Numa manhã ensolarada de Verão, tive a oportunidade de fazer o estupendo cruzeiro no rio Douro, entre a Régua e Barca de Alva.
Entre vários nacionais, incluindo alentejanos e algarvios, destaca-se um grupo de turistas estrangeiros (franceses, belgas, ingleses e alguns espanhóis), que olhavam estupefactos para as maravilhosas e imponentes paisagens que são as arribas do Douro - Património Mundial.
Pelos altifalantes a funcionária de Relações Públicas da empresa, ia dando nota dos locais por onde passávamos, destacando os pontos de maior interesse.
Recordo-me, perfeitamente, de pôr em evidência a zona do Pinhão, as diversas Quintas das duas margens e entre estas destacar a Quinta dos Malvêdos, como sendo o local onde o então 1º. Ministro Britânico John Major, vinha passar férias, cujo cuidado em termos paisagísticos é irrepreensível.
Ao chegarmos à foz do rio Tua fez alusão que ali se juntavam três distritos de Portugal – Viseu, Vila Real e Bragança - e que a povoação que já se via era Foz Tua, sendo a primeira do Concelho de Carrazeda de Ansiães e do Distrito de Bragança.
Notei claramente o desapontamento em alguns deles, pois como sala de entrada no Concelho e no Distrito, apresenta, em termos paisagísticos, uma degradação confrangedora onde imperam construções de muita má qualidade, sobressaindo várias barracas, ruínas, revestimentos em chapas metálicas, plástico, madeira velha e tudo o mais que dão uma má imagem a quem, do meio do rio, tem uma panorâmica mais realista do que aquela que é vista “in situ” , o que aconteceu comigo.
O que é facto é que, foi essa imagem que os turistas levaram na nossa terra – terra que muito nos orgulhamos de pertencer ao Património Mundial - Douro Vinhateiro.
Já chegava, para ter uma ideia o que é degradação, ter que percorrer de carro aqueles famigerados três quilómetros da EN 108 (da ponte do Rio Tua ao entroncamento para Ribalonga), autêntica “montanha-russa”, depois de utilizar uma bem cuidada estrada pavimentada do Concelho de Alijó.
Recomenda-se, vivamente, a quem tem uma palavra a dizer sobre estes assuntos, faça esse mesmo cruzeiro no Rio Douro e for caso disso olhe atentamente para as expressões negativas que os turistas deixam transparecer ao verem aquele “Nosso Património Mundial”, tendo o cuidado acrescido de não esquecer que todos os anos milhares e milhares de turistas que por ali transitam, gravam nas suas memórias e nas suas câmaras de vídeo ou fotográficas imagens elucidativas do “deixa andar” português, o “ad infinitum” tão característico.
TIAGO VERDE
1 comentário:
Obrigada pela sua crónica. Porque o facto de gostarmos desta terra não nos torna cegos...
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