quinta-feira, 27 de março de 2008

Barragem a cota mais baixa salva vinhedos e estradas

Apesar da proposta da EDP para a barragem do Tua prever uma cota de 195 metros, o mais certo é que venha a ser construída a 170, ou perto disso. A informação foi obtida, anteontem, pelo presidente da Câmara de Murça, João Teixeira, de uma "fonte fidedigna ligada ao processo". De resto, a cota definitiva só será estabelecida depois de feita a avaliação de impacto ambiental. E tal deverá levar meio ano para além da data de aceitação da proposta pelo Instituto da Água (INAG).
Aquele organismo havia já admitido poder optar por uma cota inferior à máxima definida inicialmente (200 metros) para minimizar os impactos na região e, nomeadamente, na linha ferroviária do Tua. No entanto, admitia que baixar mais que os 170 metros retiraria rentabilidade ao empreendimento. Assim, esta cota afigura-se como aquela que pode gerar maior consenso, até porque nem EDP nem INAG estão interessados em abrir conflitos com os agentes locais. Àquela cota, a albufeira da barragem irá submergir 20 quilómetros da linha do Tua até às proximidades da Brunheda (Carrazeda de Ansiães), permitindo salvar uma grande área de vinha e olival em Murça, vários acessos rodoviários, entre outras estruturas públicas e privadas. Mesmo assim, ficaria debaixo de água uma área de 400 hectares. O edil de Carrazeda, Eugénio de Castro, foi obrigado a mandar rever o plano de pormenor para a recuperação das Termas de S. Lourenço, mas "qualquer que seja a cota não põe em causa o projecto". A perspectiva dos 170 metros agrada a todos os autarcas dos concelhos envolvidos (Alijó, Murça, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor), menos ao de Mirandela, José Silvano, que, não podendo salvar a linha do Tua para garantir transportes turísticos até e desde a linha do Douro, preferia a "cota máxima".
Para João Branco, do Núcleo da Quercus de Vila Real, o valor da cota "é uma falsa questão", pois mesmo que inunde um único metro da linha do Tua os comboios ficam impedidos de fazer a ligação à linha do Douro. Como tal, assevera, "fica em causa o desenvolvimento de Trás-os-Montes", não tendo dúvidas de que "passa pela linha do Tua".
Além dos 3% sobre a produção energética da barragem, os municípios esperam obter mais compensações da EDP. Na próxima semana, vai ser marcada uma reunião de onde deverá sair uma "posição conjunta dos autarcas para negociar outras possíveis contrapartidas", anunciou Eugénio de Castro. Eduardo Pinto, JN

3 comentários:

Anónimo disse...

Continuo a discordar da construção da barragem. Descaracteriza, adultera e destrói uma paisagem que é única e ímpar em Portugal. Mas a falta de sensibilidade dos dirigentes para preservar a natureza, e a ânsia desmedida de obterem certas benesses (pensam eles, mas depois veremos se as terão ou não),tudo destróiem e sacrificam. Poder-se-á chamar a isto progresso? É um progresso à medida das suas acanhadas mentes e horizontes estreitos. Há quem entenda que o progresso consiste na destruição de tudo o que existe (substituindo-se por inestéticos mamarrachos em cimento), mesmo o que a Mãe Natureza nos legou, com tanta arte,engenho, beleza e harmonia.

Anónimo disse...

Será que a decisão da sua construção foi precedida de um amplo debate, em que as populações puderam emitir as suas opiniões, acerca da construção ou não da mesma ou, uma vez mais, alguém pensou e execute-se?!

Anónimo disse...

Acha mesmo que os analfabetos dos presidentes de Junta ou os impinados representantes das colectividades, mexeriam uma palha?
Deus lhe valha!