"Acabe-se com os distritos que são uma aberração"
Autarcas defendem um novo modelo de regionalização para combater assimetrias Litoral/Interior.
O que falhou até agora no processo de desenvolvimento do Vale do Douro? Terá sido uma lacuna de descentralização política? Ou haverá outros problemas, mesmo intrínsecos? Procuram-se respostas para estas questões. Muitas opiniões já foram emitidas, muitos estudos e planos apresentados, mas a região continua a ser uma das menos desenvolvidas da Europa. O debate sobe, hoje (14/05/2007), ao Salão Árabe do Palácio da Bolsa, no Porto. A iniciativa é da Associação Comercial do Porto (ACP), e conta com a participação de várias personalidades, como Miguel Cadilhe, Arlindo Cunha e Ricardo Magalhães, entre outros.
A eventual falha na descentralização política é a questão central do debate. As opiniões recolhidas pelo JN indicam que sim, que houve essa falha. O presidente da ACP, Rui Moreira, não tem dúvidas "Todas as iniciativas que tem havido são desgarradas, vistas a partir de Lisboa". Exemplifica com o planeamento que "tem obedecido a uma directriz central que desconhece, por vezes, o que as regiões têm para oferecer". Defensor da regionalização, o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira, nota que "se há zona do país que é prejudicada pelo actual modelo administrativo é o Douro". "Acabem com a figura dos distritos, que é uma aberração", atira. Entende ser "mais que óbvio" que a criação de regiões teria ajudado a desenvolvê-lo. Na mesma linha de pensamento situa-se o autarca de Lamego, Francisco Lopes, para quem "a excessiva centralização do país afecta todo o interior", sobretudo as regiões com "menor capacidade reivindicativa de políticas de discriminação positiva". No entanto, acrescenta que, actualmente, "tal como o Douro, todo o Norte do país e o Porto são vítimas do aumento das assimetrias regionais".»
(...).
Norte precisa de líder forte eleito pelo povo«A descentralização política é uma condição fundamental para tornar possível o desenvolvimento do Norte, e especificamente do Vale do Douro, assuma, ou não, a desiganção "regionalização". É a conclusão central saída do seminário realizado ontem, no Palácio da Bolsa, pela Associação Comercial do Porto. Mas há mais a ideia que a região precisa de um líder político eleito, não nomeado, ganha cada vez mais adeptos.
Na linha da frente aparece o economista Miguel Cadilhe, que há muito defende esta solução. "Se houvesse um líder político no grande Douro as coisas estariam diferentes", opina, salientando a necessidade de "uma voz que se faça ouvir". Para dar mais força à sua convicção socorre-se de um adágio popular "Quem não chora não mama".
Miguel Cadilhe sustenta que um líder "eleito directamente" pela região poderia ter "tanta ou mais legitimidade que um ministro", na altura de discutirem o que convém à região.»
Sem comentários:
Enviar um comentário