Saber
Adoro destruir livros:
- lidos, por ler, julgados sabidos.
Incomoda-me ver muitos livros.
Quero poucos, passageiros, e, feitos mentalmente meus, destruídos.
Para os outros? Não. Há tantos disponíveis nas bibliotecas, nas livrarias (que proporcionam o gosto do escolha, da compra, do acariciamento, do cheiro, do peso, do aspecto, da posse).
E o saber deles? - Depois de feitos nossos, que mais têm a dizer-nos?
O saber só interessa quando feito nosso, apropriado, individualizado.
Interessam as frases bonitas?
O que interessa é o acto de dizer o que em cada momento o nosso cérebro pensa e sente.
Barbaridades? - Também. Nossas. Ditas pela nossa boca, escritas pela nossa mão.
Saber é discorrer sem nunca acertar.
É sempre necessário que os outros digam à sua maneira a sua verdade.
Todas as verdades são verdades parciais, incompletas e todas se completam (ou baralham).
João Lopes de Matos
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5 comentários:
Nem toda a verdade vem do conhecimento... A verdade que tem fundamento na Verdade é sempre verdadeira, a que vem da mentira tem contrato a termo certo... São essas que nos baralham e nos confundem...
Caires
Como é que eu sei que uma verdade tem fundamento na Verdade? Como é que eu sei que certas asserções são mentiras?Quem tem acesso à Verdade é apenas a Verdade porque nós pobres humanos estamos sujeitos a enganarmo-nos e a vermos,portanto,deturpadamente as coisas."Errare humanum est".Como podemos nós fugir ao erro?
JLM
Quando comecei a ler a entrada deste artigo de opinião, parecia estar a rever de George Steiner "O ódio aos livros" (título em francês, literal), mas depois o corpo fugiu para a tradução portuguesa... "O silêncio dos livros".
Vitorino Almeida Ventura
Sabe quando acredita nessa Verdade. Penso que sentimos a Verdade pela intuição, e raramente pela razão...
Nao concordo consigo quando diz que apenas a Verdade tem acesso á verdade, se assim fosse ela seria inatingivel e transcendente. Ela é transcendente na sua origem mas poderá ser uma realidade em nós se A procurarmos. Pelo caminho encontramos incerteza, a dúvida e até mesmo o vazio que nos perturba... Talvez, estes sejam um meio pedagógico para A conhecermos, nao sei... É bom quando sentimos e temos consciência do erro. Talvez ele seja "um motor" em busca da Verdade... No meu entender vejo a Verdade como subjectiva e individual mas nao sei como Ela se tranforma em Verdade universal.
caires
Em certo sentido,não tendo em consideração a Verdade,à qual se adere ou não,a que se chega por uma espécie de intuição,como diz,as verdades humanas são sempre parciais e, tendo nós o dever de sermos tolerantes,chegaremos à conclusão de que elas(as verdades humanas)se completam(quando não se baralham).
O que eu,fundamentalmente,queria dizer é que o nosso saber deve provir do trabalho do nosso cérebro sobre,entre outras coisas,os livros e estes podem e devem ser dispensados,para que falemos apenas,por último,através do saber amalgamado na nossa mente.
JLM
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