sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Trás-os-Montes no cinema

Dezanove filmes gravados e inspirados nas terras transmontanas estão em exibição, na Casa da Cultura de Vimioso, a partir do próximo dia 30 de Agosto até ao dia dois de Setembro.
Por essa razão, a organização, da responsabilidade de António Preto, com apoio da Câmara Municipal de Vimioso, pretende fomentar um debate, após cada sessão. Antes da exibição, cada filme terá uma apresentação. As sessões são gratuitas e espera-se que os transmontanos aproveitem esta oportunidade de ver estes filmes, raramente exibidos na região.

1 comentário:

VV disse...

Há quase 30 anos (1979), então ainda estudante, foi-me solicitado pela Eunícia Salgadinho, funcionária do Cineclube do Porto (que conhecia o meu gosto por maquinetas, e que eu sabia operar projectores), para passar uma semana em Vila Flor, Moncorvo e Mirandela, na companhia de António Modesto Navarro, que, no âmbito da Associação do Nordeste Transmontano, organizara uma Mostra de Cinema sobre Trás-os-Montes.
Usávamos máquinas de 16 mm e projectávamos em sítios estranhos, como o Pavilhão do Liceu de Moncorvo (repleto de pessoas encasacadas devido ao frio intenso).
Fui de camioneta de Vila Flor para Moncorvo, transportando a pesada máquina e vestindo uma samarra e luvas emprestadas pelo Tino Navarro, e almoçava sandes e "Carbo-Sidral", que o subsídio da Secretaria de Estado da Cultura não dava para mais...
Com a febre que apanhei, as mãos tremiam-me tanto que deixei cair a lâmpada da máquina, que era transportada à parte justamente para... não partir!.
Foi uma experiência fantástica.
Tive o privilégio de conhecer o pai dos Navarro, antigo ferrador, já bastante idoso.
Lembro-me da presença de Noémia Delgado, e de outro realizador (Fonseca e Costa? não recordo bem...), do crítico Matos Lopes (do DL?), de Tété (a mulher-palhaço) e dos ingleses "One Penny Show", um "circo" de 3 artistas deslocando-se em duas carrinhas adaptadas, que compraram dois fogões a lenha para levar para Inglaterra...
Ou da sessão numa aldeia, em que ninguém entrou no salão sem que, primeiro, o padre o fizesse...
Ou o empregado do café onde tomava o pequeno-almoço, em Vila Flor, que, no filme "Moncorvo", aparecia a jogar a "vermelhinha" num guarda-chuva, durante uma feira...
Recordo o regresso de França, para nos ajudar, de Tino Navarro, irmão do António, e da casa dele, onde fiquei alojado junto com dois outros projeccionistas vindos de Lisboa - também por carolice.
Quero homenagear o Modesto Navarro por aquela iniciativa, e também os promotores desta nova aventura.
E quero igualmente homenagear os transmontanos, em especial os que figuram naqueles filmes: gente firme, correcta, por vezes ingénua, mas sempre hospitaleira.
Parabéns por esta iniciativa.