domingo, 14 de outubro de 2007

Construção de Barragem impede manutenção do comboio no Tua

Com a decisão do Governo de avançar para a construção de uma barragem no rio Tua, parece estar definitivamente encerrada a discussão sobre a viabilidade e futuro da linha férrea, estrutura que tem sido utilizada pelo metro de Mirandela, numa extensão de 54 quilómetros. Grande parte desse troço ficará submerso pela albufeira, apesar de ainda não se saber qual a sua cota máxima. É esta a principal razão evocada pelo presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, para se manifestar contra o empreendimento. "Sou contra porque ainda não foi apresentada nenhuma medida de impacto positivo regional", afirma, numa altura em que praticamente se encontra isolado neste protesto. A barragem vai afectar também os concelhos de Murça, Alijó, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor. Com excepção de Silvano, os restantes autarcas são favoráveis à obra, apesar de a sua construção implicar a submersão de uma linha férrea que ainda atrai cerca de 20 mil visitantes por ano. O vale do Tua é de extrema beleza, a linha está cravada ao longo de abruptas ravinas, que nalguns pontos chegam a ter mais de 200 metros de altura. A locomotiva parece por vezes suspensa sobre o rio. Eugénio de Castro, presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães, que sempre foi favorável à construção da barragem, reconhece a beleza ímpar do local, mas não hesita em fazer uma opção: "Se não for possível compatibilizar as duas coisas, temos de defender um empreendimento que tem interesse nacional e vai contribuir para o aumento de produção de energia no país", sustenta.
Termas com atraso
A decisão de avançar com o empreendimento eléctrico veio atrasar, pelo menos em dois anos, o projecto de exploração das termas de São Lourenço, neste concelho. "A barragem veio atrasar os nossos planos mas acreditamos que as próprias termas vão sair a ganhar", refere, idealizando já o potencial aproveitamento turístico que pode advir da subida do leito do rio: "Desportos náuticos, desportos radicais, turismo de montanha", exemplifica. José Silvano não partilha desta visão. "Quem conhece aquelas escarpas sabe que é impossível criar acessos à albufeira e muito menos criar hotéis ou campos de golfe", insiste.

Já a posição da autarquia de Vila Flor é "negociável", adianta Fernando Barros, vice-presidente deste município. Na óptica deste autarca os municípios abrangidos pela barragem e a empresa que ganhar o concurso de construção e exploração devem constituir uma empresa para onde deve ser canalizada parte da facturação do empreendimento: "E essas verbas devem ser aplicadas no desenvolvimento da região", defende. Público

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