Sr. Presidente, há muito que lhe queria escrever umas linhas mas sei que ultimamente tem tido pouco tempo devido às eleições, aos problemas na Coelha e ao jogo de pingue-pongue que insiste em manter com esta coisinha que nos governa. Não promulga, devolve, promulga-se. Eu também andei engripado, mas aproveito agora para lhe dirigir um pedido que espero que leia com atenção, se alguma vez lhe chegar às mãos:
Acabe com isto de uma vez: assim que possa dissolva a AR. O senhor, melhor do que qualquer outro político pois já passou pela contestação enquanto Primeiro-Ministro, saberá que há alturas na vida em que as situações se tornam insustentáveis política e socialmente e torna-se necessário parar. Mudar. Corrigir. Antes que o povo, por exaustão e revolta, as tente mudar da pior forma. E neste país em absoluta decadência e governado em demência o senhor é a única pessoa com a capacidade de o fazer sozinho, sem moções ou revoluções. Sei que precisa de razões imperativas para "implodir" a AR, mas passo a explicar, sem presunção, porque acho que o deve fazer o quanto antes:
Nunca em toda a minha vida vi este país no estado letárgico em que se encontra. Tenho apenas 31 anos mas nunca senti o que sinto hoje nas ruas e nas mentes (93% dos portugueses acham a situação económica má ou muito má). Vivemos numa democracia é certo, mas uma democracia não é só legitimar um governo através do maior número de votos obtidos por determinado partido em eleições. Viver em democracia deveria garantir ao povo sentir-se protegido por quem o governa e não acossado, esperançado, confiante e não sem qualquer perspectiva de futuro. Impotente perante o que meia dúzia de incompetentes está a fazer a um país fantástico.
Viver em democracia deveria ser ter jovens empregados, a construirem a sua vida e futuro e não sentados em bancos corridos com uma senha na mão à espera da sua sorte, a viverem à custa dos pais até aos 40. Em democracia não se brinca à economia e às empresas, não se expõe ao recibo verde quem cria, quem trabalha desalmadamente e não se encosta ou esmaga quem empreende de encontro a um muro de vazio. Numa democracia não se abatem e hipotecam gerações desta forma. Isto não é uma democracia. Isto não é nada.
Numa democracia deveríamos ver os idosos viverem com qualidade e com pensões que lhes permitissem, ao fim uma vida de trabalho, viverem os últimos anos de vida com dignidade e conforto. Viver em democracia deveria passar por ter trabalhadores satisfeitos e não permanentemente violentados por um governo sem vergonha, sem palavra ou carácter, que os está a roubar como nunca ninguém ousou fazer, nem em tempos de ditadura. Prometeu, não cumpriu, subiu impostos, pediu, pediu novamente, subiu novamente para estabilizar sabe-se lá o quê e ao dia de hoje os juros da divida a cinco anos estão nos 7,21%. Coisa nunca vista em tempo algum. O défice, esse, paga-o o contribuinte. Ninguém confia neste governo, nem os portugueses, nem os países da UE, e muito menos os mercados internacionais.
Este governo é um fracasso e deve ser demitido. Não reformou. Transformou e multiplicou empresas públicas em colmeias de boys inúteis. Infestadas de negociatas e directores plantados. Não tem qualidade, responsabilidade, dignidade ou carácter. E pior, não tem vergonha. Não demonstra qualquer rumo ou orientação e quanto mais tarde cair pior será para quem pegar no que sobrou, seja que partido for, grupos ou alianças, com ou sem FMI. Derrubar o governo neste momento mais do que uma necessidade é uma obrigação. Cada dia que passa é mais um dia perdido. Não há outra solução. Tiago Mesquita, Expresso
3 comentários:
Este primeiro ministro está a ir longe demais.
Lisboa, 21 fev (Lusa) - O líder do PSD considerou hoje que aqueles que dentro do partido insistem em falar em crise política está "a falar demais", garantindo que nenhum social-democrata está mandatado para negociar com outros partidos uma moção de censura.
"Se há pessoas do meu partido que insistem em cenários de crise política é porque estão a falar demais", afirmou o líder do PSD, em declarações aos jornalistas durante uma visita ao Salão Internacional do Vinho, Pescado e Agro-Alimentar, que decorre até quarta-feira no Pavilhão Atlântico, em Lisboa.
Interrogado sobre as declarações feitas hoje pelo social-democrata Guilherme Silva, que defendeu que se Portugal recorrer a ajuda externa o Governo não tem condições para continuar à frente dos destinos do país, voltou a recusar-se a falar em crise política e dizendo taxativamente que "falam demais" aqueles que insistem no assunto.
Boa Tiago!
E se o Sócrates tivesse demitido os teus pais quando precisavas de estudar e comer?
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