A cota definitiva para a construção da barragem do Tua só vai ser conhecida no final deste ano, mas a EDP admite que a solução mais favorável será a dos 170 metros. Porque do ponto de vista global, pesando as consequências ambientais e sócio-económicas, é a que mais minimiza os impactes negativos. A linha do Tua ficaria com os últimos 16 quilómetros submersos, entre a foz e as proximidades da Estação de Santa Luzia, não afectaria as termas de Carlão nem a Adega da Brunheda, e o alagamento de vinhas no concelho de Murça ficaria reduzido a cinco hectares.
Segundo documentos da EDP a que ao JN teve acesso, o Estudo de Impacte Ambiental, entregue há uma semana no Instituto da Água (INAG), apresenta como possíveis as cotas 170, 180 e 195. Esta última fazia parte da proposta que venceu o concurso de adjudicação do empreendimento. No entanto, a primeira solução é a que agrada mais aos autarcas dos municípios abrangidos.
Na fase de consulta pública, que deverá decorrer entre Agosto e Outubro, os interessados poderão constar que à cota mais alta os custos relativos a indemnizações também iriam disparar. É que para além da área agrícola inundada ser de 310 hectares, iria afectar as Caldas de Carlão, a Adega da Brunheda, 12 habitações ficariam submersas e seria preciso substituir seis pontes, bem como construir acessos.
No entanto, o INAG será o responsável em última instância pela decisão. E aqui há outros factores que poderão vir ao de cima. É o caso do valor que a EDP tem de pagar ao Estado pela concessão. Enquanto que uma cota 170 vale 63,6 milhões de euros, a 180 significa 82,8 milhões e a 195 representa 121,8 milhões. No momento da adjudicação provisória, em 28 de Abril, foram já pagos 53,1 milhões de euros, equivalente a uma cota 160.
Fixando estes números, o presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano - o único dos cinco autarcas que bate o pé à barragem - aponta que o Governo deu prioridade a este empreendimento a pensar, "não só no abastecimento público a nível nacional, mas também nas contrapartidas financeiras que vai obter através do INAG". Silvano entende que aquelas contrapartidas "deviam ficar nos territórios onde a barragem vai ser construída". O autarca pretende pedir explicações ao presidente do INAG, que hoje vai estar em Mirandela. Eduardo Pinto, JN
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