André Lages. 62 anos. Tem uma pequena-grande loja no centro de Carrazeda de Ansiães. Pequena porque, de facto, é pequena. Grande porque tem tudo. Difícil é ouvi-lo dizer: “Não temos”.
Poupança é lema para seguir à risca. E mais nestes tempos de sucessivos aumentos dos combustíveis. A alternativa para as deslocações é uma bicicleta. Seja na terra, seja às compras no Porto.
Era uma “bike” normalíssima, em alumínio e com mudanças. Mas equipou-a com buzina, conta-quilómetros, duas campainhas, espelho retrovisor, luzes à frente e atrás, reflectores e aros reforçados. Para fazer transportes adaptou-lhe duas caixas de plástico: umas mais alta à frente e outra mais baixa e larga atrás. “Para a minha vida profissional dá-me muito jeito”, refere.
É nela que leva os pacotes que os seus clientes lhe confiam para despacho no expresso que tem origem ou destino, por exemplo, no Porto. E ele lá estava, há dias, na paragem do autocarro, à espera do que chega às 16 horas. As duas pequenas encomendas carregaram-se rapidamente no cesto da frente, preencheu-se o papel e foi só entregar no destino. Fácil e barato.
Quando há determinadas falhas na loja, André Lages vai ao Porto. Duas a três vezes por mês. A carrinha fica encostada. “São coisas pequenas. O lucro nem dava para o gasto”. Mete a bicicleta na mala do autocarro e quando chega à Invicta monta nela e aí vai ele “a suar as estopinhas”. Percorre os fornecedores e carrega os cestos de mercadoria. “Olhe que às vezes sinto-me mais à vontade no Porto que aqui em Carrazeda”, observa. O regresso, novamente de expresso, pois claro.
Uma vez as compras foram a valer. Foi vê-lo pelas ruas do Porto com “cerca de 50 quilos de mercadoria em cada cesto. E nos manípulos dois sacos grandes de materiais mais leves. Ou seja, bem mais de 100 quilos em cima da bicicleta. “Ainda consegui subir a pedalar a rua do Amparo (bastante inclinada)”, conta. Quando chegou à Praça das Flores levou uma boca de um sujeito que ali repousava num banco: “Ó amigo! Isso é alguma promessa à Senhora de Fátima ou quê?” “Parecia quase um amolador de tesouras de antigamente”. (Risos).
Não ri tanto do azar que há um ano lhe bateu à porta: “Fizeram o favor de me roubar a bicicleta”. A irónica afirmação quase que desculpa o ladrão que fez da distracção de Lages a ocasião para dali sair a pedalar. Sempre atrelara o veículo com um cadeado a um poste ou gradeamento, mas naquele dia 19 de Junho deixou-a desamparada ali para os lados da Estação de S. Bento. Nem o velho hábito de estar com “um olho no burro e outro no cigano” lhe valeu.
Eduardo Pinto/JN/Rádio Ansiães
16 comentários:
À semelhança do que já se passa em muitas das grandes cidades europeias, o uso da bicicleta vai ser a solução para descongestionar o trânsito e despoluir o ambiente. A poluição e o stress, causados pelas filas intermináveis de carros que os condutores têm de enfrentar para se movimentarem nas grandes cidades, estão a destruir o ser humano, física e psiquicamente.
Fala-se hoje muito em ASAE,em segurança alimentar,em preservação dos produtos tradicionais, mas, no fundo da questão, quem sabe com eloquência do que fala?
MJFiel
Se andasse a roubar não estavam aqui a falar mal dele...
Ninguém esta a falar mal dele... so axo q a loja podia ter uma pouco mais de asseio... Mas parece q falar disso é pecado...
Se n aceitam os comentarios... retirem a noticia.
Aprecio o estilo de vida do sr. Lages e,em particular,o uso que faz da bicicleta.Reconheço,no entanto, que a sua loja já deveria ter outras condições no seu interior.Não deixa de ser,no entanto, uma espécie de "ex-libris" de Carrazeda assim como o era o cavalo do sr. Pinto.
JLM
A quem compete a fiscalização destes espaços comerciais? Apenas, à muito falada, ASAE? Claro que não.
Que é um dever, e se não houvesse outros motivos mais válidos, existia sempre a necessidade de rentabilizar o negócio, cabe sem dúvida ao proprietário do estabelecimento ter as condições mínimas de higiene, conservação, exposição dos produtos e conforto para os consumidores.
Cabe ao consumidor fazer a sua escolha em função de várias variáveis. Esta escolha, como se sabe, é livre.
Se este e outros estabelecimentos desta terra não apresentam as condições mínimas de funcionamento necessárias, cabe aos seus frequentadores formalizarem (se assim o entenderem) a respectiva queixa, partindo do princípio que as autoridades não actuam. Este é um direito de cidadania. Ou só deve ser utilizada para os fumadores em locais proibidos a estes?
O comércio tradicional em muitos casos não tem condições físicas (estrutura) e nalguns casos económicas para dar cumprimento as leis vigentes.
Devemos encerrar qualquer comércio que não tenha todas as condições impostas pela lei? Julgo que não.
Fica outra pergunta todos os cafés com dístico para fumadores, apresentam e funcionam os extractores do ar de forma eficaz?
Leis para inglês ver… mais um motivo para não haver tanta severidade para alguns e um piscar de olhos aos outros, caso contrário encerramos uma fatia considerável do comércio local, não esquecer (este nas aldeias).
Mas a higiene e segurança, nomeadamente nos bens de primeira necessidade, têm que ter prioridade de actuação, disto ninguém abdica, o acordo deve ser geral.
Sabre07
Ulha, o adminsitrador anda a remover mensagens. Ser�o de algum emplastro que quer ficar bem na fotografia? Ass: Lord
Olé... é q se n me engano o administrador e o sr. da loja são primos!! LOL... É q n se pode dizer q o sr. precisa de limpar a loja... Parece assunto tabu...
tenham algum respeito e decência. algumas aldeias ainda teem o tanque de lavar a roupa suja. vão para lá dar-lhe uso.
Vá pa la o sr. ou a sra. tb tem razão a edp tem aumentado as tarifas... Ja agora aproveite e tome la banho. lol
Deviam deixar-se de estas piquinhices....a noticia nada tem a ver com a loja do dito sr lage.....apenas e tão só foi explanado o modo de locomoção deste sr. e vem logo mil e uma vozes a terreiro falar da loja...desde criança que sempre fui á dita loja e sempre que necessito o faço.....se cheira mal, se não tem condições fica ao critério de cada um....eu por mim continuarei smp que precise a usar a dita loja............meus amigos mais não digo..pois todos temos telhados de vidro e eram mais do que horas de olharmos para eles....quem não gosta da loja ...simplesmente não a frequente, agora respeitem o "pobre" sr. que tanto brio tem no seu estabelecimento....
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