sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O país das descobertas

LVeloso

1 comentário:

mario carvalho disse...

João Cravinho: Depois da Irlanda, será Portugal a ficar "na linha de fogo" dos mercados

19/11/2010

O administrador do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), João Cravinho, alertou hoje que, depois de decidido o recurso da Irlanda ao apoio financeiro internacional, será Portugal a ficar "na linha de fogo" dos mercados.

"Não sei a forma exacta como as coisas vão decorrer, mas sei que, no mercado, a ideia é esta: resolvido o caso da Irlanda, Portugal está na linha de fogo. E resolvido o caso de Portugal, vamos ver o que se passa com a Espanha", afirmou em declarações aos jornalistas à margem do colóquio "Desigualdades Sociais: Modelos de desenvolvimento e as políticas públicas em questão", que decorreu no Porto.

Segundo salientou o antigo ministro socialista, "a situação irlandesa é totalmente diferente [da portuguesa], porque é um colapso do sistema bancário irlandês que o Governo absorve e que desequilibra, por completo, toda a economia irlandesa".

Ainda assim, Cravinho acredita que "os investidores vão pensar que Portugal está na linha seguinte e, portanto, vão atacar brutalmente as posições portuguesas" em matéria de dívida pública.

"O pensamento na União Europeia e em Londres é que Portugal tem que vir já a seguir à Irlanda, porque essa é a única maneira de dizer que o problema está controlado e, sobretudo, de dizer para não irem a Espanha, porque isso já é uma coisa muito grande", sustentou.

Contudo, antecipou, "exactamente porque [o caso espanhol] é uma coisa muito grande e vai haver uma enorme possibilidade de, com pequenas variações, fazer fortunas e fortunas, os investidores, depois de estarem acomodados os caso grego, irlandês e porventura o português, vão-se atirar a Espanha".

Na opinião de João Cravinho, foi "uma barbaridade" que o Governo de José Sócrates só em 2010, "com dois anos de atraso" e "apesar de estar escrito na parede", tenha reconhecido que a crise internacional "ia atingir em cheio o nosso país".

"Não se percebe como foi possível uma barbaridade dessas. Os caminhos, agora, serão duríssimos para Portugal", antecipou.