Escrevo hoje sobre este assunto, por causa das posições ou da falta delas, dos Srs. Deputados eleitos pela região e dos outros, acerca da discussão da passagem da linha do tua a património nacional. Como todos sabemos o assunto da Linha do Tua não é consensual.
No entanto, esta região não deve perder oportunidades, pois por vários factores elas são sempre escassas, para retirar dividendos políticos e fundamentalmente contrapartidas para a região, se não concordarmos com a sua manutenção.
Podemos discutir se a energia é mais fundamental que o património natural.
Podemos discutir se a energia é mais ou menos fundamental para o futuro do país e a sua independência energética. E a Região não conta? E a Região onde é produzida a grande maioria da energia renovável não é lembrada? Só conta o país? Onde está a solidariedade nacional para com a Região? Os Srs. Deputados eleitos pela região, tal como os autarcas possivelmente o farão, têm o dever de solicitar contrapartidas substanciais caso avance a barragem. Tinham e têm a obrigação de solicitar maior empenho do ministério da economia nesta região. Já agora, nos últimos governos quantos ministros da economia vieram cá? Será que os Srs. que têm ocupado estas pastas não são ministros do país todo?
Mas voltemos aquilo que os Srs. Deputados eleitos pela região não fizeram. Não deveriam os Srs. aproveitar este assunto e solicitar a solidariedade que nos é devida?
É que a solidariedade não é só de cá para lá.
Já algum dos Srs. calculou os custos da litoralidade, ou seja, quanto o estado paga em subsídios para que a CP, a Carris, os STCP, os Metros(Lisboa, Sul Tejo, Porto), as transtejos, as rodoviárias e afins para que estas entidades prestem um serviço público no litoral?
Se calhar não será difícil de demonstrar que o cidadão do distrito de Bragança, no deve haver dos custos e proveitos do país para com ele, fica infinitamente prejudicado em relação aos cidadãos do litoral. Se incluirmos na equação as obras que se fizeram ao longo dos últimos anos e as obras faraónicas que se apregoam, então meus senhores, a nossa região devia ser brindada com coisas que nem imaginamos.
Além disso, e se é de questões ambientais que estamos a falar, não deveríamos também incluir nesta equação o custo do litoral no meio ambiente? Quanto paga o país em multas por causa dos CFC’s? Não são produzidos na sua grande maioria no litoral?
Estas contas não deveriam ser feitas nesta altura? Não deveria ter sido aproveitada esta oportunidade?
Não devem ser aproveitadas todas, sem excepção, as reuniões da Assembleia da República que colocam em causa património da região, para que pelo menos os nossos representantes, mostrarem que defendem a região intervindo no sentido de uma maior necessidade de desenvolvimento integrado e sustentável? Não nem uma voz?
Na actual conjuntura mundial, com todas as questões que acarreta e acarretará, não devíamos estar a pensar o grande potencial que temos? O território. É temo-lo muito rico?
Qual a diminuição dos custos com a segurança e dos problemas sociais decorrentes da aglomeração de pessoas nas periferias das grandes cidades, se “investirmos” equilibradamente no território?
O país, ou os seus mais altos responsáveis, não deveriam olhar para nós como solução e não como problema?
Pode parecer uma radicalização de posições, mas o certo é que ao longo de muitos anos, temos sido esquecidos e se nada continuarmos a fazer, esta parte do país vai fechar ou tornar-se uma reserva, possivelmente deserta nos vários aspectos, quer sejam humanos ou ambientais.
Ficaremos todos sem excepção, é certo que uns mais que outros, na história, como os responsáveis por Portugal ter sido reduzido a metade da sua área. É que Portugal só existe se tiver portugueses que mantenham o território vivo.
Por tudo isto, não podemos ficar calados e verificar que nada é feito.
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Colaboração: Mário Carvalho
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