quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Daqui e dali... João Lopes de Matos

OS PECADOS DO SÓCRATES

Sei que corro o risco de ser polémico, mas não podemos ficar sempre pelas meias palavras e por filosofias que pouca gente entende. Há que ser mais directo.
Quase desde que o Sócrates (um transmontano de origem humilde) chegou a S. Bento, tem sido martirizado por causa dos seus pecados passados.
E eu acho que, na realidade, é possível que ele tenha pecado quando quis ser Lic., e quando terá assinado papéis que não deveria.
Mas é compreensível: Para um transmontano, não há maior glória que ser Lic., não há prazer maior que fazer uns negociozitos.
Homem honesto cem por cento tivemos apenas um: A.O.S.. Mas este não era transmontano, era beirão, e os beirões não arriscam tanto.
Nesse tempo, o do homem das botas, tivemos um escol de pessoas, desde o mais humilde polícia ao mais rico banqueiro, de comportamento absolutamente irrepreensível.
Com uma virtude especial: essas pessoas não eram amantes do desenvolvimento que fosse além do artesanato. Queriam o país sossegado, respeitador dos princípios religiosos e dos preceitos morais e não faziam nada que fosse contrário aos referidos princípios e preceitos.
Temos um exemplo de desenvolvimento (o maior do mundo) nos Estados Unidos, mas que não pode servir-nos de modelo. Este país rico foi formado por cowboys, gangsters, mafiosos, numa sequência de pecados e prevaricações que levam qualquer alma para o inferno. Ainda hoje qualquer americano se paga correntemente por qualquer opinião dada.
Sócrates, enquanto foi um simples cidadão, tomou talvez por modelo os E.U.A.. Quando chegou a S. Bento, passou a visitar frequentemente a terra do anterior ocupante beirão.
E tudo corria bem. Ajudado por um outro puritano (de Boliqueime), os primeiros tempos foram brilhantes.
Até que alguém, invejoso ou mesquinho, começou a preocupar-se com o seu passado.
E, em vez de tomar a atitude mais de acordo com a nossa tradição cultural (a cristã), que levaria a dar oportunidade de regeneração, passou a ver os pecadilhos como marca de uma personalidade que já não tem salvação.
E o ataque tem sido feroz. E o pobre do primeiro-ministro tem que dar explicações a toda a gente dos seus pecados praticados antes do seu actual posto de político brilhante.
E, realmente, todos nós temos que considerar: - ou nos interessa o passado ou o presente do primeiro ministro.
Por mim, acho que interessa apenas o presente e ver se ele consegue desempenhar agora bem o seu actual papel.
Mas por quê e para quê preocuparmo-nos com uns actos insignificantes do passado do primeiro ministro, quando nos podemos ocupar com os pecados (esses sim de milhões) de outras pessoas tão puras da elite da Igreja?

João Lopes de Matos

5 comentários:

Anónimo disse...

Brilhante este intróito de JLM.
Realmente o nosso Primeiro Ministro, político que daqui por algum tempo se lhe há-de reconhecer o brilhantismo que vem possuindo, tem sofrido, lamentavelmente, ataques pessoais terríveis e capazes de abalar o mais prevenido e forte dos carácteres.
Mesmo assim tem desmonstrado verticalidade suficiente para lateralizar ignomínias, saídas da torpe inveja que tanto marca a nossa infeliz sociedade.
Após o 25 de Abril foi o único político capaz de introduzir reformas que eram necessárias há mais de 30 anos.
Apanhados desprevenidos para elas (reformas), causam dor imensa ter de as enfrentar, mas para bem dos nossos vindouros, que assim seja.
Mesmo assim, não deixará de ser certo que muitas das imposições carecem de acertos e que as explicações aos Portugueses através do discurso seja por parte dos ministros e ou Secretários de Estado, claros e inteligíveis.
Com a oposição que está a ser feita, quer por Menezes, quer por Santana Lopes, com franqueza, não vamos a lado nenhum.
Isto só valoriza Sócrates, que, para maiores reparos, vem "pedindo" a Manuel Alegre para o "desafiar".
Continuo atento a JLM a quem dou os parabéns por esta entrada franca sobre o nosso Primeiro.

Unknown disse...

Concordo em geral com o que diz mas não me leia duma maneira muito literal. Há, muitas vezes, algum humor no que digo, que,no cômputo geral, neste artigo, é favorável a José Sócrates. Há, acima de tudo, uma característica que aprecio neste governo:o seu reformismo. Acho que nos deixámos atrasar na modernização do país e das pessoas.
Este governo quer uma actualização das instituições e das pessoas, numa luta aberta com elas que às vezes até parece contra elas.
JLM

Anónimo disse...

CONCORDO INTEIRAMENTE CONSIGO.

Anónimo disse...

Não se preocupe Senhor JLM - Ninguém acha que o Senhor seja um acérrimo defensor do Senhor Primeiro Ministro de Portugal.
Apenas o que diz, também a mim parece ser muito razoável.
Relativamente ao Senhor anónimo, acho-o comedido na sua expectativa, faltará, permita-me, dizer também que a oposição restante e não focalizada no seu comentário apenas se sabem arrastar pela via do populismo.
PS. - Ainda há em África uns "mabecos" que sempre esperam ver "sangue" para que a sua ferocidade seja envidenciada!

Anónimo disse...

Lamentavelmente muitas das suas reformas têm pecado por excesso de velocidade e precipitação e, consequentemente, pouca moderação e sensatez. Isto de querer mexer em tudo ao mesmo tempo, quase parecendo um tsunami, sem que, em em muitos casos, tenham sido criadas estruturas alternativas sólidas e viáveis, conduzem fatalmente ao fracasso, como já tivemos oportunidade de verificar. Quanto à origem humilde dos políticos temos visto, ao longo da história, no que se transformaram alguns deles, para não dizer a maioria. Pensem nalguns,de má recordação, e vejam como e para onde conduziram os respectivos países....