sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Daqui e dali... Adolfo Mesquita Nunes

Um Governo autista
O pior que pode acontecer a um país que atravessa a crise que Portugal atravessa é ficar refém de um Governo que não acredita, nem quer acreditar, que o Estado Social precisa de ser reformado.
Em primeiro lugar porque esse autismo tem atrasado tudo o que deveria ter sido decidido a tempo e a horas. Desde a crise que não existia mesmo quando ela era já evidente até à contenção que era já absolutamente urgente e que o Governo não vislumbrava, o Governo de Sócrates tem reagido sempre com um notável atraso. Um Governo em tempo de crise serve para estar atento, não para se fazer de parvo.


Em segundo lugar porque esse mesmo autismo incapacita o Governo, impedindo-o de decidir com coragem, determinação e criatividade. Não acreditando na necessidade de reforma, teimando em considerar que a crise é apenas um azar que os incomoda pelo que não há que inovar na receita para superar a crise, os nossos Ministros, com o Primeiro à cabeça, aparecem resignados a satisfazer os mercados quando deveriam aparecer determinados. Um Governo em tempo de crise serve para decidir com coragem e com vontade, não para encolher os ombros como quem só faz o que faz porque a isso é obrigado.


Em terceiro lugar porque, em consequência, vemos o Governo apresentar medidas sem grande alcance, tal é a vontade de em quase nada ceder ao socialismo reinante. São medidas gasosas, sem conteúdo sólido, destinadas a iludir, a ver se pega. Um Governo em tempo de crise serve para apresentar soluções concretas e eficazes e não para fazer figura de mestre de cerimónias de um espectáculo de ilusionismo.


Em quarto lugar porque o autismo Governamental torna-o refém do exterior. Não sabendo o que fazer, e agindo por mera reacção, o Governo é já um braço armado do exterior, ainda para mais sem qualquer convicção. Um Governo em tempo de crise serve para afirmar a soberania nacional com a ajuda externa, não serve para, por desconhecimento e desistência, subjugar-se a ela.
Expresso

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