A região de Trás-os-Montes e Alto Douro vai ter este ano mais 30% de azeite do que no anterior, num total de 90 milhões de quilos. Mas não há muitos motivos para sorrir, pois os custos de produção aumentaram e o preço de venda mantém-se.
Apesar de muita gente não ter trabalhado ontem, não foram poucos os agricultores que aproveitaram a manhã de Sol da véspera de Natal para varejar mais umas oliveiras. É que estamos no fim de Dezembro e a colheita vai a pouco mais de meio. Em alguns sítios até está atrasada.
Sem gostar de fazer balanços a meio do jogo, o presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), António Branco, arrisca avançar que, se não houver alterações climatéricas anormais, "vai ser um bom ano de azeite em quantidade e qualidade". A explicação tem a ver com as condições meteorológicas registadas ao longo do ano. "Não foi excessivamente seco, a Primavera foi boa para a floração e não houve chuva e geada em demasia durante a primeira fase da apanha".
Um lagar onde essa qualidade está a ser comprovada é o da Cooperativa Agrícola de Carrazeda de Ansiães. Joaquim Alves está a dirigir a campanha e diz já ter motivos para considerar o ano "excelente". A lista de espera de agricultores que querem laborar o azeite já ultrapassa meados de Janeiro.
António Branco esclarece, no entanto, que "este é um ano considerado normal, e não excepcional, tendo em conta a capacidade de produção. O anterior é que registou uma quebra". Recorda que devido às fortes geadas registadas em 2007 muitas oliveiras morreram e outras tiverem de ser sujeitas a podas violentas. Daí que perspective um maior acréscimo de azeite para os próximos anos, não só porque as árvores afectadas estão a recuperar, mas porque também tem havido novas plantações.
O presidente da AOTAD ressalva também que a qualidade do azeite deste ano não é homogénea. "É preciso separar o que foi colhido até às primeiras geadas e o que está a ser colhido agora, que não será tão bom". E isso vai notar-se no escoamento, sendo que o primeiro "não está a ter dificuldades", enquanto o que for colhido mais tarde "deverá enfrentar algumas".
Entre os pequenos agricultores, a falta de motivação para continuar com a cultura do olival é crescente. Muitos ainda guardam azeite do ano passado e não têm grandes perspectivas de escoamento para este. Mais: quem tiver de pagar mão-de-obra para a colheita não ganha para a despesa. "Aumentou o gasóleo, os adubos, o pessoal, mas o preço do azeite não aumenta", refere António Branco. Parte da culpa é atirada para a "bolsa" espanhola que acaba por indexar o preço do azeite português. "Apostar na qualidade é a única possibilidade de vender melhor".
Actualmente, a região possui cerca de 80 mil hectares de olival. Há capacidade para plantar mais e incrementar os ganhos de produtividade ao nível do adensamento e da melhoria das práticas de produção. É o caso do regadio, que a AOTAD defende em algumas zonas da região.
Já para o Alentejo, onde a área de olival mais está a crescer, as previsões do Instituto Nacional de Estatística apontam para uma "ligeira quebra" na produtividade da azeitona. Eduardo Pinto, JN
Apesar de muita gente não ter trabalhado ontem, não foram poucos os agricultores que aproveitaram a manhã de Sol da véspera de Natal para varejar mais umas oliveiras. É que estamos no fim de Dezembro e a colheita vai a pouco mais de meio. Em alguns sítios até está atrasada.
Sem gostar de fazer balanços a meio do jogo, o presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), António Branco, arrisca avançar que, se não houver alterações climatéricas anormais, "vai ser um bom ano de azeite em quantidade e qualidade". A explicação tem a ver com as condições meteorológicas registadas ao longo do ano. "Não foi excessivamente seco, a Primavera foi boa para a floração e não houve chuva e geada em demasia durante a primeira fase da apanha".
Um lagar onde essa qualidade está a ser comprovada é o da Cooperativa Agrícola de Carrazeda de Ansiães. Joaquim Alves está a dirigir a campanha e diz já ter motivos para considerar o ano "excelente". A lista de espera de agricultores que querem laborar o azeite já ultrapassa meados de Janeiro.
António Branco esclarece, no entanto, que "este é um ano considerado normal, e não excepcional, tendo em conta a capacidade de produção. O anterior é que registou uma quebra". Recorda que devido às fortes geadas registadas em 2007 muitas oliveiras morreram e outras tiverem de ser sujeitas a podas violentas. Daí que perspective um maior acréscimo de azeite para os próximos anos, não só porque as árvores afectadas estão a recuperar, mas porque também tem havido novas plantações.
O presidente da AOTAD ressalva também que a qualidade do azeite deste ano não é homogénea. "É preciso separar o que foi colhido até às primeiras geadas e o que está a ser colhido agora, que não será tão bom". E isso vai notar-se no escoamento, sendo que o primeiro "não está a ter dificuldades", enquanto o que for colhido mais tarde "deverá enfrentar algumas".
Entre os pequenos agricultores, a falta de motivação para continuar com a cultura do olival é crescente. Muitos ainda guardam azeite do ano passado e não têm grandes perspectivas de escoamento para este. Mais: quem tiver de pagar mão-de-obra para a colheita não ganha para a despesa. "Aumentou o gasóleo, os adubos, o pessoal, mas o preço do azeite não aumenta", refere António Branco. Parte da culpa é atirada para a "bolsa" espanhola que acaba por indexar o preço do azeite português. "Apostar na qualidade é a única possibilidade de vender melhor".
Actualmente, a região possui cerca de 80 mil hectares de olival. Há capacidade para plantar mais e incrementar os ganhos de produtividade ao nível do adensamento e da melhoria das práticas de produção. É o caso do regadio, que a AOTAD defende em algumas zonas da região.
Já para o Alentejo, onde a área de olival mais está a crescer, as previsões do Instituto Nacional de Estatística apontam para uma "ligeira quebra" na produtividade da azeitona. Eduardo Pinto, JN
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