Respondo aqui à segunda parte da pergunta de Caracol: “Como sobreviver ao cérebro que nos calhou?”
Em meu entender:
1. É preciso conhecê-lo e aceitá-lo - Metermo-nos dentro dele e acomodarmo-nos reciprocamente.
2. Procurar optimizá-lo através de psicoterapias (tratamentos que não envolvem tomar drogas - gritar para aliviar, falar alto para habituar a ouvir-se ou quando falamos baixo, discursar em casa quando temos de discursar em público, repetir para criar novos hábitos, contrariar para eliminar atitudes não queridas, afirmar para evitar desdizer apenas).
3. Procurar ajuda medicamentosa (leve, se possível) - porque o defeito pode ser de origem orgânica a requerer compensação química.
4. Ter sempre, no entanto, a noção de que continuaremos com a nossa personalidade e que não podemos escolher aquela que em abstracto mais nos agradaria.
João Lopes de Matos
5 comentários:
A título de desabafo:
Como seria perfeito, o nosso cérebro, se todos os movimentos se pudessem explicar por concretas alterações químicas!Como seriamos felizes, libertos dos estados de alma!Partamos deste pressuposto: somos apenas uma certa combinação de elementos explicável pela química.Que alívio, hem?
Não está demonstrado que os estados de alma não estejam ligados apenas a fenómenos químicos.
Tenho dúvidas nesta matéria.
Gostava, no entanto, de saber a sua opinião.
Quando desejo traduzir-nos em puros fenómenos químicos, não chego à elaboração necessária para ter uma opinião sobre o assunto.
A minha condição é, talvez, mais pragmática: a exaustão da responsabilidade de ser, porventura, algo mais, faz-me ansiar o mecanismo do fenómeno químico.
Este é, no entanto, o refúgio de um certo estado de alma...Outros dias há, iluminados pela evidência do sobrenatural, pela percepção incontornável da transcendentalidade do nosso estado.
Difícil é lídar com esta espécie de filosofia bi-polar.
O quê?! "Evidência do sobrenatural" ?! Onde é que ela está?...
Caro Hélder Rodrigues: Agradeço o desconcerto do seu comentário.É dessa incredulidade que são também feitos os meus dias.E,no entanto, outros dias há em que...
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