Seis dias depois do descarrilamento de uma automotora com 47 passageiros na Linha do Tua ocorrido no passado dia 22, do qual resultaram um morto e 37 feridos, continuam por apurar as causas do acidente. Alguma coisa de errado aconteceu, mas nenhuma das entidades envolvidas foi capaz de encontrar uma razão plausível. O ministro das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações, Mário Lino, deu à Comissão Técnica do Inquérito mais 30 dias para que apresente um relatório final conclusivo.
A falta de explicação para este tipo de acidentes começa a ser recorrente, uma vez que um outro descarrilamento da mesma automotora no passado dia 6 de Junho, não muito longe do local do acidente de sexta-feira, continua por explicar. O Governo também mandou instaurar um inquérito a esse acidente, que não provocou vítimas, uma vez que o comboio descarrilou contra o talude, mas não se conhecem as suas conclusões. Ou melhor, sabe-se que nada foi apurado, razão pela qual a circulação não foi interdita.
Desta vez, a circulação só será retomada quando “não houver a mais pequena dúvida sobre a segurança da linha e do material circulante”, como prometeu a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, no local do acidente. A governante disse mesmo que, se fosse necessário, iriam recorrer aos melhores especialistas. O resultado do inquérito preliminar, divulgado pelo PÚBLICO e que não encontra causas para o descarrilamento, descartando a existência de qualquer problema com a linha e a automotora, obrigou o Governo a cumprir essa promessa.
Ontem, o ministro Mário Lino, determinou que Comissão Técnica de Inquérito “recorra a todos os meios e apoios especializados para que, no prazo de trinta dias, apresente um relatório final conclusivo”. Para que seja possível o “apuramento rigoroso e objectivo das causas do acidente”, pediu, “sem prejuízo de outras consultas”, a “intervenção especializada do departamento competente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, nomeadamente para a avaliação do estado da via férrea de acordo com os padrões de segurança exigíveis e a adequação do material circulante às condições físicas da via”. O Ministro decidiu ainda que “o Gabinete de Investigação de Segurança de Acidentes Ferroviários (GISAF) deve igualmente recorrer a todos os meios e apoios especializados que entenda necessários para a realização do inquérito que sobre o mesmo acidente esta entidade está a conduzir, nos termos da legislação em vigor”.
Em resposta ao despacho de Mário Lino, o presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, voltou a pedir que se considere nas investigações a eventual implicação que a abertura por parte da Refer de uma vala junto à linha para a instalação de um cabo de fibra óptica possa ter tido na segurança da plataforma ferroviária. E sugere ainda que se avalie se o tipo de automotoras usadas no Tua, ao serviço desde 1996, se adequam a uma linha com 120 anos.
A falta de razões para o acidente de sexta-feira só tem adensado a tese de sabotagem, relacionada alegadamente com a futura construção de uma barragem da EDP que vai submergir uma grande parte da linha. Mas não há nenhuma evidência que sustente um cenário dessa natureza. O que tem existido é um grande aproveitamento do último acidente por parte de elementos ligados a algumas autarquias e de outras pessoas que se dizem defensoras da Linha do Tua. O caso dos parafusos que apertam as travessas da linha recolhidos junto ao local do acidente é um exemplo disso. A maioria dos parafusos foi recolhida em zonas bem distantes daquele local e a iniciativa teve o apoio de um indivíduo que se faz passar por jornalista da TSF. O indivíduo é bem conhecido em Trás-os-Montes, uma vez que já assessorou vários presidentes de câmara incautos, junto dos quais foi contraindo dívidas. Público
Sem comentários:
Enviar um comentário