quinta-feira, 5 de junho de 2008

Daqui e dali... Mário Cardoso

CRISE ALIMENTAR MUNDIAL

A crise alimentar que se manifesta um pouco por todo o mundo está a tomar proporções demasiado perigosas para uma estabilidade a nível global.
As Nações Unidas alertaram que terão que retirar a ajuda a 100 mil crianças se não receberem 500 milhões de euros para combater o aumento do preço dos alimentos.
O director do Fundo Monetário internacional “FMI”, advertiu que se os preços dos alimentos se mantiverem elevados, não só os países em vias de desenvolvimento sofrerão consequências, como também as economias mais desenvolvidas sofrerão desequilíbrios comerciais.
Mas porque é que os preços dos alimentos duplicaram em três anos?
Esta escalada do encarecimento dos alimentos deve-se a diversos factores:
- Á subida do valor do petróleo que encarece os fertilizantes e os custos de transportes.
- Desvio das culturas agrícolas para a produção de bio combustíveis que tem tido uma procura crescente devido a nova “onda verde” que prolifera um pouco por todo o mundo.
- Forte procura dos mercados emergentes como a China e a Índia. Estes dois países quase totalizam 2 biliões de habitantes. Com o aumento da qualidade de vida a procura dos alimentos aumenta proporcionalmente…
- Alterações climatéricas que dificultam todo o processo de produção agrícola.
- A turbulência financeira que transformou as matérias-primas em activos mais apetecíveis…
A crise e a instabilidade estão instaladas.
Nos Estados Unidos a principal cadeia de hipermercados começou a restringir a venda de arroz por cliente, provocando ainda uma maior subida de preços deste produto. A China, Índia e Vietname têm limitado as exportações para salvaguardarem as reservas internas. A Tailândia também poderá limitar a venda para o estrangeiro devido á pressão dos outros países atrás referidos. A Tailândia fornece cerca de um terço das exportações mundiais. Se este facto acontecer a crise poder-se-á agravar ainda mais. O arroz é responsável pela alimentação de três mil milhões de habitantes.
A factura dos cereais nos países mais pobres pode subir 56 %. Em vários países Africanos pode atingir os 74%!!! Como poderá sobreviver a população destes países já por si tão carenciados? O elevado preço dos alimentos está a ter como consequência insurreições sociais o que já era previsível.
No Paquistão e na Tailândia as autoridades foram obrigadas a movimentar tropas para proteger plantações e quintas, alvo de pilhagens. Na Argentina também já houve conflitos. Ainda estamos no início de uma crise que era imprevisível acontecer nesta década. A 29 de Abril, o Secretário Nacional das Nações Unidas Ban Ki Moon anunciou a criação de uma célula de crise para lidar com a questão da subida dos preços dos alimentos e os consequentes problemas de fome.
Quem vai pagar esta crise são obviamente e infelizmente os mais pobres. Para muitas economias, sobretudo as Africanas, é insustentável a ajuda aos mais carenciados a médio e a longo prazo. Se ela se prolongar poderá ter consequências imprevisíveis.
Uma coisa é certa a população no planeta está a aumentar, já ultrapassamos os 6 biliões de seres humanos e a tendência é para aumentar sobretudo devido ao aumento da esperança média de vida.
Será que a terra tem recursos suficientes para alimentar tanta gente?...

Mário Cardoso

1 comentário:

Anónimo disse...

É claro que tem, é preciso preparar o futuro, a natureza tudo nos dá e tem todos os recursos!!MJ