quarta-feira, 25 de março de 2009

Refer encerra linhas do Corgo e do Tâmega sem aviso prévio aos utentes do serviço

As linhas do Corgo (Régua a Vila Real) e do Tâmega (Livração a Amarante) estão encerradas "por tempo indeterminado" desde ontem à noite, numa ordem dada em cima da hora pela administração da Refer que, em segredo, acordou com a CP um serviço de substituição rodoviário. O motivo oficial é a reabilitação daquelas linhas, mas a empresa não tem qualquer calendarização para iniciar os trabalhos, não dispõe dos projectos para tal e não abriu qualquer concurso público.

Ontem à noite, o maquinista da automotora que costuma ficar na estação de Vila Real recebeu ordens para a trazer de volta à Régua antes da meia-noite, numa operação que faz recordar a forma como há 16 anos encerrou a linha do Tua (entre Mirandela e Bragança) com as composições a regressarem vazias durante a noite para evitar a contestação das populações.

O PÚBLICO apurou que a Refer e a CP preparavam esta operação há já alguns meses, mas decidiram não a divulgar, preferindo fazê-lo em cima da hora. Ontem, às 21h, os sites das duas empresas não traziam ainda qualquer informação sobre esta suspensão. A ordem apanhou de surpresa os ferroviários da estação da Régua e da Livração que, subitamente, ficaram a saber que hoje já não haveria comboios para Vila Real e Amarante. Para a CP, que também omitiu estas alterações aos seus clientes, esta situação é vantajosa visto que o serviço é deficitário e poupa agora no combustível e no desgaste das composições, com a vantagem de ser a Refer a pagar os autocarros de substituição.

Ao contrário da linha da Figueira da Foz a Cantanhede e Pampilhosa, que encerrou no início do ano na sequência de um relatório que pôs em causa a segurança da circulação, neste caso aquelas duas linhas de via estreita não aparentavam nenhum risco especial nem houve nenhum incidente que estivesse na origem da decisão. A linha do Corgo liga a Régua a Vila Real num cenário pitoresco através dos socalcos típicos do Douro. A velocidade raramente ultrapassa os 40km/hora, mas as automotoras que nela circulam são um ex-libris do turismo da região que é Património da Humanidade. O serviço alternativo em autocarro não será mais rápido devido às estradas igualmente sinuosas e terá menos passageiros dada a perda da componente de lazer.

Nesta linha circulavam cinco comboios/dia em cada sentido que ligavam os 26kms entre as duas cidades em 53 minutos. No Tâmega, os 13kms de via estreita eram percorridos em meia hora com uma frequência de oito composições/dia. Num espaço de um ano a Refer "encerrou temporariamente" 134kms de linhas férreas: 42kms no Tua na sequência de um acidente, 53kms entre Pampilhosa e Figueira da Foz por razões de segurança, 45kms entre Guarda e Covilhã para efectuar obras e agora os 13 e 26kms que restavam do Tâmega e do Corgo, também por alegadas razões de segurança. Desta lista, porém, apenas decorrem obras entre a Guarda e Covilhã, estando a circulação ferroviária suspensa nas restantes sem que, por parte da Refer, haja qualquer comprometimento com datas para obras e reabertura das linhas.

O investimento ferroviário em Portugal tem caído nos últimos anos, passando de 426 milhões de euros em 2005 para 307 no ano seguinte e 264 em 2007. No ano passado foram gastos na ferrovia apenas 250 milhões de euros. Público

Colaboração: Mário Carvalho

8 comentários:

mario carvalho disse...

Fonte RTP

Um comunicado conjunto rubricado pelas empresas CP e REFER confirma o encerramento temporário das linhas do Corgo, entre Peso da Régua e Vila Real, e do Tâmega. Ao mesmo tempo, condiciona a reabertura da Linha do Tua, que "se encontra em boas condições técnicas e de segurança", "à decisão que vier a ser tomada relativamente à construção da barragem da Foz do Tua". Até lá, permanece interrompida a circulação no troço entre o Cachão e a Foz do Tua.

Anónimo disse...

no Publico

Comentário: O fim do comboio no Douro
25.03.2009 - 07h56 Pedro Garcias
Quem tem medo do povo não merece o povo. Como sempre faz, a Refer, com a cobertura do Governo, mandou fechar as Linhas do Tâmega e do Corgo sem aviso prévio. A notícia chegou pela calada da noite.

No caso da Linha do Corgo, a Refer elegeu como emissário o governador civil de Vila Real, Alexandre Chaves, que, se tivesse um pouco de decência e memória do tempo em que foi presidente da Câmara flaviense, teria recusado esse triste papel e sido o primeiro a contestar a decisão. A população atingida soube da notícia pela hora do jantar através do um telefonema anónimo para o presidente da Junta de Freguesia de Ermida, José Martins. A Câmara de Vila Real só foi informada mais tarde.

Pela mesma altura, sem ninguém saber, o comboio que, normalmente, cumpre a primeira viagem do dia entre Vila Real e a Régua, foi mandado regressar à Régua. Pela calada da noite, fazia provavelmente a última viagem na Linha do Corgo. Não chegou ao seu destino, porque, a meio da viagem, na estação de Carrazedo, dezenas de populares lhe travaram a marcha.

A Refer justifica com razões de segurança a decisão de encerrar a Linha do Corgo e diz que o fecho é temporário. Mas toda a gente sabe o que, no léxico de quem tem gerido o caminho-de-ferro em Portugal, significa “temporário”.É com promessas que nunca se cumprem e a oferta de transportes alternativos durante poucos meses, antecedidas de uma degradação contínua do serviço, que alguns dos mais belos troços ferroviários do país têm sido fechados. Foi assim com a Linha do Tua, entre Mirandela e Bragança, foi assim com o troço Pocinho-Barca D`Alva, da Linha do Douro.

Na Linha do Corgo nunca houve nenhum acidente. Mas, admitindo que a linha não tem condições de segurança, não havia razões para esconder das populações atingidas o seu fecho temporário. Guardar a informação até perto da hora marcada para o encerramento da linha e mandar regressar à Régua o comboio estacionado em Vila Real revela bem as verdadeiras intenções da Refer, da CP e do Governo. Caso contrário, a ser verdade que a linha não oferece condições de segurança, tanto a Refer como a CP têm andado a brincar com a segurança das dezenas de pessoas, incluindo inúmeras crianças e jovens em idade escolar, que diariamente utilizam a automotora do Corgo. Porque ninguém acredita que a insegurança na linha começou ontem. E um comportamento negligente deste tipo é crime.

Por mais explicações que venham a ser dadas, toda a gente sabe que as verdadeiras razões que estão por trás da decisão de encerrar a Linha do Corgo são de natureza economicista. A exploração não é rentável. Mas o Metro de Lisboa, o Metro do Porto, a Carris e muitos troços explorados pela CP também não o são. Há um custo social que todos os portugueses aceitam pagar para manter muitos serviços públicos deficitários.

No caso da Linha do Corgo, o custo social que é necessário suportar é uma gota no oceano de desperdícios e prejuízos que tanto a Refer como a CP têm acumulado ao longo do tempo. Para dezenas de aldeias dos concelhos de Vila Real e Régua, o comboio é ainda hoje o principal meio de transporte. Para muita gente, é mesmo o único. Existe uma auto-estrada a ligar as duas cidades, mas as estradas que ligam as aldeias do vale do Corgo são tão estreitas e sinuosas que, em certos pontos, mal passam dois carros.

Viver nestas aldeias já é um fardo pesado. Sem transportes, é um castigo. Claro que quem decide desconhece esta realidade. Na equação, as pessoas atingidas são reduzidas a números e tratadas com desprezo. Foi sempre assim.

O que choca, neste caso, é constatar que esta política merece o apoio do mesmo Governo que pretende investir 3,8 mil milhões de euros numa linha de alta velocidade entre Lisboa e o Porto. O mesmo Governo que elegeu o Douro como um dos pólos turísticos prioritários para o país e que, no entanto, autorizou a construção de uma barragem no Tua que vai acabar com um dos mais belos troços ferroviários do país. O mesmo Governo que quer povoar a Trás-os-Montes de auto-estradas e não investe um cêntimo no desenvolvimento, ou na manutenção, do caminho-de-ferro na região. O mesmo Governo que, com o fecho das Linhas do Corgo e do Tâmega, dá uma machadada mortal no formidável projecto ferroviário do Douro. Um Governo assim, se não for castigado pelos votos, sê-lo-á, certamente, pela História.

cumprimentos
mario

mario carvalho disse...

Caros amigos

Ultimamente tenho-me limitado a enviar informação para que todos possam formar uma opinião.

Embora muitos se tenham solidariezado com a defesa de valores e princípios.. sem os quais ninguém nem nenhum povo subsiste e sobrevive ... e a Linha do Tua é um deles.. a grande maioria habituada ao egoísmo sonolento de que só acontece aos outros não se preocupou ... até HOJE....

Já não é só a linha do Tua.. são a do Corgo, a do Tamega, são no fundo tudo o que é GRATO a Trás os Montes..e a seguir a tudo o que é PORTUGUÊS... Todos desistem e fogem
fogem .. até quando? ... até onde?

Qualquer dia nem em PORTUGAL aceitam um português

amigos reajam!!!!

Anónimo disse...

O artigo de Pedro Garcias é de facto de alguém muito perturbado que a determinado passo diz: - Na linha do Corgo nunca houve nehum acidente. Ora, então seria melhor que tivesse para justificar o encerramento para obras ? Quantas pessoas teriam de morrer Sr Pedro Garcias ? Lembro-me de posições idênticas, a exigir que a linha do Tua reabrisse a todo o custo sem as devidas obras. Abriu, tal era a pressão dos ditos defensores da linha. E que aconteceu. Novo acidente com uma morte. É isso que querem ? No túnel do Rossio, quem não se lembra ? A CP fechou sem aviso prévio para obras. Já lá passaram? Vejam como está diferente e com segurança. No entanto também houve muita gente irresponsável que protestou... !

Anónimo disse...

http://www.porto.taf.net/dp/node/5061

De: António Alves - "No país dos cobardes"
Submetido por taf em Quarta, 2009-03-25 22:15
Pela calada da noite, como os malfeitores, o governo mandou encerrar os dois últimos ramais afluentes que alimentavam a Linha do Douro. A semelhança com as estratégias e actos cavaquistas no sector não é mera coincidência. No centrão a cobardia política é endémica. Ridiculamente, nesse mesmo dia, Cavaco Silva perorou em Vila Pouca de Aguiar sobre os problemas da "interioridade".
Os trasmontanos e durienses, que em breve serão espoliados do troço Régua-Pocinho (é uma questão de tempo), são há muito também espoliados do potencial hidroeléctrico dos seus rios engrossando os lucros obscenos da lisboeta EDP que, ironicamente, tem sede na praça do famigerado marquês do Pombal. Em breve o sequestro definitivo da água do Douro será levado a cabo pela EDP e pela Iberdrola através das novas barragens. Depois, mais tarde, porque esse dia chegará, será transvasada para o Tejo e Alqueva onde regará os múltiplos campos de golfe que são a nova coqueluche turística que substituirá a sul o já degradado Algarve. Os trasmontanos nada ganharão com isso. Nem eles nem os minhotos, nem os portuenses, nem as gentes do Vouga. Acreditem que também esse último e definitivo roubo nos será apresentado como um inquestionável interesse nacional. E ai de quem ousar duvidar ou questionar. Se necessário for ressuscita-se o marquês e assassina-se de novo os Távoras. Por cá haverá sempre quem a troco de um prato de lentilhas achará tudo isto muito bem.


cumprimentos

mario

mario carvalho disse...

Caro Anónimo
penso que é sempre o mesmo anónimo a colocar a mesma questão
Não sei qual é o objectivo , nem me interessa, mas eu continuo a dar-lhe a minha opinião

A linha do Tua não abriu sob pressão dos defensores da linha e daquilo que é de Trás os Montes nem para provocar mortos ...

A linha abriu quando o governo que o sr admira AUTORIZOU considerando -a SEGURA.. o que o responsabiliza pelas MORTES... basta o senhor dar-se ao trabalho de ler os relatórios

As entidades que a consideraram seguras foram :
CP
REFER
LNEC
IMTT
e o Ministério dos Transportes e OP

E depois de tudo isso veio-se a comprovar que a linha tinha DEFEITOS GROSSEIROS.. Quem é o responsável por tudo?

E Agora? Leia o comunicado que vem aqui referido no Blogue.. A linha já tem condições mas não abre. Porquê?

cumprimentos

Anónimo disse...

Destruição de barragem provoca pelo menos 50 mortos

O número de mortos provocados pela destruição de uma barragem nos arredores da capital da Indonésia, Jacarta, subiu para pelo menos 50, anunciaram as autoridades.
Uma vaga de água libertada pelo acidente na barragem, na zona industrial de Tangerang, embateu numa zona residencial densamente povoada, submergindo 500 habitações cujos ocupantes estavam na sua maioria a dormir.
Equipas de salvamento foram destacadas para a zona, onde a água atinge uma altura de dois metros em certos pontos.



As autoridades ainda não conseguiram apurar o que provocou a destruição da barragem, com dez metros de altura.

..............

Agora imaginem com 150 metros
Até o Calça Curta molha as calças

Anónimo disse...

Saibam preservar intacto, com dignidade, aquilo com que a Mãe Natureza vos presenteou e não andem a destruir o que ainda conseguem ter de bom e atractivo. Será que o progresso é só compatível com o betão? Pensem bem, e sejam inabaláveis,intransigentes, assertivos, na defesa do vosso património ecológico.Não permitam que nada nem ninguém vos divida, porque a discórdia favorece sempre o mais forte, o mais poderoso. Mantenham-se coesos na defesa dos vossos interesses e património.