segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Daqui e dali... Sabre07

Alguém no Boticário
sugeriu que se fizesse chegar este excelente texto, às mãos de Correia de Campos.
Com os agradecimentos ao Besugo pela autoria e ao MSP pela descoberta, não resisto a replicá-lo aqui, para, desta modesta forma, contribuir para um melhor esclarecimento dos nossos zelosos governantes.

«Vive gente em Ourense. Ourense tem um Hospital com uma Unidade de Cuidados Intensivos e mais merdas.Chaves não tem, Bragança e Mirandela não têm, Macedo de Cavaleiros e Moncorvo não têm, Régua e Lamego não possuem. Tem isso, apenas, essas merdas, Vila Real.
E vamos agora acelerar, que a minha vida não é esta e tenho de me levantar cedo. São precisos dados? Muito bem. A Província de Trás-os-Montes e Alto Douro tem 2 distritos, Vila Real e Bragança. Trás-os-Montes e Alto Douro tem, portanto, cerca de 400.000 habitantes, mais ou menos. A Província de Ourense tem à volta de 345.000 habitantes. Pode comparar-se assim? Penso que assim se pode. A província de Trás-os-Montes e Alto Douro tem uma área de 11.000 Km2, enquanto a de Ourense tem, por alto, 7.300 Km2. Pode comparar-se: as pobrezas comparam-se em todas as dimensões. Em Trás-os-Montes e Alto Douro é como se sabe. Posso fazer um desenho um dia destes, mas por hoje passo. Vamos à Província de Ourense, à Galiza interior. Vamos?

Bom. A Província de Ourense tem 92 concelhos. Vão de Avion a A Peroxa, Monterrá a Maside, Verin a O Barco de Valdeoros, de Ourense a Castrelo de Miño. São 92 concelhos. O curioso é que tirando Ourense (110.000 habitantes), o resto são pequenos povos. Tirando Verín (13.500), Barco de Valdeorras (13.300), O Carballiño (12.800) e, vá lá, Xinzo de Limia (10.000), o resto tem entre 600 e 4000 almas viventes. A Teixeira tem, mesmo, só 569 pessoas, sendo de referir que os concelhos de O Bolo e de A Bola, juntos, perfazem 2900 seres humanos. É assim, não vale a pena inventar.
Ora bem. Então e nestes 92 concelhos quantos Centros de Saúde há? Há 110. Porquê? Porque sim. Porque há 14 concelhos que têm mais que um. Ourense tem 5. E Castrelo de Miño, por exemplo, tem 3. Palavra de honra: tem 3, e tem 2095 habitantes. Deve ser, talvez, terra de pouca gente e muito ancha, não?
Desses Centros de Saúde, 15 têm Serviços de Urgências permanentes. Falo de Ourense, de Verín, mas também de Viana de Bolo, Xinzo de Limia, O Carballiño, O Barco de Valdeorras, Bande, Ribadavia, são 15. Ribadavia tem 5500 habitantes, por exemplo.

Os Centros de Saúde que não têm urgência "drenam" (detesto esta palavra, mas, como disse, não me pagam para escrever - quanto mais para escrever bem), num critério que não é outro senão o da proximidade, para o Centro de Saúde - com urgência - mais próximo.

Os Centros de Saúde com Urgência permanente têm, em mais de 60% dos casos, além de clínicos gerais (habilitados a fazer suporte básico de vida, que é fundamental pelos motivos que se prendem com aquela parte de o coração bater e de a gente respirar), pediatras, e enfermeiras de Obstretrícia. Em 25% deles há dentistas - cá, nem nos hospitais. Há Fisioterapia, em cerca de 10% dos Centros.

Nesses 110 Centros de Saúde trabalham, ao todo, salvo óbitos recentes ou intervenções externas de Correia de Campos, 275 médicos generalistas, 45 pediatras, 15 dentistas, um porradão de enfermeiras e enfermeiros, variadíssimos técnicos, assistentes sociais. Muitos desses Centros têm possibilidade de fazer análises clínicas e radiografias.
Ora bom, encurtando distâncias que ainda tenho de ir mandar um e-mail ao Paulo Bento: além destes Centros de Saúde, a Província de Ourense tem que mais?
Bom. Tem o Centro Hospitalar de Ourense, com tudo, mas tudo mesmo (mesmo as merdas que não há em Vila Real, sim, a Cirurgia Vascular, a Neurocirurgia, a Radioterapia, os Cuidados Intensivos Pediátricos, a Unidade de Transplantes, a Endocrinologia, a Reumatologia, a Geriatria, a Oncologia Médica e Cirúrgica, a Angiografia, a RMN, a TC helicoidal, o c....... Tem mesmo tudo, galegos dum raio). E tem 505 médicos e 811 camas.
E que mais? Bom, há o Hospital Comarcal de Valdeorras, com Medicina Interna, Cirurgia, Nefrologia com hemodiálise, Fisioterapia, Anestesiologia e Reanimação - pudera, têm todos, eu sei - Unidade de Dor e a p... que os pariu; pois é. E são 100 camas de internamento, e são 52 médicos.
E agora uma pausa educativa. Escutei assim uma pergunta, há bocadinho: "isso de Verín, com 13.000 habitantes, é preciso ver até que ponto vai o quase...".Vai até aqui: 80 camas, 42 médicos, Medicina Interna, Cirurgia, Anestesiologia, Reanimação, Dermatologia, Unidade de Dor, Fisioterapia, Otorrino, Oftalmologia, Urologia, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Psiquiatria... por aí fora. A Régua, a cidade, tem 11.000 habitantes. E não tem quase nada.
Os cuidados de saúde são como o resto. Devem relacionar-se entre si da mesma maneira que se relacionam as pessoas: ou há relações - e têm de ser próximas, daí a importância dos lugares, porque os lugares são as pessoas em espaços pequenos, médios, do tamanho que tiverem - ou não as há e, nesse caso, que se f... a Bwin Liga.
Se é assim na Galiza Pobre, pensem como será na Galiza Rica. Na Catalunha, na Comunitat Valenciana, no País Basco, na Andaluzia, no c......!
Eu é que misturei tudo? Muito bem, então desmisturem, a ver o cheiro das tintas!

Repito: pode haver coisas boas nos lugares e haver, na mesma, estradas que nos transportem entre lugares.

Nota de rodapé: já agora, entre o Tronco (Chaves) e Vila Real, são 99 Km. Ou seja, 1h13m, segundo o Via Michelin. Mulheres que estais de "interessâncias", apertai bem a vulva no caminho. »

4 comentários:

Anónimo disse...

Este governo será mesmo uma tolice?
Ou o PC e INTERSINDICAL é que deviam governar?
Comparar a realidade Espanhola e a Portuguesa dará mesmo para mudar de nacionalidade?
Porque não, se estamos aqui tão perto?
Ouvi ontem à noite o Dr. António Vitorino e quando interrogado pela primeira dama de Sintra sobre se as medidas são mal explicadas pelo Correia de Campos ao País, ele concordou que de facto as coisas não andam muito bem em matéria de comunicação!
Só por puro masoquismo se compreenderá que um governo, seja qual for, se auto flagele tanto!
Mas o que eu mais gostava mesmo era de ver o Sócrates chamar o Carvalho da Silva para gerir o Ministério da Saúde, o chefe do PCP para Ministro das Obras Públicas e o chefe da Quercus para Ministro do Ambiente.
Tudo seria perfeito!
Também posso brincar um pouco!

Anónimo disse...

Nova ministra da Saúde vai a julgamento no TC por pagamentos indevidos ao Amadora-Sintra


29/01/2008


Ana Jorge, que toma posse quarta-feira como ministra da Saúde, vai a julgamento no Tribunal de Contas no âmbito de uma acção de responsabilidade financeira por alegados pagamentos indevidos ao hospital Amadora-Sintra quando era presidente da ARS de Lisboa.

O advogado de Ana Jorge, João Correia, confirmou hoje à Agência Lusa que a substituta de Correia de Campos na pasta da Saúde vai a julgamento no Tribunal de Contas, em data ainda por definir, e que "logo se verá se existe ou não responsabilidade financeira".

"Claro que vai haver julgamento. É o que está na lei, é a tramitação normal do processo, que é regulado pelo Código de Processo Civil. Estes processos acabam em julgamento", acrescentou João Correia.

Em causa estarão alegados pagamentos indevidos à sociedade gestora do primeiro hospital público com gestão privada, o Amadora-Sintra, no âmbito do contrato celebrado entre a José de Mello/Saúde e o Estado.

Ana Jorge foi uma das mais de 20 pessoas que tiveram cargos de direcção da Administração Regional de Saúde de Lisboa entre 1995 e 2001 e a quem uma auditoria da Inspecção Geral de Finanças imputou alegados pagamentos indevidos àquele hospital no valor de mais de 79 milhões de euros.

De acordo com notícias vindas a público em 2003, só a Ana Jorge o Estado pedia 3,5 milhões de euros.

"O que se pode dizer é que o Estado já foi condenado a pagar pelas mesmas razões que agora está a pedir responsabilidades financeiras. Ou seja, de um lado já pagou, de outro está a pedir responsabilidades financeiras. É uma incongruência nos seus termos", disse o advogado de Ana Jorge.

"A responsabilidade financeira dela é porque ocupava o lugar [de presidente da ARS Lisboa]. Não contribuiu nem por acção nem por omissão para aquela responsabilidade financeira. Portanto, o processo há-de ser julgado e logo se verá se há ou não responsabilidade" de Ana Jorge, acrescentou.

Após a auditoria da Inspecção-Geral de Fi nanças, o Ministério Público propôs uma acção de responsabilidade financeira e ao mesmo tempo considerou que o Tribunal de Contas também deveria realizar uma outra auditoria.

Entretanto, um tribunal arbitral considerou que os montantes transferidos da ARS para o Amadora-Sintra tinham sido os correctos, o que motivou que numa entrevista à Visão de Agosto de 2003 Ana Jorge tenha considerado que "só fazia sentido arquivar o processo". Posteriormente, a auditoria realizada pelo Tribunal de Contas confirmou as conclusões da Inspecção Geral de Finanças, voltando a responsabilizar Ana Jorge.

Uma fonte ligada ao processo disse à agência Lusa que o caso está entregue à 3ª secção do TC e que, em julgamento, Ana Jorge pode ser absolvida ou condenada a repor o montante pedido na acção.

Contactado pela Lusa, o gabinete de imprensa do Tribunal de Contas confirmou que existe um processo que envolve o Amadora-Sintra mas escusou-se a confirmar os envolvidos. João Correia garante, contudo, que Ana Jorge "nada tem a ver com este processo" e que é uma "pessoa séria e rigorosa".

"É uma mulher diligente, seríssima, rigorosíssima", acrescentou, dizendo que "ela não merece isto".

O gabinete do primeiro-ministro, contactado pela agência Lusa, disse que não faria comentários.

Anónimo disse...

Que se saiba, por se ir a julgamento não se é criminoso até prova em contrário. Esta senhora tem um currículo invejável e espero que consiga matar a angústia da população provocada pelo seu arrogante antecessor.

Anónimo disse...

Em matéria de "verdades" há sempre várias, mas uma das principais é de se ouvir o eventual arguido!
Fazer julgamentos precipitados, não me parece a melhor forma de reclamar por justiça!