não vai ser alargado e o novo será disponibilizado em breve.
De referir que este novo cemitério começou a ser construído em 2001 e nele foram gastos cerca de um milhão e cem mil euros.
CIR/Brigantia

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

Telmo Pereira ou
O eterno retorno

Não vi ninguém nascer.
Só vi morrer.”
Rui Nunes, aquando da apresentação
do romance O grito, na Fundação Eugénio de Andrade.

Foi há mais de dez anos, mas ainda lembro o que Rui Nunes disse no Porto. E a cara de espanto de alguns dos presentes. Mas agora que fui ao Pombal (de Ansiães), as palavras daquele escritor ganham um contexto – posso dizer - mais dolorosamente próximo. Como se todas as suas vozes na 1ª pessoa me ensurdecessem... Preenchi o círculo da rua de Cá para a rua de Lá, e vice-versa: no que a paisagem me doeu, pela sua beleza de deserto em ruínas de monte e pedra. E os sons, como seixos arremessados. D

os pássaros, dos cães, das águas do ribeiro. Dei a volta à aldeia, e cheguei dobrado sobre mim, quase em posição fetal. Ninguém nasce,

e a Morte vai fazendo o seu trabalho. O meu tio Mário Almeida, agora o Telmo Pereira. E os livros, o prazer que nos dava falar sobre o que líamos. Telmo,

e o teu riso, sobre. No prazer com que contavas também o que escrevias, sob a legibilidade do cânone jornalístico. Mas, voltando aos livros... Por vezes, ok, tantas vezes como se tocado por _ _ _ fulminante inteligência. Tão rara, no tempo

e no espaço. E a tua mãe, uma pessoa tão bonita, e nem falo de seus contributos para o Património Imaterial do Douro – vol. 2, com o diabo às costas, e a fé, no des_

encanto do lobisomem. Falo do seu amor, tão acima dos teus excessos de álcool puro. Pura

candeia, vertendo a luz sobre ti. E sobre a Eduarda: não esqueço.

Vitorino Almeida Ventura

Post Scriptum: Os teus irmãos Nuno e Alzira cumprimentaram-me e eu não tive cabeça de lhes dizer sobre o prazer que tive. Na paisagem do deserto das pombas do Espírito Santo, vulgo, aldeia do Pombal, és mais um dos fantasmas com que eu faço o seu repovoamento. Aí, sempre me serás em eterno retorno. Também

me vai acontecendo o mesmo por Carrazeda. Depois do «capitão» Lobo, do «doutor» Morais, o «senhor» Joãozinho (Sampaio) está Além. Cada vez mais somos do Outro Lado...

A não perder!

O presente envenenado


Henrique Monteiro

Passagem de Ano - Pombal de Ansiães


Daqui e dali... Clara Ferreira Alves

Pequenos sinais de anarquia
A distância entre a tolerância e a barbárie é curta.
Os portugueses e os seus brandos costumes duram quanto tempo? O que fará 2011 pela nossa brandura? Nas televisões vemos com excessiva frequência imagens de violência e protesto nas ruas da Europa. Uma greve geral em Atenas que acaba em gás lacrimogéneo e colunas de fumo negro de carros incendiados. Uma revolta estudantil em Londres que acaba com a agressão a Charles e Camilla, sentados do outro lado deste mundo, a caminho de uma gala. No Rolls-Royce ficou a impressão branca de uma mão na carroçaria. Em Dublin, vemos os cartazes e as fogueiras, os berros de um povo obrigado a pagar a fatura dos bancos e da especulação ruinosa. Em Madrid, vemos confrontos entre a polícia e os manifestantes, ou Zapatero a ameaçar com a prisão os controladores de tráfego aéreo. Em Roma, vemos Berlusconi sobreviver mais um dia, enquanto nas ruas o protesto político explode e ergue barricadas e bloqueios. Montras partidas, gritos e greves, cartazes com palavras grossas. A paz social na Europa da austeridade está a acabar.

E em Portugal? Os portugueses ainda não interiorizaram a crise. O consumo desceu mas a circulação dos carros aumentou, como sempre aumenta nesta época, e os restaurantes estão cheios de celebrações natalícias. Os desempregados e os sem-abrigo que engrossam as legiões que dormem nos vãos dos prédios e nos bancos dos jardins, ou debaixo dos viadutos, são os que menos protestam. Num silêncio sem porta-voz, não têm quem os represente, têm apenas quem os ignore ou os ajude. Instituições de solidariedade social não-governamentais e a Igreja Católica, que continua a desenvolver uma ação social.

Porque a Igreja convive de perto com a tragédia da pobreza, e com as situações de desespero e destituição, vai alertando: a revolta social está a crescer, vai piorar, a violência vai aumentar. Os portugueses fazem orelhas moucas aos avisos. Desmantelado pouco a pouco, peça a peça, segundo os preceitos da agenda "europeia", do Estado social restará não se sabe o quê. A teoria do "empreendedorismo" não se aplica aos que não têm alternativas. E os cidadãos continuam a pagar impostos para os serviços de um Estado que vai deixar de os prestar. O sistema não se reconverte de um dia para o outro; pensar que as pessoas aceitarão mansamente o regresso à pobreza da qual saíram nos últimos anos é uma ficção.

A violência vai aumentar. Disto podemos ter a certeza. Não sei se veremos o gás lacrimogéneo e os carros incendiados mas já se notam pequenos sinais de anarquia. Muita gente vem ter comigo (talvez porque tenho um programa de comentário político na televisão, ou porque leem esta coluna) em lugares públicos: "isto já não vai lá com conversa". Alguns espetam o dedo e dizem em sussurro furibundo: "isto precisa de uma grande reviravolta"; "temos de começar a apanhar esses bandidos desses banqueiros que nos meteram neste sarilho". Falam na "malandragem dos políticos", na "escumalha corrupta que nos anda a roubar desde o 25 de Abril". Nunca se deve argumentar com as massas nem contra este discurso mas o silêncio parece enraivecê-los mais. E continuam: "vocês jornalistas é só blá blá blá, mas a conversa não chega". "Isto", asseguram, este charco, precisa de uma pedrada. Umas pedradas nas montras dos bancos, dizem uns, uns políticos na prisão, dizem outros.

O discurso truculento encontra sempre ouvintes que acenam com a cabeça e repetem: isto não vai lá com conversa, andam a perseguir quem trabalha e deixam os malandros à solta. Os malandros estão identificados, têm nomes, e cresce como espuma nas bocas o desejo de agressão física. Aquele do PSD, o outro do PS. O amigo, de X, o amigo de Y. E os banqueiros. Os banqueiros são um alvo coletivo. Ouvem-se nomes de implicados em escândalos. A informação circula por todas as classes sociais.

Nunca, durante os anos de prosperidade, ouvi um discurso semelhante. Nem vi como um ataque destes mobiliza um grupinho de passantes que param, largam o que estavam a fazer e se juntam à festa. A violência social tem um poder de contaminação rapidíssimo. A multidão vai atrás. Num ano Sarajevo era uma cidade cosmopolita e tolerante da Jugoslávia, uma cidade com Jogos Olímpicos de Inverno e uma sociedade que misturava cristãos e muçulmanos, nacionalistas e anarcas, políticos e apolíticos, e no ano seguinte era um ninho de separatismos e ódios. Vizinhos que tinham coexistido uma vida matavam-se uns aos outros; médicos e professores que nunca tinham disparado um tiro convertiam-se em snipers e assassinos. Assim nasceu a Bósnia, no meio do mais rápido desmoronamento de uma sociedade europeia de que há memória. A distância entre a tolerância e a barbárie é curta e a sua superfície raspa-se com um cano de espingarda.
Texto publicado na revista Única de 23 de dezembro de 2010

Cavaco escavaca

Henrique Monteiro

Daqui e dali... Manuel António Pina

Gnomos e fadas
Tudo indica, a crer na Oposição, que os "animadores sinais de recuperação económica" que o primeiro-ministro garantiu, na sua mensagem de Natal, existirem no país sejam como as armas de destruição maciça que havia no Iraque (e de que o actual presidente da Comissão Europeia, à altura recepcionista nos Açores, assegurou ter visto provas), e que iremos passar os próximos anos inutilmente à sua procura.
A Oposição sofre, porém, do complexo de Sancho Pança, capaz só de ver (ou de imaginar, o que vai dar ao mesmo) Aldonza Lorenzo e não a bela Dulcineia del Toboso, moinhos e não gigantes ou, à maneira de Gedeão, pedras pisadas e não gnomos e fadas.
Assim, o PSD vê "desemprego" onde o primeiro-ministro vê, não custa a crer que claramente visto, "protecção do emprego" e "diálogo social". O CDS vê "um caminho político que [Sócrates] escolheu para Portugal e nos trouxe exactamente até onde hoje estamos" onde o primeiro-ministro só vê "efeitos da maior crise económica mundial dos últimos 80 anos". O PCP vê "[favorecimento] dos ricos e poderosos", e "acentuar das desigualdades", onde o primeiro-ministro vê um "esforço pedido a todos os portugueses". E o BE vê "mais desemprego, recessão e decrescimento" onde o primeiro-ministro vê "uma agenda de crescimento da economia e do emprego".
Talvez vivamos em dois países. Pena é que não possamos estalar os dedos e, zás!, aparecer no de gnomos e fadas. Manuel António Pina,
JN

domingo, 26 de dezembro de 2010

Mais 30% de azeite nos olivais do Norte

A região de Trás-os-Montes e Alto Douro vai ter este ano mais 30% de azeite do que no anterior, num total de 90 milhões de quilos. Mas não há muitos motivos para sorrir, pois os custos de produção aumentaram e o preço de venda mantém-se.
Apesar de muita gente não ter trabalhado ontem, não foram poucos os agricultores que aproveitaram a manhã de Sol da véspera de Natal para varejar mais umas oliveiras. É que estamos no fim de Dezembro e a colheita vai a pouco mais de meio. Em alguns sítios até está atrasada.
Sem gostar de fazer balanços a meio do jogo, o presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), António Branco, arrisca avançar que, se não houver alterações climatéricas anormais, "vai ser um bom ano de azeite em quantidade e qualidade". A explicação tem a ver com as condições meteorológicas registadas ao longo do ano. "Não foi excessivamente seco, a Primavera foi boa para a floração e não houve chuva e geada em demasia durante a primeira fase da apanha".
Um lagar onde essa qualidade está a ser comprovada é o da Cooperativa Agrícola de Carrazeda de Ansiães. Joaquim Alves está a dirigir a campanha e diz já ter motivos para considerar o ano "excelente". A lista de espera de agricultores que querem laborar o azeite já ultrapassa meados de Janeiro.
António Branco esclarece, no entanto, que "este é um ano considerado normal, e não excepcional, tendo em conta a capacidade de produção. O anterior é que registou uma quebra". Recorda que devido às fortes geadas registadas em 2007 muitas oliveiras morreram e outras tiverem de ser sujeitas a podas violentas. Daí que perspective um maior acréscimo de azeite para os próximos anos, não só porque as árvores afectadas estão a recuperar, mas porque também tem havido novas plantações.
O presidente da AOTAD ressalva também que a qualidade do azeite deste ano não é homogénea. "É preciso separar o que foi colhido até às primeiras geadas e o que está a ser colhido agora, que não será tão bom". E isso vai notar-se no escoamento, sendo que o primeiro "não está a ter dificuldades", enquanto o que for colhido mais tarde "deverá enfrentar algumas".
Entre os pequenos agricultores, a falta de motivação para continuar com a cultura do olival é crescente. Muitos ainda guardam azeite do ano passado e não têm grandes perspectivas de escoamento para este. Mais: quem tiver de pagar mão-de-obra para a colheita não ganha para a despesa. "Aumentou o gasóleo, os adubos, o pessoal, mas o preço do azeite não aumenta", refere António Branco. Parte da culpa é atirada para a "bolsa" espanhola que acaba por indexar o preço do azeite português. "Apostar na qualidade é a única possibilidade de vender melhor".
Actualmente, a região possui cerca de 80 mil hectares de olival. Há capacidade para plantar mais e incrementar os ganhos de produtividade ao nível do adensamento e da melhoria das práticas de produção. É o caso do regadio, que a AOTAD defende em algumas zonas da região.
Já para o Alentejo, onde a área de olival mais está a crescer, as previsões do Instituto Nacional de Estatística apontam para uma "ligeira quebra" na produtividade da azeitona. Eduardo Pinto,
JN

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Barragem do Tua: Consenso para mobilidade das populações após fim da linha "praticamente fechado" - ministra

A ministra do Ambiente disse hoje no Parlamento que "está praticamente fechada" uma solução consensual para a mobilidade das populações afetadas pela imersão de um troço da linha do Tua depois da construção de uma barragem.
Dulce Pássaro foi hoje ouvida na Comissão Parlamentar do Ambiente e do Ordenamento do Território sobre a futura barragem de Foz Tua, a pedido do partido Os Verdes.
A construção da Barragem implica a submersão de um troço com cerca de 20 quilómetros entre as estações de Foz do Tua e Brunheda, ambas no concelho de Carrazeda de Ansiães, pondo em causa a mobilidade das populações através da via férrea. Lusa

Cortes natalícios

Antero

Daqui e dali... Henrique Raposo

Sócrates dá razão a Ferreira Leite e a Passos

Tem sido assim: os líderes do PSD dizem que é preciso fazer isto e aquilo. Na resposta, Sócrates lança aquela indignação postiça: "ai, bota-abaixistas", ou "ai, neoliberais d'uma figa". Passados uns meses, a realidade e a UE dão razão ao líder do PSD.

I. O que falta à política portuguesa? Um pouco mais de realismo (de respeito pelos factos) e um pouco menos de histerismo ideológico. No fundo, falta um pouco de honestidade intelectual. E o PS tem sido o campeão desta desonestidade política e intelectual. Por pura cegueira ideológica e politiqueira (Sócrates sabe que os cortes que tem de fazer mexem com a sua base eleitoral central, a função pública; Henrique Neto dixit), Sócrates negou sempre a realidade, a realidade que era apontada pelos líderes do PSD. Basta lembrar, a este respeito, Manuela Ferreira Leite e a questão da dívida: para ganhar as eleições de 2009, Sócrates nunca falou da questão da dívida nacional. Era "bota-abaixismo". Lembram-se?

II. O mesmo está a acontecer com Passos. Durante o verão, Passos disse uma coisa simples: Portugal precisa de mudar a lei laboral. Meu deus, o que foi ele dizer. Sócrates caiu-lhe em cima como um apache, e os indignados do regime acompanharam o primeiro-ministro no fuzilamento de Passos. Era um ataque aos direitos, era fascismo, era neoliberalismo, o bla, bla do costume. O facto de todas as instituições internacionais (entre elas, a UE) e o Banco de Portugal afirmarem que, sim senhora, Portugal precisa de flexibilidade laboral foi algo que ficou completamente esquecido nesta encenação socrática de verão. Pois muito bem, chegámos ao fim do Outono e o que fez Sócrates? Alterou a lei laboral. E ainda vai mexer mais.

III. O que incomoda nesta história toda não é a burrice ideológica e a demagogia de Sócrates. O que me incomoda é ver o "país mediático" a seguir acriticamente o líder do PS e a atacar acriticamente o líder do PSD. Para o país mediático e jornalístico, parece que existe um filho (PS) e um enteado (PSD). Há dias, Helena André, ministra do trabalho disse qualquer coisa como isto: "os direitos adquiridos não podem ser sempre o centro da governação". Nos media, ninguém disse nada. E se fosse Passos a dizer isto? Simples: caía o Carmo e a Trindade nos jornais e na TV. Há um mês ou assim, Manuel Alegre disse que não gosta da ideia de ver gays a adoptar crianças. Nos media, ninguém disse nada. E se fosse Cavaco a dizer isto? Pois, a resposta é simples. Moral da história: um país, dois sistemas morais, um para o filho, outro para o enteado. Henrique Raposo, Expresso

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Concerto de Natal - Carrazeda de Ansiães

ATL/NATAL - Carrazeda de Ansiães

Primeiro troço do IP2 abre hoje

Abre hoje ao trânsito o primeiro lanço da nova fase do IP2, entre Celorico da Beira e Trancoso. Para os próximos dias está também prevista a abertura no primeiro troço do IC5, entre o IP4, na zona do Pópulo, e o nó de Carlão.
O lanço do IP2 que hoje abre tem uma extensão de 29 quilómetros com perfil de auto-estrada. Ficam a faltar cerca de 70 quilómetros entre Valbenfeito, em Macedo de Cavaleiros, e Trancoso.
Porém, o lanço entre Junqueira (Torre de Moncorvo) e Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) encontra-se suspenso devido a questões ambientais, não se sabendo quando poderá ser executado.

A abertura dos dois primeiros troços das duas estradas que fazem parte da concessão do Douro Interior chegou a estar prevista para finais do passado mês de Novembro. No entanto, a inauguração teve de ser adiada para corrigir algumas deficiências.

Fonte oficial da Acendi explicou-nos que “na sequência da vistoria realizada pelas entidades competentes a 29 e 30 de Novembro, houve necessidade de avançar com trabalhos adicionais ao nível da sinalização e guardas de segurança”.
No caso do IC5, o presidente da Câmara de Alijó, Artur Cascarejo, confirma que foi a correcção de algumas falhas que adiou abertura do troço do seu concelho: “Tivemos inspecções da Estradas de Portugal, também da EDP. Há pormenores que à vista desarmada pode parecer que está tudo pronto mas que falta afinal. A nossa expectativa é que ainda possa abrir antes do Natal.” Ora, com a abertura do troço do IC5 fica completa a ligação rápida da vila de Alijó ao IP4 e à futura Auto-Estrada Transmontana. O autarca entende que este acesso se reveste de enorme importância para o concelho: “É fundamental para a ligação de Alijó ao IP4 e à futura A4 e vai atrair um novo tipo de acessibilidade. Já estamos a sentir investidores que se dirigem a nós pela expectativa criada pelo IC5 e pela auto-estrada”, admite.
O lanço do IC5 que liga o IP4 ao nó de Carlão, em Alijó, representa menos de 10 quilómetros dos 145 que a via vai ter até Miranda do Douro, cruzando todo o sul do distrito de Bragança. Uma obra que está a ser executada em toda a sua extensão. Segundo a Ascendi, “os diversos lanços em obras serão abertos à medida que forem ficando concluídos”. O próximo troço a abrir, “em início de Julho de 2011”, será o do IP2 “entre Longroiva (Meda) e Trancoso”.
A Ascendi também confirmou que “os prazos de conclusão dos restantes lotes são os acordados com a Estradas de Portugal”. Ou seja, tanto o IC5 como o IP2 vão ficar concluídos no final de 2011.
CIR/Brigantia

Recordes...

Antero

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Daqui e dali... Adolfo Mesquita Nunes

Um Governo autista
O pior que pode acontecer a um país que atravessa a crise que Portugal atravessa é ficar refém de um Governo que não acredita, nem quer acreditar, que o Estado Social precisa de ser reformado.
Em primeiro lugar porque esse autismo tem atrasado tudo o que deveria ter sido decidido a tempo e a horas. Desde a crise que não existia mesmo quando ela era já evidente até à contenção que era já absolutamente urgente e que o Governo não vislumbrava, o Governo de Sócrates tem reagido sempre com um notável atraso. Um Governo em tempo de crise serve para estar atento, não para se fazer de parvo.


Em segundo lugar porque esse mesmo autismo incapacita o Governo, impedindo-o de decidir com coragem, determinação e criatividade. Não acreditando na necessidade de reforma, teimando em considerar que a crise é apenas um azar que os incomoda pelo que não há que inovar na receita para superar a crise, os nossos Ministros, com o Primeiro à cabeça, aparecem resignados a satisfazer os mercados quando deveriam aparecer determinados. Um Governo em tempo de crise serve para decidir com coragem e com vontade, não para encolher os ombros como quem só faz o que faz porque a isso é obrigado.


Em terceiro lugar porque, em consequência, vemos o Governo apresentar medidas sem grande alcance, tal é a vontade de em quase nada ceder ao socialismo reinante. São medidas gasosas, sem conteúdo sólido, destinadas a iludir, a ver se pega. Um Governo em tempo de crise serve para apresentar soluções concretas e eficazes e não para fazer figura de mestre de cerimónias de um espectáculo de ilusionismo.


Em quarto lugar porque o autismo Governamental torna-o refém do exterior. Não sabendo o que fazer, e agindo por mera reacção, o Governo é já um braço armado do exterior, ainda para mais sem qualquer convicção. Um Governo em tempo de crise serve para afirmar a soberania nacional com a ajuda externa, não serve para, por desconhecimento e desistência, subjugar-se a ela.
Expresso

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Os voos secretos da CIA

Henrique Monteiro

Daqui e dali... Henrique Raposo

Morte aos agiotas, by Manuel Alegre

Manuel Alegre
diz que Portugal não pode estar sujeito à pressão dos mercados. Pois muito bem. Alegre pode "fechar" Portugal, mas, a seguir, tem de dizer que o Estado Social acaba amanhã, porque esse Estado Social é sustentado pelos malvados "agiotas".
I. As mudanças na lei laboral são uma "uma cedência aos agiotas, a Bruxelas, ao grande capital financeiro" (in Expresso). Não, não é Cunhal em 1980. É Manuel Alegre em 2010. Mas o pior é que esta linguagem jurássica (como podem ver, eu sou um perigoso informador dos americanos) esconde um pensamento perigoso, ou melhor, esconde a ausência de pensamento. E este vazio é visível no seguinte raciocínio: Alegre diz que "é inaceitável que os estados democráticos estejam num estado de absoluta dependência dos mercados". Ora, pois muito bem. Alegre tem todo o direito a pensar que Portugal não pode estar sujeito aos mercados. Só há aqui um problema: Alegre dá a entender que foram os mercados que atacaram a política; dá a entender que esta crise é o resultado da acção dos mercados financeiros. Ou seja, Alegre olha para o efeito (mercados a apertar as exigências) e não para a causa (estados viciados em dinheiro emprestado).

II. Perante isto, é preciso relembrar o óbvio: foram os políticos que pediram dinheiro emprestado aos mercados (actividade conhecida pelo eufemismo de "dívida pública"). Em Portugal, os governos - durante os últimos 15 anos, pelo menos - governaram com base na dívida pública. Por outras palavras, o Estado Social de Alegre foi construído com o dinheiro emprestado pelos malvados agiotas. Neste sentido, não estamos a assistir a um duelo entre política e mercado. Estamos a assistir, isso sim, ao colapso de uma política assente no dinheiro emprestado pelos tais "agiotas", isto é, estamos a assistir ao colapso do socialismo democrático, tal como ele foi desenvolvido nas últimas décadas (em Portugal e na Europa).

III. Esta esquerda, que nos colocou neste beco sem saída, faz-se agora de vítima. "Ai, os malvados mercados". Uma tremenda hipocrisia, porque foram esses mercados que permitiram ao PS construir o actual Estado Social. Ano após ano, o dinheiro dos "agiotas" lá foi preenchendo o vácuo que separava as possibilidades de Portugal dos desejos dos portugueses . Ou seja, o dinheiro dos "agiotas" (adoro o termo agiota; funde o nojo ao dinheiro de muita esquerda e de muitos ultra-católicos) foi o instrumento que permitiu a suspensão da realidade. Através do seu trabalho, os portugueses conseguiam apenas x, mas queriam (x + y). E os políticos prometiam esse (x + y). Ora, pedir dinheiro emprestado aos agiotas foi o mecanismo encontrado para criar - do nada - esse + y. O nome desta fórmula é "direitos adquiridos". Tem como apelido "Estado Social".

IV. Ok, eu sei que Alegre não consegue compreender isto. Estamos em 2010, e Alegre tem a cabeça na Coimbra de 1960. Tudo bem. E até acho que ele não está a ser hipócrita. O problema é que está rodeado de hipócritas, que vivem desta hipocrisia organizada que se protege com os gritinhos do costume: "ai, os mercados".
Henrique Raposo, Expresso

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Daqui e dali... Tiago Mesquita

Sr. primeiro-ministro: estão a comer do caixote do lixo à minha porta
Só quando levamos uma estalada visual acordamos para o efeito devastador que a crise pode ter numa família e na sociedade em geral. Sr. primeiro-ministro: faça alguma coisa porque a culpa é sua.

Diariamente são anunciados milhares de novos casos de pobreza extrema e pedidos de ajuda desesperados. Mas por vezes são precisas mais do que meras palavras para constatarmos que de facto o país está a mudar. E começa na porta ao lado da nossa. Na nossa rua. Na cidade, vila ou aldeia que habitamos.

Tive oportunidade de observar a crise de forma quase "impressionista", como um quadro a prender-me de forma violenta, cujas pinceladas fortes e cores agressivas transmitiram uma mensagem que me fez colar literalmente ao chão. Entrei numa realidade que julgava sobredimensionada, pintada com outras cores por quem nos governa, com tonalidades bem mais suaves. Entretidos que estamos na nossa vida diária, alheados e mergulhados em problemas muitas vezes comezinhos, esquecemo-nos de ver. Olhamos, mas não vemos.

Mas eu vi. Pouco deveria passar das 23h30. Passeava o cão no jardim fronteiro ao prédio quando um automóvel parou junto ao parqueamento. As pessoas que saíram da viatura não me conseguiam ver. A rua estava deserta. Um casal e um rapaz, não deveria ter mais do que 6 anos. Uma família como qualquer outra. Aproximaram-se a medo dos caixotes. Um a um, foram recolhendo lixo alheio. Lixo que para esta família parecia servir. O rapaz colocou vários sacos na bagageira até que algo o fez parar, saltando apressado para o banco traseiro da viatura. Espreitou pelo vidro. Estavam os três a olhar para mim. Senti a vergonha deles por terem sido avistados e a minha por não saber reagir. Fiquei sem chão.

Senhor primeiro-ministro: quando o ouço falar em energias renováveis tenho vontade de regurgitar. Quando ouço V.exa falar de progresso, de crescimento e desenvolvimento, de um Estado Social e de solidariedade: regurgito mesmo. Quando o voltar a ouvir falar em sacrifícios vou-me lembrar sempre do que vi nos olhos de um garoto, que é certamente muito mais homem do que muitos homens. E não me vou esquecer de si, do mal que tem feito ao país e que continua a fazer impunemente. O tempo o julgará, já que a Justiça está visto que não pode fazê-lo.

PS: as traseiras dos hipermercados deste país são nos tempos que correm, em alguns dias da semana, quase tão movimentadas como o interior dos mesmos. Sugiro ao Senhor primeiro-ministro uma visita a estes locais em vez de andar por aí a visitar fábricas que exportam rolhas para a China e portáteis para a Venezuela. Ou será que não quer ver o país real? O país que o senhor ajudou a construir. Ou devo dizer destruir?
Tiago Mesquita, Expresso

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Trabalhos de consolidação na Linha do Douro concluídos

Quase um ano depois da derrocada na linha do Douro, a Refer anunciou ontem a conclusão das obras de reforço do talude ao quilómetro 142,5, no troço que liga o Tua (Carrazeda de Ansiães) ao Pocinho (Vila Nova de Foz Côa).
Os trabalhos custaram menos do que o previsto.
Foram menos 200 mil euros do que inicialmente previsto.
No dia de Natal do ano passado uma derrocada interrompeu a circulação de comboios entre as duas estações, um troço que faz circular cerca de 125 passageiros por dia.
Os trabalhos foram adjudicados à OFM e custaram 950 mil euros, menos 200 mil euros do que o previsto inicialmente, segundo anunciou ontem a Refer, em comunicado.
Em Fevereiro deste ano as obras foram adjudicadas por cerca de 1 milhão, 150 mil euros mas os trabalhos foram concluídos quase um ano depois por cerca de 950 mil euros.
As obras consistiram, essencialmente, “na execução de pregagens, recalces, vigamentos, colocação de redes de dupla torção, painéis HEA (High Energy Absorption) e barreira dinâmica”, segundo informou a empresa.
Dadas as características da zona onde ocorreu a derrocada, num vale do Douro, a maior parte dos trabalhos foram realizados por alpinistas com formação específica para intervenções em altura mas “sem incidentes, apesar do elevado risco associado a uma obra deste tipo”, segundo realça o mesmo comunicado.
Recorde-se que a circulação já tinha sido retomada em 1 de Abril deste ano, mas com condicionalismos à passagem pelo local da derrocada, que obrigavam os comboios a reduzir a velocidade. Brigantia

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Comunicado do MCLT

O MCLT – Movimento Cívico pela Linha do Tua, felicita os congéneres do MCDLT, cuja iniciativa reuniu mais 4500 assinaturas, que representam outras tantas pessoas indignadas com todo o processo anti-democrático de imposição de construção de uma negativa e descabida barragem na foz do rio Tua, e consequente destruição do vale e da Linha do Tua.
Após a petição entregue pelo MCLT com 5100 assinaturas de cidadãos de várias nacionalidades, discutida em plenário da AR em Julho de 2009, cuja contagem actual de assinaturas na página de recolha disponibilizada na Internet ultrapassa agora as 8000, e em consonância com o manifesto entretanto lançado que reuniu também uma soma de mais de 5000 assinaturas, são assim quase 18000 vozes a dizer não à barragem do Tua e sim à Linha do Tua.
Com os tristes episódios de promiscuidades que temos assistido ultimamente, os trasmontanos e demais cidadãos, quer nacionais quer estrangeiros, que têm pugnado pela modernização, reabertura e prolongamento da Linha do Tua, e pela preservação do vale do Tua, em consonância com políticas energéticas e de transporte alternativas e ainda por cima mais eficazes que as que nos impõem, clamam por honestidade, justiça e responsabilização dos envolvidos neste processo obscuro e embusteiro.
Com mais este clamor, o MCLT interpela a Comissão Parlamentar de Obras Públicas, Transportes e Comunicações, e demais deputados da Assembleia da República, sobretudo àqueles filiados em partidos que se têm mantido calados, tímidos ou amordaçados, a agirem urgentemente contra este descalabro sem vergonha, antes de ficarem na História como os Carrascos do Tua, por interesses recônditos ou pura negligência indesculpável, a troco da ruína da região trasmontana.
Mirandela, 30 de Novembro de 2010.
MCLT - Movimento Cívico pela Linha do Tua
http://www.linhadotua.net/

O desmentido

Henrique Monteiro

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Movimento entrega petição na AR para pedir reabertura da Linha do Tua

O Movimento de Cidadãos em Defesa da Linha do Tua vai entregar, hoje, na Assembleia da República, uma petição com 4500 assinaturas a pedir a reabertura da linha ferrovia do Tua e a reactivação do troço até Bragança.
Este movimento foi criado em Agosto deste ano, na aldeia de Codeçais, Carrazeda de Ansiães, um dos concelhos servidos pela linha que se encontra encerrada há mais de dois anos.
A petição foi uma das primeiras iniciativas deste movimento que não conseguiu as dez mil assinaturas a que se propôs inicialmente, mas o número suficiente para a sua pretensão ser apreciada em plenário no Parlamento. CIR/Brigantia

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Mau Tempo: Bragança continua à espera da neve que já começou a cair a sul do distrito

A Protecção Civil de Bragança que esperou hoje ao longo do dia pela neve no norte do distrito foi surpreendida, a meio da tarde, pela queda dos primeiros flocos não na zona mais fria, como é habitual mas em vários concelhos do sul da região.
Em declarações à Lusa o comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) , Cralos Alves, depois das 15:00, começou a nevar em Torre de Moncorvo, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor e Alfândega da Fé, nomeadamente na serra de Bornes
. Visão

Providência cautelar para contestar arquivamento da classificação da Linha do Tua

Os proponentes da classificação da Linha do Tua como monumento nacional, interpuseram uma providência cautelar no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto para suspender a decisão do IGESPAR que arquivou o processo de classificação patrimonial da ferrovia.
Sentem-se indignados com a posição assumida pelo instituto e decidiram impugnar o despacho que decide o arquivamento porque, segundo eles padece de várias ilegalidades.

Detectamos um conjunto de ilegalidades no procedimento, pois há questões que a lei obriga a cumprir e decidimos avançar com a impugnação do acto administrativo” avança a primeira subscritora da proposta de classificação da Linha do Tua como património nacional.
Avançamos com uma providência cautelar no sentido de agir com maior rapidez e eficácia para que nada possa ameaçar a linha do Tua de uma intervenção” acrescenta.
Manuela Cunha, estranha a pressa com que se desenrolou o processo. “O que nós vemos é que há aqui dois pesos e duas medidas” pois “a abertura do processo foi decidida numa avaliação técnica por especialistas do Ministério da Cultura, mas depois houve uma demora inexplicável para que o despacho entrasse em vigor através da publicação em Diário da República” explica. Depois “muito rapidamente e contrariando todos os outros processos de classificação em Portugal que demoram anos, o Conselho Consultivo reúne e delibera sem ouvir os cidadãos que solicitaram a abertura do processo”.
Apesar da luta pela Linha do Tua entrar agora numa fase judicial os proponentes da classificação garantem que não baixam os braços em defesa daquele património.
Não nos damos nem por vencidos nem por convencidos” afirma. “Nós sabemos que esta luta é muito dura porque os interesses da EDP e a vontade do Governo em construir a barragem é muito grande” acrescenta, salientando que “a nossa razão é grande na defesa desta linha, tal como a adesão a esta causa por parte da população”.
Os proponentes da classificação da Linha do Tua como monumento nacional, aguardam agora a decisão do tribunal. Brigantia

sábado, 27 de novembro de 2010

Lixeiras varridas da paisagem

É mais uma tentativa para acabar com as lixeiras clandestinas na região duriense. O projecto "Valor Douro" foi apresentado, ontem, em Carrazeda de Ansiães. Abrange sete concelhos e representa um investimento de cerca de um milhão de euros.

A sua execução está a cargo da empresa intermunicipal Resíduos do Nordeste, nos concelhos de Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila Flor e Vila Nova de Foz Côa. Durante dois anos vão ser "corrigidas intrusões e disfunções paisagísticas, autênticas manchas na paisagem excepcional do vale do Douro", explicou o director da empresa, Paulo Praça.

Para além dos depósitos de todo o tipo de resíduos sólidos, o "Valor Douro" também vai remover e desmantelar embarcações e veículos abandonados, bem como requalificar zonas ribeirinhas. Os resíduos da construção e demolição são, no entanto, os mais preocupantes, porque "geralmente são depositados todos misturados, como tijolos, betão, plásticos, vidros, entre outros", notou Paulo Praça.

No futuro deverão ser criados sítios para que os empreiteiros possam livrar-se deles, porém, o director da Resíduos do Nordeste avisa que "se estiverem dispostos a separá-los, podem coloca-los em ecocentros e aterros sanitários".

O chefe da Estrutura de Missão do Douro, Ricardo Magalhães acredita neste projecto, desenvolvido por quem sabe, mas espera que também seja possível "mudar comportamentos cívicos", defendendo o desenvolvimento de acções de sensibilização ambiental.

Segundo o vogal executivo da Comissão Directiva do ON.2, Mário Rui Silva, "há um projecto de valor semelhante, também já aprovado, para fazer o mesmo noutros concelhos do Douro. Entende-os como "pontapés de saída para que a sociedade perceba que todos têm a ganhar com um ambiente sem lixeiras clandestinas". "O Douro só será uma região encantada e maravilhosa se a mantivermos limpa", sublinhou o autarca anfitrião, José Luís Correia.
Eduardo Pinto, JN

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Daqui e dali... Adolfo Mesquita Nunes

Como continuar a confiar nos socialistas?

Os socialistas portugueses tiveram sempre, ou quase sempre, uma difícil relação com o pensamento económico: ou estiveram do lado errado ou chegaram ao lado certo com um atraso indesculpável.

Nos anos 70, quando as experiências soviéticas eram já conhecidas de todos, os socialistas portugueses permitiram a nacionalização da economia e defenderam-na com determinação.

Nos anos 80, quando a Europa se comprometia na liberalização da economia e via o progresso, os socialistas portugueses defenderam a irreversibilidade das nacionalizações, resistiram às alterações na organização económica nascida com a Constituição de 1976, insistiram no essencial da Reforma Agrária, contestaram as privatizações e bateram-se contra os primeiros sinais de modernização da legislação laboral.

Nos anos 90, quando eram notórios os resultados de experiências políticas esquecidas das contas públicas, os socialistas portugueses permitiram o crescimento da despesa e da dívida, alargaram o Estado para além dos limites da sua tradicional definição, recusaram-se a fazer uma reforma profunda na segurança social e promoveram a subsidiodependência da população portuguesa.

Na primeira década do novo Século, quando eram evidentes os sinais de crise estrutural do país e começaram a surgir os primeiros sinais da crise que nos assola, os socialistas insistiram na secundarização do défice e apontaram para vida além do dito, impediram a completa reforma da legislação laboral, aumentaram impostos como nenhum outro partido, descontrolaram a despesa, desdenharam da crise e falharam qualquer execução orçamental prudente.

Os socialistas portugueses tiveram sempre, do ponto de vista económico, com excepção da sua determinante contribuição para o afastamento do comunismo e para a integração europeia, uma relação difícil com a História. Ou estiveram sempre do lado errado, ou chegaram muito tarde ao lado certo.

Não era já tempo de deixarmos de confiar nos socialistas portugueses?
Expresso

Estamos no mau caminho

LVeloso

Governo aprova suspensão de PDM para viabilizar barragem de Foz Tua

Conselho de ministros aprovou medidas preventivas durante dois anos para evitar alterações de uso nos terrenos que serão necessários para o aproveitamento hidroeléctrico da EDP, ao qual está associado um investimento de 300 milhões de euros.
O Governo aprovou no Conselho de Ministros de hoje a suspensão parcial dos planos directores municipais (PDM) existentes na região onde será construída a barragem de Foz Tua, para impedir alterações de uso do território que possam pôr em causa o empreendimento da EDP. Uma resolução do Conselho de Ministros hoje publicada aprovou a suspensão parcial dos PDM de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Murça, Mirandela e Vila Flor, assim como a suspensão parcial do plano de ordenamento das albufeiras da Régua e do Carrapatelo e o estabelecimento de medidas preventivas durante dois anos na área de Foz Tua. “Estando em causa uma infra-estrutura de reconhecido interesse nacional, esta Resolução tem como objectivo evitar a ocorrência de alterações do uso do território, bem como da emissão de licenças ou autorizações que possam comprometer a concretização do aproveitamento hidroeléctrico de Foz Tua, ou torná-la mais difícil e onerosa”, refere o comunicado do Conselho de Ministros.
Esta é uma das cinco novas barragens que a EDP irá desenvolver em Portugal. Situada no rio Tua, afluente do Douro, a barragem de Foz Tua terá uma potência total de 255 megawatts (MW), estando o investimento estimado em cerca de 300 milhões de euros. A entrada em operação está prevista para 2014. Jornal de Negócios

Resíduos do Nordeste avança com limpeza de depósitos de resíduos

A empresa intermunicipal Resíduos do Nordeste vai arrancar com um projecto de perto de um milhão de euros para a remoção de depósitos ilegais de resíduos e a requalificação de zonas ribeirinhas. O contrato de financiamento do projecto Valor Douro é assinado amanhã.
O Valor Douro está direccionado para intervenções que visem a recuperação de depósitos clandestinos de resíduos sólidos, nomeadamente urbanos, indiferenciados, de construção, de demolição e utensílios domésticos fora de uso; a remoção e desmantelamento de embarcações e veículos abandonados e a recuperação das margens do rio Douro.
A ideia é «corrigir intrusões ou disfunções paisagísticas que constituem manchas na
paisagem excepcional do Vale do Douro decorrentes, nomeadamente, da deposição clandestina de resíduos sólidos ao longo das vias de comunicação, nas linhas de água e zonas de talude e da existência de sucatas abandonadas
», esclarece a empresa em comunicado.
A Resíduos do Nordeste apresentou, em Abril de 2009, a candidatura no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte 2007-2013, Turismo Douro – Infraestrutural, para a preservação do património ambiental e desenvolvimento rural e local, tendo sido aprovado em Setembro deste ano.
Os concelhos abrangidos são Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila Flor e Vila Nova de Foz Côa
. Ambiente Online

Violência sobre idosos é a mais preocupante no Nordeste Transmontano

A violência sobre idosos é o que mais preocupa as autoridades no Nordeste Transmontano, num dia em que se assinala o dia internacional de combate à violência doméstica.
Teresa Fernandes, psicóloga do Núcleo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica do distrito de Bragança refere que o aumento mais significativo de denúncias não é de mulheres agredidas pelos maridos.
O grosso dos casos referem-se a mulheres casadas, dos 25 aos 44 anos, que se queixam dos maridos. Mas a alteração à lei veio provocar que a faixa etária do namoro e dos maiores de 65 anos têm registado um aumento significativo. Mais do que na faixa dos 25 aos 44 anos”, sublinha. No Nordeste transmontano são vários os factores que contribuem para a violência doméstica nos idosos.“O isolamento, a distância do acesso a serviços, a falta de informação, o medo da crítica social”, exemplifica.
Este tipo de violência envolve, na maioria das vezes, interesses financeiros.
Nos mais de 65 anos, o grosso da violência doméstica é mais violência psicológica e com base no fundo económico.”
A psicóloga Teresa Fernandes conta um caso que acompanhou de perto e que pode servir como exemplo daquilo que muitas vezes acontece.
Durante três anos e meio uma idosa foi vítima de violência por parte do filho. Depois de sete denúncias na GNR foi retirada de casa porque não se podia protegê-la de outra maneira. Foi retirada de casa e existe um processo judicial em curso. Era de uma aldeia, em isolamento social, vivia sozinha com este filho que a maltratava pela reforma e por alcoolismo.”
No Dia Nacional do Laço Branco em que se promove a luta contra a violência doméstica, o Núcleo distrital de apoio a estas vítimas apela à denúncia destes casos através do telefone directo 92 77 03 02 5 ou do número gratuito nacional 144.
CIR/Brigantia

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Património imaterial da região em debate no Museu do Douro

No próximo dia 26 de Novembro realiza-se no Museu do Douro o segundo Fórum do Património Imaterial do Douro, que nesta edição se subordina ao tema «Como Documentar o Intangível? A Resposta dos Museus».
Esta iniciativa pretende traduzir a necessidade de preservar, valorizar e divulgar os testemunhos da cultura material e imaterial das populações que construíram a paisagem duriense, classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade na categoria de Paisagem Cultural Evolutiva e Viva.

Segundo referem os promotores, “a UNESCO tem vindo a desafiar os Estados e as instituições a agirem com celeridade e com critério para gerar uma nova energia em prol da cultura imaterial dos povos, através da salvaguarda do seu património”.

Foi com este objectivo que tomou forma o Plano de Inventariação do Património Imaterial do Douro (PCI), do qual a obra "Património Imaterial do Douro - Narrações Orais (Contos. Lendas. Mitos), da autoria do escritor e investigador Alexandre Parafita, é a sua face visível. A obra é apresentada pela pintora Graça Morais na abertura do fórum.

Neste segundo volume apresenta-se uma vasta recolha e compilação das narrações orais dos concelhos de Carrazeda de Ansiães e Vila Flor, acompanhada de um estudo teórico-metodológico e interpretativo desse património.Além da apresentação do livro consta do programa dos trabalhos um conjunto de intervenções de especialistas convidados, como a Mestre Maria da Graça Filipe (Subdirectora do Instituto dos Museus e da Conservação), Mestre Clara Bertrand Cabral (Responsável pela área da Cultura e Património Mundial, Comissão Nacional da UNESCO) e Prof. Doutor Armando Coelho Ferreira da Silva (Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto).

O programa inclui também o momento dos "Narradores da Memória", com entrega de diplomas a dezassete narradores dos concelhos de Carrazeda de Ansiães e Vila Flor e a intervenção "ao vivo" da narradora D. Maria de Lurdes Dionísio Ala.

No mesmo dia, já ao final da tarde, o Museu inaugura a exposição de esculturas “Altares do Douro”, da autoria de José Rodrigues. São mais de 20 peças esculturais que vão estar patentes ao público no espaço desta instituição cultural. José Rodrigues estará presente na inauguração da exposição que decorrerá pelas 17h00. Notícias do Nordeste

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Daqui e dali... Henrique Raposo

Um capricho de uma procuradora custou ao Estado cerca de 4 mil euros (€4.000). Tudo por causa de um casaco mal-cheiroso. Eis a metáfora do estado patético a que chegou a nossa justiça.

I. No último Expresso (p. 26), Isabel Paulo conta a história, que vale por si. Um casaco "em estado de infeta degradação", roubado por um toxicodependente ao irmão, em 2006, só foi destruído no tribunal de Amarante na semana passada. Quatro anos de espera. E porquê quatro anos de espera? Porque existiu um recurso do Ministério Público. "O recurso da então procuradora do MP de Amarante, entretanto transferida para Vale de Cambra, terá custado ao bolso dos contribuintes mais de 4 mil euros em encargos administrativos, salários de quatro magistrados e de uma advogada oficiosa".

II. Fast forward: "em 2007, arquivado o caso após a morte do irmão queixoso, também toxicodependente, o casaco, à guarda do MP, acabou por transitar para outro processo" referente ao roubo de um veículo por parte do irmão mais novo. Fast forward: "em 2008, após sucessivas faltas de comparência do arguido no tribunal", o proprietário do veículo desistiu, "cansado da marcha lenta do processo. Inconformado, o MP acusa o então arguido por crime agravado de condução ilegal. Este acaba por ser absolvido". Fast forward: em janeiro, a juíza manda destruir o dito casaco. E é aqui que entra a fúria processual do MP: "foi então que a delegada do MP recorreu para a Relação do Porto, por não se conformar - reparem - "com o facto de a juíza não ter pedido a certidão de óbito do falecido nem notificado os familiares mais próximos para levarem o casaco". O casaco tinha diamantes?

III. Há um mês, a Relação do Porto foi obrigada a dizer o óbvio, em duas versões. Primeira versão (aquilo que toda a gente compreende): face ao estado de degradação do casaco, a juíza antecipou o óbvio. Segunda versão (aquilo que os magistrados deviam saber melhor do que ninguém): se seguíssemos apenas as "estritas regras jurídicas, acabaríamos num mundo de absurdos inúteis". Mas a questão não se resolve apenas com estes puxões de orelhas. Pelo que se sabe, a responsável por toda esta confusão continua a ser procuradora. Ora, quando se gastam 4 mil euros do erário público por causa de um velho casaco mal-cheiroso, a pergunta é legítima: esta pessoa merece continuar a ser procuradora? Esta pessoa não devia ser demitida? (Por amor de deus, houve um recurso para a Relação por causa de um blusão esburacado). E o Procurador-Geral não tem nada a dizer sobre isto?

IV. Ao ler esta história, um português começa a rir (fiz essa experiência este fim de semana). Ao ler esta história, um americano começa a pedir a cabeça dos responsáveis (também fiz essa experiência esta semana). O problema talvez comece aqui.
Henrique Raposo, Expresso

Irlanda pede ajuda

Henrique Monteiro

Dez milhões disponíveis para ajudar comércio local

Arranca hoje a sexta fase de candidaturas ao MODCOM, o ao Sistema de Incentivos à Modernização do Comércio. Esta fase, que tem disponíveis dez milhões de euros, destina-se às micro, pequenas e médias empresas.
Contempla apoios a três tipos de acções. A A, destinada lojas comerciais e conjuntos de modernização comercial.
A B, para lojas em rede, ou seja, empresas que pretendam, por exemplo, adoptar uma insígnia comum ainda que a propriedade seja individual, que utilizem a mesma plataforma informática ou que se abasteçam na mesma central de compras. A Acção C, para estruturas associativas do sector do comércio, com vista à promoção dos centros urbanos.
Os projectos de investimento contarão com uma taxa de incentivo a fundo perdido de 45% das despesas no caso das lojas individuais, de 50% nos projectos empresariais integrados e de 60% para as associações comerciais.
Nas cinco fases anteriores do MODCOM o Governo disponibilizou um total de 134 milhões de euros a fundo perdido para a revitalização do comércio tradicional, tendo sido seleccionados cerca de 4.600 projectos empresariais e associativos, que geraram mais de sete mil postos de trabalho.
Brigantia

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Processo de classificação arquivado

O procedimento de classificação da Linha Ferroviária do Tua foi arquivado pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR).
O procedimento de classificação da Linha Ferroviária do Tua foi arquivado pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR). O despacho que dita que este troço ferroviário deixa de estar em vias de classificação foi publicado, na passada quinta-feira, em Diário da República.
O documento esclarece que fica sem efeito a zona geral de protecção que iria abranger os concelhos de Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Mirandela, Alijó e Murça.
Esta decisão já desencadeou uma reacção da parte dos subscritores do requerimento que deu origem ao processo, que garantem que vão recorrer judicialmente.As pessoas que lutam pela defesa da Linha querem que seja classificada como Património de Interesse Nacional, para salvaguardar a sua preservação, visto que a construção da Barragem de Foz Tua vai submergir uma parte deste troço ferroviário.
Os subscritores, um grupo de cidadãos incluindo figuras públicas do meio cultural, artístico, académico, científico, ambientalista e político, consideram que foi “violado um conjunto de procedimentos e normas legais, nomeadamente o pressuposto que obriga à audição prévia dos interessados”.

Recorde-se que o requerimento de pedido de abertura do procedimento de classificação da Linha do Tua foi entregue no IGESPAR em Março deste ano e foi subscrito por um conjunto de cidadãos que têm vindo a lutar pela defesa deste património.
Apesar dos subscritores deste documento considerarem que a classificação poderia travar a barragem, a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, já tinha afastado a hipótese deste processo pôr em causa o projecto da EDP. Aliás, a aprovação definitiva para a construção do empreendimento hidroeléctrico já tinha sido anunciada no mês passado, com a conclusão do processo de avaliação ambiental, que impõe algumas condições à EDP na concretização do projecto. A Declaração de Impacte Ambiental aprovou a construção da barragem a uma quota de 170 metros, o que implica a inundação de 16 quilómetros da Linha do Tua. Jornal Nordeste

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A BETA MOVEMENT - Rock Rendez Worten AWARDS

A BETA MOVEMENT, projecto vencedor da categoria ALTERNATIVO Rock Rendez Worten, seleccionados entre mais de 800 bandas, por um juri constituido por sete figuras ligadas à musica nacional, onde se inclui Henrique Amaro(Antena3), Miguel Cadete (Blitz) e Sónia Tavares (The Gift).

A banda foi escolhida pelo juri, posteriormente votada pelo público e teve o voto do padrinho da categoria ALTERNATIVA, Miguel Guedes (Blind Zero), o que possibilitou ao colectivo estar presente na cerimónia final, transmitida pela SIC Radical, na apresentação de duas músicas, uma das quais "Romance is for Both"com a participação deste na voz e guitarra.

A BETA MOVEMENT "Romance is for Both" feat. Miguel Guedes (Blind Zero)


Os A BETA MOVEMENT têm vindo a desenvolver um trabalho cuidado e estruturado, assente na construção de canções de base indie com reflexos das programações e construções electrónicas, reconhecimento esse traduzido nas palavras de elementos do juri e no prazer da experiência, que se mantém, com o Miguel Guedes.

www.myspace.com/abetamovement
www.rrw.pt/a_beta_movement
http://www.facebook.com/#!/pages/A-Beta-Movement/231849509647

No tempo em que não havia televisão ou rádio

O Museu do Douro vai lançar, no próximo dia 26, um livro em que serão perpetuados no tempo 250 lendas e 166 contos populares que estavam em risco de extinção. Património recolhido ao longo de três anos em Tabuaço, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor.
Flora Teixeira, de 80 anos, e Florinda Lopes, de 79, vivem em Pombal de Ansiães, concelho de Carrazeda, e são duas das protagonistas da obra "Património imaterial do Douro - Narrações orais", cuja coordenação científica foi do investigador Alexandre Parafita.
Sentadas a desfrutar o que resta de uma plácida tarde de Outono, ambas recordam que "a falta de televisão e de rádio" era uma das causas para que nos serões de antigamente medrasse a quantidade de lendas, contos e lengalengas. Património imaterial que passava de geração em geração. "Avô, conte-nos lá uma história!", lembra-se Flora, que na sua meninice encontrava nele fonte de distracção. Já avó, foi ela que as contou às netas.
Reza uma das histórias guardadas na memória por Flora que "vivia no Pombal um homem que tinha o fado de sair de casa à meia-noite e que se transformava em cavalo. Tinha de percorrer sete freguesias onde existisse pia baptismal. Um dia, a mulher dele pediu a um vizinho que, quando o visse passar, o picasse com um aguilhão. E assim aconteceu junto à casa, que ainda existe. Ele transformou--se em homem e disse: "boa-noite, senhor José Pereira". Este ficou tão assustado que até adoeceu".
"Essa história é do tempo do meu bisavô e as minhas tias sempre disseram que foi verdade", acrescenta Florinda, lembrando uma outra: "A minha bisavó era a mulher do bisavô da Flora. Numa noite, ele foi para a quinta tratar do vinho nos tonéis e, quando regressava a casa, viu um cabrito aos saltos. Lá o agarrou, pô-lo ao pescoço e subiu até à aldeia. Uma vez chegado, o cabrito deu um pulo, riu-se e disse-lhe: "agora, vai gabar-te que vieste todo o caminho com o diabo às costas"", sorri, sublinhando que "há muitas mais lendas como esta".
Ambas valorizam a recolha feita por Alexandre Parafita, porque não vêem nos jovens garante de preservação daquelas lendas e afins. "Andam entretidos com coisas novas, como a Internet e discotecas", atira Flora. O autor prefere justificar o total desapego com a "quebra do convívio intergeracional", ainda que "muitas das crenças tendam a esbater-se por força da evolução do conhecimento e da ciência".
E mesmo sendo "saudável", nota que "menosprezar a memória dessas crenças ou desrespeitar as tradições dos povos é um indicador de penosa ignorância ou malformação das novas gerações".
Eduardo Pinto, DN

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Refer paga 132 mil euros... em táxis

Petição pela classificação da linha arquivada desespera utentes que não têm alternativa ao comboio.
"Porque é que nos tiraram o comboio?" A pergunta é de José Celestino, 80 anos, residente em Vilarinho, concelho de Vila Flor. Mas reflecte o estado de desânimo de todos os que olham a Linha do Tua, em Trás-os-Montes, já amputada num troço e prestes a ser submersa noutro por uma barragem.
"Sem o comboio estamos desgraçados, a nossa aldeia tem 60 habitantes todos já velhos a necessitar de assistência médica. A Refer dá-nos a possibilidade de ir de táxi, mas temos de partir às sete da manhã e regressar depois das sete da noite. O que fico a fazer em Mirandela? Assim ou não vamos ao médico ou desembolsamos quinze euros para um táxi nos vir trazer a casa", diz José Celestino.
Ao que o DN apurou, a Refer paga aos quatro taxistas que efectuam o transporte de utentes entre as nove estações desactivadas e Mirandela cerca de onze mil euros por mês, 132 mil euros por ano. Daniel Conde, líder do Movimento Cívico pela Linha do Tua alega: "preferem o investimento rodoviário ao ferroviário..." (ver entrevista da última página).
Daniel, José e muitos transmontanos viram esta semana esgotar-se uma das derradeiras esperanças de preservação da centenária linha ferroviária, a petição pela classificação da Linha do Tua como património nacional. Subscrita por milhares de pessoas e entregue em Março ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), deu lugar a um processo que foi arquivado.
José Silvano, presidente da Câmara de Mirandela, disse ao DN que o arquivamento desta petição põe fim às suas esperanças de evitar a construção da barragem. "Irei lutar com todas as minhas forças para que o restante troço entre Brunheda e Mirandela se mantenha com a reabertura das estações entretanto encerradas."
As duas velhas automotoras que restam - das quatro que antes rolavam sobre carris, uma caiu ao rio no acidente de Fevereiro de 2007 e a outra está inactiva há mais de um ano nas oficinas de Carvalhais - fazem o percurso entre Cachão e Mirandela. Têm a alegria perversa das cores dos graffiti mas deslizam tristes. Joaquim Cardoso, há mais de 50 anos atrás do café junto à estação do Cachão, diz que "os horários praticados pelos comboios não estão ajustados aos dos estudantes e pessoas que trabalham em Mirandela. Muitas vezes andam vazios porque as pessoas optam pelo autocarro".
Entre o Cachão e Brunheda a linha foi desactivada, não por culpa da barragem, que ali não chega, mas por opção da Refer. Naquele troço reina o silêncio. As estações estão em ruínas, as ervas tapam as travessas da via, os fios de cobre e postes das telecomunicações foram retirados.
O edifício da estação de Ribeirinha é ocupado por Abílio Augusto, com a mulher e seus dois filhos. Reformado da CP, em que trabalhou durante 42 anos na estação de Mirandela, mora ali há cerca de 37 anos, paga cinco cêntimos de renda, mas a manutenção da habitação tem de ser feita por si. "Sou pobre e tenho de aqui morar mas a casa não tem condições. E agora, com a suspensão dos comboios, estamos cada vez mais sós..." DN

domingo, 14 de novembro de 2010

Governo fez 270 nomeações num mês e meio

Desde que anunciou o pacote de medidas de austeridade do PEC III, o Executivo liderado por José Sócrates tem contratado uma média de 45 novos funcionários por semana, para assumirem cargos no Governo e na administração directa e indirecta do Estado.

Desde que foram anunciadas as medidas de austeridade, o Governo já fez 270 nomeações para cargos no Governo e na administração directa e indirecta do Estado. O anúncio do PEC III - que apela à contenção da despesa pública - foi há cerca de mês e meio, o que dá uma média de 180 nomeações/mês, um valor muito superior aos primeiros anos de José Sócrates à frente do País, período em que foram nomeados mensalmente cerca de 100 funcionários.

Apesar de, entre 2005 e 2007, a situação económica não ter sido tão complicada como neste último mês e meio, o Executivo tem feito, em termos proporcionais, mais nomeações desde 29 de Setembro do que no início do seu primeiro mandato. Na altura, 2373 pessoas foram contratadas em 24 meses. Além de ultrapassar a média do seu primeiro Governo, Sócrates fica também à frente dos seus antecessores.

A causa deste elevado "bolo" de nomeações, publicadas em Diário da República desde que foram anunciadas as medidas de austeridade, são contratações para os mais variados organismos públicos tutelados pelos 15 ministérios. Desde inspecções e direcções-gerais, passando por institutos públicos, não há um único ministério que nestes últimos tempos não tenha feito pelo menos uma nomeação.

O Ministério do Trabalho e da Segurança Social lidera as nomeações, havendo 59 pessoas que ocuparam cargos em organismos tutelados por Helena André. Segue-se a Presidência do Conselho de Ministros, que, impulsionada pela realização dos Censos de 2011, atinge a segunda posição no ranking das nomeações (48). O último lugar do pódio pertence ao Ministério da Administração Interna, (21 nomeações), seguido de perto pelo da Justiça, com 23.

Por sua vez, para os organismos que dependem do Ministério da Economia foi nomeada apenas uma pessoa e duas para a Ciência. Nesta contabilização, o DN teve em conta todas as nomeações publicadas em Diário da República, com excepção das nomeações internas das escolas, uma vez que estas são uma formalidade administrativa pouco relevante para a análise global das contratações ministeriais.

Das 270 nomeações, 19 delas foram mesmo para gabinetes do Governo. No entanto, contactados pelo DN, os ministérios em causa justificaram a maioria destas contratações (que incluem assessores, adjuntos e até um motorista) com a saída dos quadros que antes ocupavam os cargos.

Há, porém, casos que significam mesmo um aumento do encargo com pessoal dos gabinetes. Exemplo disso é uma das explicações dadas por fonte oficial do Ministério das Obras Públicas, que justificou a contratação de mais um trabalhador para o gabinete do secretário de Estado dos Transportes com a "necessidade de reforçar a equipa de assessores face ao volume e complexidade do trabalho específico a desenvolver". Os resultados desta contagem feita pelo DN parecem contrariar o emagrecimento do Estado: nos últimos 30 dias úteis, foram nomeadas nove pessoas por dia. Ou seja: 45 por semana
. DN