sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

Salvador Dali, no Palácio do Freixo


Fui ver da colecção Clot — os desenhos, esculturas e quadros... de Salvador Dali, no palácio do Freixo, ao Porto. Numa fila interminável para a bilheteira,
pus-me a pensar o que fazia acorrer tanta gente ao local — como já acontecera com Paula Rego (no Museu Serralves, que bateu todos os recordes de visitas, pelo belo horrível de um corpo excessivo, tão disforme!... Oh, das mulheres com pernas abertas ao padre Amaro, onanista...). E coloquei-me as hipóteses mais bizarras:
— O facto de Dali haver um, iconoclasta proeminente, que poderia concorrer ao Concurso de Bigodes, patente no cartaz?
— O puro snobismo?
— Um erótico olhar sobre golfinhos e _ dragões das esculturas?
— A linguagem do inconsciente que fala em tantos dos seus desenhos, através de fantasmas e associações livres?
— De sua influência sobre a moda e a publicidade?
— Ou o rapto de Gala (mais do que) ao movimento sobrerrealista?
— Ou o escândalo permanente que fez a sua fortuna pessoal e o tornou para esse mesmo movimento um Avida Dollars, em anagrama?
— Seja... Que exibicionismo de seu traço tão particular, fora dos cânones da (também nossa pobre) época, tão prenhe de enlatados, e que nos devolve ao espelho o paradigma perdido da liberdade de expressão e da experimentação?
— Seja... Na sua expressão extravagante para 150 litografias da Bíblia sagrada, com epígrafes da tradição — até há bem pouco, apostólica romana —, em latim?
— Já agora: os seus trabalhos gráficos de ilustração a Padres Nossos, em várias línguas, pelo simbolismo da figura do Pai?
— Finalmente: o facto de haver filas e filas para, e as pessoas ali se sentirem confortáveis?

Assinale com um xis as hipóteses mais prováveis, para si.

vitorino almeida ventura

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