quarta-feira, 12 de março de 2008

Daqui e dali... João Lopes de Matos

A personalidade do outro


Na comunicação entre pessoas há que ter em atenção dois lados: nós e os outros. Fixemos por agora a nossa atenção sobretudo nos outros, dito de modo singular, no outro.
Há quem pense que, quer nós quer os outros, devemos manter-nos sempre com o mesmo procedimento. Para ambas as partes serem autênticas, é preciso, pensa-se, que se tenha sempre a mesma postura, qualquer que seja a situação.
Mas não parece que deva ser assim.
Cada pessoa com quem lidamos tem características muito particulares: - tem impulsos, sentimentos, raciocínios, reacções muito especiais.
Quando falamos com alguém é conveniente estudar esse alguém para vermos qual a melhor forma de aproximação, de explanação de ideias, de expressão de sentimentos.
Ser sentimental com quem é frio leva-nos a cair no ridículo. Ser frio com quem é sentimental torna-nos num ser sem alma.
O nosso poder de observação deve estar sempre atento ao mais pequeno sinal do outro. E a nossa maleabilidade deve ser tal que permita uma rápida adaptação àquilo que pode ser de todo em todo inesperado no outro.
E isto tendo em vista sempre a melhor transmissão de ideias, a melhor sintonia, a harmonia dentro da diversidade de opiniões e comportamentos.
Tudo isto poderá parecer-vos um somatório de malabarismos e de inautenticidades, de todo em todo condenável.
Mas não. A vida não é linear. A mutação de situações é permanente e há exigência de adaptação pronta.
Como hei-de eu entender-me com uma pessoa cem por cento racional, se usar só argumentos sentimentais? Como hei-de entender-me com uma pessoa de raciocínio concreto, se eu usar, no diálogo, apenas o raciocínio abstracto? E o contrário?
O entendimento entre as pessoas não é algo que se consiga só com boa vontade. É preciso ir ao encontro do outro mas com olhos de ver, com muitos conhecimentos sobre o que seja falar com o outro.

A personalidade do outro, gostemos ou não, tende a modificar, no diálogo, pelo menos enquanto ele durar, a nossa personalidade, se é que queremos entender-nos, ou melhor, se não quisermos apenas falar para a parede.
João Lopes de Matos

14 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

Talvez não esteja. Paciência.

vitorino almeida ventura disse...

João Lopes de Matos devia, nesse mistério que mantemos por relação ao Outro, ler da conferência de Eduardo Sá na Universidade do Algarve sobre o caminho da neurociência que seria a Psicanálise - e não o inverso!

Mas gosto sempre quando, ao lê-lo, me vêm confluências da Poesia Maior. Da geração de 70 (esclareço: 1970), de Joaquim Manuel Magalhães, Nuno Júdice, José Miguel Fernandes Jorge, António Franco Alexandre (e Manuel António Pina, em certa medida) que também valorizam a comunicabilidade: o narrativismo, o realismo, o autobiografismo e o emocionalismo, de acordo com Rosa Maria Martelo e o livro de ensaios Vidro do Mesmo Vidro.

Vitorino Almeida Ventura

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

Não estou de acordo com a eliminação dos comentários. Não eram ofensivos embora fossem destrutivos.É que por eles se fica a conhecer melhor as pessoas e é sempre preferível escreverem alguma coisa que não escrever nada.
Sobre este tema, não têm sentido alguma dificuldade no relacionamento com outras pessoas?
Se sim,digam que espécie de dificuldades sentem.
Quanto à eliminação,no entanto,ainda tenho a dizer que o blogue pertence ao seu proprietário,pelo qual é responsável. Se ele entende que não quer certos comentários,está no pleno direito de eliminá-los.
JLM

Anónimo disse...

Pois claro!

Disse!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

Ninguém quis pegar no tema.Apenas o meu amigo V.A.V..Vou ver se consigo fazer com que mais gente intervenha.O tema pode ter tido repercussão mas eu não sei.Talvez,como disse no artigo,tenha estado a falar para as paredes.Acontece. Não fico desiludido por isso.
JLM

Anónimo disse...

não culpe os outros nem as paredes
culpe-se a si por não ter capacidade de comunicar com os outros faça uma introspecção e veja onde falha

Anónimo disse...

Obrigado, JOSÉ!

Unknown disse...

Claro que penso que o primeiro culpado sou eu.Mas não vou martirizar-me por causa disso.
Também não vou desmoralizar.
Se tanta gente(incluindo estes anónimos) podem dizer asneiras,não sei porque eu não hei-de ter o mesmo direito.
JLM

Unknown disse...

Já agora volto à liça para dizer que no comentário anterior não é "podem" mas "pode".
Aproveito para lembrar que seria bem mais construtivo da sua parte se, em vez de falar de forma altiva,expusesse ponto por ponto onde é que eu errei na minha exposição.Uma atitude assim seria realmente construtiva e não teria o azedume que se nota no seu tão lacónico e destrutivo comentário.
Se me convencer,garanto-lhe que me renderei à sua argumentação.No entanto, sempre lhe digo que não acredito que seja capaz de fazê-lo com elevação.
JLM

Anónimo disse...

que falta de geito so

Unknown disse...

Parecia querer dar-me lições mas afinal que pouco jeito tem para ser pedagogo.
JLM