quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Daqui e dali... Rui Guerra

A figueira das Paulas

Chegamos ao final de mais um ciclo. O Verão a despedir-se e o Outono a anunciar-se. É uma abundância de frutas quantas vezes esquecidas nas árvores campos fora, suplicando a quem passe “tirem-me daqui”. Mas outros tempos estão aí, e hoje é normal ver-se frutos da terra a apodrecer no campo. Dizem uns: "não vale o trabalho!" Na verdade já nada é como antes.
E este entróito meus amigos, serve apenas para vos falar de figueiras e figos, especialmente figos “pingo de mel”. É que por estes dias apanho autênticas barrigadas, dos ditos figos, que estão mesmo à mão de semear, em frente à porta da cozinha e no quintal dos meus sogros. Lá está uma dessas figueiras, que abastece grandemente a família em cada final de Verão. É um consolo e uma fartura. Como se diz. Directamente da árvore para o estômago. Nem mais e sem químicos ou outro qualquer infestante – apenas a árvore, a terra e água ao toro.
Mas os figos pingo de mel, fazem-me sempre recuar no tempo até à minha infância feita de muitas traquinices e ás barrigadas dos ditos figos que as colheitas clandestinas me proporcionavam, naquela grande figueira situada em pleno pomar das “Paulas” entre a casa destes e os Bombeiros.
Assim logo pela manhã bem cedinho, ou então lá para o final de tarde, sorrateiramente me esgueirava e empoleirava, colhendo os maiores e bem madurinhos à esquerda, à direita, onde os meus jovens braços chegassem. Gozava esta aventura sempre sozinho e empanturrando-me todos os dias desses fantásticos fogos. Eram até bem maiores do que todos os outros que então conhecia. O meu pomar era ali, no pomar das Paulas, bem ao "ladinho" dos bombeiros.
E, como um felino, ao mais pequeno ruído ali ficava quieto imobilizado, com o corpo bem colado ao grosso tronco, para melhor me esconder e segurar. Era a empregada das Paulas, que vinha cá fora, ao terraço ou um qualquer empregado agrícola, mas nunca ninguém deu por mim. Excepto quando não fui sozinho e resolvi partilhar este meu segredo com outros amigos. Aí os meus convidados para o banquete não eram amigos do silencio e estragavam tudo. Do mal o menos o capataz corria connosco. Então só havia que deixar passar algum tempo, assentar a poeira do esquecimento porque o capataz tinha mais que fazer outras lides do campo.
Ao fim de uma ou duas semanas, lá estava eu sorrateiramente, agora outra vez sozinho, ao meu banquete de final de Verão – ementa de figos pingo de mel. Por vezes acompanhados com um naco de pão do forno, que momentos únicos da minha infância.
Quantas vezes e como eu não me juntava ao resto do rancho de filhos para o pequeno almoço, lá me chamava a minha mãe da janela e ainda de barriga cheia de figos, dava também uma ajuda ao pequeno almoço familiar.
Esse pomar já não existe o cimento tomou conta desse espaço, mas por sinal a figueira ainda lá continua viçosa e com bons figos. E eu matando saudades na figueira do quintal dos meus sogros.


Rui Guerra (Do programa Tribuna Livre, emitido semanalmente na Rádio Ansiães)

5 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Rui Guerra:
Li o teu artigo sobre a "figueira das Paulas" e gostei da forma carinhosa como tratas o figo. Há coisa na vida de um Homem que não dá par esquecer, mesmo que o tempo as tente apagar, mas estas ficam imortalizadas nas mentes mais sensíveis.
Contínua, pois estás no bom caminho.
Aproveita e dá uma espreitadela ao meu blogger: wwwabcdesporto.blogspot.com – Lá podes encontrar informação variada sobre desporto.
Um abraço amigo.
Carlos Fernandes

Anónimo disse...

Figo, figo, pingo de mel
Lá no fundo da serra
Desafias o sabor a fel
Dás doçura ao Rui Guerra.

Recordas a figueiras das paulas
Com ternura e saudade
Sentes saudade das aulas
Não esqueces nossa irmandade.

"Yes"

Anónimo disse...

Comentando os comentários:- apenas dizer que é muito bom sentir por perto a compreensão dos amigos,a força que nos dão,mesmo que roubando os figos "alheios" e desculpando-me, os erros da escrita apressada e pouco cuidada.
Obrigado,vou continuar e tentar fazer cada vez melhor o que gosto,que é explanar e partilhar os meus sentimentos...que tempos felizes e despreocupados!
Um abraço de amizade.
Rui Guerra

Anónimo disse...

Amigo Carlos.
Tomei nota do teu blog s/desporto,lá irei sempre que possa "chutar a bola".
Já agora permitam-me divulgar o jogo de FUTSAL do V.Flor Sport Clube(1ª Jornada do Distrital) hoje sábado/20/Out, no pavilhão municipal,recebe o Carviçais,pelas 21h.
Apareçam se puderem.
Pelo desporto!um abraço amigo Carlos.
Rui Guerra

Anónimo disse...

Amigo Rui:
Já divulguei a noticia do Futsal no Blog: (wwwabcdesportoblogspot.com).
Aproveito ainda para te dizer que caso tenhas informação desportiva de qualquer nível, ou clube pode mandar para o meu Email: carlosolemafernandes@mail.com.
Um Abraço Amigo.
Carlos Fernandes