segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Daqui e dali... Tiago Mesquita

Nada de choques no rabinho dos presos, chamem a malta do Bloco

Anda tudo em histeria porque um preso que decidiu transformar a cela num curral levou com um choque eléctrico no rabo. Este país não tem mais nada com que se preocupar? Eu também não gostei de ver a forma como o recluso foi tratado na prisão em Paços de Ferreira. Ninguém aprecia ver imagens de violência. Mas chamo a atenção dos que se mostraram mais "indignados" que a filmagem se passou no interior de um estabelecimento prisional e não no parque de estacionamento do Lidl ou no recreio de um jardim-escola da Bobadela. São ambientes um bocadinho diferentes. Com direitos e deveres distintos. E não estamos a falar de um menino do coro. Estamos a falar de um traficante de droga que já tinha agredido guardas prisionais.

Só quem não viu filmes como "Carandiru" ou "Attica", retratos verídicos de acontecimentos passados em prisões de estados democráticos, ambos com finais trágicos, é que não entende o que se passa em ambientes prisionais. Não são os guardas prisionais que controlam os presos, a coisa funciona ao contrário. Mas voltando ao caso em concreto:

"A situação em causa prendia-se com o facto de o recluso intencionalmente conspurcar totalmente com fezes a cela de habitação, corpo e roupa pessoal, a ponto de os restantes reclusos alojados no setor estarem a iniciar uma greve de fome e outros protestos por não suportarem a situação que estava a por em causa a sua saúde e a dos funcionários", esclarece aquele organismo. "Convém elucidar que o recluso em causa foi por diversas vezes consultado por psiquiatra, a última das quais em 1 de Setembro de 2010, não tendo tido nunca indicação para tratamento do foro psiquiátrico" Direcção Geral de Serviços Prisionais

Ou seja, o homem não é doente psiquiátrico, não é incapaz ou aleijado. É sujo. E como sujo que é viva ele numa cela ou numa suite do Ritz o resultado é o mesmo, só difere na dimensão: ou 2 ou 100 metros quadrados de porcaria para limpar. Mas claro que o coitadinho não tem culpa. Alguém que venha limpar a esterqueira. E os outros reclusos e funcionários da prisão que lhe aturem a birra. Ponham uma mola no nariz e liguem um ambientador.

Ora depois das imagens o que é que se estava mesmo a ver que ia acontecer? Aparece logo o Bloco de esquerda, aquele partido que defendia que os polícias deviam andar desarmados, lembram-se? (risos) É mesmo cómica esta malta. Para eles os polícias deviam andar com fisgas e estalinhos de carnaval a correr atrás de traficantes armados com semiautomáticas. Ora o Bloco, este partido que já poucos levam a sério, o que fez? "O pedido foi feito esta manhã pelo Bloco de Esquerda e aprovado por unanimidade na reunião da comissão. Julgamos que o inquérito será rápido, por isso queremos ouvir o ministro da Justiça assim que este esteja concluído" - disse a deputada bloquista Helena Pinto. Público

Sugiro que quando uma situação deste género voltar a acontecer, um qualquer recluso se recusar a comportar-se com uma pessoa normal e se mostrar indisciplinado, não chamem o GISP, chamem o Dr. Louçã e companhia e dêem-lhes baldes e esfregonas para as mãos. Eles resolvem o problema se entretanto o preso não se passar da cabeça e lhes chegar a roupa ao pêlo. Expresso

Daqui e dali... João Lopes de Matos

Dormência e Felicidade

Tenho-me interrogado muito ao longo da vida sobre o que será a felicidade.
Como resposta a esta interrogação, sempre me acodem à lembrança factos simples a rondarem até a pura parvoíce.
Quando me recordo de momentos de sonolência como os que passava no barbeiro, a cortar o cabelo, ou como aqueles que passava com a cabeça deitada no regaço da minha mãe, a catar os piolhos, sempre entendo que eles eram momentos de felicidade, posso dizer, plena.
E então aqueles em que me sinto quase a adormecer, sinto-me tão bem que a isso chamo também felicidade.
A dormir, não tanto. Quando não sonho, durante o sono não existo.
Portanto, a sensação é nula, de nada. Quando acordo e o sono é reparador, então ao acordar, sinto-me novamente bem, feliz. Enquanto durmo, se o sonho é bom, agradável, sinto-me bem a sonhar: feliz.
Conclusão: A felicidade está ligada à sonolência ou aos sonhos bons, quando eles ocorrem. Também está ligada aos momentos que antecedem ou se seguem ao sono reparador sem sonhos.
Aplicando estes dados ao facto terminal da nossa vida, a morte, poderemos dizer que ,como ela leva ao sono eterno, os momentos que imediatamente a antecedem devem ser felizes, que momentos posteriores não existirão porque o sono é eterno e, durante ele, o sono, teremos momentos felizes se tivermos bons sonhos.
Bons sonhos, pois, para todos, na vida e na morte - é o que, do fundo do coração, vos desejo.
João Lopes de Matos.

Enterrados até ao pescoço

LVeloso

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Daqui e dali... José Manuel Pavão

A Memória de Sócrates

Na passada sexta-feira, 18 de Fevereiro, o Primeiro-ministro José Sócrates veio ao distrito de Bragança colocar a primeira pedra, assumindo assim segundo os nossos usos e costumes, o inicio da construção da barragem hidroeléctrica na foz do rio Tua.
É obvio que para lá da mensagem política, a pedra agora colocada pretende calar a boca e silenciar os numerosos protestos que nos últimos cinco anos se levantaram face à decisão do Governo concretizar o chamado Plano Nacional de Barragens, tendo em vista responder às necessidades nacionais e reduzir os custos com a importação de energia dos países vizinhos.

Para o Primeiro-ministro, como lhe é peculiar, gritar alto e esbracejar com energia é uma estratégia que às vezes resulta para assustar os opositores. Certo é que no espírito de muitos portugueses que o ouviram, ainda restam numerosas dúvidas sobre a vantagem de construir a dita barragem! É claro que haverá sempre argumentos! Uns a favor e outros contra! Mas se nos dizem, os entendidos, que a reconversão das barragens de Miranda do Douro e Picote, a custos reduzidos, podem aumentar a sua produção a níveis próximos da futura barragem do Tua e que a recuperação da sua linha ferroviária com uma ligação ao transporte de alta velocidade a norte de Bragança seria um formidável contributo para o desenvolvimento do nosso distrito, ficamos compreensivelmente com sérias duvidas sobre o real interesse do projecto que Sócrates veio agora formalizar.

Ao que se sabe, os estudos previamente efectuados sobre o impacto ambiental e vasto leque de potencialidades regionais, não resistiram à pressão e fúria lucrativa da EDP, cujo gigantismo traduzido nas remunerações alarves dos seus gestores, não olha aos reais interesses das populações residentes que pouco terão a ganhar no futuro.
A breve trecho, a metade sul do distrito de Bragança, cujo panorama geográfico então adulterado com a criação de dois grandes lagos artificiais à custa do Tua e Sabor, verá destruído para sempre valores únicos da ruralidade e da cultura campesina que tem uma estética própria e que nem mesmo a prometida reserva natural conseguirá manter ou remediar.

Daquilo que os “media” nos trouxeram, para além da lengalenga repetida e gasta a prometer investimentos que ninguém conhece e melhores dias aos Bragançanos, ninguém leio ou ouviu uma palavra sobre as vitimas mortais da linha do Tua, nem sequer aos inquéritos cujas conclusões ainda permanecem no segredo dos gabinetes….
Uma falha de memória de Sócrates, inaceitável, mas que rapidamente cairá no esquecimento.
José Manuel Pavão, Médico, 20.2.2011

Como neutralizar um político

Henrique Monteiro

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O que se disse... João Cândido da Silva

«Os tempos exigem mais estadistas responsáveis e menos especialistas em efeitos pirotécnicos.»

João Cândido da Silva, Jornal de Negócios

Daqui e dali... Carlos Fiúza

O macaco e eu
Eis uma palavra (macaco) que, parecendo que não, pode envolver-se em mistério e também em interesse.
E digo isto, não porque pretenda engolfar-me no transcendente problema da origem das
espécies, para repelir a insinuação darwinista de o homem ser o último modelo da macacaria universal, mas porque pouco ou nada se sabe a respeito do seu nome, bem como a respeito da interpretação de uma ou outra locução em que entra.
Além destes mistérios, de que falarei daqui a nada, o macaco oferece, para consideração, a sua presença em vários jeitos de semântica. Ajunte-se a isto o haver ditos de cunho português, como aquele que um dia causou um formidável assombro linguístico a certo amigo meu, americano, a quem informei que o “I´ll be shot” da língua inglesa se traduz por “macacos me mordam”.
Macacos me mordam, se percebo isto”, eis uma frase idiomaticamente portuguesa, capaz de atarantar estrangeiros e que desafia o mais pintado filólogo a documentar-lhe o nascimento.
Se me dão licença, eu até vejo na palavra “macaco” um documento afirmativo das nossas precursoras andanças em terras do Antigo Continente e do Novo Continente.
Parece cómica esta afirmação de o “macaco” ser um documento provador de nossa prioridade europeia no trato com macacos em selvas africanas e americanas. Mas é assim mesmo. E, se não, vejamos.
Quanto à origem da palavra “macaco”, só há hipóteses. Nasceu o nome em África, nasceu na América do Sul? Na Guiana, em Madagáscar, no Congo (como parece mais provável)? Mistério.
Pelo glossário de afro-negrismos do brasileiro Fernando Ortiz, aprende-se que “macaca” é palavra afro-negra com o sentido de “fantasma” e, por extensão, desgraça, morte por assombração e infortúnio.
Esta explicação não está mal pensada. Mas duvido dela, porque, o sentido vernáculo da expressão é, como se lê numa das edições de Morais, ”morrer de morte violenta e apressada”.
Ora, a pressa não dá tempo para a gente ver fantasmas, assombrar-se e morrer, em seguida, de modo desastroso.
Pendo mais para a seguinte explicação que formulo com o mesmo direito com que os outros formularam suas hipóteses.
- A desgraça não agrada a ninguém, e todos a acham horrível, feia.

Toda a gente sabe que a palavra “macaca” não só designa a fêmea do macaco, mas também designa “mulher feia”.

Fácil é, pois, que à “desgraça”, à “má sorte” se chame “macaca” quer, nos longes do tempo, isto seja, ou não, inspirado no sentido de fantasma que macaca haja em linguajares africanos.
O povo português diz “estar com a macaca” a referir que se está em companhia da mofina, com sorte azarenta. Ora, entre esta expressão “estar com a macaca”, isto é, com a infelicidade, e “morrer de morte macaca”, isto é, morrer por morte infeliz, suponho toda a gente ver comigo a relação semântica.
Morte macaca” deve pois, a meu ver, interpretar-se como aquela morte desastrosa, apressada ou inglória, que a “macaca”, isto é, a “má sorte” originou.
Macacoa” dizem os dicionários modernos ser uma doença sem importância.
Mas quem abrir velhos dicionários, como o de Morais ou de Vieira, terá “macacoa” no sentido de “doença grave”.
Ora, o sentido inicial de doença grave, atribuído a “macacoa”, reforça a semântica de infelicidade que se vê em “estar com a macaca” e em “morrer de morte macaca”.
Aprende-se na Zoologia que os macacos do Antigo Continente (gorila, chimpanzé, orangotango e gibão) apresentam carateres análogos ao homem, donde o nome de antropoides, isto é, semelhantes ao homem. A palavra orangotango (ensina, por seu turno a Filologia) vem de elementos malários com o significado de “homem dos bosques”. Isto, do ponto de vista estritamente zoológico, não tem contestação, pois o homem e o macaco ficam de braço dado na
ordem dos primatas, isto é, os primeiros na classificação dos mamíferos.
Sabe-se que os antropoides são astuciosos e maus, embora sociáveis. Desta sociabilidade manhosa e, por vezes, cruel veio, por exemplo, o dizer-se que fulano ou sicrano é “macaco”, ou, antes, é um “grande macacão”.
O conhecimento da esperteza maldosa macaqueira deu origem a ditos como o português “ladino como um macaco”, ou como o francês “malin comme un singe”.
A imitação é muito da psicologia antropoide (e tenham a bondade de desculpar o termo psicologia aplicado com generosidade).
Não é só em português que se diz “macaquear”, ser “macaco de imitação”, etc. Nas demais línguas os vocábulos correspondentes envolvem o mesmo sentido.
Ora eu vou ao dicionário latino de Quicherat e vejo que, já no latim de Séneca, aparece a palavra “simius” a referir “imitador”, e em outros dicionários latinos regista-se de Horácio a mesmíssima aceção para o mesmíssimo vocábulo.

Seriar frases como “vá pentear macacos”, “vá bugiar” (de “bugio”, isto é, macaco da cidade argelina de Bugio), discutir étimos para saber se “mono”, por exemplo, vem do persa ou do turco ou grego, ser-me-ia ainda possível. Mas afastava-me do meu intento, qual o de, após ter vincado a portuguesidade do vocábulo “macaco”, referir a contribuição dada pela macacaria à semântica portuguesa e também estrangeira, antiga e moderna.

Cumpre-me fazer ainda a devida referência ao venerando equivalente “mono”.
Também, aqui, se verifica a utilização do termo como tradutor de processos humanos de esperteza: “pregar o mono”, por exemplo, isto é, enganar, iludir, lograr.
Como se sabe, os macacos nos anos tardos da vida caem num marasmo neurasténico, que serviu para qualificar o seu “camarada” na ordem zoológica, o “Bicho Homem”, quando este é de poucas falas, macambúzio.
Assim se explica a utilidade do termo expressivo “mono” para mencionar os quietos em demasia.
E até os livreiros e outros comerciantes aplicam a palavra a referir coisa que não se vende e fica em armazém como se fora um “mono”.
Que mais dizer de macacos, nesta digressão pela etimologia e pela semântica?
Guardei para o fim uma curiosa dúvida que merece, pelo seu pitoresco, encerrar a semântica macacal:

- Não será este escrito um caso grave de “macaquinhos no sótão”?

Carlos Fiúza

O revolucionário efeito dominó

Daqui e dali... Tiago Mesquita

Sr. Presidente da República: demita o Engenheiro Sócrates
Sr. Presidente, há muito que lhe queria escrever umas linhas mas sei que ultimamente tem tido pouco tempo devido às eleições, aos problemas na Coelha e ao jogo de pingue-pongue que insiste em manter com esta coisinha que nos governa. Não promulga, devolve, promulga-se. Eu também andei engripado, mas aproveito agora para lhe dirigir um pedido que espero que leia com atenção, se alguma vez lhe chegar às mãos:

Acabe com isto de uma vez: assim que possa dissolva a AR. O senhor, melhor do que qualquer outro político pois já passou pela contestação enquanto Primeiro-Ministro, saberá que há alturas na vida em que as situações se tornam insustentáveis política e socialmente e torna-se necessário parar. Mudar. Corrigir. Antes que o povo, por exaustão e revolta, as tente mudar da pior forma. E neste país em absoluta decadência e governado em demência o senhor é a única pessoa com a capacidade de o fazer sozinho, sem moções ou revoluções. Sei que precisa de razões imperativas para "implodir" a AR, mas passo a explicar, sem presunção, porque acho que o deve fazer o quanto antes:

Nunca em toda a minha vida vi este país no estado letárgico em que se encontra. Tenho apenas 31 anos mas nunca senti o que sinto hoje nas ruas e nas mentes (93% dos portugueses acham a situação económica má ou muito má). Vivemos numa democracia é certo, mas uma democracia não é só legitimar um governo através do maior número de votos obtidos por determinado partido em eleições. Viver em democracia deveria garantir ao povo sentir-se protegido por quem o governa e não acossado, esperançado, confiante e não sem qualquer perspectiva de futuro. Impotente perante o que meia dúzia de incompetentes está a fazer a um país fantástico.

Viver em democracia deveria ser ter jovens empregados, a construirem a sua vida e futuro e não sentados em bancos corridos com uma senha na mão à espera da sua sorte, a viverem à custa dos pais até aos 40. Em democracia não se brinca à economia e às empresas, não se expõe ao recibo verde quem cria, quem trabalha desalmadamente e não se encosta ou esmaga quem empreende de encontro a um muro de vazio. Numa democracia não se abatem e hipotecam gerações desta forma. Isto não é uma democracia. Isto não é nada.

Numa democracia deveríamos ver os idosos viverem com qualidade e com pensões que lhes permitissem, ao fim uma vida de trabalho, viverem os últimos anos de vida com dignidade e conforto. Viver em democracia deveria passar por ter trabalhadores satisfeitos e não permanentemente violentados por um governo sem vergonha, sem palavra ou carácter, que os está a roubar como nunca ninguém ousou fazer, nem em tempos de ditadura. Prometeu, não cumpriu, subiu impostos, pediu, pediu novamente, subiu novamente para estabilizar sabe-se lá o quê e ao dia de hoje os juros da divida a cinco anos estão nos 7,21%. Coisa nunca vista em tempo algum. O défice, esse, paga-o o contribuinte. Ninguém confia neste governo, nem os portugueses, nem os países da UE, e muito menos os mercados internacionais.

Este governo é um fracasso e deve ser demitido. Não reformou. Transformou e multiplicou empresas públicas em colmeias de boys inúteis. Infestadas de negociatas e directores plantados. Não tem qualidade, responsabilidade, dignidade ou carácter. E pior, não tem vergonha. Não demonstra qualquer rumo ou orientação e quanto mais tarde cair pior será para quem pegar no que sobrou, seja que partido for, grupos ou alianças, com ou sem FMI. Derrubar o governo neste momento mais do que uma necessidade é uma obrigação. Cada dia que passa é mais um dia perdido. Não há outra solução. Tiago Mesquita, Expresso

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Daqui e dali... João Lopes de Matos

COGITAÇÕES

As minhas últimas cogitações sobre política têm-me conduzido a uma asserção: actualmente, na base de qualquer moderna proposta política está (ou deve estar) sempre a ideia do liberalismo.
Liberalismo quererá dizer que qualquer solução deve vir da iniciativa das pessoas, que constituem a sociedade, e por elas deve ser posta em prática. Qualquer sociedade que se preze deve ser formada por cidadãos conscientes e participativos, que, momento a momento, criam, gerem, fiscalizam os modos de funcionamento das várias instituições em que a sociedade está organizada.
Liberalismo será sinónimo de liberdade, com a correspondente responsabilidade.
Já não se compreende que tudo seja dirigido do topo: a criação de empresas, a gestão destas, a organização da solidariedade ou a governação administrativa.
Nas pessoas existem vários pensares. Os pensares semelhantes criam entidades do jaez correspondente ao pensamento que os une. As várias entidades criadas entrechocam-se umas com as outras porque provenientes de pensares diferentes.
Subjacentes ao livre entrechoque apontado hão-de estar princípios como os da não violência, livre iniciativa, respeito mútuo, e, nas relações económicas, a lei da oferta e da procura, entendida não em termos excessivamente competitivos.
Uma sociedade virá a ser formada com cariz mais colectivista ou mais individualista, conforme a natureza das organizações livremente criadas pelas pessoas.
Claro que numa sociedade destas há-de existir grande autonomia, muita auto-governação, imensa descentralização. É preciso que as pessoas tomem as rédeas da governação.
Mesmo a solidariedade deve ser resolvida nas unidades de base: igrejas (conjunto dos crentes) ou entidades não confessionais, o que resultar do que as pessoas decidirem.
Será que, por esta forma, se chegará a algum lado?
João Lopes de Matos

Desfile da Carnaval - 2011

O Município de Carrazeda de Ansiães e a Associação de Zíngaros de Carrazeda de Ansiães promovem no dia 08 de Março – terça-feira, a partir das 15:00h, pelas principais ruas da vila, mais um Desfile de Carnaval, com as associações e instituições do concelho. As inscrições decorrem até ao próximo dia 18 de Fevereiro. A partir das 20:00h terá inicio a marcha fúnebre com o Pai da Fartura, seguida da leitura da sentença e por último o “ Adeus ao Pai da Fartura”, na Praça do Município. Esta iniciativa pretende valorizar e preservar as tradições carnavalescas, incentivando à criatividade, imaginação e espírito associativo entre a comunidade.

Público

O que se disse... Helena Garrido

«O Governo tem de se convencer que não chega fazer listas de medidas, agora 50, depois 60 ou 70, sobre isto e aquilo. (...)
Nada do que é efectivamente importante poderá ser concretizado se o Governo governar por impulsos do tipo hoje é a justiça, amanhã o mercado de trabalho, depois as energias renováveis e a seguir outra coisa qualquer que esteja na crista da onda.
Assim como não se consegue fazer o que é preciso fazer com a atitude do "contra tudo e contra todos" ou do "eu é que sei e vocês estão é todos contra mim".
É preciso contar com a colaboração da máquina do Estado, dos empresários e das elites. O problema que o país enfrenta é demasiado complexo para ser resolvido com atitudes voluntaristas, centralistas e agressivas. Portugal está a afundar-se. Todos sabemos isso.»
Helena Garrido, Jornal de Negócios

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

ALIADOS NA CENSURA AO GOVERNO

Henrique Monteiro

Daqui e dali... Carlos Fiúza

O ressurgimento dos apólogos

O grego “apólogos” e o latim “apologus” significam narração, e por vezes o apólogo coincidia com a fábula.
De modo geral, o apólogo é uma narração alegórica, necessariamente fictícia, e geralmente com processo dialogal.

Os apólogos dialogais não “estafados” (como os de D. Francisco Manuel de Melo) são verdadeiramente teses, expostas com leveza, com graça, com interessantíssimos jogos de palavras, trocadilhos e outras figuras de estilo.
Em os “Apólogos Dialogais”, este Autor, com uma técnica dialogal de estupenda flexibilidade pensante, põe em conversa os próprios seres inanimados, como, por exemplo, dois relógios falantes.

Vou ao Dicionário de Sinónimos de Fonseca e Roquette e encontro:
“Alegoria é palavra grega “allegoria” (de “állos”, outro, e “àgoréyo”, eu digo) e designa uma figura de retórica pela qual se apresenta ao espírito um objeto e designa outro”.

Como exemplo disto mesmo, tome-se o sermão de Santo António que o Pe. António Vieira pregou…
… é uma longa e engenhosa alegoria, na qual ele diz aos peixes o que para os homens deveria ser dito!

A alegoria não necessita explicar a verdade que encerra, pois a exatidão de suas relações com ela se manifesta a cada passo, distinguindo-se nisto do apólogo, cujo mérito é ocultar o sentido moral até ao instante mesmo da conclusão que se chama moralidade.

Acrescentarei que o apólogo recorre à prosopopeia, isto é, à transformação figurada de seres inanimados, de abstrações, de conceitos de espírito em pessoas, em seres inteligentes e ativos.

Azeite em Trás-os-Montes, sempre… apólogos, nunca!

Carlos Fiúza

P. S. “Honni soit qui mal y pense”.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Optimismo ou otimismo!

LVeloso

Daqui e dali... João Lopes de Matos

Anonimato

Tenho de confessar aqui que tenho um defeito de alguma magnitude, que me tem sido apontado por diversas pessoas: é a indefinição. Ligada a ela estão também a conciliação e a mudança frequente de posição. Não tanto a indecisão, pois que as decisões são tomadas, só que há uma grande variabilidade nelas: ora são tomadas num sentido ora noutro, por vezes o oposto.
Sinto existir em mim uma propensão para ver as coisas de diversos ângulos e daqui não viria mal nenhum ao mundo se, após a tomada de posição, esta se mantivesse estável por um lapso razoável de tempo.
Mas não. Tomada uma decisão, a dúvida permanece a inquietar o meu espírito e, quando é necessário decidir novamente, todo o processo se repete na íntegra: de novo têm que ser sopesados os prós e os contras e nada me garante que não venha a decidir em sentido diametralmente oposto.
Sinto que estas normas de pensamento já nasceram comigo, fazem parte da minha herança genética e a minha vontade pouco pode fazer contra elas.
Vem isto a propósito dum tema recorrente nos blogues: o anonimato de quem comenta ou escreve. E não é que agora me deixei seduzir pelas virtudes do que se diz sem indicação da proveniência!
Realmente, quando uma pessoa escreve incognitamente, como que diz às pessoas: pensem nesta ideia e só nela, não se preocupem com quem a lançou e vejam se ela tem ponta por que se lhe pegue. É como uma prova de vinho às escuras. É aceitável ou não? Que acham?
A apreciação nada terá a ver com quem lança a ideia mas apenas com ela própria.
Mas a minha tendência para a conciliação chega rápido a uma plataforma de entendimento: o anonimato será de pôr em prática nos comentários (não ofensivos, claro) e apenas nestes e não nos artigos de primeira página, digamos assim. Por isso é que este vai subscrito e os comentários não.
Mais razões para isto: é bom tentar novas atitudes, procurar outros caminhos, sabendo-se que, por vezes, quem se mete por atalhos nem sempre arranja trabalhos.
Por outro lado, existe em mim uma vontade forte de fazer com que as apreciações nada tenham a ver com beleza ou fealdade (ainda que no sentido puramente espiritual) da pessoa que escreve.
Comigo já ficam a saber com o que contam. Comecemos por ora apenas com o anonimato dos comentários para ver o que dá.
João Lopes de Matos

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Municipio de Carrazeda de Ansiães aderiu à Campanha Nacional para o Direito à Alimentação

O Município de Carrazeda de Ansiães aderiu à “Campanha Nacional para o Direito à Alimentação”, uma iniciativa promovida pela Associação Nacional de Municípios Portugueses – ANMP e a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), e que conta com o Alto Patrocínio de Sua Excelência O Presidente da República. Esta iniciativa tem como principal objectivo fornecer aos cidadãos e famílias carenciadas meios de alimentação que resultam do aproveitamento dos excessos de produção, designadamente de restaurantes.

No âmbito da adesão a esta iniciativa, a participação do Município de Carrazeda de Ansiães passa pela sinalização das famílias e cidadãos carenciados e pela indicação das Instituições de Solidariedade Social existentes no Concelho e dentro destas identificar aquelas que possuem meios próprios de transporte de alimentos e as que possuem refeitórios onde possa ser possível acolher os excedentes de refeições ou parte delas. O Município deverá sensibilizar potenciais parceiros e doadores nesta iniciativa, nomeadamente os estabelecimentos de restauração do concelho, incentivando-os a aderir a esta causa social.

Flop de Esquerda

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Presidente da Jerónimo Martins acusa Governo de mentir sobre a recessão


O presidente da Jerónimo Martins acusou Governo de mentir sobre a recessão. Alexandre Soares dos Santos criticou a política do executivo em relação às empresas, dizendo que na Polónia apoiam mais os empresários portugueses do que em Portugal. Questionado sobre o segredo do sucesso do grupo, Soares dos Santos disse que não é com "seguramente com truques" como faz José Sócrates. RTP

Toc! Toc! Toc!

LVeloso

Arranque da construção da barragem Foz-Tua apesar da contestação de ambientalistas

O primeiro-ministro lançou esta manhã a primeira pedra da Barragem de Foz Tua, uma obra que faz parte do Plano Nacional de Barragens, com um custo de 300 milhões de euros e a criação de quatro mil postos de trabalho, segundo a EDP. Com a construção da barragem, cerca de 16 quilómetros da linha ferroviária do Tua vão ficar submersos. A contestação da população e ambientalistas não impediu que o projecto do Governo fosse avante.
José Sócrates afirmou que a construção de uma barragem significa dar mais oportunidade de emprego, às empresas e reduzir dependência energética externa e reduzir emissões de CO2.
"São os projetos mais difíceis em que nos devemos empenhar, porque são eles que podem mudar as coisas", afirmou o governante, referindo-se à polémica à volta da Barragem de Foz Tua, obra contestada pelos ambientalistas por causa da submersão da linha ferroviária.
O primeiro Governo Presente de 2011 arrancou hoje, no concelho de Alijó, com o arranque oficial da Barragem de Foz Tua, a primeira incluída no Plano Nacional de Barragens a entrar em obra.
Embora a hidroelétrica vá ser construída no rio Tua, entre os concelhos de Alijó (distrito de Vila Real) e Carrazeda de Ansiães (distrito de Bragança) foi o rio Douro que serviu de cenário à cerimónia de lançamento da primeira pedra.

Contestação dos ambientalistas
Em comunicado enviado às redacções, a Quercus reafirmou a sua oposição ao projecto, realçando que a construção da barragem simboliza "a morte do Turismo do Tua, da biodiversidade do Vale, do Desenvolvimento Sustentável, do Património Humano, Cultural e Arquitectónico e da Linha do Tua com mais de 123 anos de História".
O partido ecologista "Os Verdes" também manifesta em comunicado o descontentamento pelo arranque do projecto, sublinhando no entanto que o lançamento da primeira pedra não significa a concretização da obra.
"'Os Verdes' estão convictos que esta primeira pedra não é, por certo, um pilar da barragem e que debaixo da ponte de Foz Tua ainda vai correr muita água e que a luta de todos quantos se opõem à Barragem de Foz Tua, na qual o PEV teve uma forte intervenção desde a primeira hora, continuará", garante o partido.

EDP refere que barragem criará quatro mil postos de trabalho
A barragem de Foz Tua envolve um investimento de 305 milhões de euros, vai criar quatro mil postos de trabalho diretos e indiretos e deverá começar a produzir energia em 2015.
Os dados são da EDP, a concessionária do empreendimento adjudicado ao agrupamento de empresas Mota-Engil/Somague/MSF, que deverá ter a obra concluída em quatro anos.

Alternativa à linha de comboio
A EDP vai financiar em 10 milhões de euros os projetos de transportes alternativos à linha do Tua que vai ficar submersa com construção da barragem de Foz-Tua, disse à Lusa o presidente da empresa.
"O que está a ser desenvolvido para o terço da linha afetada significa arranjar alternativas do ponto de vista rodoviário para quem queira utilizar essa parte todos os dias. Neste momento não o faz, porque aquilo está parado por questões de segurança", disse à Lusa o presidente da elétrica, António Mexia.
"Além desta alternativa rodoviária, vamos arranjar do ponto de vista do turismo alternativas fluviais e a construção de um funicular que permita ter no fim uma solução muito mais eficaz do que aquela que existe hoje, que está sem condições de operacionalidade", acrescentou o responsável.

Para esse projeto modal de transporte, a EDP dedicou 10 milhões de euros.
Os 16 quilómetros de linha ferroviária do Tua que vão ficar submersos foram um ponto de discórdia no projeto, tendo atrasado o início da construção em pelo menos dois anos.
"Este é o primeiro projeto lançado ao abrigo do novo plano nacional de barragens, é um investimento de 305 milhões de euros, que cria 4.000 empregos diretos e indiretos, o que num momento em que se fala em substituição de importações, neste caso com energia gerada em Portugal e criação de emprego, acho que estamos a tratar das principais questões em Portugal", considerou António Mexia.
A barragem de Foz Tua insere-se no plano da EDP de construir 3.500 megawatts, "o maior plano a nível europeu, num total de 3,2 mil milhões de euros investidos", disse.
António Mexia considerou ainda que a barragem demonstra "como se consegue salvaguardar os interesses globais do país e da EDP e também os interesses locais".
Por isso mesmo, disse Mexia, "3 por cento da receita bruta da barragem vão ser utilizados para projetos locais, em que se destaca o projeto do novo parque nacional de Foz-Tua, que é muito importante do ponto de vista turístico".
O presidente da EDP destacou ainda que a empresa está a criar condições para que se desenvolva o empreendedorismo na região
. SIC

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Daqui e dali... Carlos Fiúza

A “auga” dos senhores deputados

Há vocábulos que têm mais sorte do que outros.
Um infeliz é por exemplo auga.
Auga tinha tanto direito a ser admitido na língua normal como os joelhos que mataram os antigos geolhos.

Água é dição mais difícil, isto é, menos fluida (já agora que se trata de fluido) do que auga. Esta custa menos a dizer, e, se não, façam o exercício glótico.
A coisa complica-se, empregando-se o articular: a água. Os dois a a formam hiato, como quem diz, abertura demasiado da boca: a água.
O Povo que não gosta de abrir a boca esforçadamente (obedecendo ao princípio psicofisiológico do menor esforço), resolve o caso e deixa correr a auga.
Metátese criticável?
Por enquanto, sim. Mas quem sabe se um dia a auga não virá a ser tão natural como os joelhos e a água tão esquisita como os antigos geolhos?!
Chi lo sa?

Faço advertir que a forma auga, tão vilipendiada, já estar vitoriosa em augar e ougar (que às vezes até se diz ògar).
Na verdade augar, ougar e até ògar mais não são do que resultantes da metátese de água. Portanto, a auga aqui está por cima, porque corre escondida numa forma derivada, cujo tema (auga) não vem à lembrança de quem fala naturalmente.

A metátese auga por água é, como se sabe, popular; porém, não só popular, é antiga na língua, e tal antiguidade e insistência de fenómeno fazem pensar que um dia virá a prevalecer auga a água.

- Dá mais um bocadinho de “bolo” ao deputado, que já está a augar. (Que é como quem diz: está-lhe a crescer água na boca).

Carlos Fiúza

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Daqui e dali... Henrique Raposo

O ódio de Louçã, e o PCP dos pequeninos

Portugal, 2011: a agenda política do meu país é ditada por um trotskista. Não, é pior: é ditada por uma luta entre trotskistas e leninistas. Lá fora, ninguém acredita nisto. A normalidade europeia da nossa democracia (uma coligação PS/BE) continua longe.

I. É das coisas mais difíceis de explicar a um estrangeiro: por que razão Portugal tem um governo minoritário? Por que razão não há uma coligação entre os partidos da esquerda? Por que razão ainda não existiu uma aproximação PS/BE? É difícil explicar, porque ninguém acredita que o nosso parlamento tem cerca de 17% de leninistas e trotskistas. Em 2011. Eu também não acreditava. Mas o problema está mesmo aí: o nosso regime tem este bloqueio político (não há coligações à esquerda), porque a extrema-esquerda que nunca deixou de ser extrema-esquerda. A nossa extrema-esquerda, que vive mentalmente no PREC, não soube ou não quis evoluir de extrema-esquerda para esquerda libertária. E o principal culpado por esta situação é o BE. Ou melhor, o principal culpado é o absurdo radicalismo de Louçã que não permitiu esta evolução europeia do BE . Louçã criou uma espécie de PCP trotskista para concorrer com o PCP leninista.

II. Na Alemanha, "Os Verdes" ocupam o espaço do BE, e representam aquilo que, de forma lata, pode ser apelidado de esquerda libertária: é a esquerda da libertação em relação à velha moral, a esquerda anti-Igreja, a esquerda que não quer o Estado a tutelar as relações entre pessoas, donde a defesa do casamento gay, etc. É também a esquerda da defesa dos golfinhos. É, no fundo, a esquerda moderninha que existe em qualquer país ocidental. Ora, estes "Os Verdes" germânicos encontraram plataformas de diálogo com o SPD, e foram parceiros de coligação. É normal. É assim em democracia.

III. E nós? Nada. O BE tinha todas as condições para ser o parceiro de coligação do PS, mas recusou a evolução para a esquerda libertária. Através do trostskista Louçã, o BE tem apenas lutado pela manutenção do bloqueio histórico herdado do PREC. Por causa da rigidez de Louçã, nós ainda continuamos presos aos efeitos de 1975/76. É por isso que eu digo o seguinte: a maioria dos votantes do BE é libertária, mas não sabe que está a votar num PCP dos pequeninos. Os votantes do BE pensam que estão a votar numa coisa cool e moderna, mas estão, na verdade, a legitimar um parque jurássico: a luta entre o PSR (trotskista; a base de Louçã) e o PCP (leninista).

IV. Para a semana, irei analisar entrevistas antigas de Louçã (basta 2009) . Nessas entrevistas, é visível uma coisa: Louçã precisa do ódio contra o inimigo interno, a direita, essa coisa que - segundo ele - começa dentro do PS. Louçã não aceita qualquer compromisso ou diálogo, porque precisa desse ódio, dessa obsessão pelo inimigo. Louçã vem directamente do país do ódio.
Henrique Raposo, Expresso

Moção censurada

Henrique Monteiro

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Daqui e dali... Fernando Sobral

O ministro a mais

Rui Pereira gosta de brincar às escondidas. É um direito constitucional, garantido a todos os que gostam de brincadeiras inocentes.
Sabe-se que
Rui Pereira gosta de se confundir com as sombras. Talvez porque considere que o sol lhe faz mal. Aceita-se isso num cidadão. É mais difícil de percebermos isso num ministro que tem o dever de ser transparente com o Parlamento e com os cidadãos. Em vez de ser o ministro transparente, Rui Pereira quer ser o Rapaz Invisível da legião dos super-heróis. Não é caso para tanto. Ele é apenas ministro da Administração Interna. Sobre o problema do cartão do cidadão no dia das eleições, o ministro recebeu os resultados do inquérito e aceitou a demissão do director-geral da Administração Interna. O que se passou? Só sabe o ministro e ficou com o segredo bem guardado a sete chaves. Todos gostamos de saber segredos. O drama é quando o ministro não partilha isso, nem sequer com o Parlamento.
Mas há pior: o ministro fez um acordo com os EUA para transferir dados biométricos dos cidadãos portugueses à revelia da Comissão Europeia (que estava a negociar um acordo geral) e da Comissão Nacional de Protecção de Dados. Acordou e não disse nada a ninguém. A CNPD revelou agora que, para além de "irregularidades, atropelos e falta de garantias", Portugal avançou unilateralmente em absoluto segredo. Sabe-se que os cidadãos portugueses não ficam com nenhuns direitos de defesa em caso da violação de dados, mas o ministro, escondido, nem sussurra. Num país civilizado Rui Pereira ia esconder segredos para casa. Aqui continua como ministro. Negócios online

Daqui e dali... Daniel Oliveira

A morte e os impostos

Augusta esteve morta na sua cozinha durante oito anos. Uma vizinha bateu a todas as portas. Ninguém quis saber. Mas Augusta devia dinheiro ao fisco. E aí sim, deram pela sua falta.

Nos arredores de Lisboa, Augusta, que teria hoje 96 anos, morreu sem ninguém dar por nada. Nem família, nem amigos, nem serviços públicos. Uma vizinha, epenas ela, bateu a todas as portas que pôde, por estranhar a sua ausência. Da família, da GNR, de todos, apenas a indiferença. Nem a segurança social, nem os serviços de saúde. Ninguém. Era apenas uma velha num prédio de uns subúrbios. Passou oito anos a bater a portas. A burocracia impediu que alguém fizesse alguma coisa. A porta não podia ser arrombada. A GNR até gozou com a preocupação da vizinha. Coisas de velhos, terão pensado.

Mas Augusta, cidadã portuguesa, era também contribuinte. E aí deram por falta dela. Tinha uma dívida. Sem um único contato, a frieza da máquina leiloou o seu apartamento. Quando os novos donos chegaram, a porta foi finalmente arromada. E lá estava Augusta, morta no chão da cozinha. Tinha morrido há oito anos sem que ninguém tivesse dado ouvidos à vizinha.

O que impressiona, para além da solidão que permite que alguém morra sem que ninguém dê por nada, é que o mesmo Estado que dá pelo não pagamento de uma dívida ao fisco não dê, não queira dar, pelo desaparecimento de um ser humano. Que o contribuinte exista, mas o cidadão não. Que quem tinha a obrigação de pagar impostos tenha deixado de existir nos seus direitos. A metáfora é macabra. Mas é poderosa. Este Estado que não se esquece - não se deve esquecer - de nós quando é cobrador, mas para quem não existimos quando nos é devida alguma atenção.

Diz-se que só há duas coisas certas na vida: a morte e os impostos. Parece que para o Estado português só a segunda parte é verdadeira. gusta devia dinheiro ao fisco. E aí sim, deram pela sua falta. Expresso

Público

Dia do Doente: Há quem desmarque consultas especializadas por falta de dinheiro para transporte

Associações de doentes alertam que há doentes crónicos a desmarcar consultas especializadas por não terem condições económicas para pagar o transporte e outros que deixam de tomar os medicamentos porque o dinheiro não chega para tudo.
O alerta surge na véspera do Dia Mundial do Doente, instituído pelo papa João Paulo II, “perante a necessidade de assegurar a melhor assistência possível aos doentes”.
O diretor clínico da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDC) adiantou à agência Lusa que há doentes que estão “a desmarcar as suas consultas porque não têm capacidade financeira para se deslocarem aos centros”.
Estes doentes precisam de ser vigiados por equipas de saúde especializadas e com a ausência do pagamento de transporte para se deslocarem muitos desmarcam as consultas”, adiantou João Filipe Raposo.
(...)Outra situação que preocupa estas associações é o impacto que a crise pode ter nestes doentes. “Uma alteração significativa num momento social pode ser vista por um doente crónico de uma maneira que levanta mais problemas”, adiantou o presidente da APDC.
Estes doentes têm medicação gratuita, mas o que preocupa os responsáveis é que deixem de tomar os medicamentos para as doenças associadas e deixem de ter uma alimentação correta, como a doença exige. “Isto vai levar, mais tarde, a consequências que podem ser importantes para a saúde da pessoa e da população em geral”, adiantou Filipe Raposo.
Hoje em dia há fome em Portugal”, acentuou Carlos Figueira, adiantando que a APP distribuiu, na última década, 210 toneladas de alimentos aos seus doentes.
(...)“As novas alterações à política do medicamento não favoreceram os doentes”, criticou o responsável, salientando: “Muitos utentes, na grande maioria idosos, deixam na farmácia parte dos medicamentos por falta de dinheiro”, disse Manuel Villas Boas.
É absolutamente antissocial”, sustentou, alertando: “Este ano vai ser muito mais difícil, vamos ter problemas gravíssimos.” Lusa

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O que se disse... Ana Benavente

«"[A liderança de Sócrates] tornou-se autocrata, distribuindo lugares e privilégios, ultrapassando até o 'centralismo democrático' de Lenine que tanto criticámos. Alimentando promiscuidades que recuso."
"Sócrates e os seus amigos serviram-se de uma ideologia incompatível com a essência do socialismo democrático.""O PS hipotecou o seu papel na sociedade portuguesa e deixou-nos sem perspectivas de um futuro melhor. (...) tornou o país mais pobre, política e economicamente."»

Ana Benavente, secretária de Estado da Educação de António Guterres (1995-2001), Público

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Novas vozes se levantam contra encerramento dos SAP em Bragança

Multiplicam-se as vozes contra o encerramento dos Serviços de Atendimento Permanente nos centros de saúde do distrito de Bragança. A comissão política distrital de Bragança do PSD emitiu um comunicado repudiando a medida.
A estrutura laranja decidiu tomar esta posição pública contra esta medida do governo socialista, alegando que o regime de excepção que estava consagrado ao distrito devia prolongar-se pelo menos até à conclusão das principais vias de comunicação, como refere José Silvano, líder distrital do PSD.
Somos frontalmente contra esta medida porque as populações que são atingidas são as mais isoladas e com mais dificuldades de acesso. As populações vão ficar cada vez mais postergadas. A ser tomada esta medida só depois de estar concluída a A4, Ip2 e IC5.”
A distrital do PSD diz ainda que a extinção do serviço nocturno vai trazer ainda mais problemas à urgência do hospital de Bragança, uma vez que as urgências dos hospitais de Mirandela e Macedo de Cavaleiros, no entender dos social-democratas, estão praticamente desactivadas.
Mas também dos concelhos afectados se vão, lentamente, levantando vozes contra o encerramento dos centros de saúde à noite.
E apesar de ter recusado prestar declarações no dia do fecho dos serviços, o presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães reage agora ao encerramento do SAP nocturno do concelho.
José Luís Correia diz que não concorda porque ainda não foram cumpridas algumas promessas feitas pelo Ministério da Saúde:
Não concordo porque a autarquia celebrou em 2007 o protocolo e não estão preenchidos os requisitos aí estipulados. Falta o posto avançado do INEM, não foi instalada a unidade de cuidados continuados nem o heliporto.”
Mas o autarca de Carrazeda de Ansiães vê ainda outros problemas decorrentes do encerramento durante a noite das chamadas urgências:
Carrazeda tem população envelhecida e o centro de saúde tem seis mil utentes que vai ficar sem qualquer apoio. Para além disso o concelho tem área geográfica grande. Dado que foi alterada a legislação no transporte de doentes esta população vai ficar penalizada.”
José Luís Correia está a tentar agora que o estipulado no acordo de 2007, entre o Ministério da Saúde e a Câmara de Carrazeda, seja cumprido, nomeadamente a criação do posto avançado do INEM.
Entretanto, a concelhia de Carrazeda do PSD emitiu um comunicado em que diz discordar profundamente da decisão do Governo de encerrar o SAP nocturno, porque entende que ainda não estão criadas as condições alternativas que garantam uma resposta de qualidade.
O PSD acusa ainda o governo socialista de retirar a Carrazeda mais um serviço de proximidade numa lógica puramente economicista acentuando a desigualdade de oportunidades. CIR/Brigantia

Bombeiros Voluntários de Carrazeda de Ansiães - Voluntariado


Em Portugal os Corpos de Bombeiros têm como principal missão o socorro às populações em todos os acidentes (incêndios, inundações, desabamentos, etc.) a prevenção e combate a incêndios, o socorro a náufragos e buscas subaquáticas, o transporte de acidentados e a urgência pré-hospitalar.
São os Bombeiros a base de resposta para todas as ocorrências, ao nível local, distrital e nacional, sendo o VOLUNTARIADO o seu principal suporte.
Ser voluntário num Corpo de Bombeiros permite dar largas à vontade de ajudar e marcar a diferença de forma útil.
Assim, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Carrazeda de Ansiães vem desafiar os jovens do nosso Concelho, a partir dos 16 anos, a abraçar esta grande causa e, através de uma cultura de acção, com formação contínua e enriquecimento de competências, valorizar-se e abrir novas perspectivas para o seu futuro.
Vem dar a cara pela grande causa que é ser voluntário, pois podes ser tu a fazer a diferença.
Vem alistar-te, as inscrições vão estar abertas neste Corpo de Bombeiros até ao dia 28 de Fevereiro de 2011.

Comunicado - PSD - CDS/PP

Pare, Escute e Olhe defendeu linha do Tua em Bragança

Ajudar a travar a desertificação do Nordeste Transmontano. Foi com esse objectivo que Jorge Pelicano, realizador e operador de câmara da SIC, decidiu fazer um documentário sobre a extinção da Linha do Tua, o Páre, Escute e Olhe.
Um documentário já premiado em diversos festivais mas que chegou a Bragança e Macedo de Cavaleiros apenas um ano e meio depois da primeira apresentação pública.
Já devíamos ter vindo há mais tempo mas é o trazer o filho à casa da sua mãe. O ponto de partida foi Bragança por causa da noite do roubo dos comboios da estação em 1992, com a promessa de que voltariam. Foi a partir daí que resolvemos fazer esse documentário. Ao longo dos últimos anos o povo transmontano tem sido enganado pelo Poder Central.”
Apesar de a exibição ter decorrido num sábado à tarde, o auditório Paulo Quintela, em Bragança, reuniu quase uma centena de pessoas que não quiseram perder a estreia do documentário Páre, Escute e Olhe em Bragança.
Valdemar Pais, o último ferroviário de Bragança foi um dos mais atentos. Mesmo depois de sofrer um acidente que lhe levou um braço, continuou ligado aos comboios como guarda do museu ferroviário, até 2005. Agora lembra com saudade os tempos em que ainda havia linha de caminho de ferro. “Mexeu muito comigo e saltaram-me as lágrimas aos olhos. Deixou-me muita tristeza e muita mágoa”, diz.
O despovoamento das terras do interior foi precisamente o mote que permitiu a Jorge Pelicano avançar com este projecto. E o realizador admite que já conseguiu causar algum impacto.
Mesmo algumas pessoas que apoiavam a barragem já ficaram um bocado renitentes. Só queríamos que as pessoas reflectissem e tivessem consciência que não estão a perder apenas uma linha do comboio mas sim a perder a sua identidade.”
Jorge Pelicano promete ainda continuar a bater-se contra o despovoamento do Interior do país.
Brigantia

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Autarcas contra fecho do atendimento nocturno nos centros de saúde

Alguns autarcas do distrito de Bragança contestam o encerramento do atendimento nocturno nos centros de saúde, mas a ministra da Saúde desvaloriza a situação.
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte aponta como uma das razões para o encerramento do atendimento nocturno nos centros de saúde de Bragança o «prejuízo» de algumas centenas de utentes que estavam sem médico de família.
Este organismo determinou que, a partir desta quarta-feira, os centros de saúde do Nordeste Transmontano encerram entre as 22:00 e as 08:00.
A informação foi transmitida às autarquias e centros de saúde cinco horas antes do encerramento, por volta das 17:00, num fax que a ARS do Norte fez chegar, já esta noite, às redacções.
No documento, a ARS do Norte anuncia a «alteração do horário de funcionamento dos centros de saúde Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vimioso e Vinhais».
Em declarações à TSF, o presidente da Câmara de Vimioso disse não concordar com o fim de atendimento nocturno no centro de saúde, mostrando-se «alarmado» e «triste».
Apesar de considerar que existe alternativa, José Rodrigues lembrou que, «para chegar ao hospital de Bragança, são precisos 50 minutos em condições normais do estado do tempo».
Por seu turno, em Vila Flor, o encerramento do atendimento nocturno não é temido, mas o autarca Artur Pimentel contestou o horário.
Artur Pimentel considerou ainda que não faltam alternativas, sublinhando que o 112 e a Linha Saúde 24 prometem resposta a «tempo e horas», apesar de nem todos estarem a par.
Já em Alfândega da Fé, a autarca Berta Nunes apelou à necessidade de «ser colocada uma ambulância nos bombeiros com as condições necessárias para fazer o atendimento de casos urgentes».
Questionada pela TSF, a ministra da Saúde afirmou que está tudo a correr dentro da normalidade, acrescentando que os autarcas transmontanos foram informados do fecho dos serviços de atendimento nocturno.TSF

SAP’s já estão encerrados à noite

Os Serviços de Atendimento Permanente deixaram de ter médico à chamada a partir das 22 horas de ontem.
Um fax da Administração Regional de Saúde do Norte enviado às oito câmaras municipais do distrito de Bragança com SAP’s nocturnos dava conta disso mesmo.

Ao contrário do prometido há menos de um ano pela própria Ministra da Saúde, ainda não estão concluídas as acessibilidades no distrito de Bragança mas desde ontem à noite que deixa de haver médico à chamada nos centros de saúde.
A presidente da câmara de Alfândega da Fé, um dos concelhos afectados, confirma que recebeu a notícia por fax, mas que já estava à espera.
Segundo explica, essa medida ficou acordada numa reunião recente entre a ARS Norte e os oito autarcas.
Isso já não era novidade apesar de não ter ficado definida uma data concreta” afirma Berta Nunes, acrescentando que “nós não pomos em causa o encerramento do SAP uma vez que resulta do protocolo que foi assinado com os presidentes de câmara e em que o Governo se comprometeu a instalar uma rede de emergência pré-hospitalar”.
No caso de Alfândega da Fé, Berta Nunes revela que espera ainda algumas contrapartidas pelo encerramento nocturno do SAP.
Nomeadamente a criação de um posto avançado do INEM no concelho e a substituição da actual ambulância, já com 13 anos.
Nós tornámos a nossa posição bem clara e foi aceite pois nós precisamos que os bombeiros tenham um reforço da sua capacidade de resposta” refere, salientando que “precisamos de uma ambulância do INEM uma vez que a ambulância que temos tem 13 anos e não tem condições para prestar um serviço de qualidade”.
Por outro lado, pretende que “os bombeiros de Alfândega passem a ser um posto avançado do INEM porque isso vai criar melhores condições ara um atendimento mais rápido”.
De acordo com o fax da ARS Norte, a que tivemos acesso, são invocados 15 pontos que justificam o encerramento dos SAP. O mesmo documento explica que em 2010, foi atendido em média menos de um paciente por noite, entre a meia-noite e as oito da manhã em cada um dos oito centros de saúde. O serviço tem sido assegurado por um enfermeiro e um assistente operacional em presença física e um médico em regime de prevenção, cujos custos são assegurados em horas extra.
Assim, de segunda a sexta-feira, entre as 22 horas e as oito da manhã, os SAP de Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vimioso e Vinhais passam a estar fechados.
Aos fins-de-semana e feriados o período de encerramento é entre as 22 horas e as nove da manhã seguinte.
A Brigantia contactou Vítor Alves, director do ACES Nordeste, que se escusou a prestar declarações, por a decisão ser d responsabilidade da ARS Norte.
Brigantia