«Acabo de ler um livro que te recomendo. Trata-se de “O Violino do Meu Pai” de Campos Gouveia. Foi editado pela Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães. É um pedaço de memória (memórias nossas) que sabe bem ler depois de jantar, noite adentro. Deixo-te um excerto:
“Ali todas as pedras lhe falavam ao coração, os dedos pequenos magoados nos caminhos que, no Verão, percorria, descalço, uma cabeça aberta num jogo de pedrada, os ninhos de rola e de melro, o arco e o pião, a primeira bola de borracha, o banho nos poços das hortas ou na ribeira, uma ambulância puxada por um homem para transportar doentes ao hospital, os caçadores com muitos cães, os tiros e as cinturas cheias de coelhos, lebres e perdizes, os enormes magustos com as castanhas apanhadas à socapa nos castanheiros do doutor, os uivos dos lobos no Inverno, a nascente de água que brotava das hortas para a estrada, ali bebera a água da montanha, da raiz dos pinheiros.”» Jorge Laiginhas in Díário de Trás os Montes
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