"O encerramento de linhas ferroviárias no Douro é o retrato do centralismo no seu pior". A crítica é do economista Miguel Cadilhe, que considera a destruição daquele património um "atentado à humanidade".
Cadilhe lançou farpas aos políticos durante um colóquio realizado, ontem, no Peso da Régua, pela Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, e no qual participou como moderador. Da iniciativa saiu "um grito para que os políticos centrais percebam que é preciso preservar o património ferroviário".
Para além da Linha do Douro, oradores e plateia foram unânimes que é necessário salvar o que resta dos seus "afluentes" do Tua, Corgo e Tâmega. O que não apaga os erros do passado, pois como considerou o professor da Universidade do Porto, Gaspar Martins Pereira, o panorama ferroviário no Douro "é pior que há 100 anos". E nos últimos 20 foi "agravado pelas políticas neoliberais dos sucessivos Governos, desde o primeiro de Cavaco Silva".
Na sua opinião, à "falta de investimentos adequados" na modernização das linhas e das composições, seguiu-se "uma política verdadeiramente terrorista" de "amputação sem sentido" da rede ferroviária regional. Aduziu-lhe a "destruição gratuita" de estações e apeadeiros, o "miserável serviço público prestado pela CP" e, ainda, o "desleixo criminoso da Refer pondo em risco a vida dos utentes".
Inconformado, Miguel Cadilhe observou que se o património ferroviário de Trás-os-Montes e Alto Douro estivesse junto ao rio Tejo, perto de Lisboa, "nunca estaria nestas condições de degradação". Mas como é no interior profundo "as políticas centralistas determinam-lhe uma morte lenta".
Não obstante as nuvens negras que pairam, nomeadamente, sobre a linha do Tua - o troço final de 16 quilómetros vai ser submerso por uma barragem - respirou-se alguma esperança entre quem encheu, ontem, o wine-bar do Museu do Douro. Manuela Cunha, dirigente de "Os Verdes" até desejou que "esta acção venha a tempo de travar a barragem". Até porque, frisou José Lopes Cordeiro, professor da Universidade do Minho, "a linha do Tua possui todas as condições para ser classificada como Património Ferroviário da UNESCO".
Cadilhe desafiou quem vive na região a que defender o que é seu: "Se uns jovens acamparem, afixando mensagens para que não se faça mal à linha do Tua, será importante para se fazerem ouvir". E então vieram-lhe à memória os clientes do BPP que, para serem ouvidos, se barricaram na sede do Porto. Eduardo Pinto/JN
Cadilhe lançou farpas aos políticos durante um colóquio realizado, ontem, no Peso da Régua, pela Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, e no qual participou como moderador. Da iniciativa saiu "um grito para que os políticos centrais percebam que é preciso preservar o património ferroviário".
Para além da Linha do Douro, oradores e plateia foram unânimes que é necessário salvar o que resta dos seus "afluentes" do Tua, Corgo e Tâmega. O que não apaga os erros do passado, pois como considerou o professor da Universidade do Porto, Gaspar Martins Pereira, o panorama ferroviário no Douro "é pior que há 100 anos". E nos últimos 20 foi "agravado pelas políticas neoliberais dos sucessivos Governos, desde o primeiro de Cavaco Silva".
Na sua opinião, à "falta de investimentos adequados" na modernização das linhas e das composições, seguiu-se "uma política verdadeiramente terrorista" de "amputação sem sentido" da rede ferroviária regional. Aduziu-lhe a "destruição gratuita" de estações e apeadeiros, o "miserável serviço público prestado pela CP" e, ainda, o "desleixo criminoso da Refer pondo em risco a vida dos utentes".
Inconformado, Miguel Cadilhe observou que se o património ferroviário de Trás-os-Montes e Alto Douro estivesse junto ao rio Tejo, perto de Lisboa, "nunca estaria nestas condições de degradação". Mas como é no interior profundo "as políticas centralistas determinam-lhe uma morte lenta".
Não obstante as nuvens negras que pairam, nomeadamente, sobre a linha do Tua - o troço final de 16 quilómetros vai ser submerso por uma barragem - respirou-se alguma esperança entre quem encheu, ontem, o wine-bar do Museu do Douro. Manuela Cunha, dirigente de "Os Verdes" até desejou que "esta acção venha a tempo de travar a barragem". Até porque, frisou José Lopes Cordeiro, professor da Universidade do Minho, "a linha do Tua possui todas as condições para ser classificada como Património Ferroviário da UNESCO".
Cadilhe desafiou quem vive na região a que defender o que é seu: "Se uns jovens acamparem, afixando mensagens para que não se faça mal à linha do Tua, será importante para se fazerem ouvir". E então vieram-lhe à memória os clientes do BPP que, para serem ouvidos, se barricaram na sede do Porto. Eduardo Pinto/JN
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