domingo, 5 de agosto de 2007

Americana rentabiliza compotas tradicionais

Quando, em 1995, Puri Fernandes, 57 anos, começou a fabricar compotas para aproveitar as cerejas produzidas numa quinta do marido, geralmente para oferecer aos amigos, estava longe de imaginar que viriam a tornar-se famosas no país e no estrangeiro. Os "Doces da Puri", confeccionados na aldeia de Parambos, Carrazeda de Ansiães, acabam de conquistar o segundo prémio de qualidade num concurso galego, que o elegeu como o primeiro no Norte de Portugal. Um reconhecimento internacional "importante" para um sistema de produção artesanal e cuidado que nasceu da convicção de que "uma pequena actividade pode contribuir para o desenvolvimento de uma região", adianta a proprietária.
A cozinha onde os "Doces da Puri" ganham requinte e sabor emprega duas pessoas, para além da empresária, mas em épocas de apanha de fruta chega a ter 10. Mais para além da produção própria de cereja, ginja, pêssego, framboesa, quiwi, groselha, maçã, pêra, entre outros, Puri Fernandes compra o que necessita a agricultores de Trás-os-Montes e Alto Douro.
O resultado é que para além da actividade dar lucro, garante emprego a várias pessoas na aldeia e ainda gera mais-valias a diversos agricultores. Ora, foi este trabalho que o concurso galego reconheceu.
Produzir compotas à base de fruta é tão normal na região, sobretudo com carácter doméstico, como qualquer outra actividade. O que neste caso difere é que foi encarado como uma profissão pós-reforma de uma americana que passou anos a trabalhar numa organização internacional dos EUA, ligada ao desenvolvimento rural, e que desempenhou funções em vários países.


No âmbito do seu trabalho conheceu Mário Vasco Fernandes, médico natural de Parambos e a trabalhar para a ONU, em Washington. Acabariam por casar em segundas núpcias e durante uma visita à aldeia duriense Puri apaixonou-se pelo local. "Basta olhar pela janela", justifica. A paixão deu em negócio e, passados 12 anos, numa marca de doces reconhecida. A produção varia entre os 20 e 30 mil frascos anuais, de meia centena de variedades. A procura é cada vez maior. Aumentar a produção? "Não. Tenho medo de não conseguir manter a qualidade e também não quero perder o meu estilo de vida", refere Puri.
Chega a receber pedidos de 10 caixas mas só vende uma para poder satisfaz toda a procura. Não aceita mais clientes.Cobertura dos frascos É uma cobertura à moda antiga em tecido, feita à mão, com patente registada.
Futuro: Biscoitos com amêndoas. Vai criar mais 1 posto de trabalho.
Eduardo Pinto in JN

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