Em Carrazeda, houve ontem um bom concerto de música jazz clássico, com dois excelentes intérpretes: Paula Sousa (piano digitalizado com o som de um fender rhodes) e Hugo Antunes (contrabaixo). Pat Silva, uma germano-lusa, na voz, estendeu-a em movimentos corpóreos swingantes, ondulatórios,
que a faziam vibrar desde a alma.
Uma vez mais, faltou um público formado para. Os chamados intelectuais (palavra que aqui na Terra tem um cunho pejorativo, ao lado dos comunistas, invertidos e in...drogados, cujo prefixo lhe vai de intensidade) PRECISAM-SE! Ou nem isso: jovens que participassem de tarde num workshop, por exemplo, com os músicos, que me pareceram de fácil comunicação para depois entrarem na onda. Aliás,
este foi o momento em que recordei uma velha conhecida: Paula Sousa, que participou com Rui Junior, no Ó Ai que som tem, e que ouvi há vinte anos (não foram séculos?) no Luis Armastrondo, do qual ela também se lembrava de U Nu, e depois participou no 1º album (Partes Sensíveis) das Três Tristes Tigres. Como sabem,
o meu livro "As Letras como Poesia", entre outras, aborda a lírica deste grupo, da autoria da poetisa e professora universitária Regina Guimarães, havendo estado comigo e com valter hugo mãe, na mesa, aquando do lançamento do meu livro no Maus Hábitos do Porto, a cantora Ana Deus. Foi também um dos grupos escutados nas "Oficinas de Letras"... Como curiosidade.
A Paula confidenciou-me ao final, no apesar de sua clássica formação, estar agora re_
ligada a vários projectos de jazz: um seu, muito particular, e outro dedicado a thelonious monk... E outro a bill evans... E.
O que achei pior foi o concerto comentado, não dos que normalmente se fazem na música erudita. Mas do público, com os apartes mais impertinentes... Desde o do roncadouro (o que revela uma certa capacidade metafórica rural: do ressonar que se faz ou de se guardarem de certos animais, como cães atiçados...), ao da cabritinha (o que releva de uma crítica, a partir de cabeças pobremente escarninhas, quimbarreirianas: mas isso vai incrustrado em tantas, que não saem daí, seja em gosto seja em des), do chonlga chongla (ruído da ronca e da sarronca...) até ao próprio Chico Aragão sobrepor uma segunda melodia de um Fado, cantando a uma só voz... Mas
tal comentário generalizado está instalado mediaticamente em todo o lugar... Assim,
poucos sabem receber, guardando respeito ao Outro... Isso me remetendo para um célebre programa do Herman José, já em queda livre, quando este questionou o Toy sobre a qualidade dos textos de Sérgio Godinho (no palco com O Clã, a propósito do lançamento de Afinidades), ao que este respondeu:
- O Sérgio Godinho é bom porque sabe usar o presente do conjuntivo!
vitorino almeida ventura
post scriptum: apenas no concerto não apreciei muito os lapsos de pat silva, tendo de recorrer a cábulas ou aos outros músicos para saber o título de algumas músicas e nome de compositores...
14 comentários:
Humm, nao presenciei tal evento! Mas so pelo facto de um dos intervenientes artisticos estar ligado (musicalmente) á sonoridade de Bill Evans, chamou-me bastante a atençao! Espero poder ouvir brevemente algo desse projecto.
(peço desculpa pelo engano quanto á publicaçao deste mesmo comentario num outro "arquivo")
nuno,
este projecto é de jazz mainstream. Um outro, da teclista Paula Sousa, que tu deves conhecer do 1º álbum dos Três Tristes Tigres, é que aborda Bill Evans. Não sei se conheces Thelonious Monk. Mas também valerá a pena, pela singularidade.
Ab.
vitorino almeida ventura
Sim, o pianista Jazz. é mto conhecido. chamou.me a atençao a referencia Bill Evans, ate porque tenho algum som dele e é dos meus favoritos no genero :)
olá, nuno, uma vez mais,
tive pena de que não assistisses...
Mas os comentários às composições jazzísticas lembraram-me uma peça do teatro Al-Masrah, em que Fernando Pessoa e Camões eram os criados de todo o tipo de cançonetistas que celebram o vinho: desde os maiores, Amália Rodrigues, até Carlos Paião, Cândida Branca-Flor, Herman José, Paulo Alexandre, etc.
Que o povo pensa o vinho ou o vinho é que pensa o povo?
ab.,
vitorino almeida ventura
Como fiz a tecnica do concerto, e com a autorização do trio, gravei o concerto com uma qualidade razoavel. Quem estiver interssado em ouvir que diga que eu alojo na net e mando-vos o link. Não conhecia o projecto da Pat, é muito bom.
José António
Já agora, porque sei que "eles" vão estes comentários e porque passei dois dias com eles, digo-vos que são malta 5*****. Abraços e beijos para o Hugo, Pat e Paula. (Ganda noite ein!)
José António
Ei malta... vamos lá acalmar!
Não sei nem quero saber as razões do comentário da Mary, mas mesmo assim, acho que não é o lugar indicado para responder seja ao que fôr, ok!?
Vá lá Mary, vamos acalmar. Há um dito que me acompanha desde muito novo, "palavras loucas ouvidos moucos".
Mr. Bean
Parece-me que não há que excluir ninguém.Pelo contrário, dado o envelhecimento da população, que venha mais gente a pensar de todo o modo e feitio. Procuremos respeitar-nos todos.
ganda zé antónio, em breve te mandarei o meu mail, para me enviares o link. so ouvi a ultima musica mas gostei. so nao percebo como algumas pessoas defendem quem nao respeitou o trio. parece que nesta terra e fino boicotar os concertos com qualidade e quem os defende, como o sr. vitorino, e que deve ir embora; nao e quem faz barulho, esses devem ficar a fazerem mais barulho para ninguem ouvir. ja agora, porque nao se cria em carrazeda a escola da cabritinha e do roncadouro? tinha muita e boa laia de gente interessada, pelos vistos.
bad boy
Penso que não faltei ao respeito a ninguém... mas enfim... Ja agora se houve alguém que faltou ao respeito foi o Sr. Vitorino, pois denota um prefundo desagrado e desprezo pelas gentes desta terra e pela sua cultura, talvez porque nem todos sejam tão eruditos como ele... Ou tenham a cultura que tanto o sr. apregoa. Mas enfim... parece que infelizmente quando se toca na ferida... exclui-se.
As pessoas merecem todo o respeito e ele parece-me que não o demonstra.
Um abraço
Mary
tá-se bem, mary; não curto igual o jaz como tu, mas passaste-te um pouco dos carretos; quem defende uns selvagens que vão assobiar, grunhir, e ainda por cima lolololo, estou mesmo a ver, «tocaide a da cabritinha», para ti, é esta a cultura do povo de Carrazeda!? Como o mr. Bean diz"palavras loucas ouvidos moucos". Mas neste caso quem as disse, fosteis vos.Não gostas do professor ventura, ok, se calhar por um post anterior, ate entendo algum ressaibiamento da tua +parte, mas não fica bem o josé antónio captar o som e ficar la gravado uns ruisdos de uns selvagens, que eu recuso serem o povo da Carrazeda; se não gostavam, tinham a fazer, era ir para casa. Ou então a câmara não pode ca trazer ninguém senão pimba!? E quem excluiu o teu comentário foi um administrador, que não e o professor, como sabes, ou já estas tão ressacada de ódio que não consegues ver outra pessoa à frente senão o professor!? cortaram aquilo? foi o professor … mas também gostavas que aos filhos da terra, angofer, misteries artistes, bandits, quando tocassem, lhes grunhissem ou tocaide a da cabritinha?
ruka
bô, isto mais parece fazer parte de uma campanha organizada contra os Clã e o doutor Ventura. As Oficinas de Letras foram uma pedrada no charco e parecem que incomodaram muita gente da cultura pimba. insane guy
Para o Ruka.
Eu nunca disse que foi o Sr. Vitorino a retirar o post... e sinceramente não sei a que tipo de "ressabiamentos" te referes, mas isso tu la sabes, nem sei do que falas... Ressacada de ódio??? Por quem e porquê?! Nem sequer conheço o Sr. Vitorino, achei simplesmente o seu post um pouco exagerado e insultuoso, talvez até me tenhas excedido um pouco. Fica o pedido de desculpas.
As pessoas são como são, agora talvez não se expressem da melhor forma e tenham reações inadequadas. Entendo que quando te referes à gravação em causa, é claro que sons de fundo não ficam bem... Mas isso ja são extras.
Cada um é livre de gostar do que quiser e bem entender, so não me parece bem que se coloquem rotulos. Todas as pessoas são livres de gostar e apreciar o que bem entenderem.
Mas acredito que independentemente de tudo, todas as pessoas merecem respeito, mesmo que os seus gostos e preferências sejam diferentes.
Por mim este assunto está arrumado.
Um abraço, Mary
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