Desperdício: 500 mil euros em obras
“O Governo ainda não sabe do que são capazes os transmontanos zangados, mas vai sabê-lo em breve”. A afirmação, de um popular de Mirandela, de 60 anos, retrata o sentimento da esmagadora maioria da população dos cinco concelhos – Mirandela, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Murça e Alijó – onde vão chegar as águas da futura barragem de Foz Tua, uma albufeira que deixará submersos cerca de 30 quilómetros de uma das mais belas linhas ferroviárias de montanha de toda a Europa.
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A primeira questão prende-se com o facto de estarem já a decorrer obras de reparação da linha no local onde ocorreu o acidente de Fevereiro. As obras estão orçadas em 500 mil euros e, a ser respeitado o calendário do Plano Nacional de Barragens apresentado há dias, devem ser inutilizadas dentro de sete ou oito anos.
“O Governo ainda não sabe do que são capazes os transmontanos zangados, mas vai sabê-lo em breve”. A afirmação, de um popular de Mirandela, de 60 anos, retrata o sentimento da esmagadora maioria da população dos cinco concelhos – Mirandela, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Murça e Alijó – onde vão chegar as águas da futura barragem de Foz Tua, uma albufeira que deixará submersos cerca de 30 quilómetros de uma das mais belas linhas ferroviárias de montanha de toda a Europa.
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A primeira questão prende-se com o facto de estarem já a decorrer obras de reparação da linha no local onde ocorreu o acidente de Fevereiro. As obras estão orçadas em 500 mil euros e, a ser respeitado o calendário do Plano Nacional de Barragens apresentado há dias, devem ser inutilizadas dentro de sete ou oito anos.
“Se a linha é para acabar, então para que diabo estão a gastar esses milhões em obras? Que tenham coragem e inutilizem já o troço entre o Tua e o Cachão e implementem sistemas de transportes alternativos”, disse o sexagenário, assegurando que, “quando os sinos tocarem a rebate, os protestos vão ser violentos”.
Para já, aponta o dedo aos políticos, que “dão o dito por não dito”, por causa “dos milhões que lhes foram prometidos se a barragem avançar sem problemas”.
Acusações que não atingem o presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano. O autarca diz que não consegue compreender a decisão do Governo e promete “luta feroz” contra o projecto.
“O Estado deve estar rico”, disse o autarca ao CM, lembrando que a decisão de submergir a linha surge depois de o Governo gastar “cerca de 2,5 milhões de euros na segurança da linha e 500 mil nas obras consequentes do acidente”.
Realça ainda que “a anulação da linha representa o fim da única ligação ferroviária de Trás- -os-Montes ao Litoral e uma machadada violenta no turismo da região”. Daí que também os agentes turísticos se mostrem contra a barragem.
“O que esta gente não vê é que barragens há em todo o lado e linhas de via estreita com esta beleza são raríssimas. As poucas que existem na Europa estão a ser preservadas e potenciadas”, disse o dono de uma agência de viagens de Mirandela.
TROÇO REABRE ESTE MÊS
O troço entre o Tua e o Cachão, encerrado na sequência do acidente, deve reabrir à circulação no próximo dia 15. Para já não se sabe se algum governante estará presente na cerimónia que possibilitará, novamente, a viagem de comboio da estação do Tua, na Linha do Douro, até à cidade de Mirandela. Se a barragem for efectivamente construída, deixará submersos cerca de 30 quilómetros de linha e as estações e apeadeiros de Tralhariz, Santa Luzia, S. Lourenço, Brunheda, Codeçais, Abreiro, Ribeirinha e Vilarinho.
“Estamos convictos de que se o senhor primeiro-ministro fizer esta viagem, ordenará, de imediato, que a barragem de Foz Tua seja riscada do tal plano nacional”, disse ao CM o autarca de Mirandela, José Silvano.
REGIÃO VAI PERDER 20 MIL TURISTAS
A Linha do Tua, segundo os dados das autarquias e das regiões de turismo, serve cerca de 20 mil turistas por ano, um importante investimento para a região de Trás-os-Montes, sobre Mirandela, cidade onde a linha termina desde 1987 – antes seguia até Miranda do Douro. Se no Inverno o pequeno comboio, tipo metro de superfície, chega a fazer viagens com quatro ou cinco pessoas, a verdade é que no Verão os dois vagões sobem e descem à pinha de gente. Trata-se, dizem os especialistas, de um segmento com enormes potencialidades que o nosso país não tem explorado como devia. A Linha do Tua foi uma das mais notáveis obras de engenharia do início do século XX e percorre um vale de rara beleza, por entre vinhas e encostas inóspitas.
4 comentários:
"AFOGAR A LINHA DO TUA?"
Todos nos devemos interrogar,não apenas sobre o "afogamento, encerramento ou destruição" de tão valioso património que bem pode ser considerado DA HUMANIDADE, mas também e muito principalmente, porque razão as Assembleias e Juntas de Freguesia, os Municípios e respectivas Assembleias Municipais, as Associações do Comércio e Industria e mesmo as Organizações Culturais da região, muito principalmente a abrangida pelos concelhos de Alijó, Carrazeda, Murça, Vila Flor e Mirandela, não convergem, todos, para a criação de uma grande frente social que diga ao Governo do País para parar e de uma vez por todas, nos escutar.
Não sabemos verdadeiramente o pensar de todos os nossos autarcas, dos Senhores Governadores Civis de Bragança e Vila Real e das Organizações profissionais atrás mencionadas!
Convinha saber o pensar de toda esta gente, porque pode dar-se o caso de que nem todos defendam a mesma coisa.
Será que a complexidade deste problema é tão grande que impede que cada concelho não tenha definida a sua posição institucional, não vindo a "Terreiro" dizer agora coisas que contrariem o já declarado antes?
Cada um de nós terá sua ideia sobre o problema, embora todos devamos concordar, que só e apenas não afogar a linha do Tua, apenas será a parte ínfima da solução do problema.
Acho que através dos BLOGs se poderia iniciar uma frente organizativa, com a concordância dos Municípios por forma a auxiliá-los na justa reclamação de tão importante questão.
Este princípio de organização travaria para já todos os excessos indesejáveis em manifestações de carácter social "em cima da hora".
Estarei disponível para ajudar a reivindicar uma boa e desejável solução,sendo solidário no essencial, ou seja contra o encerramento e afogamento da Linha
do Tua, sem prejuizo de outras soluções que viabilizem economicamente a região.
Carlos Fernandes-Pombal
Não será possível uma solução de compromisso: manter a linha e construir a barragem? Não deverá o mesmo ser feito em Foz-Coa: manter as gravuras e construir a barragem?
www.linhadotua.net
Para quem não conheça, existe por aí um movimento a favor da Linha do Tua, que quer e deve crescer, para a uma só voz ser todo um Trás-os-Montes e Alto Douro oprimidos a dizer BASTA aos carrascos que de nós fazem troça, e àqueles que neste chão nasceram e não o amam.
www.linhadotua.net
www.alinhadotua.cjb.net
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