«"Os Verdes" receiam que o namoro consumado ontem entre a EDP e os Presidentes de Câmara do Vale do Tua, Murça, Alijó, Vila Flor e Carrazeda de Ansiães - com excepção de Mirandela que até agora tem assumido outra posição - seja indiciador de que estes se preparam para assumir o papel de coveiros do Vale e da Linha do Tua.Para "Os Verdes", a "mudança de atitude" da EDP, pela qual os autarcas ontem manifestaram agrado, não passa de conversa fiada, pelas seguintes razões:
- A "abertura" a uma cota inferior à de 195 pretendida inicialmente não é nenhuma cedência nem nenhuma novidade, mas sim uma situação normal na construção de qualquer barragem e decorre da avaliação e da decisão final do responsável político da obra que, neste caso, é o Governo/INAG.
- Quanto à possibilidade de garantir alternativas de transporte, face à submersão de uma parte da Linha pela barragem, alternativa esta que obviamente será rodoviária – e é bom relembrar que a parte submersa poderá ser a grande maioria do percurso da linha - é uma promessa à qual também já nos habituámos e a prática leva-nos a concluir que estas alternativas, quando são concretizadas, são-no por pouco tempo, vindo logo a desaparecer com o argumento da falta de rentabilidade. E o que é verdade é que todos estes concelhos, e em particular Carrazeda de Ansiães, sofrem já actualmente de uma grande falta de oferta em transportes públicos, o que tem contribuído para o isolamento das suas populações e para o despovoamento.
- Quanto à afirmação de que a barragem poderá vir a ser um projecto estruturante para a região, também aí, para quem não quer ser ingénuo, basta observar e analisar as outras barragens existentes no nosso país, e muito concretamente na zona do Douro, incluindo num dos concelhos do Vale do Tua (Carrazeda de Ansiães), para avaliar do contributo que estas têm dado para o desenvolvimento das regiões onde estão implementadas, que é nenhum.
"Os Verdes" esperam que os senhores Presidentes de Câmara tenham uma postura de verticalidade e mantenham a palavra dada, concretizando o estudo a que se comprometeram na reunião de 16 de Abril, em Carrazeda de Ansiães, no sentido de avaliar as potencialidades da região com e sem a barragem. Mas, sobretudo, "Os Verdes" esperam que este estudo seja feito de forma séria e independente da EDP e não se vá inspirar no dito Estudo de Impacte Ambiental da EDP cuja entrega ao INAG foi ontem tornada pública.
Para além disso, "Os Verdes" desafiam os Presidentes das câmaras a promover um debate público aberto que inclua as diversas opiniões e permita ouvir as populações dos respectivos concelhos sobre esta matéria, antes de qualquer decisão, debate este que só contribuiria para dignificar e honrar o cargo que estes presidentes ocupam.
O Partido Ecologista "Os Verdes" considera ainda que a entrega já anunciada do EIA pela EDP vai levar a que a consulta pública ocorra durante o período de férias de Verão, o que é uma estratégia já gasta e sobejamente utilizada pelo Governo no sentido de reduzir a participação das populações e entidades diversas na dita consulta.
Por parte de "Os Verdes", tudo faremos para que esta estratégia não tenha sucesso e para que a consulta pública seja participada.
"Os Verdes" garantem ainda que a luta contra a barragem e em defesa a Linha do Tua vai continuar pois consideram que esta decisão, caso se venha a concretizar, é profundamente danosa para os interesses das populações e do desenvolvimento sustentável e destrói para sempre um património natural e cultural único do qual estes autarcas, o país e a região se deviam orgulhar e potenciar como factor de desenvolvimento e de bem-estar.
"Os Verdes" prometem não baixar os braços e desenvolver um conjunto de acções nacionais e internacionais no sentido de travar este crime de ordem ambiental e patrimonial.
O Gabinete de Imprensa de "Os Verdes"»
Colaboração: Mário Carvalho
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9 comentários:
Os Verdes dramatizam em excesso.
É certo que o vale é lindo,o rio também e o comboio tem interesse turístico.
Mas tudo isso é suplantado pelo interesse energético da barragem.
Muitas desvantagens podem ser compensadas de outra maneira.
As albufeiras podem ainda ser aproveitadas,assim as pessoas sejam capazes de o fazer.
Em termos de energia,não podemos ver o problema só por um prisma local.Qualquer dia ainda querem que se veja tudo por um prisma pessoal.Então virá alguém dizer:que interesse tem isso para mim? E nada se fará porque haverá sempre alguém para quem algo não terá interesse nenhum.
JLM
por defender o que é da terra, como
faz, é que ela está como está..
Dê o que é seu
Em 1960 era tudo dos da terra e nem por isso estávamos ricos.
Temos que fazer parte do todo nacional e,mesmo assim, já não é suficiente.
JLM
Há situações, e esta parece-me uma dessas, em que o progresso é um retrocesso. Vamos ver o que trará assim de tão vantajoso para a população local essa famigerada barragem. Depois veremos.
em 1960 era tudo de meia duzia
-davam un naco de pão aos trabalhadores que se viram obrigados a emigrar
-faziam negociatas com as barragens
dando aos de fora o roubavam aos de dentro
-o dinheiro que roubavam aos da terra investiam-no fora em prédios, nos cabarés ou no casino
-tinham vergonha de ser transmontanos e queriam era ser parolos da cidade
- e quando o filho ia para o liceu obrigavam toda a gente a tratá-lo por menino senhor doutor
e pelos vistos alguns continuam a seguir essa senda
Há algumas honrosas excepções a quem presto a minha homenagem
Não era correcto o que então se passava, e não concordava com tais atitudes, mas será que agora estamos no paraíso ou a caminho dele? É preciso assentar os pés na terra e pensar, não nos deixando encantar por miragens. Numa altura em que a natureza sofre cada vez mais agressões e é urgente defendê-la, todas as acções do homem que podem contribuir para a aumentar essas agressões devem ser bem amadurecidas. Este é o meu modesto entendimento. Mas quem tem razão? Todos e ninguém. Em conclusão, todas as opiniões devem ser respeitads.
Peço desculpa por só agora dizer alguma coisa mas já sou avô e os meus netos tomaram-me todo o tempo.
Vamos então por partes:
O 1º anónimo diz que, por vezes o progresso é retrocesso e tem toda a razão.Por isso é que é preciso tomar algumas cautelas designadamente nas compensações das destruições que provoca.No entanto, não sei que proveitos é que localmente querem tirar das barragens:a electricidade não pode ser aproveitada logo ali mas as albufeiras podem sê-lo.É preciso é que as populações(e não só o poder autárquico)saibam tirar proveito delas.O progresso a conseguir há-de sê-lo sobretudo pelos residentes locais:não se espere apenas por dádivas e benesses dos outros mas há que contar sobretudo com o esforço próprio.
O 2º anónimo faz uma série de considerações que parecem convincentes mas para mim não são,salvo o devido respeito.
Toda a gente era pobre nesse tempo.Por exemplo, ninguém tinha casa de banho,todos andavam igualmente sujos,os chamados ricos e os pobres.Com a emigração até aconteceu,em pouco tempo, que os pobres passaram a ricos e estes a pobres,tendo havido uma verdadeira inversão da escala social(salvo raras excepções).
As barragens não eram nada controladas localmente,não havendo,portanto, verdadeiras negociatas com elas.Se havia, tudo se passava a nível de Lisboa.
Onde é que os ricos das aldeias tinham dinheiro para gastar nos casinos?
Nunca vi essa vergonha de ser transmontano.
Claro que no que afirmou há qualquer coisa de verdadeiro,mas muito pouco.
Sabe por onde começaram por passar a maior parte dos doutores? Pelo seminário,porque aí podiam estudar de graça.
Sabe porque agora há menos padres?porque não há tanta nacessidade de estudar de borla.
Era uma grande miséria geral:peixe,uma sardinha de mês a mês;carne,só alguns"ricos" também de mês a mês.
Como pode pensar que era tudo só uma questão de injustiça?Não.Era uma questão de atrazo geral.
O 3º anónimo tem a noção de que corremos riscos com o progresso e é verdade.Mas,agora que precisamos tanto de energias alternativas,poderemos prescindir das barragens?
JLM
e o senhor andou no seminário?
e o que pretende para os seus netos'?
Ou deixa-os meter os dedos nas fichas electricas para aprenderem a custa deles?
Os meus netos,nalguma medida, hão-de construir o seu próprio futuro.
Tentei construir o futuro dos meus filhos mas reconheço que falhei em grande medida.Há muita coisa que tem de ser aprendida à custa de cada um.Tem razão:não propriamente o meter os dedos nas fichas eléctricas.
Não andei no seminário mas por pouco:os meus pais lá conseguiram arranjar um dinheirito para me mandarem estudar sem ser no seminário.Mas muitos e bons colegas meus por lá passaram.
JLM
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