O (Des)Concerto desconcertante
Se o assunto não fosse demasiado sério para estar com ironias, o título deste “post” até podia ser o refrão do tema de apresentação do próximo álbum dos CLÃ, que dita algo como: “Tem cuidado tira a teima, vê aquilo que sou…”.
Tudo a propósito dos contornos peculiares que envolveram o nosso último concerto em Carrazeda de Ansiães, e que, entre outras coisas, tiveram o condão de nos induzir em erro, “obrigando-nos” a colocar em causa o bom-nome de outrem: os CLÃ.
Sobre o tema e a polémica que se gerou em torno deste concerto, e como provavelmente, alguém deve ter pensado que jamais todo este episódio ganhasse as dimensões que ganhou, devo começar por dizer, que ao longo da minha existência, procurei sempre defender aquilo em que acredito com unhas e dentes, e por isso não sou pessoa de deixar que outros falem por mim. Não sou pessoa de calar as minhas ideias nem de abdicar dos princípios por que me oriento, seja a nível pessoal, social ou profissional. Também não tenho por hábito esconder-me atrás do anonimato. A avaliar pelos comentários de alguns “Anónimos” que fui lendo em alguns sítios da nossa “Blogosfera”, talvez fosse bem mais confortável adoptar essa postura.
O “Anónimo” tem sempre opinião formada sobre tudo, dá lições de princípios a todos, critica A, B ou C e depois sai de mansinho, deixando apenas o rasto do anonimato. Esquecendo-se apenas de ter a idoneidade e a probidade de assinar e assumir a sua identidade.
Mas eu não sou assim. Prefiro ser eu próprio.
Prefiro dar a cara, em qualquer lugar, em quaisquer circunstâncias, perante seja quem for.
Por outro lado, não me posso esquecer que sou humano, o que por si só, é suficiente para concluir que não sou perfeito. Longe disso.
Tenho muitos defeitos e terei algumas virtudes como qualquer pessoa, mas não tenho duas caras.
Por isso, ao aperceber-me do erro no qual havia sido induzido - e que me levou a culpabilizar os CLÃ, pelo facto de subitamente termos sido desapossados do palco principal - nada mais me restava, senão aguardar pacientemente que a banda entrasse no recinto da Feira e fizesse o seu Sound-Check, para falar pessoalmente com os próprios CLÃ. Aí tive a oportunidade de lhes dirigir um pedido de desculpas, não só em meu nome pessoal e de toda a banda, como em nome de todos aqueles, que induzidos no nosso erro, teceram ou fossem levados a tecer algum comentário, que de certa forma, pudesse colocar em causa a reputação dos CLÃ.
E a verdade, é que apesar de ambas as partes estarem naturalmente aborrecidas com toda a situação que se criou, devo dizer que foi uma conversa educada, recta e de uma lisura assinalável. A Manuela Azevedo entendeu a nossa indignação, e nós percebemos a sua revolta.
Como pessoas adultas que somos, o “litígio” que nos opunha, ficou logo ali sanado e o pedido desculpas que havia sido aceite, acabou por ser selado com a entrega de um disco nosso.
Era o mínimo que podíamos fazer, e fizemo-lo com toda a humildade e hombridade. Sem qualquer laivo de hipocrisia.
Entre outras coisas interessantes de que tomamos conhecimento, essa conversa ficou marcada por uma informação do próprio “Road-Manager” da banda, que nos transmitiu que a organização do evento em nenhum momento lhes pediu ou informou, de que haveria outra banda a tocar no palco principal, caso contrário, os CLÃ não teriam levantado qualquer entrave, e teriam acedido ao pedido, tal como já haviam feito noutras ocasiões. ***
Naturalmente que esta informação, me levou a repensar que se fosse hoje, jamais teria feito qualquer tipo de comentário sobre o assunto, sem antes ter confirmado junto do próprio “Management” dos CLÃ, toda a história.
No entanto, penso que é preciso referir um aspecto relevante. Todos os contornos que rodearam o nosso concerto, não foram negociados na rua, na casa do vizinho ou no café da esquina.
Desde Março de 2007, altura em que nos foi endereçado o convite, todos os contactos que me foram dirigidos, foram sempre feitos por profissionais da organização da feira, seja por telefone, seja dentro das instalações da própria Câmara Municipal.
Pelo que, nunca me passou pela cabeça, que as pessoas que me pediram o nosso disco e com as quais estive reunido, não pertencessem ao Staff Técnico dos CLÃ – ao contrário da informação que me haviam transmitido na altura - mas sim a uma empresa de agenciamento qualquer, responsável por trazer os CLÃ a Carrazeda de Ansiães e nada mais.
Segundo o esclarecimento agora prestado pela organização, apesar da intenção, em nos colocar a tocar no palco principal, pertencer à organização da Feira, terão sido esses dois senhores, os inventores da ideia de que os CLÃ desejavam exclusividade de palco, originando toda a confusão e gorando assim as expectativas criadas em torno desse intento. No entanto, face a esta nova realidade, se esses senhores nada tinham a ver com os CLÃ, continuo sem perceber porque me solicitaram eles uma reunião na qual me pedem o nosso disco e o Rider Técnico?…
Ou, qual a razão, pela qual me pediram autorização para apresentar a nossa banda aos CLÃ, como tendo a sua sede em Carrazeda de Ansiães, em vez do Porto? - Porque supostamente os CLÃ demonstrariam outra abertura e acolheriam melhor a ideia de partilhar o palco, se soubessem que o iriam fazer com uma banda da terra…
Qual o objectivo desses senhores afinal?Qual o papel da organização no meio disto tudo?
Para ser sincero, é uma história tão lamentável e tão surreal, que sinceramente, até já perdi a vontade de perceber estas e outras questões que continuam sem resposta.
Uma coisa é certa, tudo isto poderia ter sido evitado, pois em nenhum momento, pedimos para tocar no palco A ou B. Em nenhum momento usamos esse argumento para negociar o nosso concerto.
O nosso objectivo é dar a conhecer a nossa música ao maior número possível de pessoas, independentemente de termos este ou aquele palco. É óbvio, que se alguém vem ter connosco, e nos oferece condições melhores para o fazermos, como foi o caso, então óptimo!Mas não há, nem nunca houve, qualquer tipo de exigência da banda nesse sentido. Assim sendo, as horas que antecederam o concerto, em vez de serem dedicadas à descompressão e á despreocupação como normalmente sucede, foram dedicadas ao chamado tira-teimas, e o concerto em si, acabou mesmo por ser relegado para segundo plano.
E já nem vou falar das incidências que o envolveram no próprio dia, e que de certa forma, só vieram ajudar a reforçar o sentimento de desalento que reinava na banda antes de subirmos ao palco. Uma coisa é certa:
Pela primeira vez, sentimos que não existia espírito nem ambiente para tocar.
Pela primeira vez, só tocamos por respeito às pessoas que vencendo o frio, se foram deixando ficar para nos ver. Um bem-haja para elas!
Para terminar, o que posso dizer, é que já me sentiria suficientemente aborrecido, se este episódio tivesse sucedido noutro lugar qualquer. Mas como sucedeu na minha terra, devo confessar que me sinto profundamente envergonhado e triste.Foi algo lamentável, pelo qual espero não voltar a passar.
No entanto, estou de consciência tranquila. A minha parte do erro foi assumida e corrigida a seu tempo.Resta-me agora, continuar a aguardar que haja alguém que tenha a idoneidade de fazer o mesmo, assumindo as suas responsabilidades e endereçando-nos um pedido de desculpas, não só a nós, como também aos CLÃ.
Aguardemos pois…sentados talvez...
mARK - The Mystery Artist
mARK - The Mystery Artist
***Em resultado do encontro que tivemos com os CLÃ, pedi à sua Manager, que me enviasse uma declaração a confirmar o teor da conversa que levamos a cabo, de forma a apresentá-la junto da organização – o que já fiz.Aqui fica um dos parágrafos.
“De forma a evitar mais mal entendidos, os Clã consideram pertinente esclarecer que relativamente ao convite feito pela Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães para actuar na Feira da Maçã do Vinho e do Azeite, no passado dia 31 de Agosto, a banda, através da sua agência, nunca foi questionada sobre a hipótese de haver uma banda ou artista na primeira parte. Em todos os contactos estabelecidos, nunca nos referiram a existência ou não de uma banda ou artista na primeira parte do concerto dos Clã. O que, a acontecer, não seria novidade nem algo que recusássemos, uma vez que é habitual acontecer.”
Para terminar, queria deixar um agradecimento especial ao pessoal dos SUPERNOVA, pela cedência de todo o equipamento e pelo acolhimento que nos deram. Valeu!
Sem comentários:
Enviar um comentário