Uma equipa da televisão inglesa BBC 2 deslocou-se no passado domingo à foz do rio Tua para efectuar uma reportagem sobre a futura barragem, incluída num trabalho mais amplo a pretexto das metas do Governo português para o uso das energias renováveis nos próximos anos. Em 2007, Portugal comprometeu-se com novas metas para as energias renováveis até 2010, subindo de 39 para 45 por cento a comparticipação da energia eléctrica verde e de 5,75 para 10 por cento nos biocombustíveis. Os novos objectivos, pela sua ambição, têm suscitado interesse e curiosidade em Inglaterra; e, segundo um dos elementos da equipa da BBC, a reportagem que estão a fazer pretende responder a várias perguntas: "Por que razão as metas apresentadas pelos portugueses para o uso de energias renováveis são substancialmente superiores às dos ingleses (10por cento) e à grande maioria dos países da União Europeia (a meta em Espanha é de 29,4 por cento)? Os objectivos são ou não exequíveis? O que é que os outros países podem extrair de positivo deste plano? Existem pressões de organizações e entidades na execução dos projectos, ou, pelo contrário, tem havido aceitação e compreensão das populações? Os aspectos ambientais vão ser respeitados?"
A barragem do Tua
A barragem do Tua
A reportagem - que pode ser vista na BBC NEWS, dentro de três a quatro semanas - aborda o novo Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico, o projecto da produção de energia das ondas na costa minhota e o aproveitamento da energia solar no Alentejo. A escolha da futura barragem do Tua para este trabalho tem a ver com a controvérsia que a sua construção tem gerado e da oposição que grupos ambientalistas têm expressado, tanto em Portugal como junto de estâncias europeias. (Ainda ontem, cerca de três dezenas de canoístas de todo o país concentraram-se no Tua para protestar contra a construção da barragem no rio transmontano, noticiou a agência Lusa). Um dos aspectos que os jornalistas britânicos, compararam entre a realidade inglesa e a portuguesa, foi a rapidez do processo. Este tipo de empreendimentos no Reino Unido costuma merecer uma ampla e minuciosa discussão pública e a morosidade deste tipo de projectos é à partida assumida e aceite por todas as partes envolvidas. João Branco, da Quercus de Vila Real, ouvido na reportagem, reiterou a "esperança do cancelamento da construção da barragem". Sobre a eventual contradição dos ambientalistas, que defendem a construção de mini-hídricas para a produção de energia, Branco considerou "completamente errado considerar este empreendimento hidráulico como uma pequena barragem", uma vez que "o paredão terá mais de 100 metros de altura, inundará mais de 1000 hectares de terrenos, alguns agrícolas, como vinhas e olivais, e condena ao encerramento uma via ferroviária única na Europa". Público
Colaboração: Mário Carvalho
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