terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

Cristiano,

corifeu de uma tragédia familiar

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Tive de fazer este Natal uma viagem-relâmpago a Carrazeda, por via de assistir a um funeral… da dona Marquinhas, avó do Cristiano. Neste acontecimento tão triste,

Cristiano, em plena missa, transformou o suposto drama, em verdadeira tragédia. Ergueu-se, como o herói que sabe a morte, e cantou-a num júbilo final: expurgando todo o sofrimento, de cabeça erguida. Com a necessária distância,

lembrei tal exemplo de coragem como equivalente ao do Papa João Paulo II, em doença terminal — permanecendo no cargo, quando tantos reclamavam (d)a sua resignação. Ficou claro que o Papa havia por símbolo Jesus e a sua cruz… E não era em Cristo que o nosso Cristiano pensava? Ou, literalmente, apenas recomendava a alma da sua avó ao coro… dos Anjos?

Vitorino Almeida Ventura

5 comentários:

Anónimo disse...

Caríssimo Dr. Vitorino:
Concerteza que o Cristiano ao "cantar" a morte de sua avó apenas quis gritar o tormento, a dor profunda que sentiu e que, enfim, o invadia e sufocava...
Libertou-se um pouco e assim custar-lhe-á um pouco menos a passagem dos dias mais próximos da perda.
Direi eu, ou diremos nós e outros que ainda vamos possuindo o verdadeiro sentido de família, que vale muito a pena VIVER, SENTINDO!
Um amigo

Anónimo disse...

Presenciei, tambem, esse relevante acto heroico da parte do meu grande amigo, Cristiano. Não tenho qualquer duvida de que as letras que entoou estavam sob um fundo: a sua avó. Abraço especial a ele.

vitorino almeida ventura disse...

Ao «amigo anónimo», quero apenas explicitar no seguinte: o que, para mim, ficou interessante, humanamente, foi a capacidade de o Cristiano, não apenas cantar a sua dor, mas transformá-la em algo maior - numa dádiva à avó, em acompanhamento de sua entrada ao Paraíso, algo que ele me parece acreditar profundamente, e conseguir fazê-lo apesar do sofrimento, passando-lhe por cima, como um dever que lhe fora imposto por seu Deus, a si, herói da qual tragédia: com a cabeça bem erguida!

Um abraço da mesma grandeza ao Nuno.

Anónimo disse...

Doeu-me, e condoo-me com…

Cantar a dor… Tal como no Fado…
Enternecidamente, entoar os sentimentos leva a palavra até ao Céu!

Alzira Lima de Jesus Castro Pinto

Anónimo disse...

Sr. Vitorino Ventura:

Antes de mais, muito obrigado pelas suas belas palavras que me escreveu. Eu e o resto da minha familia estamos muito agradecidos pela sua presença no funeral da minha avó, de quem eu gostava muito.
A minha avó sempre gostou muito de cantar e de ouvir cantar. Por vezes a musica tambem transmite sentimento e liberta a dor (como o senhor bem sabe). O Salmo que lhe entooei, "Na Presença dos Anjos", foi mesmo isso como o senhor disse, entregar o seu Ser aos Anjos. Como dizia Santo Agostinho: "Quem canta, reza duas vezes."
Assim como o Papa João Paulo II levou a sua cruz até ao fim da sua vida, assim eu acompanhei a minha avó até á sua última morada.

Mais uma vez, muito obrigado pelas suas belas palavras de carinho que dedicou.


Um Abraço.



Cristiano Sousa