quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Governo dá mais 30 dias para apurar causas do acidente do Tua

Seis dias depois do descarrilamento de uma automotora com 47 passageiros na Linha do Tua ocorrido no passado dia 22, do qual resultaram um morto e 37 feridos, continuam por apurar as causas do acidente. Alguma coisa de errado aconteceu, mas nenhuma das entidades envolvidas foi capaz de encontrar uma razão plausível. O ministro das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações, Mário Lino, deu à Comissão Técnica do Inquérito mais 30 dias para que apresente um relatório final conclusivo.
A falta de explicação para este tipo de acidentes começa a ser recorrente, uma vez que um outro descarrilamento da mesma automotora no passado dia 6 de Junho, não muito longe do local do acidente de sexta-feira, continua por explicar. O Governo também mandou instaurar um inquérito a esse acidente, que não provocou vítimas, uma vez que o comboio descarrilou contra o talude, mas não se conhecem as suas conclusões. Ou melhor, sabe-se que nada foi apurado, razão pela qual a circulação não foi interdita.
Desta vez, a circulação só será retomada quando “não houver a mais pequena dúvida sobre a segurança da linha e do material circulante”, como prometeu a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, no local do acidente. A governante disse mesmo que, se fosse necessário, iriam recorrer aos melhores especialistas. O resultado do inquérito preliminar, divulgado pelo PÚBLICO e que não encontra causas para o descarrilamento, descartando a existência de qualquer problema com a linha e a automotora, obrigou o Governo a cumprir essa promessa.
Ontem, o ministro Mário Lino, determinou que Comissão Técnica de Inquérito “recorra a todos os meios e apoios especializados para que, no prazo de trinta dias, apresente um relatório final conclusivo”. Para que seja possível o “apuramento rigoroso e objectivo das causas do acidente”, pediu, “sem prejuízo de outras consultas”, a “intervenção especializada do departamento competente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, nomeadamente para a avaliação do estado da via férrea de acordo com os padrões de segurança exigíveis e a adequação do material circulante às condições físicas da via”. O Ministro decidiu ainda que “o Gabinete de Investigação de Segurança de Acidentes Ferroviários (GISAF) deve igualmente recorrer a todos os meios e apoios especializados que entenda necessários para a realização do inquérito que sobre o mesmo acidente esta entidade está a conduzir, nos termos da legislação em vigor”.
Em resposta ao despacho de Mário Lino, o presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, voltou a pedir que se considere nas investigações a eventual implicação que a abertura por parte da Refer de uma vala junto à linha para a instalação de um cabo de fibra óptica possa ter tido na segurança da plataforma ferroviária. E sugere ainda que se avalie se o tipo de automotoras usadas no Tua, ao serviço desde 1996, se adequam a uma linha com 120 anos.
A falta de razões para o acidente de sexta-feira só tem adensado a tese de sabotagem, relacionada alegadamente com a futura construção de uma barragem da EDP que vai submergir uma grande parte da linha. Mas não há nenhuma evidência que sustente um cenário dessa natureza. O que tem existido é um grande aproveitamento do último acidente por parte de elementos ligados a algumas autarquias e de outras pessoas que se dizem defensoras da Linha do Tua. O caso dos parafusos que apertam as travessas da linha recolhidos junto ao local do acidente é um exemplo disso. A maioria dos parafusos foi recolhida em zonas bem distantes daquele local e a iniciativa teve o apoio de um indivíduo que se faz passar por jornalista da TSF. O indivíduo é bem conhecido em Trás-os-Montes, uma vez que já assessorou vários presidentes de câmara incautos, junto dos quais foi contraindo dívidas. Público

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