sábado, 30 de abril de 2011

Daqui e dali... João Lopes de Matos

Desenvolvimento e emprego (conclusão)

Falemos, por último, do sector terciário, o sector dos serviços.
Este sector ganhou independência, em relação à agricultura e à indústria, já um tanto tarde, no século XX. Ele abarca ramos da economia tão diversificados como o comércio(por grosso e a retalho), a banca, o turismo, a informática, as artes, a restauração…
Talvez possamos defini-lo por exclusão: tudo o que não pode encaixar-se na agricultura e na indústria pertence aos serviços.
Este sector tem tido um percurso inverso aos outros dois: enquanto estes têm dispensado mão de obra em consequência do avanço tecnológico, os serviços têm criado mais e mais emprego, tanto que o aumento tem mais que compensado as perdas verificadas naqueles.
Hoje, é mesmo o sector mais empregador de mão de obra. Pelo menos, tem-no sido até há pouco. E isto porque de há uns tempos a esta parte, têm ocorrido tais alterações no seu seio que não sei se não irá ter o mesmo caminho dos outros. E então pôr-se-á um problema novo na sociedade: muita gente ficará sem emprego e sem a correspondente remuneração necessária à sua subsistência.
É que , por exemplo, o comércio a retalho está a concentrar-se mais e mais, a banca reduz os efectivos de contacto directo com o público, os restaurantes recorrem cada vez mais ao self-service e mesmo é um facto que as pessoas compram já as suas refeições nos supermercados.
Também no interior esta evolução se tem vindo a verificar, o que leva a pensar que o chamado comércio tradicional vá perdendo importância, substituído pelas grandes redes de distribuição.
Julgo que a tendência será no sentido de uma concentração em razoáveis agregados populacionais, quase que desaparecendo, em compensação , os núcleos pequenos com a vida que até agora têm tido.
João Lopes de Matos

3 comentários:

Anónimo disse...

Com este seu artigo, João Lopes de Matos completa a sua “trilogia”.
Do “primário” ao “terciário”, com aflorações pelo “secundário, JLM dá-nos uma visão (realista?) do futuro.

Tal como ele, estou preocupado com o que nos espera como País (sobretudo aos jovens).

Sendo o futuro imparável, JLM “antevê” a “simplificação” (leia-se concentração) dos serviços, com a quebra (inevitável?) de postos de trabalho.

Se assim for (se a sua “visão” for premonitória), digamos (com Camões):
- “Oh, bicheza miserável, na realidade, a bicheza humana”!

Este seu desabafo é tão belo, que o melhor é ouvir, gostar e… AGIR.

Arregacemos as mangas, ponhamos de lado as “diferenças”:
O FUTURO é HOJE!

Carlos Fiúza

Anónimo disse...

Este comentário de CF vem a talhe de foice:é preciso responder ao meu "realismo"com uma visão optimista:acreditar que seremos capazes de transformar o avanço da tecnologia num factor de cada vez maior bem estar para todos.Talvez isso esteja nas nossas mãos.
Quero precisamente chamar a atenção para o facto da necessidade de lutar por que as novas tecnologias sejam factor de progresso humano e não contribuição para a nossa desgraça.
JLM

Anónimo disse...

Ok,

João Lopes de Matos é mais come on & ano do que camoniano, como diria o Rui Reininho. Mas aceita-se:

de nunca fechar em absoluto a porta contrária, neste caso, em nome da «nossa desgraça»...

Fique bem,

Vitorino Almeida Ventura