Descobri o sociólogo Bernard-Henri Lévy pelos anos 80, a propósito de um ensaio sobre os movimentos ultra-revolucionários de esquerda, onde analisava os comandos Baader-Meinhof, a Action Directe... Que usavam a violência porque queriam o Paraíso (do seu modelo político) já, não podiam esperar por eleições.
Agora, sob as mesmas camisas brancas-brancas, o seu nome é uma marca: BHL, combatente dos totalitarismos, em nome dos direitos humanos. No seu último livro, "American Vertigo", desmonta os clichés anti- e pró- americanos. Para o escrever, percorreu os caminhos de Alexis de Tocqueville, ao século XIX. Assim,
nada de mais falso — os Estados do Sul serem de segregação, não havendo ainda cumprido o programa de Martin Luther King. Também vê Guantánamo como uma zona de não-direito, indigna de uma democracia, mas não é o Gulag, com dezenas de milhões de mortos. Que a América tem uma tendência de deixar cair o mundo, mergulhando no isolacionismo, embora lhe não pese o fardo europeu da mãe Europa: o do imperialismo. Finalmente, lê como Bush, que ele considera um parentesis, o terrorismo islâmico: que os textos fundadores dos Irmãos Muçulmanos, inspiradores de Khomeini e do partido Baas não hão por fonte o Corão, mas ideias fascistas.
BHL é a marca de uma estrela intelectual, cujo brilho hipermediatizado por vezes nos incomoda, mesmo quando não ofusca. Se em cada frase podemos encontrar um título... Concedamos-lhe ao menos um rico imaginário, enquanto
à escala nacional a marca Margarida Rebelo Pinto rabisca em auto-citação light, como demonstrou o ensaio de João Pedro George Couves e Alforrecas, Couves e Alforrecas, Couves e Alforrecas. Se em França temos aqui um colarinho branco, em Portugal, de tão azul, uma fábrica de enchidos.
vitorino almeida ventura
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