quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Uma tragédia chamada barragem

Um ano após o trágico acidente na Linha do Tua que vitimou três pessoas, o Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT) considera que a construção da barragem Foz-Tua será “uma tragédia ainda maior”.
Para o MCLT, os investimentos efectuados pela REFER e os planos da CP para rentabilizar a linha através da exploração turística podem ser a salvação do último troço de caminho de ferro do Nordeste Transmontano, ameaçado pela construção do empreendimento hidroeléctrico.
Os responsáveis pelo movimento realçam que o Instituto de Conservação da Natureza (ICN) “refere explicitamente que não se deve construir barragens na foz de um rio”. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), por seu lado, “tece críticas ao plano nacional de barragens anunciado pelo Governo”, enquanto o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) “diz que o levantamento do património foi feito, apenas, no papel”. Além disso, a Associação Portuguesa do Património Industrial (API), representante em Portugal do organismo internacional consultor da UNESCO, “aponta a destruição da Linha do Tua como um dos mais graves atentados ao património português”.
Movimento defende reactivação da linha até Bragança e ligação à Puebla de Sanábria (Espanha)O MCLT lembra que o argumento usado pelo Governo para construir 10 novas barragens, reforçando a produção de energias limpas e renováveis, é frágil.“Este ‘pacote’ contribuirá, apenas, em “1 por cento para a redução de emissão de gases de efeito de estufa e a retenção de grandes massas de água só vem contribuir para o seu aumento”, sustentam.
A razão apontada pela Secretária de Estado dos Transportes, Paula Vitorino, que defendeu os benefícios sociais da albufeira, também é rebatida pelo movimento, que enumera um conjunto de impactos negativos.
A destruição do último troço de linha férrea do distrito de Bragança, da vinha do Douro que ficará submersa e das Caldas de Carlão e de São Lourenço são consequências directas do empreendimento hidroeléctrico.
Além disso, o movimento considera que não serão criados postos de trabalho, visto que a mão-de-obra utilizada vem de fora.Além disso, serão criadas linhas de alta tensão que trazem problemas de saúde e o facto de não haver empresas locais ligadas à construção e exploração da barragem não trará lucros para a região.
Por isso, o MCLT defende o melhoramento das condições de operacionalidade da Linha do Tua, a sua reabertura até Bragança e a conclusão do seu traçado até à Puebla de Sanábria, para ter ligação à Alta Velocidade espanhola. O objectivo é criar uma rede de transportes integrada e sustentável. Jornal Nordeste
Colaboração: Mário Carvalho
Foto Ansiães Aventura

2 comentários:

Anónimo disse...

Vocês são tão trágicos! É por estarmos na quaresma?

mario carvalho disse...

http://www.inag.pt/images/diversos/temporario/Seguranca_de_barragens/PNBEPH_Anexo01_FozTua.pdf


Barragem do Tua