sexta-feira, 30 de maio de 2008

Daqui e dali... Mário Cardoso

FOME

Temos ouvido falar ultimamente, que existe fome em Portugal. A pobreza aliada à fome, a baixos níveis de vida e exclusão social sempre existiu e infelizmente nunca nenhuma ideologia política a conseguiu erradicar de facto na prática… seja em Portugal ou no resto do mundo com excepção da Suécia e da Noruega onde os níveis de pobreza são muito baixos devido a políticas sociais muito eficazes.
Mas Portugal não é Suécia ou Dinamarca, e mesmo que tivéssemos os mesmos recursos económicos e o mesmo PIB que estes países têm, continuaria a haver muita pobreza e má gestão dos recursos…
Por todo o mundo há uma tendência generalizada do aumento do preço dos cereais em especial do trigo e do arroz, devido ao aumento galopante do preço do petróleo. Este fenómeno reflecte-se na nossa economia e sobretudo nos bolsos dos mais desfavorecidos.

Existem dois milhões de pobres em Portugal o que equivale a um terço dos portugueses. O banco alimentar contra a fome refere que um milhão de portugueses passa fome diariamente. Já são muitas as famílias para quem, há uns tempos atrás, seria impensável este cenário de dificuldade e hoje recorrem, sem alternativa, ao banco alimentar porque o seu salário não chega para pagar as contas correntes. Torna-se difícil gerir o orçamento quando os ordenados não acompanham o crescimento dos preços dos bens essenciais, dos combustíveis e do aumento constante das taxas de juro... O endividamento das pessoas “aliciadas pelos bancos” prejudicou muito a classe média, empobreceu-a posso dizer mesmo que a estrangulou… A banca é perversa e todos nós sabemos que ela não dá nem oferece nada a ninguém. Têm uma estratégia de marketing persuasiva e persistente que leva os mais incautos e impulsivos a comprar muitas vezes sem terem necessidade, não sabendo que irão ficar mais pobres ainda…
Ferias em destinos exóticos pagos em prestações baixas em que a primeira mensalidade é grátis, todos os bancos oferecem as melhores vantagens no crédito à habitação, compre hoje pague só amanhã e esse amanha pode transformar-se num dia amargo…
Sem querer, as pessoas “cegam-se” deixam-se levar pelo impulso, mas será que a culpa é só do cidadão?
Porque não emana o Governo um decreto-lei que limite o Marketing de instituições financeiras junto dos Média?
A classe média poderá vir a ser os novos pobres de amanhã. As estatísticas dizem que há 200 mil portugueses que passam fome, que são os sem abrigo, os idosos que sobrevivem com um rendimento miserável que muitas vezes não chega para pagarem os medicamentos, quanto mais para comerem. Existe também a fome envergonhada e esta não está nas estatísticas. Estes são a classe média. O Sr Primeiro Ministro, “como seria de esperar”, diz que está tudo bem…
Mas será que estamos numa verdadeira e preocupante crise? Ou será que a riqueza está toda ela mal distribuída e as receitas do estado mal investidas?
O quadro poderá não ser tão negro, porque vem aí muito investimento em obras públicas como o novo aeroporto, TGV, auto-estradas, barragens etc…
A Economista Manuela Silva diz que é necessário uma resposta séria no plano social e político. O governo tem a responsabilidade de criar um fundo de emergência social para acabar com a fome em Portugal. Penso que a resposta poderá ser então uma maior justiça social e equidade de rendimentos. Quanto à crise internacional espero que seja passageira e que os líderes do mundo evitem a especulação e deixem de ser reféns dos interesses dos grandes grupos económicos…

Mário Cardoso

5 comentários:

Anónimo disse...

Tema muito actual e ideias organizadas, podia ser mais abrangente, explanar sobre outras classes sociais, mas entende-se a classe média é o objecto de cobiça, e a única a suportar toda a crise, sabemos que não são os ricos que a pagam, e muito menos porque não têm possibilidade os pobres, assim só mesmo a classe média apresenta condições, e é a esta que todos tentam sacar dividendos, mesmo o estado se aproveita nos impostos (e quantas vezes mal empregue, é este o foco do problema), extinguindo-se esta classe emagrece o país. Quanto às políticas sociais que são muito importantes, não podem tomar a forma simplista de dar o peixe sem ensinar a pescar.
Todos os países lutam por mais-valias e a solidariedade é muito utilizada no papel e muito pouco na prática. Há que mudar, mas apenas muda o tempo frequentemente.
Sabre07

Anónimo disse...

Mesmo que Portugal tivesse o PIB da Suécia ou Dinamarca, haveria sempre pobres ?
Essa agora?!

Anónimo disse...

A riqueza nacional está mal dividida... Uns ganham 5 mil outros 400 euros...
Uns ganham bem de mais outros nem sequer ganham.
Uns têm ajudas de custo para casa, transportes etc... alguns nem direito ao passe social têm!
Quem paga para os GRANDES são os pequenos. O mexilhão é sp o bombo da festa.
É á conta do "povinho" que eles se regalam! Têm grandes ordenados, grandes casas e têm sobretudo uma grande lata!
E depois temos os srs. dos combustiveis, que coitadinhos... so tiveram 1,2 milhões de lucro. Só... tadinhos é mesmo pouco. eu contribuo para o lucro deles assim como mtos outros, mas tenho procurado alternativas... Uns ricos, ricos,,, e outros nem dinheiro para pão têm! Depois queixa-se que há criminalidade... tem de haver... é o desespero. Ou será q só alguns têm direito a comer?
Créditos para ir de férias... na minha opinião é do mais absurdo que pode haver... Façam como eu... n há dinheiro n vou... fico pela residencia!
Ja dizia o meu falecido e querido avô: "Não ha dinheiro na há vicios", ou será q se n forem de férias são seres inferiores?
Temos de aprender a viver com o q temos ou com as migalhas q nos dão... Não podemos dar uma passo maior q a perna, corre sp mal...
Pensem bem nos tempos q se avizinham, pois não creio q sejam dificeis.
Um país q se queixa de crise... ora se há crises como é que os portugueses esgotam os voos para o brasil em época alta?? E dou o Brasil apenas como exemplo...
No natal... os Portugueses gastaram XXX em prendas...
E agora eu pergunto-me...
Crise??? Qual crise?

Maria Gonçalves

Anónimo disse...

Deve ler-se: "... não creio q se avizinhem tempos faceis."

Maria Gonçalves

Anónimo disse...

Esta crise tem um impacto real no aumento do custo de vida nos países ricos, mas significa a fome, a miséria em larga escala e instabilidade política, económica e social em muitos países em desenvolvimento.

Manuel Joaquim