segunda-feira, 7 de abril de 2008

Daqui e dali... João Lopes de Matos

Conhece-te a ti mesmo

Desde a antiguidade clássica que alguns filósofos acham que o primeiro passo a dar para a felicidade é conhecermo-nos a nós próprios.
Em latim diz-se "Nosce te ipsum" e a preocupação do conhecimento próprio deve-se em primeiro lugar ao filósofo grego Sócrates, que viveu antes de Cristo.
No seu cogitar, ele intuía que nós teríamos duas partes: uma sujeito de conhecimento e outra objecto desse mesmo conhecimento. Ele sentia que há características nossas que, muitas vezes, nós próprios não conhecemos bem e, não as conhecendo, acabamos por actuar não tendo em conta as nossas particularidades.
Conta-se um episódio: - Disseram a Sócrates que uma pessoa viria a ser feliz porque tinha saído do meio em que vivia e tinha ido para outro. Ao que o filósofo respondeu: ele não será feliz porque se transporta consigo próprio e não tem consciência que em si reside a causa da infelicidade.
Conhecermo-nos é, portanto, segundo Sócrates, fundamental para que possamos lidar bem com nós mesmos.
Simplesmente, não podia o referido filósofo saber, na altura, todas as implicações da sua frase.
Hoje, que tudo avançou imenso no domínio científico, vemos que nos interessa sabermos como funcionam os nossos estômago, intestino, fígado, para vermos o que podemos ou não comer, como funcionam os nossos nervos, para não fazermos coisas que não queremos, ou o coração, para que não sejamos vítimas de um ataque cardíaco.
Mas mais que qualquer outra parte do corpo, o que nos interessa mais conhecer bem é o cérebro. Convém-nos saber qual o nível da nossa inteligência e da nossa memória e que tendências tem o nosso humor: - teremos algo de esquizofrénico, de autista, de obsessivo, de irascível?
Conhecendo as particularidades mentais, podemos fazer alguma coisa para elevarmos a nossa personalidade ao nível mais equilibrado possível e, se for preciso, recorrer a medicamentos, fazendo-o com o devido acompanhamento médico.

Conhecermo-nos a nós próprios é, pois, absolutamente indispensável para podermos atingir o melhor de nós mesmos, nos domínios da saúde física e da saúde mental, se é que podem ser separadas estas duas realidades.

João Lopes de Matos

14 comentários:

Anónimo disse...

Dependentes que estamos do cosmos, é impossível conhecermo-nos a nós próprios, mas nós, humanos, temos no subconsciente alguns "analgésicos" para isso: romantismo, lirismo, onirismo... e depois o invólucro: vestuário, cinismo e... muita ignorância humana por estarmos todos (humanos) a anos-luz do mistério desse COSMOS (alguns, desgraçadamente muitos, inventam-lhe um deus...) que nos vai consumindo em fracções severamente ínfimas do tempo que nos alumia por brevíssimos instantes... aos quais nos atrevemos a apelidar de eternidade, como se esta estivesse já ali, ao virar da esquina! (qual esquina? não existem esquinas...)!

Oh! JLM!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Óh filosofias das filosifias!
Cosmos portadores de deuses que nos sufocam as mentes...
Eu gostaria muito de não perder grande tempo com estes "deuses" inventados sabe-se lá por quem e há quanto tempo, porque é apenas certo que nós (todos, filósofos e não fliósofos) para viver, temos apenas de ter os pés assentes na terra.
Hó mistério!
Mas não somos nós que fazemos esses mistérios quando ocupamos e desafiamos as nossas mentes a ir para um além desconhecido, mas sim e apenas imaginado à nossa maneira?
As várias teorias sobre tudo o que intimamente pensamos e que por vezes nos leva a pensar o que é e onde está a eternidade... isto põe-me louco!
Afinal quem já viu e experimentou a eternidade?
Não estará ao virar da esquina?
Mas na eternidade é capaz de não haver esquinas como diz JLM.
E se a necessidade de inventarmos fantasmas fosse substituída pela necessidade de tornarmos a humanidade sem fome, sem guerras, mas sem perfeição, que utopicamente um ou outro procura!?

Unknown disse...

Acho que os comentadores complicam o que hoje é simples:nós constituimos uma máquina,feita com as características dos nossos antepassados,em particular, dos nossos pais,que nos fazem com os ingredientes que já vêm de trás.
Nós temos apenas que descobrir como funcionamos,o que hoje já não é inteiramente impossível.Depois de conhecido o nosso modo de funcionamento,vamos trabalhá-lo para o aperfeiçoarmos.
É,afinal,isto o que vos propõe o "Conhece-te a ti mesmo". A eternidade não está aqui em causa.
Eu não falei sequer nela.
JLM

vitorino almeida ventura disse...

Venho aqui só para dar os parabéns ao Rui Martins, pela ilustração do homem vitruviano de Da Vinci. É interessante pela quadratura perfeita do círculo...

Anónimo disse...

Eu não vejo aqui qualquer ilustração referente ao tratado de arquitectura do romano Marco Vitrúvio Pólio dedicado a Augusto no séc.I a.C. porque quaisquer dos comentários supra me parecem bem claros, ao invés da linguagem vitruviana que era obscura e pouco decifrável. Mas, opiniões são opiniões, por mais doutas ou menos doutas que sejam. Mas gostei daquela da quadratura perfeita (?) do círculo...

Anónimo disse...

Homem Vitruviano
Leonardo da Vinci, 1490
Lápis e tinta sobre papel
34 × 24 cm
Gallerie dell'Accademia

Anónimo disse...

De vez em quando, aparecem aqui os doutos, incomodados pelas opiniões doutas ou menos doutas: e assim para esses doutos, doutas são.

Anónimo disse...

Eufemismo: que belo disparate!

Anónimo disse...

Acho que este último não percebeu ;)

Anónimo disse...

Houla, os comentadores do pensar-ansiaes mudaram-se para cá? Qual a necessidade de dividir as pessoas pelas opiniões doutas e não doutas? Não será porque ninguém lhes reconhece a doutice? Ganda nóia. Neste caso, a pesquisa do anónimo Augusto do séc.I a.C., na net, foi mesmo ao lado. O quadro em baixo é do Da Vinci, como VAV refere, e não o tratado de Marco Vitrúvio. O círculo e o quadrado estão na imagem. É tudo tão nítido, mas porque será que mesmo assim o Augusto não vê?

J. C.

Anónimo disse...

Quem está a dividir as pessoas é este J.C. quando sugere que os dois blogues existentes devem obedecer a clientelas distintas: os do pensar são maus e os de carrazeda são bons; os primeiros são de esquerda e os segundos de direita; uns são opositores ao regime local e os segundos são situacionistas, etc. Percebo que alguns, como este JC pensem assim, mas isso é terrivelmente ridículo porque demasiado redutor da liberdade de expressão e do meio que se pretende utilizar para a usar. Sejamos mais racionais porque estas guerrinhas de sacristia não levam a lado nenhum.

Anónimo disse...

Ó divino Augusto, não tenho, nem quero, o poder de dividir para reinar. Para mim, as opiniões, desde que respeitem cada um e cada qual, têm o mesmo valor. Para si é que são «mais doutas ou menos doutas», que no «pensar» (claro que não é uma insinuação de que só os do «ansiães» pensam!) é que os há bons e nos do carrazeda maus, se a ordem é arbitrária, que uns são opositores, porque deixam que todos colaborem, e outros são situacionistas porque propõem a mesma intolerância do que o Poder. Por isso, confesso que não sei onde está a direita e a esquerda, na sua «sacristia».

J. C.

Anónimo disse...

Olhe, venerável "Nero", não será melhor amansar os leões da sua arena? Ah, e aprenda mais sobre Vitrúvio...