Os cinco autarcas dos concelhos abrangidos pela barragem do Tua reúnem hoje, em Carrazeda de Ansiães, às 14.30 horas. Sabem que é à EDP que devem pedir contas pela construção do empreendimento e querem falar a uma só voz. No bloco de notas, assuntos para discussão compensação pela área inundada para as populações; maior percentagem possível na produção energética; e apoio para um plano de desenvolvimento turístico da zona. O debate está aberto e, supõem os autarcas, no geral não deverá ser difícil o consenso.
Os presidentes das Câmaras de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Murça e Vila Flor querem evitar, a todo o custo, repetir erros cometidos no Douro e aproveitar ao máximo a potencialidade turística de um espelho de água com quase três dezenas de quilómetros de comprimento, no caso da barragem ser construída à cota de 170 metros.
A criação de "uma agência de desenvolvimento ou mesmo uma empresa com capitais das Câmaras e da EDP", é a posição da autarquia de Vila Flor, defendida pelo vice-presidente Fernando Barros. Tratando-se de uma zona frágil, parte da riqueza produzida "deve ser investida no vale do Tua".
Está de acordo o homólogo de Murça, João Teixeira, que aponta a hipótese de se constituir uma "associação específica de municípios", que mande elaborar um estudo técnico a uma "entidade credível" e que dê origem a um caderno reivindicativo. Aponta como objectivo a criação de uma plataforma turística, por exemplo, na zona da Brunheda, de onde os turistas possam partir à descoberta do vale, seja de barco ou pelo que restar da linha-férrea.
O edil de Alijó, Artur Cascarejo, inclina-se mais para "mini-plataformas distribuídas ao longo do território" que possibilitem uma oferta "diferente da que existe no Douro, sobretudo menos poluente". O anfitrião, Eugénio de Castro, prefere esperar pelo fim da reunião, que pode até ser inconclusiva. Mas não duvida que o desenvolvimento equilibrado e sustentável para o vale do Tua passa por um "plano comum a todos". O autarca de Mirandela, José Silvano, só exige "um traçado alternativo à actual linha do Tua", no caso da barragem ser construída. Eduardo Pinto, JN
1 comentário:
O que eles não fazem para justificar as esmolas que vão receber em
troca da traição ao povo que os elegeu!
Turismo? Mas que julgam eles? Que uma multidão de turistas em busca de
água vai trocar as imensas ofertas que já vai havendo por esse país
fora pela barragem deles? Que os motoqueiros da água, os pescadores
desportivos ou os banhistas aficionados vão trocar a costa vicentina,
a Ria de Aveiro, a Caniçada ou o Castelo de Bode pela sua nova
barragem? Que os turistas estrangeiros vão trocar a oferta muito mais
vasta e de melhor qualidade que têm nos seus (e noutros) países para
verem um banalíssimo Tua-Lago (sem transportes por perto, sem
urgências por perto, sem oferta cultural por perto, etc., etc.)?
Aliás, basta ver os exemplos alheios. Quais os resultados turísticos
de barragens como a da Meimoa ou do Sabugal, da Idanha ou do
Caldeirão? Travaram a desertificação da região?
Não percebem, ou não estão interessados em perceber, que, mesmo que o
turismo fosse a única actividade económica passível de sobreviver na
região, o seria com muito mais facilidade agora, em que há algo de
único que vale a deslocação e a estadia, que no futuro pós-barragem.
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