A minha sogra morreu
Que têm as pessoas a ver com este facto? Em princípio muito pouco.
Mas se eu vos disser quem era a minha sogra talvez mudem de ideias.
Ora, a minha sogra, Maria Eugénia Veiga, do Seixo, era uma pessoa simples, não muito faladora, amante mais das acções que das palavras.
O que mais me impressionou sempre nela foi o seu espírito de entrega aos outros, de dádiva permanente, de obsequiar todas as pessoas que se cruzavam no seu caminho.
Não queria nada para si própria. A felicidade para ela residia na felicidade alheia.
Mas será possível existirem pessoas assim?
É possível sim. Admirável mesmo.
A sua conduta era sem mácula e serenamente feita de entrega total.
Por isso, o momento que mais me emocionou no funeral foi quando tive de escrever no bilhete do ramo de flores que depus a seus pés a única coisa que lhe poderia dizer: "Desculpe-me se alguma vez a ofendi".
Porque dói muito ferir quem gosta apenas de dar-se aos outros, prescindindo de tudo para si.
João Lopes de Matos
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