sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

O Livro do Apocalipse,

segundo João (Lopes de Matos)


Enquanto o Livro de S. João é delirante, este de João Lopes de Matos exprime uma profecia de caos e destruição, baseado em dados concretos. Dizia-me _ meu primo Luis Carlos Almeida que Vimioso, combinando as actuais taxas de mortalidade e natalidade, em 2025 ou 2050, não tenho bem presente o ano de referência, ficaria com dois habitantes. Ora, com as necessárias adaptações, para Carrazeda, temos… para quando a morte anunciada do concelho? interpelou o profeta João Lopes de Matos. E, sem dúvida, que as suas interpelações marcam a agenda no Desert(ficand)o.

Outra das suas dúvidas existenciais prende-se com a linha do Tua — e em extensão, as termas de São Lourenço —, submersas pela cota mais alta da barragem em Foz-Tua… Já em nome do turismo, só lhe faltou vender a ideia de depois se ir em escafandro, como em Vilarinho das Furnas, a banhos, nas termas. Se pensava assim descansar _ _ entidades (suas amigas) que para ali fizeram promessas e promessas de projectos, é porque se não deslocou à aldeia de Pombal. Aí se coloca já sobre a mesa (n)uma-qual imaginação fabulosa de captar as águas, em canalização directa à aldeia… Eu,

no entanto, sem fé, mantenho esperança de que o São Lourenço faça um milagre e salve as Caldas. É no seu actual estado de caos e destruição que me sinto, numa identidade matricial de lá ir com os meus avós e agora com o meu filho. Não interessa que o profeta João Lopes de Matos me chame ‹‹ambientalista››. — Que hei-de fazer se aí se encontram, _ _ minhas folhas com as raízes?

Vitorino Almeida Ventura

15 comentários:

Anónimo disse...

Não tenho vagar para lhe responder agora pois vou passar o fim de semana a Abrantes. Quando regressar respondo-lhe.

mario carvalho disse...

bom fim de semana

e aproveite e pergunte ao Presidente da Camara de Abrantes o que ele pensa das barragens.. do Almourol e quais os benefícios para as populações locais da Barragem de Castelo de Bode... o que é que os PIN lá deixam ficar..
cumprimentos
mario

Anónimo disse...

Amigo W,

Tal como tu gostavas de manter incólume a terra onde tuas raízes brotaram as primeiras folhas, Também os teus netos gostarão de recordar os passeios de barco com o avô e as leituras admiráveis no cais de S. Lourenço à Sombra de um sobreiro.

A vida é assim. As coisas mudam, a mudança é difícil. Perdem-se umas coisas e nascem outras... na perpétua caminhada do devir. Porque a vida é dinâmica. Seria uma maçada de não o fosse.

Anónimo disse...

VAV,

Essa conversa faz-me lembrar a relutância que os australopithecus tinham em abandonar os ramos e as folhas das árvores onde andavam pendurados.

A evolução carece de adaptação e foi o abandono das árvores que potenciou o homo habilis e por aí a diante.

E tu queres ficar preso às arvores ou queres evoluir?

Anónimo disse...

VMais uma vez( eu vou somando) o sr. V.A.V. se atirou a mim forte e feio. Isso não se faz.
É preciso esclarecer que eu não sou profeta, não tenho qualquer inspiração divina. Procuro apenas ver onde nos levam os ventos dos tempos.
Nem eu tenho qualquer influência no que se vier a passar.
Tomara eu poder garantir o euromilhões a centenas de pessoas do concelho, a começar por mim.
Sei perfeitamente que o que digo nada representa na evolução de Carrazeda e, muito menos, do país ou do mundo. Outras forças mais altas se “alevantam“. A minha força não é nada.
Gostei da parte em que se identifica comigo na idealização do paraíso: eu queria, no fim dos tempos, comer figos nas figueiras dos meus pais; V:A.V. quer, per omnia secula seculorum, que as termas fiquem como estão. É algo que pode eternamente comungar com toda a família( os mortos, os vivos e os vindouros). Reconheço que é linda a imagem.
É “ambientalista” num sentido intemporal ,que realmente não é aquele que eu perfilho.
E todos os outros que passaram por S. Lourenço, como o quereriam ainda(desde o homem das cavernas, que tinha ali uma caverna com água quentinha, até ao D. Dinis, que aproveitava o ambiente quentinho para se encontrar com uma das suas amantes)?
Confesso que existe em mim uma “ má vontade” para com o S. Lourenço. É que , há sessenta anos, o meu avô materno morreu de pneumonia, passado um mês de haver estado nas ditas termas.
João Lopes de Matos

Anónimo disse...

Caro Mário Carvalho(desculpe, de futuro “falo” só em Mário:
Não estive com o presidente da câmara de Abrantes mas soube, de fonte segura, que o pensamento actual dele é bem favorável à barragem do Castelo do Bode.
Pensa actualmente ele que é preciso fazer reverter as coisas a nosso favor. E disseram-me que tem até um projecto fantástico para lá.
A electricidade produzida não pode ficar logo ali na primeira aldeia ao lado(como seria justo e natural), mas vai aproveitar a altura da barragem(que a mim me dá vertigens) para montar uns cabos de aço, que irão até à foz do Zêzere, para praticar “slide”. Mas não, não se aflija que ninguém vai morrer de queda. Também tem projectada, em toda a extensão, a colocação de uma rede, que amortecerá as hipotéticas quedas.
Parece que diz ele:” agora penso que há males que vêm por bem. É preciso é uma pessoa não desistir de dar um aproveitamento “bom” àquilo que inicialmente nos parece que tem apenas aspectos negativos.
Caro Mário, quando voltar a Abrantes, dou-lhe mais notícias.
João Lopes de Matos

mario carvalho disse...

Caro Senhor

O Senhor Presidente da Câmara de Abrantes referiu que era a favor das barragens mas não a de Almourol com as características que foram apresentadas no Plano Nacional de Barragens ; referiu ainda que já tinham a experiência de Castelo de Bode em que nada beneficiou a população local. As pessoas que vêm de fora, trazem tudo e praticamente não compram nada nas aldeias deixam sim é o lixo, o pó, o barulho e as confusões que em nada interessam às populações locais.

A sua posição foi transmitida e gravada na audição Parlamentar que teve lugar no dia 09/01 na Assembleia da Republica

Encontram-se algumas situações que podem ser comprovadas em notícias

http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=244&id=27244&idSeccao=3328&Action=noticia

Permito-me transcrever:
Onde está o desenvolvimento local?
A área de recreio balnear da aldeia do Mato, no concelho de Abrantes, é uma das assinaladas no Plano de Ordenamento da Albufeira de Castelo do Bode. O centro náutico foi construído há um par de anos mas até agora não trouxe grandes mais valias a quem ali reside. Pelo contrário, só tem trazido dores de cabeça aos habitantes, com o acréscimo de veículos a circular pelas estreitas ruas da aldeia.
As críticas surgem da boca do presidente da junta de freguesia. António Cruz refere que o centro náutico não tem infra-estruturas de apoio que fixem os turistas ali. E por isso eles aparecem, tomam banho e vão embora.
“O único bar que existe é explorado por pessoas de fora, de Abrantes e Rossio ao Sul do Tejo. Os habitantes da aldeia não ganham nada com o centro náutico. Benefícios económicos não existem, quem cá vem não compra nada, e não houve criação de postos de trabalho para quem aqui reside”.
O acesso ao parque de estacionamento situado junto à margem da albufeira é feito pelo centro da aldeia, o que tem trazido só dores de cabeça aos moradores. “Chega o Verão e acaba o sossego desta gente”, diz o autarca.
E.
http://bocasmacao.blogs.sapo.pt/arquivo/2007_10.html


permito-me tambem transcrever só

Albufeira do Castelo de Bode. Moradores não querem mais projectos turísticos!



A Associação dos Amigos de Castelo de Bode quer o plano de ordenamento daquela albufeira seja revisto, no sentido de impedir a construção de urbanizações turísticas junto ao espelho de água. Comentando o anunciado chumbo do Ministério do Ambiente a dois projectos turísticos de grandes dimensões previstos para a zona, o presidente da AACB considerou que a revisão do Plano de Ordenamento da Albufeira de Castelo de Bode (POACB) seria a “solução definitiva”, proibindo qualquer iniciativa a 500 metros da água.

http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=91&id=5191&idSeccao=919&Action=noticia

Mas o melhor mesmo é ir ao local e falar com as populações cujo número deveria ter aumentado atendendo ao paraíso prometido mas não … emigrou ..ou teve de sair.



Agora quanto aos argumentos que apresenta para justificar o desaparecimento da linha do Tua

Os cabos de aço para praticar slide, campos de golfe” ( barcos e motas,e transporte fluvial que permite ir de manhã ao médico ao Porto e ainda vir almoçar a um restaurante flutuante cujos proprietários e cozinheiros são os antigos pastores reciclados num curso subsidiado de três dias” (este comentário entre aspas é meu)
As Caldas de S. Lourenço podem ser preservadas: basta que se construa uma protecção de cimento que contenha as águas e isole o local. Se acrescentar ao paredão uma cúpula de vidro, verá que tem criadas todas as condições para um SPA ultra - moderno. Não me diga que isto é impossível. De contrário, capta-se a água mais acima e mudam - se as termas para lá(perto do hotel, de preferência).

Etc etc.. Se são essas as contrapartidas e mais aquela o Pres de Alijó trocou tudo por uma iluminária e por ajuda para a criação de uma empresa de divulgação de turismo de natureza quando a natureza for destruída... e que se cair uma contrapartida de 700 000 /5= €140 000 por ano para cada autarquia ou seja 140 000/12 = 11 000€ mensais.. ou seja cerca de 2 200contos por mês..
que propõem aos Carrazedenses e mais a entrada sem pagar em tudo isso,
em troca do vale , da linha das Caldas etc.

As pessoas que decidam se estão dispostas a aceitar a sua proposta só lhe peço que seja cumprida

.,. lamento mas não tenho capacidade para acompanhar a sua imaginação

Cumprimentos
Mário

Ps. Mais uma vez refiro que não sou contra barragens … sou a favor da manutenção do Património como a Linha do Tua e as Termas de S Lourenço como sou contra a demolição do Mosteiro dos Jerónimos ou do Palácio de S Bento embora compreenda que seria muito mais rentável para o país a construção de torres de escritórios.
Compreenderá que não vou responder a mais nenhum comentário para evitar o incómodo de ter que me responder novamente

vitorino almeida ventura disse...

Penso que o meu amigo João Lopes de Matos e os anónimos, sob pseudónimo h20 e Cara de Pau, não prestaram bem atenção ao que eu disse aqui e ali. Aliás, o dr. Matos não tem desculpa, porque me conhece e às minhas obras literárias e musicais - daí a metáfora das folhas e não consta que sejam revivalistas, nem contra o progresso, bem pelo contrário. Normalmente, sou «acusado» de estar nas vanguardas... Cruzando o erudito e o popular, porque não recuso nem discrimino nada como inferior. Aliás, o doutor Matos que tanto usa a dialéctica (em sentido mais platónico do que hegeliano) e a quem tantos acusam (embora in_
justamente) de Madre Teresa de Calcutá, não percebo porque está com os fundamentalistas pró-barragem e não, como eu, numa solução de compromisso. O que eu perfilho (com toda a clareza) é que a barragem se faça mas com estudos e com respeito pela História. - Não pode haver barragem, mantendo-se a Linha e as termas? Que eu nunca disse que estas estão bem assim. (Basta ler as Memórias de Ansiães, vol. 2, para ver algumas críticas às pinturas do santo, no tanque, aos azulejos, etc.). Agora, são preferíveis assim do que com a cota 200 misturar as águas do Tua com as da Nascente e acabar com as águas - devo dizer? -, milagrosas... Para as costas e a pele de tantos! Já
aplicando as suas ideias, Cara de Pau, a Foz Coa, a barragem deveria ter uma cota superior e submergir as gravuras?!... Em nome do Progresso, será tudo admissível? Já agora gostava de compreender a sua identidade, se feita de tábua rasa... Mas

a todos agradeço as divergências e as boas imagens de H2O; só que não será possível unir as duas coisas: os passeios de barco futuros e os banhos nas termas?, pergunto. Esperando agora ser correctamente interpretado,

Vitorino Almeida Ventura.

Post Scriptum: A minha identidade é feita de referências. Uma delas -a do meu tio Mário de Jesus Almeida -, foi-se a enterrar este fim-de-semana. Dele falarei mais brevemente. Trazido do hospital, após uma pneumonia, com um cobertorzinho na ambulância, ao voltar a casa de Mirandela, entrou em estado de coma. Voltando ao hospital, onde, nas urgências, tantos esperam pela noite 6, 7, 8 horas... viria a falecer. Com tanto desrespeito pela população do distrito, que representa apenas 5% do todo nacional, não admira que cada vez mais fique apenas a opção do sr. António Carvalho: ir ao funeral do Pombal ou ao da Fontelonga, se os dois acontecem pela hora mesma, como única metáfora possível.

vitorino almeida ventura disse...

Ah, aquela alegoria dos peixinhos do Sermão no pós-apocalipse... - Seremos nós?

Ab.,

W.

Anónimo disse...

VAV,

Oh Pá. Precisamente por te saber "Avant Guard" é que te estranho. Discordo contigo quanto a manter a linha e fazer a barragem. Sabes porquê? - Porque ou se faz uma barragem em condições ou mais vale não fazer nada.

Quanto ao S. Lourenço, Não sei se realmente a linha de água lá chegará... Duvido muito!

E que tal canalizar de lá a "milagrosa não cientifica" água para um lugar a montante, - Como diz JLM!

...Sim é verdade que sou tábua rasa...sobretudo nas ideias. Sou coerente comigo e com a realidade que me rodeia.

porque ao contrário de ti:

Usar meias cor de laranja e sapatos de cabedal, e ao mesmo tempo lutar contra o abate de animais e a poluição da industria tinteira, não é minha filosofia. Mas estou a ver que é a tua.

Adorei virares o bico ao prego. Por teres chamado de fundamentalistas aos pró-barragem. É uma ofensiva de ataque característica de quem enfiou o barrete.

Contraidealogismos à parte...
Lamento ao teu tio.

Anónimo disse...

Fundamentalismo é não aceitar eventuais mudanças de opinião.
Só não mudam os burros como diz MS.

vitorino almeida ventura disse...

Bom, para acabar da minha parte:

Agradeço a(o) Cara de Pau o lamento por meu tio.

Agora, não disse que o Cara de Pau é tabula rasa mas que faz tábua rasa... De toda a História. Aliás, nem me respondeu se submergia as gravuras em Foz-Coa, pois está implícito.

Como suponho que sabe, aplicando as teorias do empirista Locke sobre a tabula rasa, significaria que está?, esteve?, num estádio de não saber absolutamente nada e que aprendeu(erá) pela experiência, pela tentativa e erro. Esperemos que não seja o caso... Pois é-me

claro que toda sua argumentação colhe num fundamentalismo pró-barragem, se em nome dela submerge a Linha e as Termas (que sob a cota 200 e de acordo com alguém da Associação de Desenvolvimento das Caldas) compromete a nascente. E é tão fundamentalista a sua posição como a daqueles pró-Linha que estão contra toda e qualquer barragem. A minha posição é a de, entre estes dois radicalismos, tentar salvar o Progresso e a História, fazendo a barragem e ao mesmo tempo salvaguardando a Linha e as Termas.
Mas claro que aceito, só não concordo com uma e outra posição, extremadíssimas. Que todas as posições têm sempre um bocadinho de razão, ou não? Eu pelo menos, estando no meio, não me sinto como dono de uma verdade absoluta... Mas posso expressar as minhas referências ou não? Que a minha identidade se faz assim... Sou aquele que fui e vou sendo, em mesmidade.

Vitorino Almeida Ventura

Terei todo o gosto em conhecer a sua identidade, se me quiser ser apresentado, pois apenas se diz pertença de algo que não existe ainda: a futura barragem. Como constrói a sua identidade? E com que cor de meias?

Anónimo disse...

P| VAV.
Características:
Altura: 1,65 m
Modelo: pro-largo
Cor: Vermelho Ferrari
Tipo: Abóbora
Caixa: Muito Fechada
Percurso: Uma no cravo, 2 na ferradura.
Adivinhe!

Anónimo disse...

Isto não é nada!
Dr.Vitorino:
É difícil a qualquer um ter pedalada...

Anónimo disse...

Aquelas características encaixam-se na figura do Milton filho.