Uma das tónicas que eu noto nos discursos das pessoas do interior é a de considerar que os do interior são vítimas da maldade dos políticos, muitos deles, precisamente, seus conterrâneos. Não será preciso citá-los por serem de todos conhecidos, tantos eles foram e são, a começar em Salazar, continuando em Trigo de Negreiros, Camilo de Mendonça, e a terminar em Duarte Lima e Cavaco, Armando Vara e José Sócrates.
Os políticos do interior são, na realidade, uns ingratos.
E será que nós nos habituámos a ver, no interior, apenas o coitado do povo, e esses senhores, os políticos?
O povo não contou, não conta, não contará. E talvez resida aí o mal. O povo tem sido o conjunto dos coitados.
Costuma até dizer-se: -Como é que aquele, coitadinho, já reparaste, é atendido pelo médico? Como ele vai a Mirandela, coitado, se acaba a linha? Quem lhe dá um caldinho?
Os outros, para além dos coitadinhos, fogem, desertam, não defendem nada, porque não sentem que haja nada para defender. E, só com coitadinhos, o interior não vai a parte nenhuma.
É preciso, portanto, que passemos a contar com gente de corpo inteiro, com gente que não passe a vida aninhada nas lareiras das suas aldeias e sempre e apenas disposta a pedinchar favores aos senhores da terra e do céu.
O progresso tem que fazer-se com todos e todos são mesmo todos: - o povo no sentido nobre do termo, que é aquele que engloba toda a gente porque não há já clero, nobreza e povo, mas apenas povo, que somos todos nós.
A resposta aos problemas há-de resultar do esforço e participação de todos.
Até o aproveitamento dos fundos comunitários só poderá fazer-se se eles deixarem de ser entendidos como subsídios, esmolas ou pensões, para passarem a ser vistos como uma ajuda à construção de uma sociedade que, depois, possa viver por si.
A solução dos problemas que se põem no interior há-de resultar, portanto, da participação activa daqueles (todos) que nele habitam mais que da boa vontade sempre bem - vinda dos políticos.
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Os políticos do interior são, na realidade, uns ingratos.
E será que nós nos habituámos a ver, no interior, apenas o coitado do povo, e esses senhores, os políticos?
O povo não contou, não conta, não contará. E talvez resida aí o mal. O povo tem sido o conjunto dos coitados.
Costuma até dizer-se: -Como é que aquele, coitadinho, já reparaste, é atendido pelo médico? Como ele vai a Mirandela, coitado, se acaba a linha? Quem lhe dá um caldinho?
Os outros, para além dos coitadinhos, fogem, desertam, não defendem nada, porque não sentem que haja nada para defender. E, só com coitadinhos, o interior não vai a parte nenhuma.
É preciso, portanto, que passemos a contar com gente de corpo inteiro, com gente que não passe a vida aninhada nas lareiras das suas aldeias e sempre e apenas disposta a pedinchar favores aos senhores da terra e do céu.
O progresso tem que fazer-se com todos e todos são mesmo todos: - o povo no sentido nobre do termo, que é aquele que engloba toda a gente porque não há já clero, nobreza e povo, mas apenas povo, que somos todos nós.
A resposta aos problemas há-de resultar do esforço e participação de todos.
Até o aproveitamento dos fundos comunitários só poderá fazer-se se eles deixarem de ser entendidos como subsídios, esmolas ou pensões, para passarem a ser vistos como uma ajuda à construção de uma sociedade que, depois, possa viver por si.
A solução dos problemas que se põem no interior há-de resultar, portanto, da participação activa daqueles (todos) que nele habitam mais que da boa vontade sempre bem - vinda dos políticos.
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João Lopes de Matos
6 comentários:
Sr. JLM excelente texto, parabéns.
Muito boa gente deste Concelho deveria refletir sobre o seu conteúdo.
Tão ou mais ingratos que os políticos apontados no texto de JLM como exemplo, o que não significa que não haja muito mais, são todos aqueles que os ajudaram, neste pobre interior, a guindarem-se aos cargos partidários para a partir daí se assolaparem nas altas esferas do poder, fora ou dentro do Governo. Sim porque esses pindéricos não têm só poder quando entram na governação. Usufruem de muito mais nas grandes empresas, quer públicas quer privadas, sendo o Governo apenas um ponto de partida, ao contrário do que muitos pensam.
Nós, que por aqui os vamos seguindo, com palmas, com ajudas monetárias para campanhas, com quotas partidárias etc. somos os principais responsáveis por esta realidade, por esta tão desmesurada ingratidão.
Tambem dou os parabens a JLM, mas acrescentando que do meio de todos nós nascem os caciques que sempre se aprontam, tanto para guindar os tais e todos estes que por aqui campeiam.
Esperemos por 2009 e veremos!
mais um sebastiao engana e depois pira-se
O meu sebastianismo é exactamente igual ao seu!
A existência do povo é um arcaísmo. Forma conservadora de uma realidade passada. Nalgumas vilas e aldeias é já a ideia nova da tv cabo e da net: de públicos distintos e bem diferenciados. Uma terrível segmentação, espelho de um neo-liberalismo e de um individualismo tão egoísta que nos impede quase de sairmos para um sonho comum.
Vitorino Almeida Ventura
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